Jenny ri e se aproxima de mim — acompanhada de Peeta — assim como ele, ela usa óculos escuros e um boné.

— Convidei o Peeta para nossa festinha — diz animada. — Espero que não se importe!

Não sei se rio ou se choro em uma situação desta.

— Você não me contou que sua colega de apartamento era Katniss — fala Peeta.

Jenny ri apenas. Avisto Annie, faço sinais para ela. Annie nos avista e vem até nós.

— Peeta? O que você está fazendo aqui?

— Eu arrastei ele! — diz Jenny.

Annie olha confusa para ela.

— Espera você é... a Jennifer! — fala surpresa. — Eu sou super fã de você! Adoro seus filmes. Meu preferido é “O Lado Mal”!

— E você é a Annie Cresta! Eu amo “As carreiristas” tenho todos os seus cds! — fala empolgada.

— Mentira!

— “Rose” foi por um bom tempo meu toque de celular!

Annie solta um gritinho animado. Essas duas só podem ser irmãs gêmeas perdidas. Sério! Estou começando a acreditar que estas duas foram separadas na maternidade. Estou a ponto de perguntar se elas não têm uma irmã perdida por aí.

— Eu sou a nova colega de apartamento de Katniss, pelo menos temporariamente — explica Jenny para Annie.

As duas começam a conversar. Nos sentamos em uma das mesas. Jenny pede um Bloody Mary e Annie, vodca.

— Vocês não vão querer nada? — pergunta Jenny para mim e Peeta.

— Não, melhor não — respondo.

— E você, Peeta, nem um drink? — indaga Jenny.

— Toma um pouco disso! — diz Annie passando um copo para Peeta.

Ele analisa o copo por alguns segundos.

— Você não vai ficar bêbado com isso — Annie sorri.

Peeta acaba bebendo o copo de vodca, que Annie lhe ofereceu. Espero que ele saiba o que está fazendo.

No entanto, isso não para por aí, Annie e Jenny empurram mais e mais copos de bebidas para Peeta. E para completar o quadro as duas começam a ficar bêbadas. Resultado: virei babá de bêbados!

Percorro meus olhos pelo recinto. Daqui a pouco os garotos irão tocar, tento avistar algum deles. Entretanto, no lugar de avistar um dos rapazes, vejo uma cabeleira ruiva. Lá está ela... Marissa Cooper. Espera, Marissa Cooper? Eu vi direito?

Sei que ela está aqui atrás da Mockingjay... Mas Marissa não iria deixar passar o fato de que tem três celebridades bêbadas aqui — aliás, ninguém iria deixar passar este fato.

Olho para os três. Haymitch teria um ataque se descobrisse que seu protagonista se envolveu em um escândalo. Annie está se saindo bastante bem nos últimos meses, quase ninguém mais se refere a ela como “rainha dos escândalos”. E Jenny, bem, é Jenny, qualquer coisa envolvendo Jenny virá um grande acontecimento.

Tenho que fazer alguma coisa antes que Marissa note nossa presença.

— Ei, vamos sair daqui! — falo para os três.

— Por quê? Aqui está tão legal! — protesta Annie.

— Temos que ir! — insisto. — Ou vocês querem ter seus rostos estampados nas revistas de fofocas, amanhã?

— Isso não seria legal — diz Jenny.

— Essa é uma boa conclusão, Jenny! — falo. — Agora, vamos sair daqui! — empurro-os até o lugar onde ficam os empregados do Distrito 13. Josh me mostrou esse lugar após um incidente com paparazzi.

Torço para que Marissa não me note. Acho que vamos conseguir, mais um pouco e... Oh, não! Marissa acaba de nos notar! Isso é péssimo, mais que péssimo!

Empurro-os para a pequena sala dos empregados do Distrito 13, mas sei que é tarde demais. Sei que dentro de poucos minutos, o Distrito 13 estará cercado de paparazzi, se é que já não está.

Vejo Josh e Sam na sala.

— O que vocês estão fazendo aqui? — pergunta Josh.

— Marissa Cooper está lá fora e ela nos viu — respondo.

— Que inferno! — exclama Sam. — Aquela mulher é um tormento!

— Precisamos sair daqui... Eles estão bêbados — aponto para Peeta, Annie e Jenny. — Não seria nada bom se alguém tirasse fotos deles bêbados.

— Podemos ajudar vocês? — pergunta Josh.

— Toda ajuda é bem vinda — respondo.

Olho para os três, Jenny abraça Annie e canta uma música de “As carreiristas”, enquanto Peeta briga com o sofá. Pois é, o príncipe da nação está brigando com um sofá. Esse é o tipo de coisa que não se vê todo dia, até cairia na gargalhada se tivesse tempo, mas agora preciso cuidar de outras coisas.

— Tive uma ideia, podemos nos dividir... — sugiro. — Vocês podem me ajudar com esses três?

— É claro — respondem Sam e Josh.

— O que fazemos?

— Tenho certeza que vai ter um monte paparazzi lá fora, quando sairmos daqui. Seria mais fácil se nos dividirmos. Cada um de nós cuida de um deles.

— Ok — Josh e Sam concordam.

Peeta desiste de brigar com o sofá e vem em minha direção.

— Eu vou com você! O boy on fire não pode se separar da girl on fire — ele me abraça, ou melhor, se joga em cima de mim.

Eu mereço! Como eu devo ter sido má em minha vida passada!

— Tudo bem! — dou tapinhas nas costas de Peeta. Sei que discutir com um bêbado é perda de tempo. E tempo é algo que não temos aqui. — Vocês podem levar Annie e Jenny?

Josh fica responsável por Jenny, e Sam por Annie. Saio primeiro. Pego um táxi, já que assim fica mais difícil de os paparazzi nos seguirem. Por sorte, o motorista não nos reconhece. Dou o endereço de Peeta para o motorista.

Peeta começa a canta sua versão de girl on fire.

— This boy on fire!

— Fica quietinho vai! ― peço, com o tom mais calmo que consigo.

— This boy on fire! — Peeta não se cala.

O motorista nos lança um olhar desconfiado. Nesse ritmo, ele vai descobrir nossas identidades, isso não vai ser legal.

Tento sorrir e discretamente tampo a boca de Peeta com minha mão. Até que dá certo. A não ser por um detalhe, ele coloca sua cabeça em meu ombro, e me abraça. Pelo menos ele fica quieto.

Sinto sua respiração em meu pescoço e o calor de seus braços. Ainda bem que o taxista é rápido, logo chegamos à casa de Peeta.

— Consegue sair sozinho? — pergunto, abrindo a porta do táxi.

— Não! — exclama.

— Quer ajuda? — o motorista do táxi oferece.

— Sim, obrigada.

O taxista começa a sair do táxi.

— Não! — Peeta protesta. — Eu não vou sair daqui!

Ai, ai, paciência, muita paciência, é o que mais preciso agora. Se estivesse sozinha, eu juro que estaria chutando o traseiro de Peeta e o obrigando a descer do carro, mas acho que não seria uma boa ideia fazer isso agora.

— Vamos, sim? — peço, tentando não demonstrar minha irritação.

— Não! — insiste.

Esse cara só pode estar de gozação com minha pessoa. Ninguém merece ser babá de Peeta Mellark bêbado.

— Eu sou um boy on fire e vou incendiar tudo! — canta.

O taxista nos analisa. Espero que ele não tenha nos reconhecido. O melhor que tenho a fazer é tirar Peeta o mais rápido possível deste táxi.

— Ok, ok, você é um boy on fire e eu sou uma girl on fire... podemos incendiar coisas juntas mais tardes...

— Promete? — pergunta empolgado.

— Prometo! Agora vamos!

Saio do táxi e ajudo Peeta a sair. Dispenso o taxista. Poderia pedir para ele esperar por mim, afinal só vou deixar Peeta em sua casa e vou embora. No entanto, esse motorista me parece um tanto desconfiado, melhor não arriscar. Depois que deixar Peeta, chamo algum táxi, ou pego algum carro emprestado de Peeta. Afinal, alguém está me devendo um favor, ser babá de bêbado (principalmente, se este bêbado for Peeta Mellark) é um trabalho bem desgastante. Acredito que cuidar de quatro pirralhos, daqueles que fazem qualquer pessoa — incluindo a Madre Teresa de Calcutá e Gandhi — sair de seu juízo perfeito, seja uma tarefa bem mais fácil do que cuidar de um Peeta bêbado.

Praticamente, arrasto Peeta até a porta da sua casa.

— Abra a porta! — peço.

Ele me olha.

— Cadê a chave?

Ele dá os ombros. Sério, que ele vai fazer esta brincadeira novamente? Eu sei exatamente, onde isso vai parar.

— Anda logo, abre esta porta, Peeta! — minha paciência não está mais aqui, já a gastei toda.

— Você tem que pegar! — aponta para um de seus bolsos na calça.

— Ah, eu não vou fazer isso! Se você não quiser abri a porta por mim tudo bem! Vou deixar você aqui, durma na grama! Aposto que seus vizinhos vão adorar acordar e ver a estrela mega famosa Peeta Mellark dormindo no gramado — ameaço.

Peeta vive em um condomínio luxuoso, alguns de seus vizinhos são celebridades também. E fofocas se espalham ainda mais rápido entre celebridades do que entre os próprios jornalistas.

— Você não vai abrir a porta? — começo a andar.

Peeta bufa, e pega a chave. No entanto, ele está tão bêbado que não consegue abrir a porta. Eu mereço!

— Me dá esta chave aqui! ― pego a chave com impaciência.

Abro a porta.

— Pronto, está entregue! — falo, quando ele entra na casa. — Agora posso ir embora... vou chamar um táxi... ou você pode me emprestar um seus carros...

— Não!

— Ok, nunca pensei que você fosse tão mesquinho, eu chamo um táxi, não preciso de um de seus carros.

— Não vá, girl on fire!

— O quê?

Peeta se aproxima de mim, pega em minha mão e me puxa para seus braços, sem que me dar tempo para eu me esquivar.

— Você prometeu que nós iremos fazer um incêndio! Nós vamos incendiar tudo! — ri.

— Ei, me solta! — tento sair de seus braços.

— Não, não! Nós vamos fazer um incêndio!

— Ah, Peeta, por favor! — estou cansada demais para brincar com um Peeta bêbado.

Ele prende ainda mais em seus braços.

Relaxa, Katniss. Tudo o que você vai conseguir é fazer ele te irritar ainda mais, se não fingir que aceitou seu joguinho.

— Ok — dou um longo suspiro. — Vamos incendiar alguma coisa...

— Eba! ― fala igual um garotinho travesso empolgado em desembrulhar os presentes no natal.

— Mas primeiro, me solte!

Ele atende meu pedido e me solta.

— O que você quer incendiar? — pergunto.

— A minha cama! — responde com um sorriso no rosto.

— Certo! Sua cama já foi incendiada — falo como se estivesse conversando com uma criancinha.

— Não, minha cama não foi incendiada. Para incendiar minha cama temos que chegar perto dela!

Respira, Katniss. Ninguém mandou você aprontar todas em sua vida passada, isso é carma.

— Vamos incendiar esta cama! — digo, subindo as escadas.

Peeta vem atrás de mim. Ele sobe as escadas aos tropeções, porém consegue chegar até seu quarto.

— Cama queime! — falo, imitando Harry Potter fazendo um feitiço, só falta uma varinha! — Pronto, a cama já queimou.

Peeta olha para a cama e depois para mim.

— Os poderes da girl on fire não estão funcionando!

— Mas é claro que estão! Você não está vendo estas chamas? Veja como a cama queima! Eu sou muito poderosa! — Coloco minha mão na cintura, imitando uma pose de super-heroína.

Peeta ri, ele até parece um garotinho com esta risada, se aproxima de mim. Ele toca em uma mecha de meu cabelo. Seus dedos começam a brincar com meu cabelo. Ele ainda ri. Seus olhos vão parar nos meus. Seus incríveis olhos azuis, que parecem levar toda a minha alma embora. Sua risada cessa, mas ele mantem nos lábios um doce sorriso.

Katniss, isso não vai acabar bem!

Retiro sua mão do meu cabelo e desvio meus olhos dos seus.

— Pronto, você já está aqui. Agora preciso ir embora — começo a me virar.

— Não!

Peeta me puxa para seus braços.

— Peeta!

Ele não me ouve, me envolvendo totalmente em seus braços. Começo a tentar lutar contra ele. Tudo o que consigo é fazer com que caiamos na cama.

Fico por baixo de Peeta. Ele apoia suas mãos na cama, segurando parte de seu peso, seu corpo não permite que eu mova. Desvio meus olhos dele. Sinto sua respiração em meu rosto, seu rosto está muito próximo do meu, mais alguns centímetros e...

― Katniss? ― sua voz é tão suave.

Katniss, não olhe para ele. Não olhe! Não seja tola! Não seja!

― Katniss... ― seu tom é extremamente sexy.

Lentamente meus olhos começam a voltar-se para Peeta. Pronto, fiz besteira. Nossos olhos se cruzam. Por que seus olhos tinham que ser tão hipnotizadores?

Seus incríveis olhos azuis conversam com os meus. Uma de suas mãos toca suavemente meu rosto. Deslizando por cada centímetro, fazendo minha pele ficar arrepiada.

Katniss, acorda! Cérebro? Você ainda está aí? Responde cérebro!

Seus dedos tocam delicadamente meus lábios.

Katniss, Peeta está bêbado... E você está louca!

Seus lábios se afastam de mim, ele me olha, me hipnotizando...

Ele me envolve em seus braços, sua cabeça cai em meu pescoço. Poucos segundos depois, Peeta está dormindo. E a pior parte, me tem totalmente envolvida em seus braços. Tento sair dessa situação, porém fracasso totalmente.

Desisto de lutar, melhor esperar Peeta acordar ou afrouxar seus braços. No entanto, antes que isso aconteça, adormeço.

Acordo, sentindo a respiração de Peeta em meu pescoço. Ele ainda está comigo em seus braços, porém desta vez, eu consigo sair deles. São nove horas da manhã.

Resolvo que o melhor é não acordá-lo. Quem quer acordar o seu ex-namorado e anunciar, dormi nos seus braços ontem? É foi o que aconteceu... tem comida na geladeira? Alguém aí se arrisca?

Encontro Delly, a assistente de Peeta, nas escadas.

— Ah, Katniss — ela sorri. — Você está ai?

— É... — pense uma desculpa cérebro, vamos não me deixe na mão! Funciona!

— Então, os rumores eram verdadeiros!

— Que rumores?

— Não se fala em outra coisa nos sites de fofocas! — diz Delly.

— Que coisa?

— Acho que é melhor você ver por si mesma... — sorri gentilmente. — Preciso acordar, Peeta, estamos quase atrasados.

Me despeço de Delly. Puxo meu capuz — agora quase todas as minhas blusas têm capuz —, coloco meus óculos escuros e pego um táxi.

Dentro do táxi, procuro pelos sites de fofocas em meu celular. Quais serão os novos rumores...

— Merda! — exclamo.

O taxista olha para mim. Dou um sorriso amarelo e volto a olhar para a tela do meu celular.

“Peeta Mellark e Katniss Everdeen envolvidos em um romance novamente?”

Este é o titulo da notícia. Bem explicativo, não?

“As jovens estrelas parecem estar revivendo seu antigo romance. Katniss Everdeen e Peeta Mellark atualmente estão trabalhando juntos novamente, na sequência do filme que levou Katniss Everdeen ao estrelado e iniciou a paixão entre as duas celebridades. Ao que tudo indica, os dois tiveram as chamas da paixão reacendidas.

Segundo testemunhas, Peeta e Katniss foram vistos em uma casa de show. Os dois pareciam bem alegres e se divertiam na companhia de amigos, Annie Cresta, intrigante da famosa banda “As carreiras” e Jennifer, com quem Peeta contracenou em Winter Sleep, filme que será lançando em breve. Depois, as estrelas deixaram o local em um taxi, sozinhos. De acordo, com uma testemunha, Peeta e Katniss trocaram palavras carinhosas, chamando um ao outro por apelidos. A testemunha afirmou que Katniss Everdeen foi para a casa de Peeta.”

Aquele motorista maldito! Ele tinha que soltar a língua. Olho para o taxista. Melhor não fazer escândalos. Esse taxista também me parece bem suspeito.