Pov. Annabeth

Saímos do quarto e fomos em direção a porta.

–Ei, Percy, o que você disse para me deixarem sair? – perguntei.

–Primeiramente, eles não sabem – ele disse envergonhado – mas já cuidei de tudo. Eles nunca entram nos quartos dos pacientes, e a essa hora, o senhorzinho que cuida das câmeras já está dormindo.

–Como assim?

–Ele tem setenta e cinco anos, se pudesse dormia às cinco da tarde. Relaxe vai dar tudo certo.

–Tudo bem.

Saímos do hospital, e me senti livre, odeio aquele lugar. Percy me levou até um carro.

–Uau, não sabia que tinha um carro – eu disse impressionada.

–Não tenho, esse é do meu pai – ele disse coçando a cabeça.

–Está ótimo.

Entramos no carro, conversamos o caminho inteiro até o shopping. Fomos até o cinema e escolhemos assistir Em Chamas. Como eu estava internada não tive a chance de ir.

–Estou super ansiosa para ver o filme – eu disse.

–Eu também, agente ainda tem tempo até o filme começar quer tomar um sorvete? – ele perguntou.

–Tudo bem. – eu respondi.

Fomos até uma sorveteria, eu pedi uma casquinha de morango e ele de amora, que era um sorvete azul. Sentamos em uma mesa para dois, um de frente para o outro.

–Então, já teve alguma namorada? – perguntei.

–Já, tive uma – disse ele sem graça. – e você?

– Já tive um, mas é passado – eu disse.

–Bom saber – ele disse meio avoado.

–O que? – respondi surpresa.

–Que? Nada – ele disse e ficou vermelho.

Ficamos observando as pessoas passarem, e percebi o quanto as pessoas ali eram mesquinhas.

–Olhe como são as pessoas! Tão comportadas e com o nariz empinado. – ele disse.

–Verdade, não deve ser costume para eles fazerem isso – eu disse e enfiei minha casquinha na cara dele.

Ele ficou boquiaberto, fazendo cara de indignado. Eu ria, ou melhor, gargalhava, enquanto tomava o sorvete tranquilamente.

–Tem razão, eles não fazem isso. – ele disse, e foi a vez dele de fazer.

–Percy! –eu disse surpresa – que deselegante – tentei ficar seria, mas não consegui, ri que nem retardada com ele.

Ficamos nessa de um sujar a cara do outro até que percebemos que faltavam dez minutos para a sessão. Então fomos lavar o rosto.

Compramos pipoca e entramos na sala de cinema. Ficamos bem no fundo, onde era melhor para ver o filme.

Em chamas começou, e ficamos quietos vendo. Meninas gritavam quando o Finnick apareceu, e isso foi muito engraçado, rimos muito, cada vez que ele aparecia elas gritavam.

Pov. Percy

Estava tudo indo perfeito. E a cada minto que passava, eu tinha mais certeza de que era com ela com quem eu queria estar todo o dia. Comecei a ficar nervoso, e ela percebeu.

–Percy, está tudo bem? – ela perguntou preocupada.

–Tudo – eu disse e ela voltou a ver o filme – Annie?

–Oi – ela disse, e me olhou, eu cheguei mais perto, ela também foi indo, estávamos a centímetros então nossos lábios se encontraram. Foi um beijo calmo e como o resto da noite: perfeito.

Pov. Annabeth

Eu estava beijando o Percy, estava tudo bom, quando um pensamento me rodeou. Separei-me e olhei para ele tristemente.

–O que aconteceu? – ele perguntou.

–Eu estou com medo – eu disse.

–Medo de que? - ele perguntou preocupado.

–De que você vá embora – eu disse logo de uma vez.

–Annie...

–Não. Vamos falar a verdade! Eu estou doente, e a qualquer momento eu posso dar um ataque, e você vai perceber que eu sou maluca, e nunca mais vai querer me ver. Daí vou ser apenas uma lembrança desconfortável do passado. – eu disse e senti as lagrimas vindo.

Ele negou com a cabeça e a segurou com as duas mãos.

–Sabidinha isso nunca vai acontecer, eu prometo. Eu quero cuidar de você, te fazer rir e se sentir melhor quando estiver triste ou assustada. Isso que você tem não me incomoda em nada, não vou nunca de deixar por isso ou por nada. Só vou sair do seu lado quando você enjoar da minha cara. – ele disse e eu sorri. Ele limpou uma lagrima e me deu um selinho.

–Promete? – eu perguntei.

–Prometo.

Deitei em seu ombro, e ele me abraçou. Terminamos o filme assim.

Saímos do cinema, de mãos dadas, sentamos em um banco do shopping.

–Você quer voltar para o hospital? – ele perguntou. –Ou quer fazer mais alguma coisa?

–Acho melhor voltarmos, não vamos abusar da falta de organização de lá. Estou surpresa por ainda não terem percebido que eu sumi.

–É melhor assim – rimos e caminhamos em direção ao estacionamento.

Chegamos ao hospital e entramos devagar para ninguém perceber que estávamos fora, por sorte do destino a recepcionista estava lendo ou dormindo, não dava para perceber o livro estava na frente de seu rosto.

Entramos no meu quarto e começamos a rir.

–Conseguimos – dissemos juntos.

–Acho que já vou indo – ele disse – boa noite – e me deu um beijo.

–Boa noite.

Ele saiu do quarto e eu não conseguia parar de sorrir, tinha que falar com a Thalia.

Liguei meu notebook, que graças aos deuses, minha mãe trouxe. E chamei minha amiga pelo Skype.

Ela atendeu e eu comecei a falar.

–Thalia, ainda bem que você estava online, eu tenho um monte de coisas para te contar.

–Annie! Que saudades, me conta logo então.

E foi isso que eu fiz, contei tudo, e ela foi ficando cada vez mais com cara de surpresa, e soube que estava sentenciando minha morte, mas era muito bom ter com quem falar esse tipo de coisa.

–Ai meus deuses, você está namorando meu primo? – perguntou ela surpresa.

–A gente não está namorando – eu disse, mas bem que eu queria. – ele foi tão fofo comigo.

–O Percy? Fofo? – ela perguntou confusa.

–É. Por quê?

–Porque ele não é assim, mas acho que você conseguiu mudar ele, fico tão feliz por você.

–Obrigada.

–Ah, e uma coisa. Nada de trocar as amigas! Eu vou até ai e te mato – ela disse tentando ser agressiva. Mesmo com a aparência de punk ela conseguia dar ótimos conselhos para qualquer coisa, até amorosos.

Conversamos a noite inteira até que ela dormiu em cima do computador, tentei acordar ela, mas só consegui ser xingada, então desliguei o computador e fui dormir.