Na verdade, eu conseguia sentir o que estava acontecendo comigo. Não era como se eu só quisesse protegê-lo, sei lá, algo a mais estava se formando em mim. Era como se toda aquela dor que eu estava querendo deixar de sentir, fosse aos poucos amenizados pelo sorriso de Ai.

Sabe.. Isso era diferente para mim.

Para falar a verdade, se passara quase duas semanas que nós descobrimos que as pessoas que amamos amavam outras pessoas. Desde aquele dia, eu tenho visto Ai como meu protegido. Como se eu instintivamente quisesse fazer com que Nitori deixasse de ver aquilo que o machucava tanto. Meu coração doeu de ver certas lágrimas no rosto de Nitori, doía vê-lo assim.

Mais enquanto eu tentava protegê-lo, parecia que ele me protegia. Mesmo sabendo que a dor ainda estava lá, mesmo sabendo que ele poderia ver Haru e Rin juntos, ele continuava rindo. Dócil, quente, honesto.. Para mim.

Era estranho como ele conseguia me fazer sentir tão quente.

~~x~

– Hey, Ai.

– Sim Makoto-senpai?

E então ele virou para mim, com aquele característico sorriso na face. Olhando para mim com a pele debaixo do olho vermelha, sorrindo para mim.. Me fazendo sentir quente de novo. Meu coração palpitou auto desta vez, me fazendo olhar para outro lugar.

– V-Você pode colocar essa caixa ali.

– Entendido.

Estávamos colocando caixas dentro da minha casa. Era algum tipo de entrega que mina mãe havia pedido, alguma coisa sobre um armário novo ou alguma coisa do tipo. Eu não sabia o que era, mas ela não parecia fazer questão de me dizer. Aliás, desde quando eu fico tão embaraçado na frente de Nitori?

Suspirei um pouco irritado.

–Makoto-senpai, está tudo bem?

– Está sim, Ai.

Mais uma vez. Aquele sorriso e um toque quente em meu braço. Era mágico como ele conseguia fazer isso. Era tão errado assim, querer que Nitori sorrisse mais? Que ele fosse mais feliz? Era tão errado assim, acordar pensando nisso? Eu não sabia.. Mas orava para que não fosse errado.

~~x~

Mudança de ponto de vista.

– Rin!

Ouvi meu nome ser chamado. Olhei para trás e consegui ver Haru. Sorri gentil, e deixei que meu braço envolvesse sua cintura. Sabe.. Era bom. Para uma pessoa como eu ter uma pessoa como ele ao meu lado. Foi com uma simples briga, que conseguimos ver enfim que gostávamos um do outro.

Eu sabia que eu o amava.

Mas não queria demonstrar.

Como iria também?

Por mim, Haruka amava Makoto.

– Não olhe para mim desse jeito.

Arregalei meus olhos. De que jeito? E então percebi a posição que estávamos. Colado ao meu corpo estava Haru, apenas com seu traje de banho, olhando para mim com uma cara meia confusa. As bochechas coradas e as sobrancelhas arqueadas. Ele estava quase fazendo um bico! Dei uma risada, e então ele fez aquele bico.

– Você prometeu que ia nadar comigo na praia.

Eu não entendia porque ele queria tanto nadar comigo na praia, mas se ele queria... O que eu poderia fazer? Minha mãe acariciou suas bochechas, e ele inclinou-se sobre elas. Sorri um pouco e disse:

– Eu vou fazer.

E então, sorri de canto. Aos poucos nossos lábios se aproximaram, e eu beijei-lhe os lábios. Desta vez, decidi ousar mais um pouco: fui completamente apaixonado desta vez. Ao invés de pedir permissão com a língua, eu simplesmente invadi a boca dele, explorando cada lugar já reconhecido por mim.

Haru não parecia conseguir lutar contra minha língua, e parecia surpreso demais para. Ele só aceitou minha língua, e começou a dançar com ela. Ouvindo pequenos gemidos, eu comecei a trazer Haru para mais perto. Ele sabia que ele não podia fazer isso comigo.. Ele sabe o que eu sou capaz de fazer se eu ouvir aquela voz fazendo sons de satisfação.

Abri meus olhos para deparar com os olhos de Haru já abertos. As nossas bocas continuavam se tocando, porém, ele parecia olhar para mim.. Aprofundando-se em meu ser. Era como se ele estivesse querendo.. Preparado para o que viria a seguir.

–Haru.. - sussurrei assim que nossos lábios se separaram, e o fio de saliva conectando nossos lábios

– R-Rin.. P-Por favor.

Droga.

Empurrei Haru até a parede, meus olhos devorando-o por inteiro. Como um tubarão faria a um golfinho. Minha boca fora até o seu pescoço, dando leves mordidas que logo se transformaram-se em mordidas fortes.

– O-Ow.

A cada mordida que eu dava, eu lambia e isso arrancava cada vez mais suspiros e gemidos de Haru. Até quando eu finalmente, comecei a sugar a pele dele com força. Só senti as unhas de Haru me arranhando os braços e jogando sua cabeça para trás.

– R-Rin!

~~x~

Mudança de ponto de vista.

Alguma coisa havia dado muito errado quando Nitori fora lá embaixo pegar as outras caixas. Eu não entendia o porque, mas quando ele voltou ele parecia para baixo. Os cabelos platinados escondiam-lhe os olhos, mas com toda a certeza eu conseguia ver ele mordendo o lábio inferior com força. Eu não entendi. Ele disse que iria tomar um banho.

Mas, no jantar ele não apareceu.

Pedi para minha mãe que não se preocupasse, se algo houvesse ocorrido com Nitori, eu mesmo iria descobrir. Então, preparei um prato para Nitori e andei até meu quarto. De algum jeito eu sabia que ele estaria lá. E quando cheguei, consegui ver um menino no canto. Os joelhos abraçados ao corpo, e a cabeça enfiada no meio deles. Coloquei a janta na mesa e andei mais perto.

–Nit-

Ele estava tremendo. Por que estava tremendo? Sentei a sua frente imediatamente e o puxei para um abraço. Era isso mesmo? Ele estava chorando? Sim.. Ele estava. Por que ele estava chorando? Eu não sei o por que, mas meu coração estava doendo tanto.

– Ai.. O que aconteceu?

– Por que? P-Por que não me contou, Makoto-senpai?

Arregalei meus olhos. Contar..? Não pode ser..!!

– A-Ai..

– Você sabia não sabia? V-Você sabia! Q-Qual o seu motivo? P-Por que escondeu isso de mim? V-Você agora é amigo deles? Me solta! - ele tentou se afastar de mim. Mas eu só reforcei mais o meu abraço - M-Me solta! Me solta! Me solta.. Makoto-senpai..

Depois de tanto tentar sair de meus braços, Nitori finalmente me abraçou, chorando em meu peito e chorando alto. Ele parecia triste, e com certeza estava triste.. Por que ele ainda tinha tanto que gostar de Rin? Não poderia ser outra pessoa? Não poderia ser.. Eu?

– Ai..

– D-Dói Makoto-senpai!

Eu sei que dói.. Ai..

– E-Eu não aguento!

Eu sei Ai..

– E-Eu não quero mais viver.

Não!

– Não! Ai! - o peguei no colo e coloquei na minha cama. Então deitei ele na minha cama, e então deitei ao seu lado. O puxei para perto abraçando-o bem perto de mim. - Nunca fale uma coisa dessas. Eu não suportaria se você morresse.

– Makoto-senpai..

– Entenda: ele não foi feito para lhe fazer feliz. Existe uma pessoa nesse mundo, que vai te fazer muito feliz. Só dê a essa pessoa uma oportunidade.

Nitori olhou de olhos arregalados para mim, como se estivesse entendido algo. Eu arregalei os meus próprios olhos. O que eu havia dito? Mesmo assim, eu não conseguia parar de sorrir para ele. As orbes azuis olharam para mim fixamente, e pouco a pouco eu limpei aquelas lágrimas para longe.

– Está tarde. Vamos dormir.

Nitori então, se inclinou na minha mão, parecendo achar algum conforto nela. E então eu o trouxe perto, colocando sua cabeça em meu peito. Ele me abraçou forte, e eu acariciei seu cabelo. Aos poucos conseguir ver Nitori dormindo.. Pacificamente dormindo, tranquilo. Parecia estar ainda nervoso, mas algo o parecia tê-lo acalmado apenas para dormir.

– Essa noite.. Eu precisava.. De você-

– Makoto-senpai..