Aprendendo a Ser Uma Família escrita por WaalPomps


Capítulo 54
Falta de ar


Notas iniciais do capítulo

Hey, to viva sim, ok?
Bom, eu to com uma fic Fabine nova, se quiserem dar uma olhadinha... Chama Diário de Uma Paixão, e está particularmente fofa.
Espero que gostem desse capítulo, eu achei fofo hihi'



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A noite já ia alta e a casa dos Campana estava em completo silêncio. Nina dormia pesadamente em sua casinha; Giane e Fábio haviam trancado a porta do quarto e adormecido enganchados um ao outro; Miguel roncava com o notebook em seu colo, ainda rodando o filme que o garoto assistia antes de dormir; Isabelle estava enrolada ao edredom, seu ursinho de pelúcia ao lado, ressonando tranquilamente. Apenas uma pessoa se destoava da família.

A caçula se enrolou no coberto e pegou uma lanterninha, caminhando pelo corredor em silêncio. Parou em frente ao quarto dos pais e apontou o feixe de luz para a tranca, constatando que estava trancada. Suspirou, voltando pelo corredor e indo bater na que ficava ao lado da sua.

_ Belle? Belle? – abriu a porta com cuidado, chamando a irmã em voz baixa. A mais velha revirou na cama, resmungando – Belle, tá acordada?

_ O que você acha, Catarina? – rosnou a menina, sentando na cama. Apanhou o celular, fuzilando a mais nova – São 2h da manhã.

_ Jura? Achei que fosse mais cedo. – mentiu a caçula, entrando no quarto timidamente – Hã... Quer conversar?

_ Eu quero dormir, Cat. – bufou Belle, esfregando os olhos – O que você quer?

_ Eu acordei com falta de ar. – explicou Cat, mexendo as mãos nervosamente – E o quarto da mamãe e do papai tá trancado. Eu posso dormir aqui?

Ela não precisou dizer mais nada. Belle se moveu para o lado, dando espaço para que a irmã deitasse ali. Assim que Cat o fez, envolveu as duas com a coberta e deixou a mais nova se abraçar a ela.

Quando Catarina tinha dois anos, a menina foi diagnosticada com bronquite. Tinha crises fortíssimas, que normalmente faziam os pais virarem a noite com ela. Mais de uma vez foi parar no hospital, e tomou uma porrada de antibióticos. Até que um dia, Malu propôs que levassem a sobrinha em um homeopata.

O tratamento foi mais leve e eficiente, e logo, as crises de Cat vinham como alergias na pele, e em grande parte das vezes tinham fundo emocional. Porém, Belle nunca esqueceu os sons horríveis da irmã com falta de ar de madrugada, que muitas vezes a obrigavam a correr até o quarto dos pais, gritando e chorando.

Todas as vezes que Cat tinha gripe, Belle quase não dormia. Velava o sono da irmã e sua respiração, temendo que ela pudesse ter falta de ar novamente. Nas ocasiões mais “sérias”, trazia a caçula para sua cama, se arrumando de maneira que pudesse sentir a respiração dela sempre.

Com o tempo, Catarina se acostumou a isso, e quando sentia falta de ar, corria para junto da mais velha, que velaria seu sono. Logo, era assim com os pesadelos, com o medo do escuro. Isabelle era o porto seguro de Catarina, e isso era uma espécie de segredo delas (apesar de os pais sempre terem sabido disso, apenas nunca terem comentado). Apesar do grande ciúme que sentia da irmã caçula, por sempre roubar a atenção do pai, Belle tinha um apreço e cuidado sem tamanho pela menina. Como ela mesma dizia, é uma coisa que só irmãs e irmãos mais velhos entenderiam.

_ O que aconteceu, para você ter crise? – perguntou Belle, após um tempo em silêncio, mas sabendo que a caçula não dormia ainda.

_ Não sei. – confessou a pequena – Apenas acordei assustada e sem conseguir respirar direito. Acho que tive um pesadelo.

_ Seus pesadelos estão ficando muito frequentes. – repreendeu a morena – Já é a 4ª vez esse mês, e nem passamos do dia 15.

_ E você acha que eu controlo meus sonhos? – bufou Cat.

_ Não, mas acho que tem algo te incomodando, para você estar tendo tantos pesadelos. – Belle analisava a irmã – E suas faltas de ar estão estranhas. Normalmente, você ficava avermelhada e arfante, agora tá parecendo normal.

_ Que você tá querendo dizer, hein Belle?

_ Que você não está tendo crise de bronquite coisa nenhuma. – a mais velha sentou, encarando a irmã mais nova – Por que você está mentindo para mim, hein Catarina?

_ Porque é o único jeito de você me dar atenção. – explicou a mais nova, se escorando na parede – Desde que você começou a namorar o Luti, parece que esqueceu de mim.

_ Isso não é verdade. – bufou a mais velha.

_ Não é? Então me diz: qual foi a última vez que eu e você fizemos alguma coisa juntas? Nem que seja assistir TV? – Belle ficou em silêncio, tentando lembrar – Você chega da escola, corre para ficar no celular com ele. Aí se tranca com a Marcela e a Clara, para falar mais sobre ele. Chega em casa a noite, fica no computador falando com ele. E quando sai de casa, é com ele.

_ Você está com ciúme do meu namorado?

_ Eu to com saudade de ter uma irmã mais velha. – rosnou Cat, levantando da cama e saindo nervosa dali.

_ Agora sim está parecendo alguém que faz parte dessa família. – suspirou Belle, se largando nos travesseiros e encarando o teto, pensando no que a caçula havia dito.

Realmente haviam se afastado bastante nos últimos tempos, especialmente depois que havia começado a namorar. Miguel normalmente saia junto com ela e Luti, porque Pedro e Marcela sempre estavam presentes, mas Cat ainda era nova, tinha apenas 11 anos.

Ouviu barulho no corredor e abriu a porta, encontrando os pais no quarto de Cat.

A caçula estava realmente tendo falta de ar, e dessa vez a culpa era única e exclusivamente de Belle.

~*~

Belle e Miguel estavam na bancada da cozinha, comendo cereais. O pai os acordara quase perdendo a hora, pedindo que eles comessem depressa, antes que se atrasassem para o colégio. De acordo com ele, Cat não havia pregado o olho a noite toda, e além da falta de ar, estava com uma alergia horrível na pele.

_ Eu vou deixar vocês na escola e a mãe vai ficar aqui com a Cat. – avisou o publicitário, entrando na cozinha com a esposa. Ela beijou os dois filhos rapidamente, enquanto entregava as mochilas a eles – Se ela piorar...

_ Eu te ligo na hora. – garantiu a corintiana, beijando o marido – Boa aula crianças.

_ Valeu. Melhoras para a tampinha. – desejou Miguel, saindo com o pai. Belle ficou balançando as pernas no banco, sob o olhar atento da mãe.

_ Tudo bem, filha? – Giane atraiu a atenção da menina, que ergueu os olhos e assentiu, antes de sair correndo, deixando a mãe desconfiada.

No carro, Miguel e Fábio foram tagarelando sobre um jogo do São Paulo que seria naquela noite. Era dia de Belle ir no banco da frente, respeitando o rodízio combinado com os três filhos, e isso normalmente a deixava animada, mas não naquele dia. E isso não passou despercebido pelo pai.

_ Miguel, boa aula filho. – despediu-se o mais velho, segurando o braço de Belle – E você espere um segundo, mocinha. Quero saber o que está incomodando minha princesa. O Luti aprontou alguma coisa? Porque se aprontou, papai pode dar um jeito nisso.

_ O que? – ela pareceu confusa – Não, claro que não pai, o Luti não fez nada. Eu que fiz... É minha culpa a Cat estar passando mal.

_ E porque você acha isso? – questionou o publicitário.

Belle então narrou as idas frequentes de Cat para seu quarto, dizendo estar com falta de ar. Contou da discussão da noite anterior também, e de como percebeu que era fingimento, pelo menos até a menina sair de seu quarto.

_ Ela saiu emburrada, e logo depois eu vi você e a mãe no quarto dela. – explicou a mocinha – Ela tá chateada comigo, por isso teve crise.

_ Provavelmente. – concordou Fábio, coçando os olhos – Vamos fazer assim: você vai para a aula, eu vou para a agência. Hoje eu pego você e o Miguel na saída, e nós vamos direto para casa, e então você conversa com o Cat. Pode ser?

_ Pode. – ela beijou o rosto do pai, descendo do carro depressa. O publicitário pegou o celular, discando o número da esposa, que atendeu ao segundo toque.

_ A Belle e a Cat brigaram de madrugada.

_ Imaginei, ela estava estranha hoje. Sabe o motivo?

_ Aparentemente, Cat está com ciúmes da atenção da Belle para o Luti, e fingiu algumas crises para passar a noite com a irmã. A Belle descobriu e elas discutiram, e logo depois a Cat começou a passar mal.

_ Brigar por ciúmes do namorado é algo inédito. – riu Giane, acompanhada do marido.

_ Esse moleque está realmente nos passando para trás. – suspirou o homem – Bom, eu vou levar os gêmeos para casa na hora do almoço, aí elas duas conversam.

_ Acho melhor. Agora vou voltar para o quarto, que ela não para de arfar.

_ Conversa com ela, já adianta o trabalho. – ele propôs – Beijo, amor.

_ Adoro quando você me chama de amor, é tão melosinho. – ela desligou o celular sem dizer mais nada, deixando Fábio aos risos.

Na casa da família, Giane deitou ao lado de Cat, começando a acariciar os cabelos da filha, as duas em silêncio. Demorou um tempo para puxar conversa, pensando na melhor forma de abordar o assunto.

_ Vai me contar o que você e a Belle discutiram ontem? – resolveu ser direta, pegando a filha de surpresa – Ela contou para o pai de vocês que você estava fingindo ter falta de ar, para dormir com ela. O que você tem a dizer sobre isso?

_ Eu só queria ficar com ela, só isso. – admitiu a menina, sem encarar a mãe – Ela nunca fica comigo.

_ Filha, sua irmã já está em outra fase, já é uma mocinha. Ela está namorando o Luti, e é normal que ela fique bastante tempo com ele. – explicou Giane, afagando os cabelos da criança.

_ Eu sei, mas é chato. Porque ela só fica com o Luti e os amigos dela, e o Miguel também. E aí, você e o papai só ficam um com o outro, e eu fico sozinha. – bufou a caçula – Como eles estão sempre no shopping e no cinema, você e o papai não querem mais ir.

_ Você sempre vai ao cinema e no shopping, com a Gabi e com a Larissa.

_ Mas eu quero ir com vocês quatro, não com elas. Eu não sou filha da tia Marcela ou da madrinha, sou filha de você e do papai; e meus irmãos são o Miguel e a Belle, não a Gabi ou a Lari.

_ Catarina, você precisa entender que nós cinco não vamos fazer as coisas sempre juntos. – Giane explicava pacientemente – Você só está chateada porque ainda é muito nova, não tem a mesma liberdade que seus irmãos, e nem eles tem toda a liberdade que um dia terão. Conforme vocês forem crescendo, eu e seu pai vamos ir deixando vocês fazerem mais coisas sozinhos, e isso vai significar que vocês irão querer ficar cada vez menos tempo com nós dois. É natural, filha.

_Isso quer dizer que vocês nunca mais vão sair com a gente?

_ Claro que não, Cat. Nós não fomos na pizzaria que vocês gostam, semana passada? – ela confirmou – E outro dia ficamos assistindo aquele filme que você queria?

_ Mas o Miguel e a Belle não estavam juntos.

_ Jura que de tudo, você tinha que ter herdado a cabeça dura minha e do seu pai? – bufou a corintiana, enquanto a filha ria – Vamos por esse lado... Outro dia, você foi com o vovô Silvério no parque, não foi?

_ Sim.

_ E eu e o papai saímos almoçar com o Miguel e a Belle. Nesse ponto, você nos deixou de lado.

_ Mas o vovô e a vovó tinham me chamado para ir com eles, porque o Miguel e a Belle já são grandes para brincar com as outras crianças. – Giane arqueou a sobrancelha – Tá bom, acho que entendi.

_ Nós somos uma família, mas não nascemos colados. – a fotógrafa sorriu para a filha – Nem eu e seu pai fazemos tudo juntos, muito menos vocês tem que fazer isso. – Cat sorriu para a mãe – E olha só... Uma certa falta de ar sumiu.

_ É que você é uma médica muito boa. – a menina abraçou a mãe, bocejando – Acho que eu to com sono.

_ Garanto que não é só você. – sorriu a mais velha – Tá aí, algo que ainda podemos fazer juntas.

_ Dormir?

_ Sempre foi sua atividade favorita, porque você só dormia se eu ou seu pai estivéssemos grudados em você. – as duas sorriram cúmplices, se ajeitando embaixo das cobertas e adormecendo em silêncio.

~*~

Quando Fábio chegou em casa com os filhos mais velhos, encontraram o silêncio. Subiram para o quarto de Catarina, encontrando ela e Giane adormecidas, a menina totalmente aninhada com a mãe.

_ Que dupla de preguiçosas. – suspirou o empresário, beijando a cabeça da filha, enquanto as duas despertavam – Já é hora do almoço, sabiam?

_ Em minha defesa, a mocinha aqui não me deixou pregar o olho a noite. – Giane se espreguiçou, enquanto ria.

_ E como você está, hein anãzinha? – perguntou Miguel, sentando no pé da cama da irmã.

_ Bem melhor. Eu e a mamãe conversamos bastante. – garantiu a mais jovem – Desculpa ter mentido, Belle.

_ Desculpa não estar te dando atenção. – pediu a mais velha, sentando ao lado da irmã mais nova – Não era minha intenção te deixar de lado, Cat, eu garanto.

_ Eu entendi. – a menina abraçou a irmã mais velha.

_ Você não precisa mentir que está doente, caso queira ir ficar comigo de vez em quando, está bem? – Cat assentiu.

_ Ah, princesinhas do papai. – Fábio puxou as duas para um abraço, fazendo as meninas rirem – Vai Giane, pega o Miguel e vamos transformar isso em um momento melosinho.

_ Ah, qual é. – o garoto foi puxado pela mãe, apertado no abraço – Tá na garantia ainda? Vou devolver essa família de melosos.

_ Moleque, você está roubando as minhas piadas, vou lhe dar uns cascudos. – ameaçou o pai, enquanto os filhos riam – Bom... Já que a srta. Catarina está sentindo falta de momentos em família, que tal ela escolher um restaurante bem legal e nós irmos encher o bucho da tua mãe?

_ Que encher meu bucho, tá maluco? A draga dessa casa é você. – retrucou a corintiana, dando um beliscão no marido.

_ Vamos logo antes que essa briga vá longe. – Miguel puxou as duas irmãs, enquanto os pais ainda discutiam.


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Notas finais do capítulo

E ae?
Gostaram?
Não gostaram?
Digam o que acharam, ok?
Beeeijos