* * *

Acordei sozinho na cama, era estranho não acordar com um pessoa de cabelo bagunçado estirada ao meu lado. Me levantei sentindo a brisa fria da manhã olhei no relógio da cabeceira,eram sete e meia da manhã de um sábado de setembro,ainda era estranho não estar na escola essas horas.Não encontrei meus chinelos então sai do quarto sentindo o piso gelado nos pés,achei Lucy na sala.

Queríamos que nossa sala de estar fosse iluminada e com um tom não velho,então as cores eram claras sem papel de parede ou flores escuras,o sofá tinha um tom azul claro e almofadas que Lucy chama de creme e eu chamo de amarelo claro.Alem da televisão tínhamos uma janela pequena,ao lado da grande estante de livros,onde se dá pra ver a rua quase sempre vazia e uma escrivaninha abaixo da janela.

Lucy estava deitada sobre papeis na mesa numa posição desconfortável,então presumi que caiu no sono sem perceber como sempre.Ela anda fazendo muito isso.Do nada no meio da noite ela se levanta e vai fazer anotações,de manhã esta frustrada por não ter dormido e a ideia não ter prestado,não posso dar opiniões já que ela nunca me mostra seus progressos na escrita.Não que eu reclame,ta é mentira.

Eu não gostava de acordá-la mesmo suas costas estando totalmente envergadas, o pé embaixo do corpo,os óculos tortos ainda segurando uma caneta ela ainda parecia adorável.Quer dizer ela vestia sua usual roupa de escrita: um shorts de pijama verde,uma regata velha,óculos de armação fina,cabelos presos em vários jeitos diferentes e seu cardigan de escrita que ela chama de “Maxon” (também não entendo).

– Grace.- sussurrei fazendo carinho em suas costas.- Eu sei que já acordou.

– Eu também mas se mexer dói.- murmurou,eu ri e continuei agachado ao seu lado.

– Conseguiu alguma coisa?

– Se eu der outro significado para alguma coisa,sim.- Lucy se levantou da cadeira e começou a se esticar.- Está ficando cada vez mais desconfortável.

– Se você dormisse na cama talvez...- ela me encarou com as sobrancelhas levantadas repliquei levantando apenas uma a fazendo bufar,odiava perder principalmente para mim.

– Vamos lá corujinha.- incentivei.- Deixo até você preparar o café enquanto eu tomo banho que tal?

– Rá rá rá não.- ela envolveu minha cintura com os braços.- Na verdade eu queria fazer algo diferente hoje.

– Tipo?

– Sorvete?

– Não temos sorvete.

– Você é um marido inútil Albus.

***

– Você parece mais mal humorada que o normal hoje.- comentei enquanto comíamos cereal no sofá assistindo desenhos trouxas.

– Desculpa.Eu só estou meio estressada.

– Não isso é normal.- comentei tentando fazê-la rir,não consegui.- Ta legal talvez eu possa,sei lá,chegar mais cedo do ministério ou não cortar grama no domingo,o que acha?Poderíamos ir no parque,ou em Londres...

– Não precisa,você é ótimo.

Ela deixou a tigela na mesa de centro pegou a minha,que eu nem tinha acabado e fez o mesmo.

– Ei!

– Shiu.- Lucy me fez deitar no sofá e deitou no meu peito.

– O.k.

Ela suspirou enquanto eu brincava com o seu cabelo.

– Eu só estou meio frustrada,quer dizer você sempre soube o que eu queria fazer e aceitou isso,e agora você esta trabalhando e eu fico aqui o dia todo pensando em alguma coisa...E eu me sinto uma fracassada.

–Lu...

– Mas é verdade!- ela se sentou.- Eu sou uma mulher casada de vinte e dois anos que não tem um emprego e sonha como uma adolescente em escrever um livro que nem começou!

– Esta tudo bem.- respondi a abraçando novamente.- estamos só no começo,você vai conseguir fazer isso.

– Vai lá me chame de perdedora.- ri pelo nariz.

– Não.

– Sério vai lá me chama. Se separe e veja se a Roxanne ainda é caidinha por você,acho que ela ta bem na vida.

Suspirei irritado.

– Lucy.

– Desculpa.É que eu não quero que você esteja casado com uma fracassada.

– Não estou.- a senti sorrir,e apertar mais os braços em volta de mim.

– Acha mesmo que eu consigo?- perguntou desenterrando o rosto da minha camisa.

– Claro que sim,você é uma Potter agora não é?Potter's conseguem fazer muito.- Lucy sorriu e me beijou,adorava ser chamada de Potter.Nos separamos o suficiente para que eu conseguisse ver seus olhos.Tão jovens,felizes e brilhantes que eu sorri.

– Você tem alguma ideia?- perguntou,a encarei surpreso nunca tinha me perguntado isso na verdade ela mantém seu livros e ideias em segredo.Era bom e assustador ao mesmo tempo poder fazer algo que iria estar em paginas brevemente publicadas.

– Sei lá eu cuido dos feitiços não das leis.Qual esta sendo o seu problema?

Deu ombros.

– Parece que a minha ligação com o mundo da imaginação está com defeito.

– Já tentou escrever sobre algo real?

– Real?

– É,tipo,deve ser mais fácil contar sobre algo que você já conhece do que inventar algo.

Ela sorriu e me olhou de um jeito divertido,como de uma criança.

– Real hãn?Pode dar certo.

Nós sorrimos e o desenho voltou do comercial.

– Esse lugar ta uma bagunça.- disse Lucy observando a pilha de caixas escondidas no canto da sala.Dois meses é pouco tem para colocar tudo no lugar,e cansa também.

– Mas sabe o que é melhor?- perguntei encostando o queixo em seu ombro.

– O que?

– É a nossa bagunça.

– Awn.- ela me abraçou de um jeito maternal amassando meu rosto.