Ainda naquele dia, após ambos se distanciaram, em lágrimas os dois, Nitori percebeu que o mais afetado fora Makoto. Makoto sofreu desde sempre, só tentava esquecer de um jeito. Quando Nitori finalmente organizou seus pensamentos, já era quase noite. O céu já estava num azul escuro com o fundo alaranjado, e quando o pequeno levantou, ele não pensou duas vezes em correr.

Precisava chegar a uma pessoa.

~xx~

Mesmo que procurasse e corresse, gritasse não conseguia achar seu senpai. Bom um dos seus senpais é claro. Correu o máximo que pôde, não acreditando que poderia correr tanto. Até que após chegar a um pequeno parque, longe da escola o menino conseguiu relaxar. Já estava escuro, e apenas a luz da Lua com os brilhantes pontinhos do céu conseguiam iluminar o lugar. E no meio daquele vasto local, vazio e sem nenhuma árvore tinha um jovem, deitado. Os olhos verdes cintilavam e davam um aspecto bonito e ao mesmo tempo vazio ao reluzir tantas estrelas.

O menor, exausto, caminhou lentamente para o lado do outro. Vendo que este ainda não havia percebido seus movimentos, o menor sentou ao lado do corpo deitado e pôs se a olhar para o céu também. Porém, o maior realmente não havia notado sua presença?

– É bonito, né?

– Sim..

Por incrível que pareça, Nitori não havia se assustado com o fato do outro ter lhe percebido. Abraçou os joelhos próximo de si, numa esperança falha de parar de tremer.

– Ás vezes, eu queria que meu pensamento fosse tão simples e límpido assim.

– Hey, Tachibana-senpai.. Me desculpa. Eu não sabia.. Mas é que .. Eu estou assustado.. É a primeira vez que me apaixono. E-Eu não sei lidar com isso.. P-Por isso me desculpe..

Makoto colocou um sorriso no rosto e olhou para Nitori, exatamente no mesmo tempo que ele olhou para o seu senpai. Nos lábios de Makoto um sorriso, gentil, calmo. Isso fez o coração de Nitori palpitar. Palpitar com culpa, e com arrependimento. Como ele poderia ter dito aquelas coisas frias para seu senpai? Ele era sempre tão gentil.

O senpai sentou-se e estendeu a mão para afagar a cabeça de Nitori. O mesmo arregalou as orbes azuis, deixando que o rosto corasse e que as lágrimas escapassem-lhe.

–T-Tachibana-senpai...

Os olhos dele brilharam e Makoto pôde sorrir mais um pouco com gentileza. O maior conseguia ver que um peso havia saído das costas do menor. Riu amável e desceu a mão para o rosto de Nitori, e afagou ali, desviando as lágrimas para outro lugar.

– Makoto.

– H-Hum?

– Makoto. Somos amigos, certo? Não é justo você me chamar de Tachibana, não acha, Ai?

O garoto arregalou as orbes azuis, e Makoto arregalou as próprias orbes esmeralda. A cor dos olhos de Nitori havia voltado ao seu normal. Não estavam opacos, tristes, não! Estavam da cor do Nitori de antes, daquele alegre e sincero Nitori. Aquele que ele tanto gostava como amigo. Makoto corou um pouco as bochechas e Nitori sorriu abertamente, levantando as mãos até a mão de Makoto em seu rosto e inclinou-se um pouco sobre esta, e corou um pouco para assim sorrir com o rosto todo.

– Você está certo, Makoto-senpai!

E o coração de Makoto bateu de volta a vida.

~xx~

Na manhã do outro dia, Makoto acordou disposto a nadar. Mas algo lhe veio a mente. Se fosse nadar veria Rin e Haru. Aqueles não faltariam nem que a vaca tussa do treino de piscina. E ao que havia descobrido, as escolas estavam querendo fazer mini torneios entre as piscinas dos colégios. Hoje seria lá em Samezuka, e hoje mesmo mudariam lá para Iwatobi.

Mas e Ai? Ai se vesse os dois iria estacar com certeza. Então, correndo, ele se arrumou e foi até o quarto de Nitori. Este estava se preparando para ir para a piscina, Rin, porém , não estava lá. Para alívio dele, pois sabia que se vesse Rin ele iria estacar também.

– Makoto-senpai? Bom-dia...

– Bom-dia, Ai. Vim lhe buscar.

– Para o quê? - perguntou ele meio sonolento.

– Ué! Hoje nós vamos sair! Não te disse?

– N-Não! - respondeu o menino de olhos arregalados

– Então, agora estou te dizendo, vamos vamos! Estamos atrasados!

Makoto estava animadíssimo, e mal podia se conter. Pediu licença ao entrar no quarto, convidado por Nitori. Viu o menor só com sua cueca box e tentou não corar. Ele parecia fofo com aquela carinha de sono, mas conseguiu só rir ao lembrar de quando entrava na casa de Nagisa e ele estava do mesmo jeito.

Ai olhou para o jeito que estava e tentou se esconder, embaraçado, achando que Makoto rira dele.

– D-Desculpe-me Makoto-senpai!

– N-Não! - ele falou e depois sorriu gentil, percebendo que Nitori achara que ele tava rindo dele - É que você é extremamente fofo desse jeito.

Nitori corou dos pés a cabeça, e Makoto ao perceber o que falou, coçou a cabeça embaraçado.

– Qu-Quer dizer..

Quando os olhares se encontraram, eles apenas riram, e souberam que ambos queriam deixar o assunto de lado. Makoto ajudou a Nitori a escolher roupas adequadas ao que iam fazer hoje. O maior queria que Ai pudesse se sentir á vontade. Quando Nitori se arrumou, apenas com uma bermuda cinza e uma camiseta de alças e larga preta, Makoto se levantou e perguntou.

– Você têm bicicleta certo?

– Tenho, por que?

– Perfeito.

~xx~

O que Makoto não sabia era que, mesmo nadando e sendo forte em pernadas e braçadas, Nitori era totalmente fraco a andar de bicicleta. Não que isso fizesse algum tipo de relação, a bicicleta era um ótimo tipo de exercício para boas pernadas e Nitori era resistente na água. Mas por algum motivo ele não se dava bem.. E Makoto começou a estranhar.

– Ai, está realmente tudo bem?

– E-Está sim, Makoto-senpai..

O maior assentiu, então começou a olhar para o lado, vendo a paisagem. Queria que Ai estivesse olhando também. Diminuiu o passo ao ver que Nitori se daria melhor com o passo mais lento, e o menor agradeceu mentalmente por isso. Então, Makoto teve outra ideia, ao perceber qual era o problema. Parou a bicicleta imediatamente, e Nitori parou a sua também.

– Ai, saia de sua bicicleta por favor?

Por sorte ali era um lugar onde podia se colocar a bicicleta, como se fosse um estacionamento de bicicletas. Colocou a bicicleta dele ali e trancou, mas ao olhar para o lado estranhou o fato de Makoto não ter saído da sua. O maior chamou Nitori e este foi, então, Makoto apotou para trás.

– O que acha?

Nitori arregalou os olhos desacreditado e então olhou para Makoto que só sorriu, e então ele sentou, meio hesitante.

– Abrace-me. - ele o fez - E vamos lá!

Então Makoto começou a pedalar. E Nitori viu uma das paisagens que guardaria em sua mente para sempre.