Jardim de Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 37
Mmm


Notas iniciais do capítulo

Está na hora de Katniss começar a descobrir o que há por trás de tudo hehehehe



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— Peeta, você é um cara muito engraçado! Não me faça mais rir! Vou explodir de tanto rir! — falo dando um pequeno tapinha nas costas dele.

Ele ri e me olha.

— Katniss, Katniss, não posso evitar, e você é uma garota tão adorável! — aperta a minha bochecha.

Rio. Enobaria olha para nós e anota algo em seu bloco de notas. Eu e Peeta continuamos a rir.

— Ele não é um doce? — falo dando um abraço em Peeta.

— Você que é, docinho!

Enobaria continua a fazer anotações. Lanço um olhar para Haymitch, que sorri de uma maneira bem satisfeita. Controlo o impulso de bater neste diretor. Velho chantagista! Haymitch me olha e apenas dá os ombros.

Já chega deste teatrinho.

— Haymitch está me chamando — falo sorrindo para Enobaria e saindo dos braços de Peeta.

— Só mais uma pergunta, Katniss!

Sorrio, assentindo. Afinal, se não responder as perguntas dos jornalistas, quem irá me matar é o presidente Snow. Foi ideia de Snow fazer esta entrevista com a revista “Star” no set de gravações. Tudo pela publicidade.

— Como é trabalhar com seu ex-namorado?

Enobaria sorri de maneira vitoriosa. Reprimo minha vontade de gritar obscenidades.

— Antes de ser meu ex-namorado — falo seguindo as palavras que Haymitch me instruiu (obrigou) a falar. — Somos melhores amigos.

Melhores amigos? Só de pronunciar estas palavras tenho escalafrio. Eu, melhor amiga de Peeta Mellark? Só pode ser brincadeira.

— E... — Enobaria começa a formular outra pergunta. Tenho que cortar isso rápido.

— Você disse que era só uma pergunta! — falo em um tom brincalhão. — Preciso falar com meu diretor, antes que ele fique zangado, e quando ele fica zangado, não é engraçado! — continuo a falar em um tom zombeteiro.

Alguém me dê os parabéns, estou cada vez melhor em lidar com estes jornalistas.

Com um sorriso no rosto deixo Enobaria prosseguindo a entrevista com Peeta. Chupa, Peeta, me livrei da Enobaria primeiro que você!

Vou até onde Haymitch está. Ele lê o roteiro distraidamente.

— Satisfeito? — pergunto com uma carranca no rosto.

— Muito, docinho! — responde sem tirar os olhos do roteiro.

Velho trapaceiro! Melhor eu ir para meu camarim, antes que eu perca meu controle e amanhã esteja em todos os jornais, revistas, sites, a notícia “atriz mata diretor no set de gravações”.

Eu e Peeta fizemos uma espécie de acordo silencioso, praticamente nos ignoramos durante as gravações e só nos dirigimos a palavra quando é extremamente necessário. Acho que a última briga nos deixou igualmente cansados.

Depois daquelas confissões de Peeta, eu havia dormido em sua casa, na verdade em seu sofá e... em seus braços.

Acordei um tanto confusa, mas estranhamente confortável. Demorou alguns segundos para me dar conta que estava na casa de Peeta, dormindo em seu sofá com seus braços me envolvendo.

O que eu deveria fazer? Será que ele estava bem? Na noite anterior, ele havia me mostrado seu lado mais vulnerável. Não tinha certeza se ele estava bem.

Vagarosamente, com cuidado para não acordá-lo, me virei para ele. Peeta dormia tranquilamente. Meu rosto estava a poucos centímetros do seu. Podia sentir sua respiração em minha face. Seus lábios estavam entreabertos. Aquilo me fez lembrar do beijo da noite anterior, a sensação permanecia em meus lábios e... droga... aquela sensação era boa. Podia tocá-lo se quisesse, bastava eu inclinar minha cabeça um pouco mais e... No que estava pensando? Rapidamente, retirei aquela ideia (idiota) da minha mente.

Eu tinha claramente um problema, não havia pensado nas consequências de acordar ao lado de Peeta Mellark. O que eu deveria fazer? Ir embora? Essa era a melhor opção, mas depois do que ocorrera na noite anterior, confesso, estava preocupada com ele.

De qualquer maneira, ficar nos braços de Peeta não era uma boa ideia. No entanto, era tarde demais, assim que comecei a me mover para sair dos braços dele, suas pálpebras se abriram e seus olhos azuis, um tanto confusos, me analisaram.

— O que está fazendo aqui? — perguntou sem se mover de sua posição, sua voz possuía um que de rispidez.

Isso era tão típico Peeta. Uma hora me pede para ficar, outra me trata como alguém desprezível. Aquilo ainda acabaria me enlouquecendo. Peeta estava pior que Annie naqueles dias. Eu já deveria estar acostumada com sua bipolaridade. O que eu estava esperando? Que me convidasse para um café da manhã? Que me agradecesse pela noite anterior? Não, isso era demais, eu sabia que era melhor não esperar nada em troca.

Resolvi ignorar seu tom ríspido e sai de seus braços.

— Você me pediu para ficar! — respondi, tentando manter um pouco de calma. Embora este nunca fora meu ponto forte. — Ou você se esqueceu de ontem e vai me falar que está com amnesia?

Me sentei no sofá de costas para ele. Peeta continuou deitado. Notei quando ele deu um longo suspiro.

— Sobre ontem... esqueça de tudo, esqueça do que te falei...

Me voltei para Peeta e o olhei incrédula. O que eu estava esperando? Já deveria saber que seria assim.

— Também devo me esquecer do beijo? — disse de maneira raivosa. Eu estava irritada com ele, queria o ferir de alguma maneira. — Tenho que me esquecer disso também? Por que você é assim, Peeta? Por que me beija daquela maneira e no outro dia age como um babaca?

Os penetrantes olhos de Peeta se desviaram de mim.

— Katniss, vamos nos esquecer do que aconteceu ontem. Aquilo nunca deveria ter acontecido.

— É claro, beijar seu maior obstáculo, não está em seus planos! — falei com um tom extremamente ácido. Estava tão cansada daquele joguinho dele. — Arrependido? Isso é tão típico de você! Eu juro que não te entendo! Eu juro! — minha voz estava cada vez mais alterada.

Peeta me olhou.

— Não tenho culpa se você pode atrapalhar minha carreira... — disse como se eu fosse a culpada de tudo.

O quê? Aquilo já era demais para mim.

— É claro que sou a garota má da história!

Me levantei do sofá, furiosa. Estava era brava comigo mesma. Por que eu havia sido tão burra?

Olhei para Peeta.

— Garota má... — murmurou ele. — Garota má... Muchacha muy mala.

— O quê? Agora está me xingando em outra língua?

Minha raiva só aumentava a cada segundo. Estava a ponto de explodir, com raiva, frustrada, decepcionada. Sim, eu estava decepcionada, não com Peeta, mas comigo mesma, por ter me deixado levar na noite anterior. Aquele era Peeta Mellark, o cara que destroçou meu coração, que não se importou com meus sentimentos, que terminou comigo pelo telefone, que me chamou de “obstáculo”. Por que tinha que me importar com ele? Por que eu me deixei enganar novamente por ele?

— Quer saber, Peeta, cansei! — disse saindo furiosa da mansão de Peeta, praticamente dei um chute na porta. O chute foi acidental. Mas eu bem que gostaria de ter quebrado alguma coisa em sua casa perfeita.

Cheguei em meu apartamento furiosa. Fui para meu quarto, precisava tomar um banho. O cheiro dele ainda estava em minhas roupas. Tudo o que eu desejava era não me lembrar de sua existência. O que ficava um tanto difícil comigo cheirando a Peeta Mellark.

Abri meu armário furiosamente. Algo caiu aos meus pés. Era o colar com a pérola negra que ele havia me dado. Quando ele rompeu comigo, havia me livrado de várias coisas dele, mas por alguma razão, não havia conseguido me livrar daquele maldito colar. Eu deveria ter o colocado no armário em algum momento, já nem me lembrava mais deste fato.

Apanhei o colar. O frio da pérola negra me lembrou da tarde em que ele me deu. De seu sorriso, de sua promessa de sempre ser meu refúgio, minha Paris particular, de maneira como me olhava como se eu fosse a coisa mais importante em sua vida. Tudo fora uma ilusão, aquele Peeta que jurava que me amava já não existia, ou melhor, nunca existiu?

Pressionei o colar em minha mão com muita força. Tudo ficara no passado, eu nunca saberia as respostas para minhas perguntas.

Joguei o colar no chão aos meus pés e uma gota de água caiu em cima da pérola negra. Só então percebi que era eu a responsável por aquela gota, eram as minhas lágrimas.

Tento tirar estas lembranças de minha mente. Os meus figurinistas estão em meu camarim, muito concentrados em algo. Noto que Flavius segura um tablet, Octavia e Venia olham curiosas para o tablet.

— Oh, não! Katniss precisa perdoar Peeta! — exclama Venia.

— O quê? — quase grito.

Os três olham para mim.

— Saiu o novo capítulo de “Amores inquietos”! — explica Flavius calmamente, voltando sua atenção o tablet que tem nas mãos.

Bufo. “Amores inquietos” é uma fanfiction que saiu naquele maldito fórum sobre eu e Peeta e nosso “namoro” (os rumores de namoro não diminuíram como eu havia pensando que ocorreria). Ela está fazendo bastante sucesso e até que é... interessante. Não que tenha lido... Ok, eu li. Estava sem fazer nada, tá bom! E acabei lendo.

— Katniss, olha só! — fala Octavia para mim. — Peeta finalmente admitiu que ama Katniss!

— E ela? — pergunto sem querer. Ei, o que foi? Isso é apenas ficção, além disso, estou curiosa para saber como vai terminar.

— Ela está confusa. Cato realmente mexeu com a cabeça dela — responde Venia.

Sim, na fanfiction eu, Peeta e Cato formamos um triângulo amoroso.

— E o Cato? Estou torcendo para ele ter uma chance com ela! — falo.

Até que é divertido ler algo assim. É, eu nunca pensei que diria isso.

— No próximo capítulo, Cato vai tentar confessar seu amor pela Katniss! — informa Flavius.

Os três voltam sua atenção para o tablet e soltam até alguns gritinhos excitados.

Meu celular começa tocar. É Annie.

— Katniss! — Annie grita, ela não perde o costume de gritar no celular, ouço ao fundo o som de uma música, nem preciso pensar muito para saber onde ela está. Isso é bastante óbvio.

— Diz um oi para os garotos por mim!

— Katniss disse oi — grita Annie.

— Oi, Katniss! — berram os intrigantes da Mockingjay ao fundo.

— Oi, Katniss! — fala outra voz ainda mais animada.

— Oi, Jenny!

— Você deveria vir para cá! — diz Jenny. — Estamos comendo pizza agora.

Meu estômago me faz lembrar que é quase hora do almoço.

— Tenho que trabalhar!

— Você é quem sabe.

— Vamos sair hoje à noite, vem? — pergunta Annie.

— Não, tenho gravação até tarde da noite... — respondo. Haymitch está querendo tirar o atraso da semana que deu folga para Peeta. Agora está se focando em gravar as cenas dele, cenas que preciso gravar com Peeta, diga-se.

— Ok, é uma pena.

— Annie, vem aqui! — fala Sam ao fundo. — Tenho que te mostrar esta música.

— Já vou! Tchau, Katniss!

Annie desliga o celular. Ela e Jenny têm passado bastante tempo com os intrigantes da Mockingjay... Finnick ainda não superou o namoro dela com Sam. Uma vez ou outra ele aparece lá em meu apartamento reclamando da vida e de sua estupidez. Eu prefiro não tomar nenhum partido. Este é um assunto entre ele e Annie.

— Katniss! — olho para o ruivo que me chama.

— Sim, Darius.

— Haymitch pediu para te chamar. Enobaria quer tirar mais algumas fotos com o elenco — avisa.

— Ok, estou indo — não quero ver Haymitch tendo chilique.

Vou para o set. Avisto Peeta e Haymitch tirando algumas fotos juntos. Solto um suspiro, preciso atuar novamente.

— Katniss — fala Delly se aproximando de mim, sorridente. Pelo menos, a assistente de Peeta é uma garota legal, pena ela trabalhar com um babaca como ele. — Você é a próxima para tirar fotos.

Assinto.

— Ei, Katniss, te pediram para te entregar isto! — fala Darius, me entregando uma cestinha com várias coisas gostosas.

Eu amo meus fãs, que me compreendem tão bem. Estou morrendo de fome. Pego a cestinha. Há um cartão:

“Desfrute, Katniss.

MMM”.

— MMM... que misterioso! Você sabe quem é? — pergunto a Darius.

— Não, chegou pelo serviço de entrega.

— Seja lá quem for, estou agradecida!

Pego um dos biscoitinhos caseiros. Parecem tão deliciosos.

— MMM tem um bom gosto!

Levo o biscoito até a boca.

— Não, Katniss! — ouço o grito de Peeta, que corre em minha direção.

Olho para Peeta atônita.

— Katniss, me diga que você não comeu este biscoito! — diz colocando as mãos em meus ombros. Sua expressão está agoniada.

— O quê? — Peeta andou bebendo escondido?

Ele olha para o biscoito em minha mão que está meio comido.

— Ah, não!

Peeta me abraça. Sério, ele me abraçou!

Estou pronta para pergunta que raios Peeta quer dizer com isso, mas não consigo, tudo fica negro ao meu redor.

Não sei quando tempo fiquei desacordada, sou acordada por vozes ao meu redor. Tento abrir os olhos, porém, é muito cansativo fazer esta tarefa. Começo a identificar as vozes que ouço e o que elas falam.

— Você precisa contar a ela!

— Não, não! — diz uma voz claramente irritada. — Ela quase morreu novamente! Isso está ficando cada vez mais perigoso! MMM sabe que já descobrimos sua identidade! Isso foi um aviso. Não foi aleatório o fato de MMM ter enviado estes biscoitos envenenados justamente no set de gravações. MMM quer que eu veja as consequências.

Biscoitos envenenados? Que biscoitos envenenados? E que papo é este de alguém ter quase morrido novamente?

— Peeta, se você não contar, MMM vai ficar mais forte! Você precisar contar a ela o que aconteceu!

Peeta?

— Eu não posso arriscar! — reconheço a voz dele. — Não, Josh.

Josh? O que Peeta está fazendo conversando com Josh? E espera, onde eu estou?

— Ela merece saber a verdade!

— Mas estamos perto de pegar MMM! — protesta Peeta. — Eu não vou contar!

O que está acontecendo aqui? Eu preciso saber.

Abro os olhos e os vejo olhando para mim assustados.

— Katniss... você acordou? — Josh tenta sorrir e tirar tensão de seu rosto. Porém, ele não é muito bom ator. — É melhor você voltar a dormir, ainda não está totalmente recuperada...

Olho confusa ao meu redor. Estou deitada em uma cama de hospital constato.

— Ei, vocês dois, o que está acontecendo? Quem é MMM? E o que vocês estão me escondendo? E quem quase morreu novamente? Por que estou em um hospital? Biscoitos envenenados que história é esta? — trato de interrogá-los, antes que eles resolvam entrar em outro assunto.

Espera, eu estou em um hospital... E comi aquele biscoito... isso significa que...

— Alguém tentou me matar?

Os dois me olham petrificados.

Peeta se preparada para dizer algo depois do primeiro choque, mas Josh o interrompe.

— Você conta para ela, ou eu conto! — afirma.

Peeta o olha irritado. Josh devolve seu olhar, ele também não está nenhum um pouco calmo. E eu olho para os dois sem saber bulhufas do que está acontecendo.

Cruzo meus braços, esperando por uma explicação.

— Peeta, não dá para esconder mais isso. Ela já está sabendo demais! — fala Josh.

— Ei, “ela” está aqui, sabiam? E agora vocês vão ou não me explicar o que está acontecendo?

Os dois ficam calados. Meus olhos vagam de um ao outro.

— Eu juro se vocês não falarem o que significa isso tudo, eu vou levantar desta cama e... farei um escândalo! — ameaço.

Novamente, Peeta e Josh trocam olhares.

Eu só posso ter acordado do lado errado da cama! Primeiro, eu estou em um hospital, segundo, alguém tentou me matar (é isso que compreendi daquela conversa). E agora estes dois ficam trocando olhares enigmáticos!

— Ok! — diz Peeta resignado. — Katniss já está sabendo demais mesmo.

— Ótimo! — fala Josh.

Olho para eles. Alguém vai ou não vai me dar esta bendita explicação?

Peeta respira fundo e me olha.

— Katniss... tudo começou há quase um ano...


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Peeta finalmente vai revelar a verdade para Katniss, como será que ela vai reagir?
Tenho que dar uma notícia a vocês. Jardim entrou em sua reta final, serão mais quatro capítulos e um epílogo, eu já comecei os escrever...
Ah, entrem no grupo do face:
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