Falling in Love escrita por Lady Luna Stark


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores! Eu queria poder dizer que estou imensamente feliz e tudo e tal, mas eu não estou. Quer dizer, eu amei os reviews do último cap, mas o motivo não é esse. O cap que estou postando hoje é o penúltimo, o que me deixa triste, já que só temos mais uma aventura depois dessa. Confesso que não estou muito preparada para dizer adeus, e o que eu estou sentindo agora é algo parecido com o que eu senti quando li a última página de "Harry Potter e as Relíquias da Morte" (sério, chorei na parte do "A cicatriz não incomodara Harry nos últimos dezenove anos. Tudo estava bem."), com o que eu senti também na música final de "Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei" (eu não sabia naquela época que ia ter "O Hobbit", ué! Mas "Into the West" é linda, e dá vontade de chorar mesmo), e quando a franquia da "Era do Gelo" acabou (não julga, quem não gosta?). Resumindo: tô com muita vontade de abrir o berreiro. Mas serei forte por vocês, meus lindos.
Vamos, uma penúltima vez, ler?



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Cinco anos depois

–Domi! Não exagera ou ela vai ficar parecendo o Coringa!-Roxy empurrou Dominique um pouco para o lado para dar mais uma olhada em mim. Ela sorriu, satisfeita.

–Você está linda, Rose!-ela quase saltitou.

–Coringa, hein?-Nicky fuzilou Roxanne com o olhar, mas se virou para mim satisfeita. –Mas admito que você está linda assim e...

–MADRINHA PASSANDO!-Lily empurrou o pessoal que estava na porta (leia-se o bando de tias e Molly e Lucy). Lily parou, estática, olhando para mim com a lerdeza habitual dela, mas com um sorriso visível de alegria. –Rô, você está... INCRÍVEL!

–É, não é?-Alice, que estava no meio de Nicky e Roxy, deu um sorriso de satisfação. Ela, Roxanne e Dominique eram as responsáveis pela a minha aparência impecável, então tinham razão em estarem orgulhosas pelo resultado.

Acho que você não deve ter entendido (porque nem eu entendi ainda. Minha ficha ainda não caiu), mas hoje é dia do meu casamento. É isso aí que você leu. Hoje, dia seis de julho, eu, Rosalie Jane Granger Weasley, vou me casar com meu noivo, Scorpius Hyperion Malfoy, nos jardins da Mansão Malfoy.

Confesso que minha letargia deve-se ao fato de eu ainda achar que estou sonhando. Ainda espero acordar na minha cama, na casa dos meus pais, contente, mas ao mesmo tempo desapontada por ser um sonho. Porque eu quero desesperadamente que isso seja verdade.

O tempo passou bem rápido desde o sétimo ano em Hogwarts, e agora aqui estou eu, diretora, repórter chefe e colunista do Profeta Diário, me casando, aos vinte e dois anos, com aquele quem amo. Então não dá pra me culpar por tudo ser tão semelhante a um sonho, não é?

Durante os cinco anos que se passaram, eu cresci. Não apenas fisicamente, mas como mentalmente também. E não fui só eu não. As pessoas mais próximas de mim também cresceram, amadureceram e passaram a vida delas adiante, comigo (graças a Merlin!) presente em cada uma delas.

Victoire e Teddy já tiveram seu terceiro filho, uma outra menina. Éris, Remus e Nymphadora (a mais velha tem seis, o do meio tem cinco e a mais nova tem dois anos) são as crianças deles. Eu achava que os dois teriam dificuldade de lidar com três crianças de pouca idade, mas que nada! Os dois, que são aurores prestigiados, se divertem no papel de pais vinte e quatro horas por dia. E Fleur e Gui adoram cuidar dos pequenos (a vovó também, óbvio, são os primeiros bisnetos dela), mimam e paparicam as garotinhas loirinhas e o garotinho de cabelo azul. Sim, esse Remus herdou a capacidade do pai de mudar a cor do cabelo, enquanto as duas herdaram a beleza da mãe.

Nicky e James se casaram ano passado. Contrariando as expectativas e medos dela, ele realmente esperou por ela quando saiu de Hogwarts um ano antes. Assim como Fred, que também nunca ousou olhar para outra garota além de Molly (dá pra entender por que, né, como aquele temperamento dela). James, que se tornou auror e é um candidato forte ao cargo do pai, quando tio Harry se aposentar, pediu Nicky em casamento, ao que ela aceitou sem nem pestanejar. É fofo presenciar o quanto eles se amam. Molly também não teve menos sorte; Fred a pediu em casamento também, mas eles só se casam mês que vem.

Alice e Lucian também estão noivos, mas só se casam no fim desse ano. Se você pensou “Nossa, mas quantos casamentos!”, você tem toda razão de pensar isso, já que é verdade. Esse ano é o ano dos Weasley e companhia soltarem a franga. Quer dizer, se amarrarem na franga. Ah, esquece.

Louis e Lucy, assim como Hugo e Lily, já terminaram a escola também. Louis está trabalhando como aprendiz de um renomado curandeiro, Lily e Lucy estudam juntas para serem Medi-Bruxas, e Hugo quer ser goleiro do Harpias de Holyhead, mas, por enquanto, trabalha na Gemialidades Weasley de Londres até a chamada para as vagas no time. Fred se tornou sócio do pai, e agora Fred e George administram juntos a franquia Gemialidades Weasley. O que deixou tio George muito feliz, já que ele não tem um sócio desde a morte do irmão, o outro Fred.

Roxy e Nicky encontraram sua verdadeira vocação ao abrirem, juntas, uma loja de roupas fashion, com vestimentas bruxas mais modernas, o que logo fez o maior sucesso, tanto em Londres quanto no resto do mundo bruxo. James, como já comentei, é um dos melhores aurores do Departamento de Aurores, então é um forte candidato a suceder o pai como chefe desse departamento, mas digamos que ainda é cedo para pensar nisso, já que o tio Harry ainda é novo (ele têm o quê, uns quarenta e poucos anos?). Alice, felizmente (e como eu sempre desconfiei que iria acontecer) decidiu seguir careira de cantora, e é super popular, tanto no ambiente dos bruxos jovens quanto dos mais velhos. Rita Skeeter até se referiu a ela como “a nova Celestina Warbeck”, imagina isso? Ela é super famosa agora, e vou admitir que não é só ela, ou Nicky e Roxy: eu também tenho o meu quê de fama, por ser jornalista premiada. Já trabalhei com a Skeeter (não vou dizer que foi ótimo) e já ganhei o prêmio de “Talento Bruxo do Ano de 2020”, mas nem me gabo tanto assim (mentira, me gabo sim!). Mas as pessoas ainda apontam para mim quando me veem na rua. O que é um tanto constrangedor para mim, que nunca fui tão extrovertida assim, só no meio de pessoas conhecidas.

E também não sou só eu. Scorpius também já recebeu diversos prêmio e nomeações, já que joga no Puddlemere United como artilheiro. Esse time tem o Olívio Wood como capitão. Já o Zabini joga no Appleby Arrows como batedor, então ele e Alice formam um casal bastante querido, popularmente falando.

Tá, mas, enfim, Scorpius e eu também atraímos bastante atenção quando saímos juntos (também somos um casal meio que conhecido, já que eu sou Weasley e ele Malfoy, e todos conhecem a rixa de nossos pais), e nos apoiamos, já que nem ele é muito fã de atenção pública. Na maioria das vezes ignoramos os olhares sobre nós. Mas, às vezes, ele pára para autografar alguma coisa para umas meninas sem vergonha e com risadinhas irritantes, mas daí eu, nada discretamente eu admito, vou lá e deixo bem claro que aquele loiro já tem dona, se não gostou vai procurar o seu e tudo e tal. É, os anos passam mas Rose Weasley não muda. Sempre serei ruiva esquentada.

Vovô e vovó estão saudáveis como sempre, nada derruba aqueles dois. Meus tios Gui e Fleur, como já comentei também, estão adorando ser avós, apesar da pouca idade dos dois. Tia Audrey e tio Percy continuam na mesma, apaixonados graciosamente (e estranhamente) como sempre. Já a tia Angelina, em um golpe de sorte que deixou a própria flutuando de contentamento, largou o emprego de secretária do St.Mungus e retornou aonde sempre pertenceu: às alturas. Ela agora é, há uns dois anos, artilheira do Falmouth Falcons, e recentemente se tornou capitã. Ou seja, ela é outra celebridade da família Weasley. Tio George e Fred levaram as lojas Gemialidades Weasley a outro nível: há muitas delas em vários povoados bruxos na Inglaterra mesmo, e outras internacionais (há uma localizada próxima a Beauxbatons, na França, e outra no povoado bruxo perto de Durmstrang, na Bulgária, e há outras espalhadas pelo resto do mundo), portanto os nomes Fred e George Weasley são conhecidos no ambiente bruxo. Tio Carlinhos também é muito reconhecido pelo seu trabalho como tratador de dragões na Romênia, então é outro Weasley com fama. Já o tio Harry e tia Gina, embora carreguem o nome Potter, também são da família Weasley, além do fato de que, obviamente, o tio Harry é “O menino que sobreviveu” e o cara da cicatriz que derrotou tio Voldy Purpurina, então os Potter já têm fama própria há muito tempo. Mas fazem parte dos Weasley, o que só contribui para a fama de toda a família.

Os Malfoy foram uns que não mudaram. Narcisa Malfoy continua muito bem viva, obrigada, embora eu ainda ache que os “Tic-Tac” ainda não saíram de circulação nas mãos dela. Já Astória continua a mesma de sempre, com a beleza nunca diminuída, a personalidade vibrante e os olhos verdes que nunca se apagaram. Draco Malfoy não ficou diferente nem em um único fio de cabelo, é ainda é o sujeito sério, reservado e meio intimidador que eu conheci na Mansão Malfoy, anos atrás. E a rixa Weasley-Malfoy, ainda que bastante diminuída, ainda tem lá suas faíscas. Principalmente nesse período, o do casamento e...

MORGANA DAS CALÇOLAS ROXAS COM DESENHO DE PATINHOS! Meu casamento é hoje. Eu vou me casar hoje. Vou me casar hoje com Scorpius Malfoy. Hoje é o dia em que eu me caso com Scorpius Malfoy nos jardins da Mansão Malfoy. A partir de hoje estarei unida para sempre, almas, corações, corpos, com Scorpius Malfoy. O cara por quem eu me apaixonei. O que antes era a “doninha júnior”, mas que agora é “o amor da minha vida”. Vou me casar daqui a pouco com Scorpius Malfoy. AI. MEU. DEUS.

Minha cara deve ter me entregado, porque Alice franziu a testa e as outras três (Nicky, Lily e Roxy) soltaram risadinhas. Eu estava em pânico. Por que nem eu sei, mas eu estava apavorada. Meu estômago se contraiu e eu senti aquele frio característico do nervosismo. Meu corpo inteiro começou a tremer e minha boca abria e fechava sem deixar escapar nenhum mísero ruído. Tentei me movimentar, fazer alguma coisa. Mas meu corpo não obedeceu. Eu sabia o que estava acontecendo. Eu estava entrando em choque.

–ME DEIXEM PASSAR!-a voz da minha mãe saiu aguda e perto de mim, mas eu não esbocei nenhuma reação. E nem sei se queria mesmo fazer alguma coisa. Eu estava em choque, lembra? –Rose, querida? Você está bem?-o rosto dela, preocupado e lindamente maquiado apareceu em meu campo de visão, mas eu só abri e fechei a boca, como um peixe. Um peixe ruivo em choque.

–Tia Mione, ela está em choque. –Nicky me olhou, parando de rir e me fitando preocupada.

Minha mãe suspirou e apertou minha mão com força.

–Muito bem então. –ela tomou fôlego. –QUERO TODO MUNDO FORA DAQUI AGORA! Quero falar com a Rose a sós. E, por favor, mandem o Rony para cá assim que ele terminar de se aprontar. –acho que ninguém se mexeu, porque ela se irritou e soltou o berreiro novamente. –VOCÊS NÃO ME OUVIRAM? TODO MUNDO PRA FORA AGORA!

–Mas tia, a Rose...

–Ela vai ficar bem. –minha mãe cortou Nicky. –Ela já está pronta, e eu quero falar com ela. AGORA VAZEM!

Ela não precisou pedir de novo; um segundo depois do último grito a porta desse quarto de hóspedes da Mansão Malfoy, onde eu estava sendo preparada, se fechou com um ruído abafado. E daí só consegui ouvir a respiração pesada da minha mãe e a minha própria.

Ouvi quando ela arrastou uma cadeira de frente para a minha, e logo eu pude vê-la de novo. Os cabelos castanhos ondulados estavam presos em um belíssimo coque e o vestido azul-claro de um ombro só ia até o chão. O rosto dela estava bonito, com uma maquiagem que não era pesada, mas que ao mesmo tempo acentuava os traços da face. Mas as sobrancelhas dela estavam meio franzidas, o que geralmente mostrava o quanto ela estava preocupada ou nervosa com alguma coisa.

–Rose, querida... –ela suspirou de novo. –Eu preciso que se acalme.

A fitei de olhos arregalados, sentindo o pânico ir diminuindo aos poucos. Esse era o efeito que minha mãe geralmente causava em mim. Ela tinha o poder de me acalmar.

–E-eu vvo-ou m-me ca-sar a-gora... –eu balbuciei.

–Eu sei, querida. –puxa, como ela me entendeu? Ela deve ser mesmo uma super mãe. – Mas é essencial que você mantenha a calma nessa hora. Eu sei como é o que você está sentindo agora. –ela inclinou a cabeça um pouco para o lado. –Está nervosa e não compreende muito bem o porquê disso, não é?-nossa, mãe, não sabia que você era telepata. –Eu vou lhe dizer o porquê. Sua vida está para dar uma grande guinada, vai experimentar mudanças radicais, vai mudar totalmente. Mas isso não é uma coisa ruim, querida. Diga-me uma coisa: você confia no Scorpius?

Assenti com a cabeça. E memórias inundam minha cabeça.

“-É WEASLEY PRA VOCÊ, MALFOY!”

“-Eu sei que você me ama, Weasley.”

“-Você fica linda corada, sabia disso?-ele disse.”

“-Não somos um casal, Malfoy. Achei que soubesse. - eu evitei olhar para os olhos dele.

–Mas gostamos um do outro. Achei que soubesse. - em um ato totalmente inimaginável, ele virou meu queixo pra ele, me obrigando a encarar aqueles olhos azuis.”

“Ele foi se aproximando devagar, e meu coração me socava a cada passo que ele dava. Até que ele parou quando estávamos a alguns centímetros um do outro.

Ele colocou uma mão em minha cintura e me puxou pra um pouco mais, perto, acabando com qualquer distancia entre nós. A outra mão estava em minhas costas, um toque que me arrepiava. Ele abaixou um pouco a cabeça, já que era alguns centímetros mais alto que eu, e seus lábios encostaram nos meus.”

“Aquele toque trouxe mais arrepios e sensações de prazer do que eu posso descrever. Senti aquela dormência que sempre alcanço quanto nossos lábios se tocam, e os entreabri, deixando espaço pra nossas línguas se movimentarem unidas.”

“Scorpius Malfoy se tornou, sem dúvida nenhuma, minha razão de viver.”

“-Também te amo. Apesar de tudo o que você me fez passar, todos os micos, provocações, batalhas para te conquistar, todos os “NÃO” que você me deu e todas as sensações que você me faz sentir, eu te amo. Te amo demais, Rose Weasley, e, sinto muito se isso soar clichê demais, mas te amo como minha própria vida. Porque, na verdade, você é ela.”

“Selamos nossos lábios em um beijo apaixonado.”

“Mas me desliguei de tudo quando nossas línguas se encontraram. Era uma sensação tão inebriante que eu não poderia, e nem conseguiria, descrever em palavras, então acho que não seria exagerado nem estranho eu dizer que eu o amo de verdade. De um jeito como não amo ninguém mais.”

“Eu olhei para ele antes que ele levantasse os olhos para mim, e, quando levantou, meu paraíso azul-gelo tomou forma, e eu pude distinguir várias emoções que passaram pelos seus olhos. Surpresa, admiração, felicidade, emoção em todas as suas facetas.”

Os olhos dele brilharam. Então nós dois apenas nos sentamos na grama macia e verde, ouvindo a barulheira próxima, mas contentes. Porque tínhamos um ao outro.

E, na hora que os fogos de artifício finalmente estouraram no céu, ele e eu assistimos tudo, abraçados e sorridentes. Porque éramos um do outro.”

“-Te amo, Rose.”

“-Sempre.”

Não vamos nos esquecer também dos momentos em que estivemos unidos de corpo e alma. Porque só posso e só poderia ter esses momentos com aquele loiro. Aquele que, como já comentado, é minha razão de viver.

“-Você... Você tem certeza disso? - ele me perguntou, as sobrancelhas ligeiramente franzidas. Estávamos sozinhos na Sala Precisa, que hoje estava com a decoração um pouco menos luxuosa, estava simples e muito parecida com aquela forma que tomou no dia daquele desafio, em que eu beijei Scorpius pela primeira vez e que me tornei namorada dele. Então eu acho que é exatamente por isso que a Sala está assim hoje. Porque me lembra dos momentos que tive com o loiro.

Só que o que eu planejava hoje era um pouco mais... Diferente.

–Nunca tive tanta certeza de alguma coisa. –eu respirei fundo e ele pareceu me avaliar por um momento.

–Não precisamos fazer isso agora. –ele suspirou. Mas eu sabia que precisávamos. Um dia iríamos fazer aquilo de qualquer jeito, mas eu o queria tanto... Hoje era um daqueles dias em que eu me sentia emocionalmente frágil (frágil, não menstruada, ok?), e eu precisava tê-lo, de todas as maneiras possíveis.

–Mas eu quero. –mordi o lábio, tentando não parecer um pouco chateada.

–Eu sei. –ele sorriu. –Eu também quero. Mas só queria que você tivesse certeza absoluta. Não dá pra voltar atrás.

–Por que acha que eu ia querer voltar atrás?- me sentei no colo dele, no sofá de veludo vermelho.

–Bom, disso eu não sei. –ele me olhou sério, enquanto me puxava para o peito dele. - Mas sei que, se eu começar isso, não vou querer nem conseguir parar.

–E eu não quero que pare. –sussurrei, enquanto me adiantava para beijá-lo.

Essa noite não permaneceu na minha mente como o dia em que eu deixei de ser virgem, mas como a noite em que eu e ele finalmente consumamos nosso amor, nos tornando um do outro tanto de corpo quanto de alma.”

Não consegui impedir lágrimas teimosas de inundarem meus olhos e, quando dei por mim, já chorava baldes, com direito a soluços.

Meu Scorpius. Como eu poderia imaginar que aquela doninha júnior, loira e quicante iria se tornar o amor da minha vida? Como prever que aquele que mais me irritava seria aquele que eu mais amaria? E como, como saber que a vida se tornaria impossível sem ele?

Rose... -minha mãe se adiantou para me abraçar e logo eu chorava no ombro dela. Mas não de tristeza. Nunca. Era de emoção que eu chorava. E de alegria. Uma alegria sem precedentes.

–E-eu estou bem. –consegui recuperar a postura. Por sorte, a minha maquiagem era a prova d’água, então não teria que refazê-la e correr o risco de ser assassinada por uma Dominique muito furiosa.

–Eu sei, meu amor, eu sei. –minha mãe afagou meu cabelo carinhosamente, tomando o cuidado de não estragar meu penteado.

–Eu estou sendo boba, não?-dei um sorriso amarelo, que ela retribuiu afetuosamente.

–Não. Boba nunca. Está se comportando como uma verdadeira noiva. –ela triplicou o sorriso. –Sabe, no dia do meu casamento, eu chorei isso e mais um pouco. Sua avó Mônica teve um trabalhão para me acalmar, você não faz ideia... –ela deu uma risadinha.

–Falando na vovó, ela está...

–Ela está aqui, sim. Molly e ela estão se apoiando e chorando de emoção nos ombros uma da outra. -não falei que era a neta predileta de vó Molly? Já de vó Mônica eu sou a única neta, e meu irmão o único neto, então não há predileção. Mas, modéstia à parte, sei que seria a neta preferida de vó Mônica de qualquer jeito.

Respirei fundo, tentando me acalmar. Meu estômago borbulhou de novo, mas, dessa vez, impedi as lágrimas. A mão da minha mãe repousava suavemente sobre a minha, e a força e o apoio que ela transmitia já me davam coragem o suficiente para erguer a cabeça.

–Eu confio no Scorpius sim. –sorri, me lembrando dos olhos azuis que eu tanto amava.

–Então sabe que ele não vai fugir do altar. Ele estará esperando você lá. –E sempre estará. –Ah, minha princesinha linda... -os olhos dela ficaram marejados. –Estou tão orgulhosa e feliz por você... Você terá uma vida longa e próspera pela frente, e confio no seu rapaz para saber que ele te acompanhará em todos os seus passos. Eu nunca tive tanta certeza de uma coisa como tenho de que aquele garoto ama você. –E sempre vai amar. –Então respire fundo. Porque sua felicidade te aguarda lá fora, vestida de terno e com cabelos despenteados.

Soltei uma risadinha. Scorpius nunca vai mudar. E eu não quero que mude mesmo.

Uma batida na porta fez com que minha mãe e eu nos virássemos para ela. Meu pai entrou e fechou a porta silenciosamente, e os olhos dele logo nos viram.

Ele estava muito bonito, de terno e com um semblante de pompa. Eu achei que ele ia explodir de novo somente ao pisar nessa casa, como explodiu daquela vez que contei a ele que o casamento seria em território Malfoy, não Weasley, mas ele estava surpreendentemente calmo. O que é ótimo, se considerarmos a situação.

Os olhos dele pousaram em mim, e pude vê-los se arregalando, e depois se enchendo de lágrimas. Um sorriso enorme iluminou o rosto ainda bonito de Ronald Weasley e ele caminhou até a cadeira onde eu estava sentada, se ajoelhando na minha frente, ainda sorrindo com lágrimas nos olhos.

–Minha princesinha... –uma lágrima emocionada escorreu no rosto dele e eu a enxuguei, dando um beijo na testa do meu pai. Ele sorriu ainda mais. E se adiantou apara ir me abraçar com força, e eu me agarrei a ele, do modo como fazia quando era pequena e tinha medo de alguma coisa, ou quando estava simplesmente com saudades.

Alguém bateu na porta, mas eu não me separei de meu pai, continuei agarrada a ele.

–Mione?-reconheci a voz da tia Gina. –Desculpe interromper, mas já é a sua vez e a do Malfoy. –não voltei os olhos para a minha tia, mas sabia que ela sorria. Minha mãe limpou uma lágrima do rosto e se levantou da cadeira, o que fez o medo em meu peito crescer. Meu pai pareceu perceber minha tensão e me abraçou com mais força.

Mamãe deu um beijo no topo da minha cabeça antes de abraçar a mim e ao meu pai; um abraço coletivo e reconfortante. E ela se deteve ali, com o queixo em minha cabeça, antes de respirar fundo.

–Coragem, filha. E, lembre-se: a felicidade te espera lá fora. Resta a você ir buscá-la. –vi que ela sorria, com os olhos ainda marejados. -Amo vocês dois, e até já. –então ela se foi, junto com tia Gina.

Meu coração só não parou de bater porque meu pai continuava me abraçando com força. Ele pousou o queixo no topo da minha cabeça e pude perceber que ele fazia um esforço muito grande para não chorar.

Não sei quantos minutos ficamos assim, sem dizer nada. Mas eu compreendia o que ele sentia e ele também me entendia. O silêncio não era ruim, pelo contrário. Abraçada assim, com meu pai, só percebi o quanto estava feliz.

–Pai?-eu o chamei e ele tirou o queixo de cima da minha cabeça, se voltando para me olhar bem nos olhos. Os olhos azuis que eram o perfeito reflexo dos meus. O mesmo azul. –Você não odeia o Scorpius, odeia?

Ele deu um breve sorriso, como se já esperasse essa minha pergunta.

–Não, não odeio. Não gosto particularmente do pai dele, mas acho que não terei problemas com o filho. Ainda reluto em entregar a mão da minha única filha e princesinha a um Malfoy, mas, em todo o caso, uma Maldição Imperdoável vai dar conta daquele lá se ele ousar magoar você. –engoli em seco, percebendo que ele falava sério. Ou talvez não falasse, mas não era bom duvidar dele. Nunca é bom duvidar de um Weasley. –Sei o quanto você o ama, Rosinha, e nesses últimos anos pude abrir os olhos e perceber que o moleque também ama você desse jeito. Então acho que posso ficar tranqüilo. E quero que você seja feliz. Só isso. Não me importo de ter que dividir você com um Malfoy ou que metade dos meus netos tenha o sobrenome da fantástica doninha quicante. Não ligo mesmo. Só quero a sua felicidade.

Lágrimas quentes ameaçaram escapar, mas as empurrei com força. Eu tinha que ser forte e segurar o choro. Porque agora era a hora do meu casamento.

–Sr. Weasley? Rose?-Daphne Nott, uma loira bonita e com um sorriso simpático, nos chamou e meu estômago afundou quando percebi que já era a nossa vez.

O pânico voltou com tudo e sacudiu meus ossos, e a tremedeira recomeçou. Mas bastou um abraço do meu pai para que meu corpo relaxasse um pouco.

–Vamos?-Daphne sorriu mais uma vez para mim. Tinha até me esquecido que ela era a irmã de Astória. Elas não se pareciam em praticamente nada. Os cabelos de Astória eram negros como as asas de um corvo, e os de Daphne eram justamente o oposto, de um loiro claro. E, quanto aos olhos, os de Asty eram verdes, quase florescentes, e os da irmã eram escuros. Mas as duas tinham uma beleza incomum e o mesmo sorriso simpático. Tremi de nervosismo ao pensar que logo Daphne seria minha tia.

Eu e meu pai caminhamos com calma (se eu andasse rápido eu seria capaz de correr e não parar mais), seguindo Daphne, que caminhava graciosamente. Depois de andarmos por vários corredores, e o meu pânico chegar até a minha garganta, chegamos ao hall da mansão. A porta da frente estava fechada e um homem alto e elegante, de olhos e cabelos escuros, estendeu a mão para Daphne. Esse era Theo Nott. Um outro casal estava na frente deles, e logo reconheci Louis e Lucy. Ela estava com um vestido vermelho e cabelo trançado, e ele estava impecável de smoking.

Os dois sorriam confiantes para mim antes de se endireitarem e uma mulher alta, bonita e extremamente parecida com Bellatrix Lestrange abriu a porta para os dois. A claridade atingiu os dois e eles logo sumiram. Senti vontade de vomitar.

Aquela porta, que tinha a maçaneta apertada pelos longos dedos de Andrômedra Tonks, me trouxe lembranças do dia em que entrei nesse lugar pela primeira vez. Sorri involuntariamente, me lembrando que Scorpius teve que praticamente me arrastar apara cá. Eu estava tão nervosa aquele dia... Mas hoje era demais.

Olhei fixamente para a porta. Louis e Lucy se foram por ela, assim como todos os outros. Estava tudo organizado assim: primeiro Scorpius entraria com Asty, depois Draco Malfoy com minha mãe, tio Harry com tia Gina (que são meus padrinhos), Cam e Zoe, vovó e vovô, Narcisa Malfoy com Blásio Zabini, Roxy e Alvo, Teddy e Victoire, Nicky e James, Alice e Luke, Lily e Hugo, os avós Grengrass de Scorpius, Louis e Lucy, e Daphne e Theo. E, finalmente, seria a minha vez.

–Eu vou vomitar. –eu disse assim que os Nott se foram.

–Fique calma, querida. –a voz do meu pai zumbia nos meus ouvidos. –Vai dar tudo certo. –me apoiei nele para não cair desmaiada no chão, e pude sentir o olhar preocupado de Andrômedra em mim. O vestido dela era meio azul, e tinha uns detalhes de rosa...

Meus olhos se arregalaram ao me lembrar da rosa. Mas onde ela estava? Onde estava a rosa azul que Scorp tinha me dado anos antes, no piquenique? A rosa que espelhava nossos sentimentos e que nunca morreria? A minha rosa?

–Rosa... –eu disse, sufocada pela necessidade de tê-la comigo. Mas era tarde.

–Está falando dessa aqui? –me voltei para o meu pai e engasguei ao ver a minha rosa azul, repousando suavemente na mão dele.

–C-como v-você... -gaguejei.

–Você a deixou em cima da sua cama antes de virmos para cá. –os olhos do meu pai eram gentis, e ele sorria afavelmente. –Não sei por que, mas tive a impressão que iria querê-la por perto. Foi ele quem te deu, não?

Eu assenti com a cabeça, desconcertada e olhando fixamente para a rosa, viva e bem azul. O azul que lembrava os olhos dele. De Scorpius.

–Bem, ela é linda. Acho que ficaria bem em você. –antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele a colocou gentilmente no meu cabelo, tirando o cabo com um feitiço que eu não conhecia. –Pronto, está lindo. –ele disse, e pude ver que ele também lutava contra as lágrimas.

Com o canto do olho, percebi que, bem ao lado de Andrômedra Tonks, havia um espelho. Me dirigi, incerta, até ele, nem percebendo que meu pai já não estava mais do meu lado. O espelho refletiu uma moça bonita, com uma maquiagem não exagerada, cabelos lindamente presos em uma trança de lado, e com uma rosa azul presa do outro lado do cabelo. Parte do vestido tomara-que-caia branco era mostrado, e o vestido se encaixava com precisão no corpo, a tornando igual a uma verdadeira princesa. Não percebi que sorria, fitando a mim mesma no espelho, até olhar para o meu próprio rosto novamente. Mas eu gostei do que vi. E sei que meu futuro marido também gostará.

–Rosalie?-me sobressaltei ao ouvir a voz da Sra.Tonks bem próxima de mim, e me chamando pelo meu verdadeiro nome, Rosalie. Nasci Rosalie Weasley. Mas agora serei Rosalie Malfoy. Ou Rose Malfoy, como prefiro. –Está na hora.

Meu pai se aproximou de mim, e sorri para o reflexo dele no espelho, que sorriu de volta. Ele me afastou gentilmente de lá, até estarmos bem em frente a porta. Meu coração começou a palpitar dolorosamente. É agora. Eu vou me casar.

–Não me deixa cair, tropeçar ou desmaiar, por favor, pai. –sussurrei baixinho, mas ele me ouviu.

–Nunca, minha princesa.

Então, engoli o medo enquanto via a porta sendo aberta. Mas não era só a porta que seria aberta. Um mundo novo também se abriria para mim, assim que eu dissesse “aceito”. E eu estava ansiosa para mergulhar nele.

A claridade primeiramente me cegou, e não consegui deixar de me lembrar do casamento de Vicky e Teddy. Parecia tudo tão distante... E agora eu não estava apoiada em Scorpius, e sim em meu pai. Mesmo ali, agarrada ao braço do meu pai, eu me sentia fria. Fria porque um certo alguém não estava ali.

Uma música calma preencheu o ar. Meu coração martelou de pânico mais uma vez, e me senti sendo puxada, provavelmente pelo meu pai.

Um redemoinho de cores e sons foi se formando, mas a única coisa que minha vista alcançou foi meu futuro marido.

Me desliguei do resto, respirei fundo, e busquei os olhos que procuravam os meus. O azul que seria para sempre meu.

Meu Scorpius. Meu, meu. Agora e para sempre.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? O próximo e último capítulo só será postado com pelo menos dez reviews, duas favoritações e uma recomendação.
Não, mentira. Mas me façam feliz, por favor, tô muito carente aqui...