Pov. Percy

–Percy você está ai? – Annie me perguntou pelo walkie talkie, sua voz parecia confusa e ao mesmo tempo assustada.

–Sim, Annie, estou aqui, aconteceu alguma coisa? – perguntei.

–Mais ou menos. – ela disse timidamente.

–Pode me contar, você sabe.

–Eu sei, então, o Dr. Apolo veio aqui assim que você saiu, ele disse que se as alucinações continuarem frequentes, eles vão tentar um novo tipo de tratamento.

–Que tipo de tratamento? – disse atento, já assisti muitos filmes de terror para não me assustar.

–Ele disse que vai tirar tudo da minha cabeça, ou seja, minhas memorias e junto o que está causando as alucinações.

–Você quer fazer? – perguntei preocupado.

–Eu não sei. – ela perguntou ainda confusa.

–Mas como tirar suas memórias vai ajudar?

–Eu perguntei isso, ele disse que a esquizofrenia pode ser causada por pressão sobre a pessoa, estresse, traumas, essas coisas, e tirando essas lembranças as alucinações podem cair no esquecimento, literalmente. Mas eu não quero perder tudo de bom que já vivi.

–Então diga a eles que não vai fazer nunca, eles não podem te obrigar. - eu disse firme.

–Não, mas se minha mãe assinar a autorização, já era. – disse ela com medo na voz.

–Calma, converse com ela diz que não quer fazer, ela tem que levar em conta sua decisão.

–Vou tentar prometo – ela fez uma pausa e continuou – Ah, e eu nem te contei a pior parte. O médico disse que eu posso ficar com sequelas, como nunca mais andar ou com problemas cardíacos! Que tipo de tratamento é esse que invés de melhora, piora! – pude perceber seu desespero.

–Não vou deixar que façam isso, você vai melhorar, nem precisará pensar sobre o assunto.

–Tomara que esteja certo – disse ela com a voz ainda triste.

–Ei, você tem que acreditar no que eu estou te falando. Tenha esperança de que vai melhorar, só assim vai conseguir – eu disse confiante.

–Você está certo, vou tentar...

–Tentar não, conseguir – a interrompi – quero ouvir de você, eu vou sair daqui curada.

–“Eu vou sair daqui curada” – ela disse, mas sem muita vontade.

–Confiança! Quero que diga do fundo do seu coração.

–“Eu vou sair daqui curada”! Eu consigo!

–Isso ai garota! – eu disse animado.

–Obrigada Percy – disse ela rindo – vou dormir um pouco agora, boa noite.

–Boa noite, até amanha.

Pov. Annabeth

É incrível a habilidade que o Percy tem de me acalmar, de me fazer sentir bem de novo.

Queria conversar com ele a noite inteira, de conhecê-lo melhor. Mas eu estava com tanto sono, que não conseguia pensar em nenhum assunto. O único que rodava minha cabeça era o do tratamento que me ofereceram, com certeza vou recusar.

Eu praticamente pisquei e já havia amanhecido, nem pareceu que eu tinha dormido. Tentei dormir de novo, mas só consegui ficar pensando no Percy e em seus maravilhosos olhos verdes e no jeito que ele fala comigo, e me trata bem e sempre tem um jeito de me alegrar ou rir... Perdi-me em meus pensamentos, como sempre e acabei dormindo de novo.

Fui acordada com Percy, ele trazia meu café da manha, ovos e bacon, meus remédios, e um violão.

–Bom dia, não sabia que você tocava – disse surpresa.

–Têm muitas coisas que você não sabe sobre mim – ele disse e piscou pra mim, e eu sorri – fale uma banda e eu vejo se sei alguma musica.

–Bon Jovi? – perguntei.

–Ah! Sei uma boa.

Ele começou a tocar e eu de cara soube qual era, wanted dead or alive. Assim que introdução acabou e ele começou a cantar eu só via e ria dele interpretando o cowboy da musica.

It's all the same, only the names will change

Everyday it seems we're wasting away

Another place where the faces are so cold

I'd drive all night just to get back home

Quando chegou o refrão eu cantei junto.

I'm a cowboy, on a steel horse I ride

I'm wanted dead or alive

Wanted dead or alive

Sometimes I sleep, sometimes it's not for days

And people I meet

Always go their separate ways

Sometimes you tell the day by the bottle that you drink

And times when you're all alone all you do is think

I'm a cowboy, on a steel horse I ride

I'm wanted (wanted) dead or alive

Wanted (wanted) dead or alive

Oh and I ride!

I'm a cowboy, on a steel horse I ride

I'm wanted (wanted) dead or alive

And I walk these streets, a loaded six string on my back

I play for keeps, 'cause I might not make it back

I've been everywhere, still I'm standing tall

I've seen a million faces and I've rocked them all

'Cause I'm a cowboy, on a steel horse I ride

I'm wanted (wanted) dead or alive

'Cause I'm a cowboy, I got the night on my side

I'm wanted (wanted) dead or alive

And I ride, dead or alive

I still drive, dead or alive

Dead or alive

Dead or alive

Dead or alive

Dead or alive

Terminamos a musica rindo que nem retardados.

–Nem te contei – falei – hoje vai ser minha consulta com o psicólogo, se tudo der certo, amanha minha mãe vem me ver – eu disse animada.

–que ótimo! Fico feliz por você, mas e seu pai? Ele não vem?

–Meu pai... Mau pai me abandonou quando eu tinha 7 anos, então, não ele não vem – senti a tristeza me radiar.

–Me desculpe Annie, eu não sabia...

–Não tem problema, é passado, não importa – eu disse fria. Ele me olhou assustado, mas não disse nada.

Chamaram o Percy para fazer alguma coisa e eu fui seguir minha rotina. Às três horas um enfermeiro veio e me levou ao consultório do Dr. Apolo. Sentei-me a sua frente, ele nem me cumprimentou, foi direto as perguntas.

–Tem tido muitas alucinações? -ele perguntou.

–Quase nenhuma nos últimos três dias. – eu disse e ele anotou em sua prancheta.

–E você sabe o por quê?

–Acho que são os remédios fazendo efeito – eu não queria comentar sobre o Percy, não confiava muito nele.

–Hum, interessante. Alguma coisa a incomoda aqui? – neguei com a cabeça, mesmo sabendo pelo menos uns cinco motivos – soube que passou por um trauma recentemente - gelei – como se sente sobre isso? – ele me fez me lembrar do rapaz, e isso fez meus olhos lacrimejarem.

–Não é uma coisa fácil de esquecer – respondi e limpei uma lagrima.

–Não foi o que perguntei. – ele disse frio.

–Me sinto horrível, é claro.

–Certo. Você está melhorando, amanha permitirei a visita de sua mãe. Se quiser ligar para ela, fique a vontade. – Senti o alivia me invadir. Finalmente vou poder ver minha mãe. Peguei o telefone do consultório e liguei.