Friendzone escrita por IsaaVianna LB, Cristina V


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Geente, espero que gostem!
Me deu vontade de escrever e a fic fluiu! aushaushaus
Até lá em baixo!



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Primeiramente, quero começar esse desabafo dizendo que eu não sou gay.

É isso mesmo, quero que se lembre dessa linha e ignore todos os relatos suspeitos que ler nesse desabafo, pois eu garanto, querido leitor, pagar de gay pra tirar uma casquinha é melhor do que nada.

Eu não vou te dizer o meu nome, tampouco o dela.

Ela...

Não, eu não suspirei. Mentira. Eu suspirei sim, mas eu realmente sinto que não devia estar te contando isso. Como eu sou burro!

Voltando ao que realmente interessa –pelo menos pra mim-, o tema. Esse desabafo vai tratar de algo que te faz ouvir One Direction, que te faz aprender a ser manicure e a ouvir sobre a vida de todas as garotas do seu ano coisas realmente desnecessárias. Ah, sem contar que muitas vezes você deve ser todo ouvidos e pagar de Hitch, O Conselheiro Amoroso. Ok, desse último até que dá pra tirar vantagem. Já sabe o que é? Se não, você é mulher, e aconselho a perguntar ao seu melhor amigo. Ele saberá exatamente do que eu estou falando.

E, se você é homem, já sacou há muito e espera que, lendo isso, encontre uma saída. Mas aqui vai a grande revelação de hoje:

NÃO EXISTE SAÍDA!

E se acha que estou sendo pessimista, sinto dizer, mas tenho mais anos de experiência do que muitos. E se você acha que nunca acontecerá com você, só lamento e recomendo que nunca fale bem de uma garota perto da sua “BFF”.

Ahh, temida e desgraçada “Friendzone”...

Começa com um simples “segura o meu celular enquanto eu vou ao banheiro?” e acaba com “segura firme pra eu fazer um laço no biquíni?”.

Isso não é vida, minha gente!

E se quer o meu conselho em relação a isso, eu só digo: Seja um babaca. Mas tipo, dos grandes. Dê apelidos de mau gosto, jogue cantadas de pedreiro e a irrite de todas as formas que conseguir pensar... Tenha um tanquinho definido e zombe das pernas dela na aula de ginástica. Quanto mais ela te odiar, mais ela gostará de você. E quando perceber que ela fica irritada na sua presença, chame-a pra sair. Ela aceitará na hora, mesmo que já tenha marcado aquele tradicional programa que faz no aniversário do melhor amigo desde que eram crianças e sua amizade se resumia em dividir o lanche. Garanto que funciona.

Chame-a para ir ao cinema e não apareça até que ela te ligue mil vezes. Faça comentários imbecis e diga que é cedo demais para conhecer os pais dela. Diga a ela que ela passa tempo demais com os amigos e que quer leva-la pra conhecer seu quarto mesmo que estejam no segundo encontro. Ria quando ela chorar pela morte do gato de estimação e comente sobre a intimidade de vocês na frente de todo um time de futebol. Mas o mais importante: traia ela com qualquer uma que tiver peitos e respirar.

Eu garanto que é muito mais eficiente do que dar assistência, ouvir e falar, respeitar e ajudar. Cuidar. Porque nada nesse mundo é pior do que saber que tudo vai dar errado e que no final da noite, você será o único que estará lá.

Ela saiu com ele de novo. Depois de tudo, ela não aprendeu nada. Sabe que vai se machucar, mas pensa que meu coração é de papel. E eu diria que é mesmo.

Frágil, sensível, vulnerável...

E ela o está rasgando, pedacinho por pedacinho a cada lágrima que eu tenho que enxugar porque ele a fez derramar.

Quanta viadagem.

Mas eu não contarei a ela e isso é o motivo de você estar lendo isso. Alguém precisa saber.

Isso deve ter começado no jardim de infância. Mais um conselho desse miserável, se você achar que pode se tornar amigo da sua vizinha que usa um cabelo em tranças e que aos cinco anos de idade já tem um sério problema de miopia que a faz usar óculos de lentes grossas e armação preta, que morre de vergonha do cabelo vermelho e das sardas charmosas perto do nariz, não pense.

Ela vai crescer.

Provavelmente já é tarde demais pra você, mas se tem um irmão mais novo, corra. Ele pode se salvar.

Ela me mandou uma mensagem. Pediu pra que eu a esperasse no seu quarto... Queria me contar sobre o encontro. Espero que tenha ido melhor do que as outras vezes, já que ela nunca me permitiu quebrar a cara daquele brutamontes. Estou deitado na cama dela e, caramba, ela voltou a usar o shampoo de cereja que fazia com que eu espirrasse... Posso sentir no travesseiro!

Olho ao meu redor e percebo que cada canto daquele quarto tem um pouco de nós. Nas fotos, na parede que pintamos no verão passado (foi a primeira vez que ela ficou seminua na minha frente) e até mesmo naquele projeto de ciências que ela insistia em manter só por ter sido o trabalho que nos aproximou... Dali a pouco voltaríamos para o campus e por mais um tempo aquelas lembranças seriam deixadas de lado.

Caramba, isso é o buraco mais negro de Friendzone de toda a galáxia.

E isso começou parecendo uma comédia, mas não tem graça nenhuma estar onde estou. Não teve graça quando decidi me declarar no mesmo dia em que ela me disse que eu era como um irmão para ela, e que por isso decidiu que eu devia ser o primeiro a saber que ela o havia perdoado. Depois de tudo.

Eu teria ajudado aquela criança, teria sido um pai, um marido, companheiro. Teria sido tudo isso se ela não tivesse concordado com ele em nem tentar. Só de pensar, tenho vontade de gritar. Ele nem se deu o trabalho de aparecer... Ele não tinha o direito de influenciar na decisão. E daí que era o nosso segundo ano de faculdade? Eu que estava lá. Eu comprei o maldito teste, e esperei do lado de fora do banheiro naquela situação em que quase fora linchado pelas colegas de quarto dela. E segurei o cabelo dela todas as vezes que ela enjoou e na maioria dos porres, também.

Enquanto ele estava do outro lado, sendo cobiçado demais pra atender uma ligação.

Também estava na clínica, no dia dos procedimentos, e segurei mão dela depois que o médico pediu para que o “pai” entrasse na sala... E eu achei que fosse perde-la. Segurei sua mão do mesmo jeito que fazia quando éramos crianças e ela tinha que ir ao dentista. E eu me lembro de quase ver o brilho dos seus olhos indo embora... Quase.

Algum tempo se passou, mas aqui estamos. Continuo esperando ela como se devesse viver por ela. E sinto raiva de mim quando percebo que meu senso de proteção é maior do que o meu amor próprio.

E eu a amo mais do que deveria. Desde o dia que demos nosso primeiro beijo. O primeiro de ambos. Inocente, casto, e cara, como foi constrangedor pra mim. E até hoje é difícil beijar qualquer outra garota. Talvez eu só tenha que esperar, talvez tenha que seguir em frente e não olhar pra trás. Rejeitar suas chamadas e dizer que estou ocupado demais pra sair ou conversar, mesmo que ela conheça todos os meus horários. Talvez deva me jogar de cabeça nas companhias masculinas e dizer que ela não pode vir junto, porque é “coisa de homem”.

Ou talvez eu deva parar de me lamentar e tentar.

Desculpe a confusão que está isso aqui, eu não sou poeta, não sou escritor, sou apenas um amigo.

Um amigo. Amigo.

Minha mãe me disse pra não perder as esperanças, pois um namorado tem que ser amigo primeiro.

Valeu mãe, me sinto melhor com isso. Só que nunca.

É... Eu preciso seguir de uma resposta, pra seguir em frente. Se der certo, bom, se não der, eu não terei que viver com o arrependimento de não ter tentado. Ouço um carro parar na frente da casa, e caminho até a janela. Ele estava segurando a mão dela, depois a beijou. E aquele deveria ser eu. A trazendo pra casa e a fazendo se divertir. Deveria ser eu. Que a amei desde o começo. Suspiro fortemente, incomodado, mas ainda assim acostumado com o sentimento terrível de posse e ciúmes que sentia dela todas as vezes que ele a tocava como um objeto. Volto para a cama, me deitando.

– Hey J! –Uma voz me tira dos meus pensamentos. A voz dela. Outra dica, se ela abrevia seu nome, você está na frienzone, mas se ela te chama pela inicial, é pior do que você pode imaginar.

– E ai?! –Eu digo sorrindo como o idiota apaixonado que eu sou, quase esquecendo do motivo de eu estar ali.

– Por que não vai preparar o chocolate quente que só você sabe fazer enquanto eu tomo banho, huh?

Nem protestei. Assenti, me encaminhando para a porta... Ela já tinha começado a se despir, o melhor a se fazer era descer. Aquele discurso, que eu acrescentava mais cada vez que o treinava na frente do espelho, e que eu sempre desistia de fazer já não parece mais adequado.

Minhas mãos estão tremendo, e isso está fazendo com que eu quase corte o meu dedo todas as vezes que tento cortar esses marshmallows. Ela gosta deles picados no chocolate. Rio... Menina estranha.

Quando penso que eu estou subindo para me declarar, meu coração quer sair pelo umbigo e minhas pernas ficam tão bambas que eu comecei a detestar fato de ter que subir todas aquelas escadas até o quarto dela.

A bandeja em mãos também não ajudava em nada.

Abri a porta do quarto... Ela estava de pijama e digitava algo no celular.

– Espero que a gorjeta seja realmente gorda... –Brinquei.

– Por que? Pra combinar com a freguesa?

Revirei os olhos nas órbitas. Vontade de sacudir aqueles ombros e dizer pra ela parar de se colocar defeitos, que ela era perfeita do jeito que era. Mas todas as vezes que eu a elogiava, ela ria. Dizia que eu era um amor e que era grata por eu tentar ajuda-la a se aceitar. Retardada.

– Já disse pra parar com isso, L... – Eu disse. – Você não é e nem nunca foi gorda.

Ela toma a caneca da minha mão.

– Sempre tão fofo...

Grr. Odeio esse adjetivo. Fofo é a vó!

– Hoje ele me disse que agora que eu me recuperei... Você sabe, da interrupção da gravidez, eu devia voltar a malhar... E você acredita que ele não me deixou pedir a pipoca recheada do Gulla’s que eu tanto queria? Ah, isso sem contar que ele encontrou aquela vadia do verão passado e parou pra conversar com ela como se nada tivesse acontecido! Acredita nisso, J? Eu devia ter dado na cara dela, mas eu sou uma dama, não me igualaria a ela. Ele está comigo, não? Eu devia me garantir! Mas cara, não dá pra relaxar! Ela exala confiança enquanto anda... Já notou aqueles glúteos?

–L...?

–...Ela deve ter feito um pacto com o próprio demônio pra comer tanta proteína e continuar com aquilo durinho!

–L, para! – Me exalto. É demais pra mim. Ela fala e tudo o que eu consigo reparar é que o cabelo está menor e que ela fica muito sexy com ele molhado. E que ela tirou aquele batom horrível que sempre usa desde que leu em algum lugar que atrai atenção... – Para com isso.

– O que aconteceu? –Ela franze o cenho. –Eu disse algo errado...?

Olho pra ela, rindo da minha desgraça.

– Tudo o que você tem dito está errado... – Suspiro. –Você não deveria ser insegura, não deveria se comparar e muito menos se diminuir. Você é uma pessoa linda e isso é o bastante. Está me irritando o fato de que você não consiga enxergar! Só você não percebeu, L!

Ela pisca, chocada.

– Desculpa, J... Está claro que você não está bem. E eu não paro de falar! Entendo, eu sou uma péssima amiga. Pode falar, sou toda ouvidos.

Aquela palavra outra vez. Droga, coragem que me falta.

– É que... –Suspiro. –Eu...

– Você...? – Ela me encoraja, sorrindo de leve.

Eu paro. Paro pra pensar em todos os nossos grandes momentos. De todas as vezes que estivemos juntos, apoiando um ao outro. Na alegria e na TPM, na horas vagas e ocupadas. De quando ela despejava todas as suas frustrações em mim. Do seu sorriso sincero quando eu conseguia algo que almejava... O que me fez me perguntar se seria o mesmo sorriso que ela daria quando eu conseguisse o que eu mais queria. Ela. Quase ri ao lembrar do nosso primeiro encontro duplo, que acabou em sorvete e muitas piadas do quanto aquilo havia sido patético e juramos nunca mais fazer aquilo. E de como ela desaprovava minhas namoradas e fazia piada do cabelo de todas elas... De como todos achavam que éramos irmãos e sempre ríamos falando que a ideia era patética, mesmo tendo plena consciência de que nossos olhos eram realmente parecidos.

E eu hesito. Como em todas as outras tentativas.

Eu desejava estar com ela, mas a incerteza não valia o risco. Eu não me perdoaria se estragasse tudo. Não viveria bem com isso. Ela estava feliz, e, mesmo que não fosse comigo, eu tinha minha felicidade pessoal, ainda que não fosse plena. E eu me sentia mais confortável sabendo que ela poderia contar comigo quando seus encontros dessem errado e quando precisasse começar de novo. Eu estaria lá.

E talvez, só talvez, assim teria minha chance.

– Preciso de ajuda pra escolher o presente de aniversário da minha mãe.

Ela gargalha. Meu sorriso está lá, mas não chega aos meus olhos.

É o melhor a se fazer. Porque por mais doloroso que seja, estar na friendzone é a melhor ferramenta ao meu alcance para proteger aquela que eu sempre desejei. E espero que não me arrependa.

Então amigo, se isso serviu pra você: Ótimo.

Se não: Melhor ainda. Não vou te dizer o que fazer, mas espero que saiba o que está fazendo. De coração.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
É... A história tomou um rumo diferente, mas eu percebi que tudo que eu escrevo tem drama -.- OhGosh
Você já parou pra pensar que seu melhor amigo pode se sentir assim?
Se você leu, please, deixe um comentário, nem que seja dizendo "Eu li" ou "gostei" ou ainda "odiei" asuhaushau
As próximas fics logo serão atualizadas!

Beeijos ;** Fiquem com Deus!
Isaa