Reprimo a vontade de gritar. Afinal nada de gritar, quem se importa se seu cabelo está sendo puxado como se estivesse preso no aspirador (na verdade, doeria menos), suas mãos parecem estar sendo fatiadas, e você não come a mais oito horas, e quando tentou comer (roubar um pãozinho na geladeira) quase foi levada para o tribunal? Ninguém. O importante é caber naquele vestido, suas unhas estarem ótimas, e seu cabelo parecer estar saindo de um comercial de shampoo (isso foi sacarmos).

– Só falta terminamos a maquiagem – avisa Venia.

Ótimo, apenas mais umas três horas de tortura.

Hoje, é a premiação dos melhores filmes do ano. Eu concorro ao lado de Peeta, como o melhor casal – pelo filme que estrelamos. Faz duas semanas que a lista de indicação saiu.

Tenho que agradecer a esta premiação, já que pela primeira vez, em quase um mês, vou poder ver meu namorado. Depois de nosso encontro no hotel, e Peeta ter revelado um verdadeiro segredo de estado, ele precisou voltar para Los Angeles. Revelar ao mundo que se vai estrelar um filme com a queridinha do momento, é um crime que merece a prisão perpétua, de acordo com os produtores do filme. Peeta levou uma bela de uma represaria, não só de Gale, mas do diretor, dos agentes de Jenny, dos produtores... E uma ordem foi baixada: Estados Unidos ou morte (claro que metaforicamente... acho).

Ele precisou ficar afastado dos holofotes, até que as coisas se acalmassem um pouco. Já que nos últimos meses, ele tem sido um dos rostos que mais aparecem nas manchetes dos jornais, os rumores de separação, depois de traição e finalmente, a “separação”. Ir para Los Angeles e esperar as coisas ficarem calma foi a solução encontrada. Ninguém quer que a imagem de príncipe da nação se transforme em imagem de príncipe dos escândalos.

– Pronto, Katniss – diz Flavius, dando uma última pincelada em minha bochecha. – Nós realmente somos demais!

Venia e Octavia olham para mim, como se estivessem admirando um trabalho que acabaram de fazer. E eu não estou exagerando aqui.

– Somos! – diz Venia dando um high five no grupo.

– Ganharíamos o Oscar de melhor maquiagem fácil – completa Flavius.

Olho para eles com minha expressão de: eu estou aqui! Poderiam pelo menos esperar eu sair para as fofocas?

– E, agora, o toque final – diz Octavia de maneira solene, trazendo com muita delicadeza meu vestido, parece até que ela está carregando uma raridade que irá se desmanchar com o menor toque do vento.

– Cinna! – dizem os três admirando o vestido.

Cinna é o estilista do momento. Admirado pelo mundo da moda, cheio de seguidores. Parece que a ex-assistente de Peeta, Portia, agora é a assistente de Cinna.

Cinna é o estilista que assina as roupas da Sinsajo. E como eu sou praticamente a garota Sinsajo, só posso usar as roupas da marca (está lá em uma das mais de cem cláusulas do contrato).

O vestido é imenso, estilo princesa, com uma calda enorme. Como eu vou andar com isso? A saia é toda volumosa, enquanto a parte de cima do vestido é super justa (agora sei por que não me deixaram comer). Ele não tem alças.

Fluvius, Venia e Octavia me ajudam a colocar o vestido, e completam o visual colocando em meu pescoço um colar delicado jogado para trás, que cai por minhas costas nuas.

Mesmo não sabendo como vou respirar neste vestido, muito menos andar, não posso negar que ele é lindo.

– Quando estiver andando chute a saia certo? – instrui Venia. – Não queremos que está obra de arte sofra qualquer acidente!

– Lembre-se, quando você der um passo, mova o pé primeiro para a frente do outro tornozelo e então para frente e para fora, como um passo de dança – diz Flavius me olhando com cautela.

– Não se esqueça, pelo amor de Deus! – pede Octavia.

– Ok, ok – digo soltando um suspiro, esta vai ser uma longa noite.

– Acho que você já pode ir! – fala Venia. – Terminamos por aqui.

Os três começam a arrumar seus materiais, que eu chamo carinhosamente de instrumentos tortura.

– Pronta, Katniss? – pergunta Madge entrando em meu quarto.

Olho para Madge que veste um vestido longo, porém sem volume na saia. O vestido tem um fundo lilás claro, sendo cheio de bordados dourados. Ele também possui uma calda como o meu, porém, parece ser bem mais confortável de usar.

– Sim – respondo.

– Vamos, o carro já chegou.

Como é uma noite de gala, com direito a tapete vermelho, nossa agencia Panem, mandou um carro com motorista para nos levar até a festa.

Nos despedimos de nossas equipes de preparação. Também mandaram uma equipe para arrumar Madge. É claro que antes de partimos ouvimos mil e uma recomendações. É impressionante como a perspectiva de arruinar um vestido é uma grande calamidade neste mundo.

– Belo vestido, Madge – digo enquanto entramos no elevador.

– Obrigada, Katniss. Mas seu vestido também é maravilhoso.

– É, ele é maravilhoso, só gostaria que eu pudesse comer e me mover!

Madge ri.

– Ainda brava, porque te pegaram roubando um pão na geladeira?

– Quem diria que comer um pãozinho seria considerado um crime de morte?! – bufo.

– Peeta vai estar na premiação?

– Sim, ele chegou ontem de Los Angeles. Mas ainda não nos falamos...

– Quando vocês vão voltar oficialmente?

– Eu também gostaria de saber isso! Não quero mais ficar me escondendo em armários e depois ficar com câimbra!

Madge olha para mim, rindo da situação.

– Não ria, Madge! – a repreendo.

– Desculpa, Katniss. Mas só de imaginar você pressa em um armário com o Peeta... – ela mal consegue conter o riso.

– Eu sei, eu sei, é surreal – rio também, me lembrando da cena.

O carro nos espera e logo chegamos à festa, que, aliás, será transmitida ao vivo.

Na entrada há um enorme tapete vermelho. E envolta muitas pessoas, jornalistas, parazzi... Respiro fundo e saio do carro, quase fico cega com tantos flashes. Ótimo, além de morrer de fome, agora vou ficar cega.

– Katniss, o que pensa sobre o novo trabalho do Peeta? – questiona um repórter.

Estes jornalistas perderam a noção. Como assim perguntar sobre o “ex”?

– Acho que ele irá se dar muito bem – sorrio.

– Katniss, conte sobre este vestido? – outro jornalista pergunta.

– É um vestido Sinsajo... – digo, tentando lembrar o que disseram para eu falar quando perguntassem sobre o vestido.

Olho para Madge que também responde perguntas. Ela parece se sair melhor do que eu. Pelo menos ela não precisa ficar respondendo perguntas sobre o “ex”. Ainda bem que isso demora três minutos. Tudo já foi devidamente cronometrado. Porém, estes três minutos são eternos.

A vantagem de não estar ao lado de Peeta Mellark é que se eu estivesse ao lado dele, as coisas seriam tudo em dobro. O dobro de perguntas, de flash... Ou melhor, o triplo.

Finalmente, nosso tempo acaba e entramos no lugar da premiação. É uma espécie de enorme auditório, com várias fileiras de cadeiras. Eu e Madge somos conduzidas até nossos lugares, que tem inclusive etiquetas, não falei que tudo é planejado. Nada pode sair errado. Sou levada até a terceira fileira, enquanto Madge é conduzida em uma direção oposto a minha. Em minha fileira encontro Haymitch e Effie (com uma nada chamativa peruca azul). E olha só quem resolveu aparecer, Cato. Depois do fático incidente das algemas, ele desapareceu dos holofotes por um bom tempo. Será que ele aprendeu a lição de deixou de ser um pouquinho galinha? Espero que pelo menos, ele agora se informe sobre a garota com quem está indo para a cama. Clove, minha antiga colega de cena, também está presente.

Parece que organizaram as fileiras por equipes de filmação. Espera, isso significa que Peeta também vai se sentar nesta fileira. Entre Cato e Clove há uma cadeira vaga. Estou sentada entre Cato e Effie. Lanço um discreto olhar para a etiqueta da cadeira vaga: Peeta Mellark.

– Peeta está atrasado! – fala Haymitch.

– Querido, ele é Peeta Mellark, você sabe como os repórteres são, deve ter ficado preso na entrada – acalma Effie.

– Tem razão, minha querida.

Effie, a única pessoa no mundo que consegue acalmar Haymitch. Acho que ela deveria participar das filmagens. Assim Haymitch ficaria menos insuportável.

Olho ao meu redor. Há muitas câmeras espelhadas. Algumas estão gravando neste exato momento. Pessoas da produção vêm e vão, em uma corrida frenética, se certificando de que tudo irá sair bem.

Annie e Finnick já devem estar em seus camarins, eles irão apresentar o prêmio de melhor trilha sonora. Ultimamente, eles tem se esforçado bastante para aparecerem em publico juntos. Quer dizer, Annie tem se esforçado, já que aposto que para Finnick isso não é esforço nenhum. Alguns rumores de que eles estariam saindo juntos começaram a surgir. Os dois realmente têm se empenhado em dissipar o rumor de eu estaria traindo Peeta com Finnick. Pelo menos, a imprensa parece ter sofrido de amnésia e se esqueceu da “briga” que Annie e Finnick tiveram. Gostaria que eles tivessem a mesma amnésia no meu caso, que eu faço para que isso aconteça?

Noto um pequeno tumulto se formando, nem preciso olhar para saber quem é a causa deste pequeno tumulto.

E agora como devo reagir? Eu e Peeta nunca aparecemos juntos publicamente depois de nossa “separação”. Sei que as câmeras estão apontadas para nossos rostos, aguardando para flagrar o mais leve movimento de nossas sobrancelhas.

Peeta calmamente se acerca da terceira fileira. Como odeio os poderes de atuação de Peeta! Eu quase tendo um ataque de nervosismo aqui e ele lá, todo calmo.

Ele me olha, tenho certeza que todas as câmeras se voltaram para nós. Sou eu, ou acabei de escutar o barulho de grilos? Calma, Katniss. Você é uma atriz, já passou por situações piores. Não vai estragar tudo agora!

Peeta sorri e me cumprimenta com leve aceno de cabeça. Correspondo ao seu cumprimento da mesma maneira. Espero que isso não tenha sido frio demais, expansivo demais, ou sei mais o que. Peeta senta-se no lugar destinado a ele, entre Cato e Clove.

Tento desviar minha atenção de Peeta e olhar em outra direção. Noto que não sou a única que parece com certa tensão. Cato parece preocupado e lança discretos olhares para um lugar na segunda fileira.

Olho para a direção que Cato tanto insiste em olhar. E lá estão Glimmer e Foxface, as responsáveis por distribuir por toda internet as fotos de um Cato como veio ao mundo, preso por algemas na cabeceira da cama de um hotel. Aquilo sim foi um escândalo. Cato precisou até mudar sua imagem de garoto festeiro para garoto recatado, além de não aparecer na mídia por uns bons meses.

Como pude esquecer? Foxface concorre ao prêmio de melhor trilha sonora. Ela é uma das cantoras jovens mais conhecidas. E Glimmer, bem ela é Glimmer, a filha do todo poderoso presidente Snow, dono de uma das produtoras mais importantes do país. Um homem realmente importante. Era óbvio que as duas estariam aqui.

– Arrependido, Cato? – pergunto.

– Estas duas me causam arrepio, são as primas do mal!

– Quem mandou você dormir com a filha do presidente Snow! E depois nem ter dado um telefonema para a garota no dia seguinte! – o repreendo em um tom divertido. Aquelas duas realmente sabem como planejar uma vingança. Acho que se eu as tivesse conhecido antes, eu teria me vingando de Finnick de uma maneira bem interessante...

– Mas é que ela era... tão...

– Você não muda nada, hein! Sempre pensando com outra cabeça!

Cato se prepara para me contestar. No entanto, neste momento, as luzes do palco se acendem, sinalizando que a premiação vai começar. Todos fazem silêncio e Caesar Flickerman, o mestre de cerimônia da premiação, surge no palco todo sorridente, com uma peruca azul. Aliás, ele faz uma piada sobre como o fato de ele e Effie estarem com a mesma cor de peruca.

– Cuidado, Haymitch, eu e Effie podemos ter muito mais do que a peruca em comum! – diz.

– Pode parar com a gracinha Caesar, ao menos que você queira ver o que não tem em comum comigo – fala entre dentes Haymitch, enquanto sorri para as câmeras.

Caesar inicia a premiação. Tento me focar no palco e não em certo louro que está há uma cadeira de mim. Foi uma boa ideia dos organizadores, colocarem Cato entre nós. Ainda não sei representar corretamente o papel de ex-namorada.

Os prêmios começam a ser distribuídos, vestidos e smoking vem e vão no palco, piadas, mais vestidos e smoking, sorrisos falsos, sorrisos verdadeiros, longos discursos... Acho que minha mente foi parar em outro lugar.

Annie e Finnick surgem terrivelmente lindos no palco. Chamando a atenção de todos. Um casal que definitivamente não passa despercebido. Os dois estão sorridentes e se comportam como amigos antigos. Finnick deve considerar isso como uma grande evolução, já que há um mês, Annie estava a ponto de matá-lo, e nem queria olhar em sua cara.

Estava tão concentrada em Finnick e Annie, que nem noto o próximo apresentador entrar e anunciar o prêmio.

– E o vencedor de melhor casal é... Katniss Everdeen e Peeta Mellark.

O quê? Alguém falou meu nome.

Mas, o quê? Olho indecisa para a plateia que aplaude.

Peeta se levanta e estende a mão para mim. Sem hesitar, pego em sua mão. Estou atordoada por este barulho de palmas.

Quando percebo, estou caminhando até o palco. Oh, droga, me esqueci dos conselhos da equipe. Como é mesmo? Chutar o vestido? Peeta aperta a minha mão.

Sério, o que eu faço? Tento prestar atenção em meu vestido? Tento elaborar um discurso em minha mente (eu não fiz nenhum discurso!)? Tento ignorar as pessoas que me olham, e o fato disso estar sendo transmitido para milhares de pessoas? Tento pensar como vou atuar, considerando que estou de mãos dadas com meu “ex-namorado” e que acabamos de ganhar o prêmio de melhor casal?

A resposta vem imediatamente, quando percebo que pisei errado e que estou quase no chão. Regra: sempre preste atenção no vestido!

Fecho meus olhos institivamente. Porém, não sinto o chão, e sim os braços de Peeta.

– Cuidado – sussurra em meu ouvido.

No entanto, ele se afasta de mim rapidamente. Continuamos a andar até o palco como se nada houvesse acontecido.

Pegamos nosso prêmio. Quando tenho a pequena estatueta em minha mão, percebo: este é meu primeiro prêmio! Eu acabei de ganhar meu primeiro prêmio!

Às vezes, a vida resolve deixar de ser má como uma segunda-feira e ser boa como uma sexta.

Deixo que Peeta fale. Minha ficha ainda não caiu plenamente e ele já está acostumado com a situação. A única coisa que consigo falar é um:

– Obrigada! – que sai da minha garganta um pouco incerto.

O resto da premiação passa diante dos meus olhos em um instante. Quando me dou conta, estou saindo da premiação, cercada por câmeras fotográficas e jornalistas, que querem saber minha reação ao ganhar o prêmio.

Sou salva por Annie que me arrasta juntamente com Madge até seu carro.

– E agora a melhor parte da premiação! Festa – diz animada. Aliás, animadinha demais.

– Annie, tinha bebida naquele camarim? – pergunto.

– Só algumas coisinhas...

Ótimo, preciso lidar com uma Annie quase bêbada.

Depois da premiação de melhores filmes do ano, vem a parte que todos adoram: a festa. Celebridades fazem de tudo para ter um convite para esta festa, já que são raras as ocasiões em que se pode encontrar pessoalmente com os melhores diretores, produtores, tudo em um mesmo lugar.

Annie nos empurra para dentro do carro, e em instante estamos no local da festa, em um luxuoso hotel.

Mal colocamos os pés no local e Annie aparece com drinks na mão.

– Você é rápida para isso, hein!? – falo.

Annie ri.

– Garotas, hoje vamos nos divertir! – diz nos entregando os drinks.

E antes que eu ou Madge possamos impedir Annie, ela já nos deixou. Madge avista Gale em um lugar da festa.

– Não se preocupe comigo! – digo, já que ela me lançou um olhar indeciso. – Eu posso me virar sozinha. Vá ver o Gale, anda! Vocês dois tem passado muito tempo separados!

– Tem certeza? Vem comigo!

– Não! Não tenho a menor vocação para ficar em um candelabro! Vai! – digo praticamente a empurrando.

Madge sorri e vai até Gale.

Passo meus olhos pelo salão de festa. Sei que não deveria estar procurando por ele, afinal sou sua ”ex”, porém, não posso evitar que meus olhos executem esta ação. Desde que terminou a premiação não vi mais Peeta.

– Procurando por alguém?

Olho para o louro sorridente em minha frente.

– Não se preocupe, não é você! Ainda não pertenço ao clube “quero matar Cato” – digo indicando Glimmer e Foxface que estão em um canto lançando olhares em nossa direção.

– Droga! – diz tomando um trago da bebida que tem nas mãos. – Quer se juntar ao clube?

– Talvez... Mas acho que ele já tem membros suficientes.

– Você tem razão.

Uma garota loura bem bonita vem em nossa direção.

– Cato, acho melhor você não se envolver com louras! Nem com ruivas – o repreendo, já que ele fica todo animadinho com a aparição da loura.

Ele até coloca o seu sorrido matador no rosto, quando a loura para em nossa frente. No entanto, a loura o ignora totalmente. Ela sorri de maneira simpática para mim. Parece ser uma pessoa bem educada e gentil. Definitivamente, ela não merece cair nas garras de Cato. Além disso, ganhou pontos comigo por ter ignorado o sorrido matador de Cato.

– Katniss, Ferdinand Fernan quer falar com você – diz a loura.

O quê? Eu ouvi bem? A vida resolveu ser uma daquelas sextas-feiras com feriados? Ferdinand Fernan é um dos mais importantes diretores. O homem é considerado, “o senhor dos diretores”.

Katniss Everdeen se controle. Não estrague tudo!

– Você pode me acompanhar? – a garota pergunta.

Balanço a cabeça e a sigo. Ela me conduz até a um lugar afastado do salão de festa, uma pequena sala.

– Com licença, ele já vem – diz ela saindo da sala.

Esta é a noite mais surreal que eu já tive. Acabei de ganhar um prêmio e Ferdinand Fernan, o diretor, quer falar comigo. Isso me causa um frio na barriga. Noto que ainda tenho nas mãos o drink que Annie me deu, o levo a boca. Preciso me acalmar.

– Se eu fosse você, eu não faria isso! Ao menos que se você quiser se transformar na girl on fire.

Me viro para ele que ri.

– Ei, o que está fazendo aqui? Ah, esquece, estou esperando um diretor!

Ele apenas me olha, parece querer conter uma risada.

– Não acredito, Peeta Mellark! Você que tramou tudo isso! – digo brava. – Não tem diretor nenhum, não é?

– E você precisa ser mais cuidadosa!

Lanço meu olhar: Peeta Mellark, você é um homem morto! E eu sei fazer muito bem este olhar, tenho o treinado por meses.

– Ok, desculpa – pede com sua melhor expressão de cachorrinho abandonado, que fez uma grande travessura.

Ainda estou bem irritada com ele.

– Tudo bem, foi uma má ideia! Mas olha só, eu fiquei dias e dias tentando encontrar uma assistente loura, por causa daquela história do elevador. Não acha que mereço um crédito por isso?

– Aquela é a sua nova assistente?

– Sim, ela é a Delly. E você não sabe o grande trabalho que passei para encontrá-la. Como iria explicar que queria uma assistente loura? Iriam me chamar de excêntrico.

– Coitadinho – falo sarcástica.

– Mereço ser perdoado? – diz se aproximando lentamente de mim. – Passei por muitas coisas...

– Sei...

– Me esforcei bastante... – beija meu pescoço. – Trabalhei muito... – dá um beijo demorado em minha bochecha, enquanto sua mão escorrega lentamente por meus ombros nus. – Tenho sofrido muito estes últimos dias... – sussurra em meu ouvido, mordiscando minha orelha.

– Pobrezinho...

Puxo Peeta para mim, lhe aplicando um beijo nos lábios. Um mês sem nos vermos, não me culpem por eu atacar Peeta! Sou totalmente inocente neste crime! É... talvez não muito...

Em meio a nosso beijo, em que nos esquecemos do mundo, ouvimos um som que nos traz a realidade. São batidas na porta. Eu e Peeta paramos de nos beijar e olhamos para a porta.

Parece que a vida resolveu voltar a ser uma segunda-feira pós-feriado.