Aprendendo a Ser Uma Família escrita por WaalPomps


Capítulo 40
Pequenos arteiros


Notas iniciais do capítulo

Heeeey
To inlove por esse capítulo, e isso é fato consumado.
Espero que gostem *---*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/442631/chapter/40

Miguel abriu os olhos, encarando a janela de seu quarto. Chovia forte do lado de fora, e os relâmpagos cortavam o céu, causando grandes clarões de luz. O garotinho se encolheu mais na cama, abraçando sua bola de pelúcia e tentando voltar a dormir, mas não havia como.

Não tinha medo de ratos, baratas e até já tinha encarado uma aranha, mas se tinha algo que o assustava, era o desconhecido. Assim como havia sido com o mar, antes de entrar pela primeira vez, ele não sabia o que se escondia na tempestade, e tinha medo das coisas que podiam vir para “pegá-lo”.

Ouviu um barulho no corredor, e se encolheu embaixo dos lençóis. Sua porta foi aberta e um vulto passou por ela. Caminhou até sua cama e se sentou, acariciando sua cabeça.

_ Filho? – suspirou aliviado ao ouvir a voz da mãe, tirando o coberto da cabeça – Tá tudo bem meu amor?

_ Eu to com medo da chuva. – ele fez biquinho, arrancando um sorriso da mãe – Tá muito forte, mamãe.

_ Eu sei, por isso eu vim ver você. – ela avisou, o puxando para seu colo – Mas não precisa ter medo, a chuva tá lá fora. Aqui dentro, nós estamos protegidos.

_ Mas e os monstros? – perguntou ele, fazendo Giane suspirar – Podem ter monstros se escondendo na chuva.

_ Eu acho que você está vendo muito Power Rangers e Bem 10. – a mulher desabafou, acariciando a cabeçinha do filho – Vamos fazer assim... A mamãe vai deitar aqui, e esperar você dormir, tá bom?

Ele assentiu, deixando que a mãe deitasse ao seu lado e o abraçasse. Se aconchegou a ela, enquanto a ouvia cantarolar e sentia sua mão delicada acariciando seus cabelos. Não tardou a fechar os olhos, voltando a adormecer.

Tornou a acordar depressa, assustado com a luz sendo acesa. Sentou depressa, encontrando Belle, que parecia assustada.

_ Miguel, a Nina tá lá fora. – ela lembrou, e ele a olhou questionando – E se os trovões atingirem ela?

O garotinho arregalou os olhos, pulando para fora da cama. Foi até a janela, os dois olhando o jardim. Podiam ver a área coberta em que Nina ficava, e que ela estava sentadinha, observando a chuva. Mas e se ela resolvesse correr para a chuva e fosse atingida?

_ A gente tem que acordar a mamãe e o papai. – avisou ele, mas Belle negou.

_ Eu falei para o papai. Ele disse que ela tá segura ali. Mas eu não acho. – a garotinha bateu o pé – Miguel, a gente precisa tirar ela dali.

_ Mas tá chovendo muito. – ele se apavorou.

_ Miguel, você é um homem ou um saco de ratos ou uma batata?

_ Não entendi.

_ É porque você é menino, e menino é lerdinho. – Belle bufou – Vem, vamos pegar a Nina e levar ela pro meu quarto.

Ela foi para a porta, conferindo se não havia ninguém no corredor. Acenou que o irmão a seguisse, e assim ele o fez. Fecharam a porta do quarto e desceram as escadas com cuidado, tentando não fazer barulho.

Foram até a porta de correr, a encontrando trancada. Nina veio correndo, parando e sentando em frente ao vidro, entortando a cabeça e colocando a língua para fora.

_ A chave não tá aqui. – avisou Miguel.

_ Acho que o papai tira ela. – Belle supôs – Mas onde ele coloca?

Os dois saíram correndo, acendendo as luzes e procurando a chave. Miguel achou um molho de chaves e o apanhou em cima do aparador da TV. Correu até a porta, começando a testar todas, mas nenhuma funcionava.

_ Vamos tentar essas. – Belle apareceu com o chaveiro do carro da mãe, passando para o irmão, que era mais alto que ela.

Ele começou a testar as chaves, até a quarta funcionou. Eles sorriram, abrindo a porta. Porém, Nina não estava mais ali, e sim correndo na chuva, querendo brincar.

As crianças se entreolharam, antes de Belle sair correndo atrás da cachorra. Miguel arregalou os olhos, desesperado. Começou a olhar o céu e ao redor, procurando por algo, sentindo o corpo tremer.

Foi quando viu a irmã tropeçar e cair. Nina correu até ela, começando a lambê-la, mas a chuva ainda estava forte. O garoto sentiu o peito pesando e se desesperou, olhando para os lados compulsivamente, com medo que algo viesse.

_ Belle. – ele sibilou, a chamando. Mas ela estava segurando a perna, com cara de choro. – Caquinha.

Reunindo toda a coragem que tinha, correu pela chuva, abanando os braços para afastar os monstros. Chegou até a irmã, se abaixando e ajudando a se levantar. Começou a chamar Nina, para que ela os seguisse.

Colocou a irmã para dentro de casa, e arrastou a cachorra pela coleira. Belle ficou a segurando, fazendo que ela ficasse quieta. Por sorte, Nina não era de latir muito, e apenas ficou encarando a dona, a expressão de boba alegre em seu focinho.

Miguel trancou a porta e virou-se para as duas. Puxaram Nina pela sala e escada, Belle ainda mancando. Os coraçõezinhos quase saiam pela boca, tamanho era a animação e o medo que sentiam.

Eles passaram pelo quarto dos pais sem nem respirar, puxando a cachorra até o banheiro. Belle fechou a porta, correndo pegar as toalhas dos três irmãos. Se secaram com as próprias, usando a de Catarina para secar a cachorra.

Nina começou a ganir, e Miguel segurou seu focinho, desesperado.

_ Psiu, quietinha Nina. Se não, acorda o papai e a mamãe. – ele mandou, em voz baixa.

_ Vem, vamos levar ela pro quarto. – mandou Belle, abrindo a porta.

Guiaram a cachorra, tentando fazer o menos de barulho possível. Abriram a porta branca, toda enfeitada com borboletas. Miguel empurrou Nina para dentro, e eles entraram em seguida, fechando a porta.

_ Cat, volta a dormir. – mandou Belle, brava. A irmã caçula estava sentada no berço, mordendo seu ursinho. A garotinha sorriu – Droga.

_ Calma. – pediu Miguel, correndo até o berço. Soltou as travas laterais, como havia aprendido ao observar o pai. Baixou a grade e com alguma dificuldade, puxou a irmãzinha para fora do berço, a carregando até a cama de Belle – Fica quietinha.

Belle abriu o armário, procurando um coberto que havia visto a mãe colocar ali. O achou, colocando no chão e chamando Nina com a mão. A cachorrinha correu até ali, deitando deliciada. As crianças sorriram, fazendo um sinal de joinha com a mão.

_ E como a gente faz a Cat dormir? – perguntou Belle, e Miguel deu de ombros.

_ A mamãe deita com ela e fica cantando, até ela dormir. – lembrou o menino, e a irmã concordou.

Os dois deitaram na cama de Belle, com a irmãzinha junto. Começaram a cantar, mas isso só animava mais Catarina. Por fim, simplesmente ficaram deitados, olhando o teto do quarto, onde Fabinho havia colado várias estrelinhas que brilhavam no escuro.

E foi assim, que os três pequenos Campana caíram do sono.

~*~

A manhã chegou fria, com cheiro de chuva. Por ser sábado, Giane e Fabinho se permitiram dormir um pouco mais, sabendo que os filhos fariam o mesmo. Porém, quando a corintiana levantou para ir ao banheiro e constatou ser quase 10h, se assustou.

_ Fabinho, olha a hora. – ela acordou o marido, que se assustou – Eles aprontaram alguma.

_ Certeza. – disseram com um suspiro, naquela voz de pai que conhece o filho que tem.

Se levantaram, saindo do quarto e encontrando o piso todo molhado. Se entreolharam, começando a se preocupar. Abriram a porta do banheiro, encontrando o chão ensopado, além das toalhas largadas.

Seguiram pelo corredor, parando no topo da escada. Observaram o rastro de água, as luzes acesas, várias chaves jogadas na mesa da sala de jantar.

_ Me diz que eles não foram brincar na chuva. – bufou Fabinho, já começando a descer as escadas.

_ Se foram, já voltaram. – Giane apontou o rastro de água no corredor.

Seguiram para o quarto de Miguel, vendo-o vazio e com a luz acesa. Continuaram até o quarto das duas meninas, suspirando antes de abrir a porta.

Em um primeiro momento, o que viram foi os três filhos na mesma cama, aconchegadinhos um ao outro, cobertos pela manta de Belle. Sorriram com ternura, esquecendo que estavam bravos, até sentirem um par de patas em suas pernas.

_ Nina. – Giane gritou assustada, enquanto caia para trás e esbarrava na parede do corredor. A cachorra latiu animada, começando a lamber o rosto da dona – Fraldinha.

_ Vem aqui sua babona. – o homem puxou a cachorra pela coleira, voltando para dentro do quarto. Giane o seguiu, os olhos escuros de raiva, e encontrou os filhos sentados na cama, um sorriso amarelo no rosto.

_ Miguel e Isabelle de Sousa Campana, vocês estão completamente ferrados. – ela avisou, fazendo os filhos engolirem em seco.

~*~

Os gêmeos estavam sentados na sala, esperando o sermão da mãe. Ela já havia dado banho nos dois, além de remédio, já que as duas crianças haviam acordado tossindo.

Fabinho colocara Nina para fora, antes de limpar toda a sujeira que havia ficado dentro de casa. O cobertor havia ido para a casinha da cachorra, já que ela havia urinado nele.

Agora, ele estava com Catarina, os dois no chão, brincando com um livrinho de sons que a garotinha havia ganhado. Giane andava de um lado para o outro, pensando em como começar a bronca.

_ Porque, em nome de Deus, vocês resolveram arrastar a cachorra para o quarto de vocês? Se queriam brincar na chuva, era só falarem. – a mulher começou, tentando não ser grossa.

_ Mas a gente não brincou na chuva. – explicou Miguel.

_ É. A gente foi pegar a Nina no quintal de noite, porque tava chovendo muito. E se um trovão pegasse ela? – completou Belle, assustando os pais.

_ Vocês foram lá fora de madrugada? – eles assentiram – No meio da tempestade?

_ É papai, a gente não podia deixar a Nina lá pros monstros. – Miguel se exaltou.

_ Miguel, eu já falei que não existem monstros na chuva. – Giane massageava as têmporas.

_ Existem sim, mamãe. Eu tive que bater neles para tirar a Belle da chuva, porque eles derrubaram ela.

_ O que? – os pais se assustaram.

_ Ela caiu e não conseguia levantar. Eram os monstros segurando ela. – a irmã bufou, dando um peteleco em Miguel – Ai Belle, não precisa machucar.

_ Eu só cai e minha perna tava doendo. – a menina avisou, mas Giane se aproximou. Havia apenas supervisionado o banho dos dois, e portanto não vira a perna da filha. Ergueu a calça de moletom, encontrando um ralado.

_ Fabinho, pega o remédio na cozinha. – pediu ela, vendo Belle arregalar os olhos – Nem vem mocinha, tem que passar para desinfetar isso aqui.

_ Relaxa princesa, sua mãe é boa em cuidar de machucados na perna. – Fabinho deu um sorriso de lado, dando o remédio para a esposa. Ela passou no ralado, vendo a filha arfar de dor.

_ Calma que já passa. – a mulher assoprou, fazendo a ardência diminuir. Colocou o remédio de lado, suspirando – Crianças, vocês não podem fazer isso.

_ Mas a Nina tava na chuva. – protestou Miguel.

_ Não, ela estava na cobertura, dentro da casinha dela. – Fabinho corrigiu – Eu mesmo vi, hora que sai do quarto das meninas.

_ E se ela correu para a chuva, é normal. Ela é um cachorro, cachorros gostam de correr e brincar na chuva. – explicou Giane.

_ E vocês não devem abrir a porta de casa sozinhos, ou sair lá fora a noite. – Fabinho prosseguiu – Não existem monstros, mas existe gente ruim, que pode tentar entrar na casa dos outros para roubar coisas.

_ Que nem aconteceu na casa do Renan? – perguntou Belle, se referindo ao coleguinha de escola.

_ Isso. – o pai assentiu – E essas pessoas más podem se aproveitar de vocês abrirem a porta, e entrar aqui.

_ Mas a gente não deixa. – Miguel avisou, fazendo os pais sorrirem de lado.

_ Filho, nem tudo nós podemos evitar. Mas podemos tentar. – Giane explicou – E isso inclui não abrir a porta quando a mamãe e o papai não estiverem junto. A Nina é, além de tudo, um cão de guarda. Isso significa que, se alguém tentar entrar em casa, ela vai tentar impedir. Por isso ela precisa ficar lá atrás.

_ Mas a Nina é um bebê.

_ Não Belle, os cachorros são diferentes na idade. – Fabinho riu – Cada ano do cachorro, é igual a sete anos nossos. A Nina já tem quase um ano de cachorro, o que significa que ela tem quase sete anos de gente. Ela já é mais velha que vocês.

As crianças tentavam fazer as contas, enquanto os pais tentavam não rir.

_ Bom, vocês entenderam o que nós queremos dizer? – perguntou Giane, interrompendo o momento matemática. As crianças assentiram – Agora, o castigo de vocês.

_ Ah mamãe, precisa mesmo. – reclamaram.

_ Claro que precisa. Desobedeceram e fizeram coisa errada, vão ter castigo. – Fabinho concordou com a esposa.

_ Pra começar, o Miguel vai ficar uma semana sem ver esses desenhos de luta e monstros. – o menino bufou – E os dois estão sem TV hoje. Vocês vão no quarto das meninas, arrumar a bagunça que a Nina deixou. E eu vou supervisionar, entendido?

_ Tá bom. – as crianças levantaram do sofá, começando a se arrastar para a escada. Fabinho deu uma risada baixa.

_ Que foi criatura? – perguntou Giane, cerrando os olhos.

_ Pivete, eles são nossos filhos. Você achou mesmo que eles iam ser crianças quietas e comportadas? – ela o fuzilou com os olhos – Devo te lembrar quem tem uma cicatriz enorme no queixo, porque caiu de cima de uma árvore, enquanto tentava pegar uma bola de futebol?

_ Vai te catar fraldinha, vai te catar. – a corintiana bufou, levantando e saindo da sala, enquanto o marido voltava a fazer companhia a Catarina.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero morder eles, beijos pra vcs ;@