Jardim de Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 9
Tentada por um pão de queijo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a IzaC que me presenteou com uma capa linda. Obrigada, IzaC, não só por esta capa mas por todas outras, são todas perfeitas!!!
Queria agradecer a todos que me desejaram feliz aniversário seja por comentários, por MP. Vocês são uns lindos, e a cada dia mais, mais amo ter vocês como meus leitores!!!! Obrigada!!!



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Um estranho silêncio cai sobre nós. Nunca pensei que iria chamá-lo no meio da noite...

– Me desculpa por ter te chamado a estas horas...

Ele olha para mim e sorri.

– Não se preocupe, já estou acostumado...

Sorrio com a referência que ele está fazendo.

– Você brigou com o Peeta? – pergunta repentinamente.

Nada respondo.

– O que aquele idiota andou aprontando? Quer que eu bata nele?

– Agradeço sua ajuda... Mas eu posso bater no Peeta sozinha!

Ele ri e volta sua atenção para o volante.

Começo a prestar atenção na música que está tocando. Nunca a tinha ouvido antes. Sua voz inconfundível ressoa no rádio.

Você está vivendo dentro dos meus olhos.

Mas por que você é a única que não sabe?

Tenho tanto amor em meus olhos.

Mas por que você é a única que não vê?

Hoje de novo a chuva parece cair em meus olhos.

Mas por que você é a única que não conhece meu coração?

– Nunca tinha ouvido está música antes – observo. – É nova?

– Estou trabalhando nela... Fiz para alguém – ele me olha.

Sorrio para ele.

O amor é apenas dor, dor e mais dor.

O amor apenas deixa lembranças, lembranças e mais lembranças como estas.

Te amo e não posso viver sem ti.

Mas por que você está me deixando?

– Gosta? – pergunta.

– Sim, gosto – respondo enquanto deixo minhas pálpebras se fecharem.

Deixo a música me levar, me guio por sua voz.

Amor, te peço não vá, não vá.

Te peço, mas você vai.

Mas ainda não estou pronto.

As lágrimas me encharcam.

Estou tão cansada. A falta de sono, o cansaço, a música suave que toca no rádio no carro, tudo isso faz com que eu durma.

Acordo com ele me olhando. Noto que estou no meu quarto. Olho para ele confusa.

– Não consegui te acordar – se justifica dando os ombros. – Precisei te trazer nos meus braços até aqui. Garota, você me dá um trabalhado danado, hein! Primeiro, o lustre, agora preciso te levar nos braços até seu apartamento!

– Esse é meu trabalho, Finnick, te dar trabalho! – rio. – E não reclama, você fez aquilo comigo, lembra?

– Eu sei – faz sinal de rendição. – Vou ter que pagar pelo meu crime pelo resto da vida! Fui um otário em fazer aquilo com você! Se eu pudesse voltar...

– Mas não pode – sorrio. – Finnick, você pode ter sido um cretino, mas graças a sua cretinice pude conhecer o mundo da atuação... Eu realmente amo atuar. Não posso me imaginar fazendo algo que não seja atuar. As coisas acontecem de um jeito estranho...

– Você é muito vingativa, sabia? – diz com uma expressão divertida.

– Eu sei... por isso nem ouse em fazer algo contra mim outra vez.

– Não se preocupe, aprendi minha lição!

Nós dois rimos. Sabemos muito bem que aquela Katniss Everdeen há muito tempo ficou para trás, assim como aquele Finnick. Eu já não penso mais em vingança. Finnick aprendeu sua lição.

Aquela garota que queria se vingar do ex-namorado por ele a ter humilhado, há muito tempo se foi. Sei que Peeta é um dos grandes responsáveis por ela ter ido. Foi ele que me fez acreditar novamente no amor. Peeta com seu jeito egocêntrico de ser, porém, com um coração gentil e terno, aos poucos entrou em meu coração, me dando amor, me fazendo acreditar que eu poderia amar novamente e que o amor pode ser bom. É, tenho que dar este crédito a ele, mesmo querendo matá-lo neste momento.

Finnick me dá um beijo na testa.

– Se cuida – fala baixinho.

Ele sai do quarto.

Depois de tudo, ainda temos um laço muito forte. Afinal, por muitos anos, ele foi a minha família e meu melhor amigo, e algo assim não dá para ignorar.

Assim que Finnick se vai, caio no sono.

Acordo sobressaltada, são 7:15 da manhã. Haymitch vai me matar! Vou chegar atrasada! Mas espera, as gravações só começam as 10:30! Isso significa que posso ficar mais alguns minutos na cama, sem peso na consciência.

Encosto minha cabeça no travesseiro, como é difícil deixar minha cama quentinha!

Já estou quase voltando para o mundo dos sonhos, quando o som da companhia começa a ressoar pelo apartamento. Quem será que decidiu perturbar o sono de uma pobre garota? Quem sabe se eu não atender e fingir que não estou aqui a pessoa desiste...

No entanto, a pessoa não desiste. Não tenho outra alternativa a não ser atender a porta.

Sonolenta, mais dormindo do que acordada, vou até a porta.

– Já vai! – grito.

Meu humor não é dos melhores. Por isso, seja lá quem esteja aí, é melhor tomar muito cuidado.

Abro a porta, é como se eu tivesse acabado de levar um balde de água fria, me desperto completamente.

Peeta me olha sem dizer uma única palavra. Eu também não digo nada, ficamos nos encarando por um longo minuto.

Já estou a ponto de mandar Peeta para aquele lugar, quando ele me estende um embrulho, que eu não havia notado antes.

– São pães de queijo – diz balançando o embrulho. – Estão quentinhos, acabei de fazer...

Droga, pães de queijo são um dos meus pontos fracos! Peeta descobriu isso há algum tempo. E ele sempre faz pães de queijo para mim. E tenho que admitir, seus pães de queijo são os melhores que eu já provei. Posso até sentir em minha boca seu sabor. Estou há meses sem comer seus pães de queijo. Droga! Droga!

Não, Katniss, não se deixe vencer por pães de queijo! São apenas pães de queijo! Delicios...

Ergo uma de minhas sobrancelhas, tentando compreender o que ele está fazendo.

– Não vai querer? Se não comer eles logo, eles vão esfriar...

Peeta continua balançando o embrulho de pão de queijo. Posso sentir o cheiro... E meu maldito estômago se manifesta. Fui para a cama sem o jantar, estou morrendo de fome.

Ele me lança um olhar de cachorrinho abandonado...

Eu juro que se ele tivesse me trazido, sei lá, flores, eu teria o atirado pela janela. Mas, não, ele precisava ter trazido, justamente, pães de queijo, um dos meus pontos fracos! Peeta me conhece bem até demais.

Estou sendo tentada por um pão de queijo. Essas coisas só acontecem comigo!

O cheiro do pão de queijo, meu estômago reclamando... Abro a porta e o deixo entrar.

Peeta vai para a cozinha, e eu o sigo. Fico perto do balcão, enquanto o observo. Ele coloca pão para torrar, faz massa para panqueca, faz café. Tudo isso silenciosamente.

Este silêncio já está me irritando. Ainda estou muito zangada com ele.

Repentinamente, ele para de fazer o café e vem em minha direção. Olho para ele sobressaltada. Peeta se aproxima de mim, mais e mais. Ele está querendo levar um soco?

Peeta está a poucos centímetros de mim. Posso sentir sua colônia daqui. Ele me olha enigmaticamente. Viro meu rosto. Sei do poder de sedução de Peeta Mellark. Não é à toa que ele foi considerado o homem mais sedutor do ano.

Ele estica seu braço e pega o pote de açúcar que estava atrás de mim no balcão.

– Estava precisando do açúcar – diz se afastando de mim.

Cruzo meus braços e nada digo. Como ele pode fazer isso comigo? Como? Definitivamente, quero matar Peeta Mellark!

Peeta prossegue com sua tarefa. Em poucos minutos a mesa já está posta, com torradas, panquecas, e claro, pão de queijo. Ele me olha.

– Não vai comer?

Nada respondo.

– Tem certeza que não vai querer tomar o café da manhã? – pega um pão de queijo e dá uma mordida. – Acho que me superei! Este pão de queijo está uma delícia!

Apenas bufo.

Peeta se aproxima de mim e antes que eu possa protestar, ele coloca um pão de queijo em minha boca. Maldita fome! Quando percebo estou devorando o pão de queijo que Peeta colocou em minha boca. Ele sorri.

– É melhor você ir embora! – digo de maneira mais calma que consigo. – Não pense que fazendo café da manhã para mim vai me fazer diminuir minha raiva. Ainda estou muito zangada.

Peeta suspira. E quando percebo, ele já enlaçou minha cintura e me colocou sobre o balcão. Suas mãos ficam apoiadas nas bordas do balcão, e ele me encara. Estamos muito próximos um do outro. Porém, nossos corpos não se tocam. Ainda continuo com meus braços cruzados. Talvez, em uma frágil tentativa de me defender (como se braços cruzados fossem me defender de Peeta Mellark!) ou porque eu não sei o que fazer com minhas mãos.

– Desculpa – sussurra em meu ouvido.

– O quê?

– Desculpa, eu deveria ter acreditado em você – diz me encarando. – É que... a ideia de Prim me ver como um homem e não como irmão me pareceu absurda demais. Para mim, Prim sempre será uma garotinha, minha irmãzinha e nunca uma mulher. Quando você me disse aquilo, eu não soube o que fazer...

Meus braços se descruzam automaticamente.

– Mas você estava certa. Prim realmente me vê como um homem. Depois que você me disse aquilo eu fiquei com muita raiva. Achei tudo um absurdo. Porém, depois que a raiva passou eu refleti melhor e decidi falar com Prim.

– E?

– Ela admitiu que está apaixonada por mim – solta um suspiro. – Eu e ela tivemos uma conversa. Disse para Prim que eu nunca a veria como uma mulher, que ela sempre seria minha irmãzinha, e que ela havia confundido as coisas.

– E ela? – pergunto.

– Ela ainda está tentando compreender tudo isso. Katniss, Prim não é uma garota má. Ela é apenas uma garota um tanto quanto perdida. Talvez, eu tenha exagerado em meus cuidados com ela, e isso a fez confundir seus sentimentos. Prim tinha um irmão mais velho, eu e ele tínhamos a mesma idade. Prim adorava o irmão. Para ela, ele era seu herói, seu modelo a seguir. Ela tinha dez anos quando ele morreu. Prim ficou muito abalada com a morte do irmão. E eu prometi a mim mesmo que seria um irmão para Prim...

Solto um suspiro e olho para Peeta.

– E você veio aqui me pedir desculpa com um pão de queijo?

– Funcionou?

Nada digo.

– Pensei em trazer uma centena de rosas, espalhar pétalas por todo o apartamento... Mas eu conheço minha namorada e sei que ela me atiraria pela janela se eu fizesse isso.

– Ainda bem que você conhece sua namorada! Porque seria exatamente isso que ela faria.

– Minha namorada é mesmo diferente...

– Então, ela é diferente?

– Sim, é por isso que eu amo ela!

Ele sorri e me dá um beijo em meu pescoço.

– Ei, eu não disse que tinha te desculpado! – protesto. – Saiba que eu fiquei muito zangada com você!

– Eu sei... – ele me olha, me lançando aquele olhar de cachorro abandonado que ele sabe fazer tão bem. Alguém está praticando suas expressões faciais!

– Não pense que todas as vezes que você fizer alguma besteira, basta trazer um pão de queijo que vai ficar tudo bem!

– Tem razão. Ainda bem que existem ensopados de carneiros, bolos de chocolates...

Bufo, ele ri, me dando um mais um beijo no pescoço.

– Você, hein!

– Não tenho culpa se sou um ótimo cozinheiro, e minha namorada ama as comidas que eu preparo – diz entre um beijo e outro em meu pescoço.

Ele acaricia minha cintura de maneira delicada e sua outra mão vai parar em minha coxa. Ele passa a mão por minha coxa de maneira lenta, me fazendo ficar toda arrepiada.

Droga, Peeta está me tentando. Odeio quando ele faz isso comigo.

Ele me lança um olhar provocante. O cretino sabe exatamente quais são meus pontos fracos!

Seus lábios chegam muito perto dos meus, praticamente os roçando. No entanto, ele não ousa chegar mais perto. Sei o que ele está fazendo. E eu caio como um patinho, já que atiro meus lábios sobre os dele.

Peeta me aperta contra seu corpo, e eu enlaço seu quadril com minhas pernas. Minha mão vai parar debaixo de sua camiseta. Ele entende o que eu estou tentando fazer e se afasta dos meus lábios apenas o suficiente para tirar sua camiseta e depois volta correndo para meus lábios.

Seus lábios saem dos meus e começam a percorrer meu pescoço, meus ombros, meu colo. Ele sabe muito bem como tirar minha sanidade.

Minha mão desliza até sua calça e a desabotoa, começo a descer seu zíper... nossos celulares começam a tocar.

– Peeta...

– Deixa para lá! – diz enquanto continua me beijando.

No entanto, os celulares não param de tocar.

– Peeta...

– Eu deveria ter me livrado deste maldito celular! – diz se afastando de mim.

Desço do balcão e pego meu celular que está em cima da mesa da cozinha.

Vejo que o número é de Panem. O que será que minha agência quer comigo a estas horas da manhã?

– Alô – atendo cautelosa.

– Katniss, sou eu, Seneca.

Espera, Seneca Crane? O todo poderoso diretor de Panem? Eu apenas falei com ele algumas vezes, e em todas as vezes o assunto era muito importante. Se Seneca me ligou pessoalmente, só pode significar uma coisa, ou acabei de ganhar um Oscar, ou estou encrencada – que seja a primeira opção!

– Sim?

– Já viu as notícias?

– Não... – algo me diz que a coisa não é boa.

– Dá uma olhada no site da revista “Celebridades e Glamour” – pede.

Vou até a sala, onde está meu notebook. Peeta me segue. Noto que sua expressão está tensa. Ele continua com seu celular ligado. Acho que está falando com Gale.

Faço como Seneca pediu e acesso o site da revista.

Surge na tela do notebook à foto de eu sendo carregada no colo por Finnick e em letras enormes, em cima da imagem, em um vermelho berrante: “Finnick Odair e Katniss Everdeen o novo casal. Peeta Mellark já é passado”.

Olho para Peeta que retribui meu olhar.

O que está acontecendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Odiaram? Gostaram? E agora? Kat sai de uma furada para se meter em uma maior ainda! O que será que vai acontecer desta vez? E a coisa foi séria, para Seneca, o todo poderoso, ligar para ela... Kat se eu fosse você começava a correr!