O trem estava quase partindo. Estávamos mesmo atrasados. Arrastei Roxy comigo, após me despedir dos meus pais. Hugo nos acompanhou. Ele iria para o quarto ano, assim como a nossa priminha doidivanas e louquinha por ele, Lily Potter. Um segundo após embarcarmos, o trem deu partida. Ufa, ufa.

Arrastamos nossas malas pelo corredor apertado.

–...foi um disse-que-disse, e aí...-eu e Roxy sorrimos ao ouvir a voz da Nicky. Entramos na cabine de onde vinha a voz dela. E encontramos TODO o povão lá. Sério mesmo.

James jogava feijãozinhos de todos os sabores para o alto, que caiam nele e na hiena que conhecemos por Fred, as bocas mais abertas que não sei o que. Nicky parecia realmente concentrada em uma conversa com Alice, Molly e Lucy (irmã mais nova da Molly, e uma quartanista corvinal), e Lily apenas ouvia, sorrindo. Louis, irmão da Nicky, que ia entrar no quarto ano, lia um livro, muito focado. Alvo, Malfoy e Lucian Zabini (grande amigo deles) conversavam sobre Quadribol.

–E AÍ, POVO?!-gritei. Todo mundo pulou de susto e eu, Hugo e Roxy entramos na cabine, lentamente. Eu amo fazer grandes entradas.

E aí veio a reação exagerada do povão. Lily pulou em cima do Hugo, Roxy pulou no Alvo e eu pulei no Malfoy...Brincadeirinha. Pulei na loirona tagarela e Nicky deu um gritinho, e quase caiu para trás.

–Credo, ruiva, como engordou!-ela exclamou.

Mostrei a língua para ela e me pendurei no pescoço do Alvo. Tasquei um beijo na bochecha dele e do James.

–Não tá faltando ninguém não, ruivinha?-o Malfoy começou. Me virei pra ele, que ostentava um sorrisinho sacana, os olhos me observando atentamente.

–Oh, é verdade.-suspirei. Ele ampliou o sorriso. Dei um sorrisinho, pra ele, andei calmamente em direção a ele, o povo sem ousar se mexer, e bruscamente mudei de direção, dando uma beijoca na bochecha do Fred. O sorriso do Malfoy murchou na hora, enquanto o pessoal gargalhava.

–E aí, sentiu minha falta, minha ruiva?-Ok. O Malfoy tava pedindo pra apanhar.

–Eu. Não. Sou. Sua. Ruiva. E senti mais falta do Filch do que de você. -rosnei. -Ah, e é Weasley, Malfoy.

–Weasley Malfoy? Só daqui a uns dez anos. -o crápula continuou. O pessoal se matava de tanto rir. James até engasgou com alguma coisa.

–Cala a boca, doninha albina. -ele revirou os olhos.

–Eu sei que você me ama, Weasley.

–Não amo não.

–Ama sim.

–Não.

–Sim.

–Okey, os dois se amam e pronto!-agora era a traíra da Roxy.

–CALE A BOCA FUTURA SENHORA POTTER!-gritei, e Roxy ficou mais vermelha que pimentão e Alvo abriu o melhor sorriso estilo Colgate dele. Malfoy sorriu também.

–Você vai deixar todo mundo aqui surdo, Rosinha!-A hiena que era o Fred exclamou, lançando olhares nada legais para o Alvo.

–Não mais do que a sua irmã me deixou hoje de manhã. -respondi, me jogando no assento teatralmente, ao lado de Louis.

–Eu só tava querendo te acordar pra gente não chegar atrasada!-Roxy levantou as mãos em sinal de rendimento.

–Tá, mas e o Aguamenti?-bufei.

–Você não estava querendo prestar atenção em mim, tava com a cabeça nas nuvens...

–... pensando em você-sabe-quem?...-continuou Nicky.

E não, você-sabe-quem não era o tio Voldemortinho.

–Eu sempre soube que você pensava em mim. -agora o Malfoy chegou no limite.

–Claro, porque você, Malfoyzinho lindo, é o oxigênio que eu respiro. -zombei.

–Finalmente você admitiu!-Lily gritou, arrancando risadinhas da galera.

Argh, tem hora que esse povo me tira do sério. Respirei fundo e revirei os olhos.

–Quem quer doce?-Lily perguntou, recebendo um “EU” em uníssono. Lily lançou o melhor olhar de coitadinha para James, que suspirou e se levantou, acompanhado de Fred, os dois em uma missão em busca da mulher do carrinho de doces.

Caramba, será que era a noite de sono mal-dormida ou eu estava cansada mesmo? Bocejei devagar e me virei para a janela da cabine. Meus pensamentos se perderam junto a paisagem que ultrapassávamos.

Não sei se desmaiei ou algo do tipo, mas me peguei cochilando com a minha cabeça apoiada no ombro forte do...MALFOY! pois é, nada como um choque desse tipo para acordar totalmente. Meu rosto praticamente colidiu com o dele quando levantei minha cabeça.

MERLIN QUE ME AJUDE! Ele era ainda mais bonito de perto. Os olhos cor de gelo me encaravam como se pudessem ver através da minha alma, e ele parecia se divertir com a minha situação embaraçosa. Encarou meus lábios por um momento, mas eu me afastei rapidamente, fingindo que não tinha acontecido nada. Caramba, mas não era o Louis que tava do meu lado? E porque agora ele estava ao lado do Alvo, onde a doninha deveria estar sentada? Ah, se eu ponho as mãos no Malfoy. Epa, duplo sentido!

Apenas balancei a cabeça no instante em que o apito do trem soava.

Havíamos chegado em Hogwarts.