...and i never will.

– Daisy.

Isso não devia ter acontecido, Mirai fala para si mesma ao comprimir mais a espada de sangue entre suas mãos.

Em sua cabeça, a cena que viria a seguir desenrolaria de uma maneira muito diferente. Ela o mataria com um golpe certeiro, após desviar de todos os ataques que ele poderia direcioná-la, e estaria feito. Simples, rápido. Pensara que seria assim a partir do momento que pusera os pés naquela cidade.

Ela não poderia fazer isso agora, porém. Não quando a mera ideia dele não existir mais nesse mundo trazia uma dor excruciante à seu corpo. Não quando a coisa que ela mais queria fazer no momento era abraçá-lo, pedi-lo para que por favor, volte ao normal, eu não consigo fazer isso, eu não quero fazer isso, eu-

Mirai o ama. É uma verdade simples, como o fato de que as folhas caem no outono. Mas, ainda assim, dói.

Ela não poderá ir com ele no novo restaurante que abriu na esquina de sua casa. Não poderá passear com ele no inverno e jogar uma bola de neve em seu rosto quando ele disser algo estúpido. Não poderá segurar a mão dele, ficar na ponta dos pés de beijá-lo numa tarde de primavera.

E não poderia dizer aquilo tudo para ele, pois Akihito provavelmente não se lembraria de nada do que estava prestes a acontecer ali. Uma lágrima solitária uniu-se às gotas de chuva que caíam em suas bochechas, seguida de outra, outra, outra.

Eu sei que você não vai me perdoar.

Ela olhou para frente, para o garoto possuído por um yomu que estava prestes a salvar. Mirai tomou impulso com os pés e começou a correr.

Me desculpa.

As lágrimas caíam em sucessão de seus olhos, mas isso não importava mais. Sua boca abriu num grito de batalha e ela fincou a espada no corpo à sua frente.

É agora. Ela liberou seu sangue, expulsando o yomu de dentro de Akihito e sentindo-o começar a tomar posse dela. Não tem mais volta.

Num último esforço, Mirai abre os olhos para observá-lo. Lembra-se do primeiro sorriso que ele a ofereceu, no dia em que se conheceram, e um soluço fica preso em sua garganta.

Queria ao menos ver seus olhos novamente, ouvir sua voz dizendo seu nome. Mas, infelizmente, terá que se contentar com isso. Ela se pergunta uma última vez como teria sido se eles tivessem a chance de ter um final feliz. Ele teria correspondido seus sentimentos?

De um modo, Mirai sabe que sim. E, por não achar forças para falar em voz alta, sua mente murmura o que ela quis tanto dizer todos esses dias que passaram juntos.

Eu te amo, Senpai.

Fechando os olhos, ela sorri.