Jardim de Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 38
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é dedicado a linda da Yas. Saiba que sua recomendação me fez terminar este capítulo o mais rápido possível, além de ter me deixado sorrindo por toda a semana. Muito, muito, muito obrigada pela recomendação, Yas!!!!



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— Então, você quer dizer que terminou comigo porque MMM, ou sei lá, te obrigou, é isso? E que eu fui envenenada duas vezes? E que eu posso morrer? — olho para Peeta, ainda não acreditando na história que ele me contou. — Isso está mais dramático que os roteiros do Haymitch!

— Katniss... — começa Peeta.

— Isso é demais para meu cérebro! Eu só posso estar sonhando! Alguém por favor me acorde, quando este pesadelo terminar!

— Katniss, o que Peeta te contou é a mais pura verdade. Realmente, alguém tentou te matar — fala Josh.

Respiro fundo tentando me acalmar. Embora eu acredite veementemente que isso seja impossível. É difícil digerir tudo.

— Olha só, eu estou fazendo um esforço tremendo para acreditar em tudo isso. Peeta — olho para ele. — Você disse que precisou terminar comigo daquela forma porque MMM colocou minha vida em risco, é isso? ― tento organizar meus pensamentos.

— Sim, Katniss. MMM queria que eu te fizesse sofrer, terminasse da pior maneira possível, destroçasse seu coração, porque MMM sabia que eu morreria se fizesse isso com você. MMM sabe que você é meu ponto fraco. Como eu não fiz isso, MMM tentou te envenenar, eu me senti extremamente culpado por ter colocado sua vida em perigo, me senti egoísta. Por isso, acabei acatando as ordens de MMM.

— Por que você não me contou sobre isso? Por que você teve que destruir meu coração, cortá-lo em pedacinhos? — falo indignada, lançando um olhar assassino para Peeta. Estou preste a bater nele.

— Qual parte você não entendeu? MMM queria que eu sofresse para isso eu deveria fazer você sofrer! — diz nervoso, passando a mão pelo cabelo de maneira raivosa.

— Mas você precisava me fazer sofrer tanto? Tinha obedecer às ordens dele tão a risca?

— Eu sabia que MMM estava muito perto de mim, mas perto do eu imaginava. Eu não podia fazer nada. Estava tomando pelo sentimento de impotência. E se MMM tentasse te matar novamente? MMM dissera que aquilo fora apenas um aviso para eu não envolver mais a polícia e fazer você sofrer, já que eu não tinha dado importância aos seus avisos. Katniss, o que queria que fizesse? Você acha que eu seria capaz te deixar morrer? Sua vida estava em risco e ainda está!

— Você disse que havia descoberto a identidade de MMM... — resolvo ignorar minha raiva e minha confusão por um momento. — Quem é MMM?

Ele e Josh trocam olhares.

— Eu não sei se você deveria saber disso...

— Qual é, Peeta? Eu praticamente estou sabendo de tudo! Você vai ou não vai me falar quem é MMM? Além disso, é a minha vida que está em risco aqui, caso não tenha percebido. Acredito que pelo menos mereço conhecer a verdade.

Ele solta um longo suspiro.

— Ok, vou te contar... MMM é Fantiny.

— O quê?

Isso está ficando cada vez mais surrealista. Acho que estou pressa em um quadro de Salvador Dalí, só tem esta explicação plausível.

— Descobri isso há duas semanas... lembra quando você disse que se sentia como a garota má da história?

Balanço a cabeça, ainda tinha bem fresca em minha memória a discussão que tive com Peeta há alguns dias, quando novamente meu coração foi ferido.

— Lembrei de como eu chamava Fantiny, “muchacha muy mala”, por causa de um papel que ela havia interpretado, ou seja, MMM. Não sei como eu fui me esquecer disso... Comparei esta informação com as que eu e Josh já tínhamos descoberto e tudo se encaixava perfeitamente. Fantiny é MMM.

— Isso quer dizer que vocês podem, sei lá, denunciar a polícia!

— Não é tão simples assim, Katniss — fala Peeta pensativo. — Fantiny está a muitos passos de nós. Não sei como, mas ela descobriu que sabemos a sua identidade e o presente que ela te mandou foi uma ameaça a mim, para eu parar com isso, antes que ela faça coisa pior. Não sabemos onde Fantiny está. Eu e Josh temos trabalhado muito nisso, mas... é como se Fantiny já não existisse mais...

Josh concorda com Peeta.

— Katniss, o melhor que temos a fazer agora é tentar encontrar o paradeiro de Fantiny. Sabemos que ela está por perto... — fala Josh. — Os métodos de Fantiny são silenciosos e letais. Ela pode usar veneno para matar quem ela desejar. Você precisa tomar muito cuidado agora com que for comer. Não pode comer nada vindo de estranhos, nada absolutamente nada, que você não saiba a procedência, nem comer em locais desconhecidos. Deve tomar total cuidado com sua comida e bebida.

O quê? Eles querem me matar de fome? Olho para a cara deles. Aos poucos estou encontrando algum sentido nesta história toda ― embora ainda acredite que isso está mais para um quadro de Salvador Dalí ou um roteiro escrito por Haymitch.

— Você vai fazer isso? — pergunta Josh.

— Vou... — falo relutante. Mesmo estando furiosa, é difícil admitir, mas sei que eles têm certa razão. — É melhor vocês pegarem Fantiny logo!

Josh sorri e concorda.

— Pegaremos!

— Katniss — fala Peeta. — É melhor que ninguém mais saiba disso... Pelo menos por enquanto...

— Peeta tem razão... por enquanto, apenas nós três precisamos saber disso ― concorda Josh.

— Eu não vou contar para ninguém... até porque ninguém acreditaria em mim e diriam que estou louca.

Josh sorri.

— Eu preciso ver outro paciente. Você vai ficar bem, Katniss?

Balanço a cabeça confirmando. Tirando o fato de que acabei de saber que fui envenenada duas vezes, que Peeta mentiu para mim, que posso ser morta a qualquer momento, acredito que vou muito bem. Afinal, quem nunca viu a morte de perto? Isso acontece todo dia...

Acompanho com o olhar Josh saindo do quarto. Ele me dá um último sorriso ao fechar a porta. Estou um tanto furiosa com Josh também, por ele estar a par de tudo, enquanto eu não sabia absolutamente nada. Mas minha fúria é quase mínima comparada a qual tenho por Peeta.

Meus olhos vão parar nele. Desvio-os dele rapidamente.

Não sei o que pensar desta situação toda. Estou com raiva, confusa. Tudo o que menos quero é ver Peeta em minha frente. Preciso de um tempo para pensar.

— Katniss...

— Peeta — o interrompo. — Você pode me deixar sozinha, por favor? ― falo entredentes, tentando não gritar e manter um tom civilizado, afinal estamos em um hospital.

— Me escute, por favor.

— Olha, Peeta, neste momento bater em você é meu desejo mais inocente! Você nem faz ideia da minha fúria! Então, por favor, me deixe sozinha, caso o contrário, eu juro que saio desta cama e te jogo por aquela janela ― aponto a janela que está perto de mim. E eu não estou brincando.

Ele me olha relutante.

— Você não deveria ficar sozinha depois do que aconteceu...

— Eu sei me cuidar. E ninguém vai entrar no hospital e me matar. Isso aqui não é novela mexicana! — digo, tentando manter o pouco de calma que me resta. — Então, por favor, me deixe sozinha — digo entredentes.

Peeta me olha hesitante. Porém, no fim, ele silenciosamente sai do quarto.

Olho para a porta. O que devo fazer? Milhares de sentimentos estão em mim, não dando tempo para eu raciocinar. Nem eu mesma sei o que estou pensando direito. Raiva de Peeta por ele ter me feito sofrer daquela maneira? Sim, muita raiva. Indignação por ele não ter me contado o que estava acontecendo? Sim, isso também.

— Katniss! — duas cabeças aparecem na porta do meu quarto. Elas me olham um tanto preocupadas.

Faço um esforço e sorrio para elas.

— Annie! Jenny!

As duas sorriem aliviadas e correm até mim. Sou sufocada pelos braços de ambas.

— Katniss! Você não faz a mínima ideia de como estávamos preocupadas! — fala Jenny.

— Eu estou bem, mas se continuarem me abraçando assim, logo vou ter problemas com falta de oxigênio.

— Oh, desculpa!

As duas saem de cima de mim.

Jenny e Annie me enchem de perguntas, para minha sorte, às vezes, elas mesmas respondem. Annie e Jenny são muito, muito tagarelas.

— Katniss, você ainda vai acabar morrendo! Já é a segunda intoxicação alimentar que você tem! — fala Annie.

Josh não é lá muito criativo em criar desculpas.

— Eu amo comer! — protesto.

— Eu te entendo, Katniss. Eu não consigo imaginar uma vida sem pizza! — fala Jenny de um modo dramático, o que arranca gargalhas em nós três.

— Olha que nós trocemos para você! — Annie mostra uma sacola cheia de alimentos.

— Por alguma razão, Peeta, nos fez prometer que iriamos trazer comida para você... — fala Jenny de uma maneira pensativa. — Disse até para provarmos a comida... E que você só deveria comer o que nós te dermos... Ele está estranho.

— Homens... quem pode entendê-los? — falo de maneira casual, dando os ombros.

Jenny e Annie começam a tagarelar. Agradeço por isso, elas não me deixam pensar em certas coisas que não estou com a mínima vontade de refletir.

Quem estaria tranquila depois de sair de um quadro surrealista, como eu saí? Alguém tentou me matar duas vezes. Duas vezes. Duas malditas vezes, eu poderia ter morrido. Será que pela terceira vez vão atentar contra a minha vida? Enquanto isso, eu não sabia de nada. De nada.

Peeta fez aquilo comigo porque julgou que seria melhor para mim. Mas, francamente, odeio que tomem decisões por mim, eu tenho capacidade de fazer minhas próprias escolhas. Uma das coisas que sempre amei foi minha capacidade de decidir por mim mesma o que quero o que não quero. Nem sempre tomei as decisões mais sábias, mais adequadas. No entanto, são as minhas malditas decisões, minhas escolhas e ninguém tem nada a ver com isso. Estou extremamente chateada com Peeta, por suas palavras, por não ter me deixado fazer minhas próprias escolhas, por tudo o que ele me fez. Eu não consigo compreendê-lo. Não consigo perdoá-lo. Isso está além de minhas capacidades.

Depois de dois dias finalmente recebo alta do hospital. Na verdade, tive que praticamente subornar Josh para me liberar. Eu não vi Peeta depois daquele dia. Sei que ele está por perto. Pelo menos, ele respeitou meu pedido de não ver a sua cara. Realmente, não estou em condições de enfrentar Peeta, se eu vê-lo agora, acho que serei uma jovem criminosa.

Sou recebida por Jenny com uma mesa repleta de comida.

— Seu café da manhã! — fala Jenny apontando para a mesa.

— Você me conhece muito bem, Jenny!

— Na verdade, era eu que estava com fome mesmo! — fala de um modo divertido. — Josh, não quer se juntar a nós? — pergunta a ele, que permanece na porta da cozinha. Foi Josh que me trouxe até aqui.

— Não posso... preciso voltar para o hospital ― fala evitando os penetrantes olhos azuis de Jenny.

— Ok... — diz Jenny desviando o olhar e se ocupando em cortar algumas fatias de pão, embora eu acredite que já temos fatias de pães suficientes para uns dez cafés da manhã.

É impressão minha ou aconteceu alguma coisa entre eles? Os dois parecem um tanto desconfortável. A atitude deles é, no mínimo, suspeita.

— Se cuida, Katniss, e lembre-se do que te falei...

— Eu me cuidarei...

Josh sorri e vai embora (mas antes lança um olhar quase sorrateiro para Jenny e o desvia imediatamente, assim que ela retribui o olhar).

Olho para Jenny, que parece um tanto quanto pensativa, depois da saída de Josh. Aliás, ele estava bem estranho no carro, calado e com um olhar perdido.

— Aconteceu alguma coisa?

Ela me olha. Esse olhar diz tudo.

— Jenny! — falo cruzando os braços.

— Você sabe que eu e Tony estamos dando um tempo... enquanto eu não decido se aceito ou não a proposta de casamento dele...

Jenny me contou a história toda em uma noite, que ela chegou completamente bêbada. Não revelei a ela, que já sabia de tudo, graças a uma conversa que ouvi entre ela e Josh.

— Ontem, Tony me ligou, acabamos discutindo pelo telefone. Estava muito brava e fui no apartamento de Josh, sabe, espairecer. Entre uma conversa e outra... acabou rolando um beijo e...

— Você e o Josh dormiram juntos? — falo sem acreditar nestas palavras.

— É, dormimos — admite Jenny. — Mas agora há este clima estranho entre nós. Josh está se sentindo culpado, e...

— E você?

— Nem um pouco culpada!

Acabo rindo da confissão de Jenny.

— Nossa história é complicada. Nós sofremos tanto da última vez. Sei que meus sonhos e os de Josh são completamente distintos... Mas ontem nada disso importou e... pela primeira vez, em anos, tive a sensação que estava no lugar ao qual realmente pertencia — fala, enquanto serve uma xícara de chá para mim.

— E agora?

— Agora... agora eu vou comer um pão de queijo, que parece estar ótimo! — pão de queijo... isso me lembra certo alguém.

Acabo rindo. Jenny acaba de voltar ao seu habitual eu, uma garota animada e engraçada.

O que será que o futuro reserva para estes dois? Josh já me confessou que a ama. E, Jenny, bem está na cara que ela também o ama. Porém, o amor nem sempre é suficiente para superar tudo. Estamos habituados a ver filmes românticos em que os mocinhos superaram todos os obstáculos porque se amam, mas na vida real não é assim que caminha a coisa toda. O amor nem sempre é suficiente para ultrapassar certas barreiras. Definitivamente, filmes românticos não são bom exemplo para a sociedade.

— Você viu que as notícias não falam outra coisa que não seja seu suposto retorno com Peeta? — pergunta Jenny, tomando um grande gole de chá.

— É, aqueles malditos rumores estão se espalhando como uma praga! — digo comendo uma torrada.

— Não se preocupe, Katniss, uma hora eles acabam.

Ah, aquele maldito Haymitch, ele não tinha uma historinha melhor para inventar? Precisava dar a entender a Enobaria, que eu e Peeta estávamos juntos? Segundo Haymitch, foi a única ideia que lhe ocorreu para disfarçar meu desmaio.

Peeta me abraçou para ocultar o meu desmaio. Aqueles benditos fotógrafos, que estavam acompanhando Enobaria, tiraram uma foto da cena. Logicamente, no outro dia estava em todos os lugares. Basicamente o que diziam as manchetes eram:

“Peeta Mellark e Katniss Everdeen juntos novamente?”

“Diretor diz que as estrelas de seu filme são inseparáveis e sempre andam juntas: “Estes dois são inseparáveis, só de olhar para eles você sente o amor”, afirmou Haymitch Abernathy”.

“Declaração de Haymitch Abernathy, diretor do filme estrelado pelas jovens estrelas Peeta Mellark e Katniss Everdeen sobre o romance que acontece no set de gravações, gera polêmica”.

“Peeta Mellark e Katniss Everdeen estão muito próximos, saiba tudo nesta edição sobre o romance dos jovens atores”.

“Polêmica cena no set de gravações: Peeta Mellark e Katniss Everdeen trocam carícias nos bastidores”.

E por aí vai. Aquele velho aproveitador ainda me falou que criou estas desculpas porque não queria ser acusado de negligenciar seus atores (Josh contou a ale aquela história da intoxicação alimentar). Na verdade, ele quer é promover o filme. E o que melhor do que promover um filme sobre uma história de amor, do que uma história de amor nos bastidores?

Para piorar nem Gale, nem minha agência tomaram qualquer atitude. Acho até que Haymitch os convenceu a não se manifestarem sobre o assunto. O fórum sobre eu e Peeta praticamente quadriplicou.

Entretanto, com tudo o que está acontecendo, me preocupar com estes rumores é a última coisa que faço. Minha vida pode estar em perigo. Descobri que Peeta estava mentindo para mim... são tantas coisas em que se pensar. Só espero que Peeta não esteja pensando que eu vou me atirar nos braços dele e dizer: ”Oh, meu herói! Você me salvou, me feriu, me magoou, me disse palavras horríveis, mentiu para mim, mas tudo o que você fez foi em nome do amor”. Fala sério! Só de pensar nisso, sinto minha fúria aumentando.

— Katniss, tenho o dia de folga hoje. O que gostaria de fazer? — pergunta Jenny.

— Hum... acho que ficar em casa descansando.

— Ótimo! Já até peguei alguns filmes para nos vermos. Annie está vindo para cá.

E assim que Jenny fala em Annie, a campainha começa a tocar. É Annie, que se junta ao nosso café da manhã.

Madge também aparece mais tarde. Ela conseguiu uma folga das filmagens. Passamos o dia juntas, assistindo filmes e jogando conversa fora. Falando sobre em nada particular, e ao mesmo tempo falando sobre tudo.

Ainda bem que elas passaram o dia comigo. Isso me ajuda a desviar a atenção do meu celular que não para de tocar. É, Peeta. Porém, eu não quero falar com ele. Não ainda. Não enquanto minha fúria é tal que nem me deixa raciocinar direito.

Sou acordada pelo toque em meu celular. Olho para o relógio em cima do criado mudo, são 5:20 da manhã. Quem liga para alguém neste horário? Será que não podem deixar uma pobre garota dormir em paz? Não, esta pobre garota aqui não tem paz nem para dormir.

— Alô! — falo com meus olhos ainda fechados. Uma parte de mim ainda não acordou totalmente.

— Katniss... — reconheço a voz imediatamente. E ela me soa cansada.

— Peeta? — digo totalmente acordada me sentando na cama. — Por que você está me ligando a estas horas?

— Katniss, me escute, não coma nada, que você não saiba a procedência e nem saia do apartamento, hoje, está me ouvindo?

— O que significa tudo isso?

— Só me ouça, Katniss...

— Peeta?

Não ouço nada do outro lado da linha, porque ele acabou de desligar o celular.

Isso não foi nada bom. Tento ligar outras vezes para ele, para sua casa, porém ninguém me atende.

Quando dou por mim, estou em frente a sua casa. No entanto, a casa está vazia. Nem mesmo os seguranças do condomínio conseguem me dar uma informação.

Volto para meu apartamento de mãos vazias. Vou bater na porta de Josh. Já que ele, talvez, tenha alguma informação sobre o paradeiro de Peeta.

— Katiss? — me olha espantado abrindo a porta. — Aconteceu alguma coisa? — Josh acabou de acordar, seus cabelos estão despenteados, ele esfrega o olho procurando espantar o sono de suas pálpebras.

— Peeta... ele... sumiu.

— O quê?

— Você sabe onde ele está? — digo, entrando em seu apartamento. — Eu fui na casa dele, liguei para ele e nada!

— Se acalme, Katniss, me conte esta história direito!

Josh prepara um chá para mim e eu lhe conto sobre o telefonema misterioso de Peeta, o fato de ele ter praticamente desaparecido da face da terra depois disso.

A expressão de Josh fica cada vez mais preocupada.

— Não... ele não pode ter feito isso... — murmura entredentes.

— Feito o quê?

Josh me analisa por um tempo.

— Josh?! O que você está escondendo?

— Ontem descobrimos uma pista crucial sobre Fantiny...

— Que pista?

— Eu disse para Peeta não fazer nada até termos certeza, mas acho que ele não me ouviu... Eu deveria ter previsto isso.

Josh pega o celular e liga para alguém.

— Precisamos conversar... Você teve a confirmação sobre aquilo de ontem?... Ok, nos vemos em meia hora...

Não estou entendo nada. É melhor, Josh me dar uma explicação sobre isso.

— O que está acontecendo?

— Temos que ir a um lugar...

Depois disso, Josh não diz mais nada. Ele apenas pega seu carro e vamos (seja lá para onde).

Chegamos em um grande prédio. Mil e uma ideias já passaram por minha mente. Entretanto, Josh não parece muito disposto a falar. Entramos no prédio e pegamos o elevador. Ele aperta o botão do décimo quarto andar.

— Josh... me fala o que está acontecendo! Onde estamos?

— Katniss, estamos indo ver Marissa.

— Marissa Cooper? — eu só conheço uma Marissa.

— É...

— O que ela tem a ver com esta história?

— Marissa conhece muitas pessoas, e quando quer obter alguma informação ela consegue. Uma coisa que não se deve menosprezar em Marissa é seu senso investigativo.

— E?

— Se tem uma pessoa que pode descobrir o sobre o paradeiro de Fantiny é ela.

— Mas... Marissa não faria uma coisa destas sem cobrar um preço — murmuro e olho aterrorizada para Josh.

— Não se preocupe, Katniss. Acho que está na hora dos intrigantes da Mockingjay revelarem sua identidade...

— Mas... Josh, você sabe que sua vida vai mudar completamente depois disso, que você vai ser jogado no olho de um furacão. Isso nunca foi que você quis!

— Não importa... ― sorri de um modo gentil, pedindo por meio deste sorriso para eu não me preocupar. Ele já tomou sua decisão.

Neste instante chegamos ao décimo quarto andar. Josh caminha até uma das portas. Marissa deveria estar esperando por Josh, pois ele mal toca a campainha a porta se abre.

Ela nos analisa por um segundo. Deve estar surpresa com minha presença. No entanto, resolve não fazer perguntas. Algo muito estranho vindo de Marissa. Contudo, acredito que ela deve estar feliz demais com o fato de finalmente alcançar o que almejou por anos, revelar a identidade dos intrigantes da Mockingjay, para se importar com um mero detalhe como minha presença.

— Entrem — fala se afastando da porta.

Noto que a maquiagem mal consegue disfarças as olheiras de Marissa. Ela não parece alguém que acabou de acordar. Não, ela parece alguém que nem chegou a dormir e passou a noite em claro.

— Então, você conseguiu as provas? — indaga Josh, assim que coloca os pés no apartamento.

O lugar não é muito grande. A sala está em completa desordem, cheia de papeis espalhados pelo chão. Em cima da mesinha de centro da sala há um notebook ligado e uma xícara enorme de café, há cinzas espalhadas pela mesinha, e várias bitucas de cigarros jogadas em um cinzeiro. O cinzeiro está completamente cheio.

— Vejo que as pessoas estão muito interessadas em Fantiny — diz com um sorrisinho malicioso.

— Lembre-se do trato, Marissa, sem perguntas. Você descobre sobre Fantiny, sem fazer nenhum questionamento, e eu dou a você o que deseja.

— Ok — diz revirando os olhos de uma maneira petulante.

Marissa puxa um cigarro e começa a fumar.

— Você conseguiu ou não as provas? — insiste Josh.

Marissa solta uma baforada de fumaça.

— Calma, apressadinho! Saiba que precisei trabalhar muito para conseguir estas provas...

― Eu sei, Marissa!

Ela pega um envelope amarelo em cima de uma pilha de papel no sofá.

— É melhor você me pagar direitinho! — entrega o envelope para Josh.

Ele abre o envelope. Vejo diversas fotos de Fantiny através do tempo. Até que me detenho em uma foto. Lá está ela sorrindo.

— Não! — solto um grito inaudível. — Não pode ser.


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Notas finais do capítulo

Odiaram? Gostaram? Finalmente a identidade de MMM foi revelada! Mas o que será que a Katniss viu nas fotos? Só posso dizer que o próximo capítulo vem com a última peça deste quebra-cabeça chamado MMM.