P.O.V Lucy.

Sabe quando você coloca um conjunto de agasalho,aquela coisa horrivelmente quadrada e com cores frias e pensa: Merlin essa roupa foi feita para deixar todos gordos e cansados.Bem essa regra não se aplicava ao Albus.

Ele estava correndo em volta do lago,ele provavelmente nem tinha notado que eu estava ali deve ser porquê eu vi ele da janela do meu dormitório e desci correndo e agora estou sentada embaixo de uma arvore longe dele lendo um livro aleatório.Não me leve a mal,eu gosto de ler mas esta um frio do caramba aqui fora e o céu esta no seu tipo estado britânico,cinza com nuvens apenas evitando que o sol bata em você,e eu só precisava de algo pra fingir estar fazendo enquanto observo ele.

O.k isso pareceu algo que uma stalker diria,mas eu não sou uma.Porquê afinal eu só queria vir aqui ler e Albus esta ali correndo,nada estranho.

Voltei meu olhar para perto do lago mas ele tinha sumido,eu passei tanto tempo assim fingindo observar aquela arvore?

– Oi.

– Ai Merlin!- exclamei pulando no lugar,Albus sorriu.- O que faz aqui?

– Correndo e você?

– Lendo.- ele se inclinou para ver o nome dele e me pediu para não mostrar a capa pois queria adivinhar,enquanto ele lia eu percebi que ele tinha uma ruga de concentração na testa.Seu cabelo estava molhado pelo suor e pela leve neblina mas ele ainda tinha aquele perfume que me deixava meio tonta,Albus sorriu quando descobriu o nome do livro fazendo sua covinha aparecer na bochecha direita.

– Robin Hood,boa historia.- concordei então ele começou a falar algo sobre uma curiosidade da historia,mas eu estava só me concentrando em não pirar com ele tão perto de mim.

Quer dizer eu sou uma pessoa forte,pareço com uma e faço as pessoas acreditarem nisso,mas eu continuo sendo uma garota da Australia com alguns problemas emocionais,o que seria normal se não fosse o Alerta A.

Alerta A é como eu e minha família decidimos chamar meus ataques de pânico.A uns quatro anos eu estava fazendo uma prova sobre conhecimentos gerais,meus pais insistiam que eu tinha que aprender alguma coisa sobre o mundo trouxa então me colocavam em escolas de verão até eu gritar com eles dizendo que eu estava de saco cheio e queria ser uma adolescente normal mas isso foi depois,voltando.

E eu estava cansada de estudar enquanto Rose me mandava cartas sobre suas férias e eu nunca respondia como estavam as minhas,o garoto atrás de mim fazia um barulho irritante enquanto mascava o chiclete,a loira a minha direita ficava cantarolando e batendo com o lápis que tirava todo o meu foco na verdade tudo ali fazia.O tic-tac do relógio,os passos do professor,as vozes,o barulho no lápis no papel,o chiclete,os saltos,OS PASSAROS,OS CARROS,AQUELE PAÍS,MEUS PAIS,MEUS IRMÃOS...Então eu explodi.Gritei com todo mundo,joguei a carteira,bati em alguns estudantes e acordei no hospital.

E Albus tinha conseguido liberar aquilo aquele dia na cabana,eu fugia dele,me escondia e toda vez que ele ficava perto demais do meu esconderijo meu pulso subia e eu fechava os olhos mandando ele calar a boca e ficar quieto.E agora tudo naquele garoto idiota fazia meu coração pirar e eu odiava isso.Eu era tipo uma bomba relógio e com Albus meu tempo até explodir diminuía.

Eu não conseguia pensar em nada melhor pra dizer então voltei a ler enquanto o sonserino observava o horizonte.

– Posso perguntar uma coisa?

– Pode ser.- respondi ainda observando as linhas.

– Porquê azul?

– O que?- olhei para ele e quase desmaiei com o quão perto ele estava,tipo eu estava quase me vendo em seus olhos verdes.

– O azul você usou essa cor todos dias desde que eu esbarrei com você no corredor.

– An certo.- fechei o livro e observei a grama.- Minha família me chamava de Lucy Blue porquê né,então eu adotei ao resto da minha vida.Azul me lembra a minha família,é tipo uma proteção fraternal fora de casa.- pelo canto do olho vi ele sorrir.- eu sei muito idiota né?

– Não não eu acho legal.

– Acha?

– Hum é,quer dizer toda vez que eu olho no espelho eu vejo o meu pai,por isso procurei por anos um feitiço pra curar a miopia,não deu muito certo,e eu me sinto amado e tal mas aqui eu tenho amor fraternal até de mais.– ri pelo nariz o fazendo rir.- Sério cada tijolo aqui meu pai ajudou a destruir e a montar de volta,ele quase morreu nesse lago e provavelmente já sentou exatamente aqui com meu tios.

– Estranho.

– Eu sei.

Então entramos num assunto de como aquelas nuvens eram sem graça pois não tinham formas.Eu disse que era um preconceito com as nuvens e ele disse que elas mereciam por estarem ali no começo da primavera.E de como era bom não ter a primeira aula de segunda,alguns fogos de artifício invadiram a sala de Historia da Magia não foi tão divertido quanto parece.

– Não acha estranho o professor Bin’s?- perguntei quebrando o silencio de dois minutos.

Sim sou horrível puxando assunto.

– Como assim?

– Quer dizer ele morreu cara e nem percebeu isso,também não percebe que alunos atravessam por ele,que ele não pisa tocando o chão e nem que ele não consegue sentar numa cadeira.É como um fardo.- ele assentiu.

– Pirraça é um fardo.- disse Albus me fazendo rir,tipo até de mais.- mesmo sendo um fardo Bin’s consegue me fazer dormir por cinqüenta minutos.

– Você quis dizer trinta,Rose sempre me acorda.- ele riu da prima.

– Pensei que com Scorp ela iria melhorar mas ainda esta na mesma.- comentei.

– Weasley’s são teimosos.

– MALFOY!- ouvimos Rose gritar em seguida um vulto de Scorpius passou por nós com a ruiva atrás dele,eles eram muito rápidos.

– E com uma voz potente.- completei.

– Nem me fale.- Albus chegou seu relógio de pulso e se levantou.- Hora de ir.

Tirei as mãos do colo e flexionei as pernas para me levantar quando sua mão apareceu na minha vista,agradeci e ele me içou para cima.

– An não deveríamos...- eu disse apontando para o casal ao longe,Rose batia no peito de Scorpius gritando e eu nem precisava ouvi-la pra saber que não eram palavras de amor.

– Não eles se resolvem.- a ruiva parou de bater no namorado e pegou a varinha ainda gritando.- mudei de ideia,vamos.

Então saímos correndo pelo jardim tentando impedir um homicídio.