Pov. Annabeth

Acordei, fiz minha higiene pessoal e troquei de roupa, desci as escadas e encontrei Percy já na cozinha tomando café da manha com a minha mãe.

–Bom dia Sabidinha – ele me cumprimentou sorrindo.

–Bom dia – respondi ainda sonolenta.

Sentei-me à mesa e comecei a comer. Minha mãe entrou logo em seguida e nos cumprimentou.

–Quero que você venha direto para casa hoje, está bem? – ela me perguntou.

–Tudo bem, mas por quê? – perguntei.

–Quero conversar com você, só isso – assenti, mas achei um pouco estranho sempre que as mães falam “quero conversar com você” nunca é coisa boa.

Terminamos o café da manha e fomos para a escola, andamos de mãos dadas e jogamos conversa fora.

–Percy, por que você não tira o dia de hoje para sair com seus amigos? – perguntei querendo parecer casual.

–Cansou de mim, é? – ele disse fingindo uma voz chateada.

–Não! Claro que não, seu bobinho – respondi depressa –só acho que você deve relaxar mais, fazer coisas de garotos, sei lá.

–Meu pai te ligou ou alguma coisa assim? – ele perguntou desconfiado.

–Não, por quê? – respondi fingindo não saber da conversa de ontem entre ele e o pai.

–Por nada – ele respondeu.

Chegamos na escola e alguns garotos começaram a me olhar, Percy deve ter percebido pois me abraçou pelos ombros e me trouxe para mais perto de si, e algumas meninas também nos olharam, mas com inveja no olhar. Continuamos a caminhar, tentando ignorar os olhares e pequenos comentários.

–Por que esse povo não para de nos olhar? – perguntei.

–Não liga Annie - ele disse e eu assenti.

As primeiras aulas passaram correndo e logo já era a hora do almoço.

–Então o que vocês vão fazer hoje? – perguntei ao Percy.

–O que? – ele perguntou confuso.

–Ué, você vai sair hoje com seus amigos, só estou interessada em saber o que vão fazer.

–Você não vai desistir, né? – ele perguntou.

–Não, isso será bom para você – eu respondi.

–Tudo bem então, vou chamar alguns amigos e a gente vê o que faz.

–Ótimo – eu disse e lhe dei um beijo.

No final do dia ele me levou para casa e depois disse que iriam todos os meninos (Nico, Luke, Charlie, os Stolls e um novo vizinho que eu não sei quem é) lá para a casa dele jogar videogame e conversar.

Chegamos à porta da minha casa e nos despedimos.

–Não se esqueça de seus remédios pelo amor dos deuses – ele respondeu.

–Relaxa não vou.

–Vai mesmo ficar bem?

–Vou sim, além disso, minha mãe está de folga, ela vai cuidar de mim.

–Está bem qualquer coisa me liga – ele disse e me deu um beijo na testa.

Entrei em casa e minha mãe estava no sofá me esperando.

–Oi, cheguei – falei para chamar sua atenção.

–Oi filha, vem cá sente aqui comigo – ela falou seriamente.

–Eu fiz alguma coisa errada? – perguntei.

–Não, eu é que fiz coisa errada ao esconder que eu estava saindo com uma pessoa – ela disse tristemente.

–Não tem problema.

–Deixe-me continuar, desde o seu pai eu não estava conseguindo sair com ninguém, e também o que aconteceu com o Max – ela fez uma pausa e seus olhos encheram de agua, e percebi que os meus também – ficou difícil, eu me fechei com o mundo e com você. Eu nunca devia ter feito isso, era para eu ter sido uma pessoa que minha filha pudesse confiar e pedir ajuda quando precisasse e eu não fui, sinto tanto Annabeth – ela disse com lagrimas escorrendo pelo rosto, a abracei para lhe dar conforto.

–Não tem problema mãe, eu te perdoo – eu disse e ela me abraçou mais forte e eu comecei a chorar também. Ficamos assim por um tempo, até nos acalmarmos.

–Então...? – perguntei esperançosa.

–Então o que? – ela disse confusa.

–Quem era seu namorado secreto, mãe?

Ela instantaneamente ficou vermelha.

–Eu nem sei por onde começar...

–Fala logo! – disse ansiosa.

–Está bem, é o Hermes.

–O pai do Luke? – perguntei totalmente perplexa.

–A gente namorou na adolescência, mas não tinha dado certo, mas enquanto você estava no hospital ele veio me visitar vários dias, e me fez companhia, e o sentimento surgiu novamente.

–Eu realmente não sei o que dizer – respondi ainda não conseguindo acreditar.

–Você está brava?

–Brava não, surpresa. Preciso digerir tudo isso, vou para meu quarto – eu disse e ela assentiu.

Deitei em minha cama e pensei em tudo o que dissemos, em meu pai, em Max, no namoro de minha mãe e acabei dormindo.

Pov. Percy

Ainda acho que meu pai falou com Annie, é muito estranho ela dizer isso para mim no dia seguinte em que meu pai teve aquela conversa comigo.

Meu pai deixou que meus amigos viessem aqui, desde que eles não botassem fogo na casa.

Eles chegaram, jogamos um pouco de videogame e do nada o Nico veio conversar comigo, eu nunca havia tido uma longa conversa com o garoto, mas ele parecia uma versão masculina da Thalia.

–Ei, Percy posso conversar com você? – ele perguntou meio sem graça.

–Claro – respondi meio confuso.

–Então, sabe a Thalia? – ele perguntou e eu assenti – você acha que eu tenho chance com ela?

–Cara, ela tem namorado – respondi devagar tentando não magoa-lo, mas não tem um jeito certo de dizer isso.

–Eu sei, mas eu senti uma ligação com ela, não sei como explicar.

–Nico, sai dessa, nunca é bom gostar de algum que já está namorando, você vai acabar saindo machucado.

Ele assentiu tristemente e voltou a jogar gta.

Alguém bateu na porta, deve ser o novo vizinho, ele se mudou essa semana e não conhece ninguém, então o chamei para ser educado.

–Oi, Percy? Não é? – ele perguntou.

–Sim, qual é seu nome mesmo?

–Jason – ele respondeu confiante, parecia um cara legal, acho que vamos ser bons amigos.

Eu o apresentei aos outros que acabam fazendo algumas perguntas a ele.

–O que está achando da cidade? - perguntei.

–É bem legal, e eu tenho uma visita muito gata.

–Quem é?

–Piper McLean – ele disse e eu a conhecia, ela estudou comigo até a segunda serie, nos éramos amigos, mas ela mudou de escola e perdemos contatos (éramos crianças, não usávamos nem computador direito).

–Acho que a conheço.

–Então me ajuda com ela – ele disse e eu assenti.

Viramos bastante amigos aquele dia, e descobri que ele iria se mudar para nossa escola, passamos o resto do dia andando de skate e bicicleta na rua. Assim que todos foram embora liguei para Annie.

–Oi Annie, como passou o dia? – perguntei assim que ela atendeu.

–Foi tudo bem cabeça de alga – ela respondeu sonolenta.

–Estava dormindo a essa hora? – perguntei, olhei para o relógio eram nove da noite.

–Pois é me deu sono.

–Tomou os remédios? – perguntei preocupado.

–Relaxe, tomei todos, parece minha mãe – ela disse rindo.

Acabei rindo também.

Contei a ela como tinha sido meu dia, e assim conversamos por horas até que nos despedimos à uma hora da manha, então fui dormir.