Na segunda semana de janeiro, os Campana, os Vasquez e os Cardoso encheram os carros e saíram rumo a um fim de semana em Ilhabela, na casa de um amigo de Plínio. Miguel, Belle, Marcela e Rafael mal se continham de ansiedade por afinal ver o mar de perto, já que os pais nunca os haviam levado. Já os adultos, estavam ansiosos por afinal retornarem a praia, depois de mais de quatro anos.

_ Acho que a última vez que passamos um final de semana na praia, você estava grávida de três meses. – comentou Fabinho, enquanto as crianças gritavam no banco traseiro.

_ Quase quatro. – corrigiu Giane – Antes disso eu vomitava por tudo, não conseguia descer a serra.

_ E a Camila e a Malu ainda estavam doidas para engravidar. – lembrou Fabinho, gargalhando – A minha irmã se trancou no banheiro com o Maurício e disse que não iam sair de lá até que ele fizesse o que precisava ser feito e... Ok, essa lembrança é nojenta.

_ Papai?

_ Diga minha princesa?

_ De onde vêm os bebês?

Fabinho engasgou, perdendo o controle da direção. Giane agarrou o volante, tentando manter o carro na pista, enquanto o marido se recuperava do choque.

_ Segura o volante fraldinha, antes que você cause um acidente. – mandou Giane, enquanto o homem pegava o controle do carro novamente, ainda um pouco em choque – Hã, porque você quer saber isso Belle?

_ Ué, a tia Mila tá grávida, você ficou grávida da Cat. – a menina explicou como se fosse óbvio – E eu não vi nenhuma cegonha traze a Cat.

_ É mesmo. E vocês falaram que é uma sementinha na barriga. Como a cegonha faria isso? – perguntou Miguel, fazendo os pais se entreolharem, tentando pensar no que responder – Então... De onde vêm os bebês?

_ Os bebês? Eles vêm, sabe... Ah, eles vêm da barriga das mamães. – concluiu Giane, tentando encerrar o assunto.

_ Isso a gente sabe. – bufou Belle.

_ A gente quer saber como eles vão lá dentro. – Miguel completou – As mamães engolem uma sementinha?

_ Engolem sementinha? – gargalhou Fabinho, recebendo um beliscão de Giane. Havia perdido uma ótima oportunidade de explicação.

_ Se elas não engolem a sementinha, como é? – repetiu Belle.

_ Tá bom, é assim... – começou Fabinho, e Giane engoliu em seco – Dentro de todas as mulheres, existem as sementinhas. E os homens tem uma mangueira especial. Aí, quando um casal resolve ter filhos, o homem pega essa mangueira e rega a sementinha.

_ E como ele faz isso? – perguntou Miguel – Pela boca?

Giane praticamente engasgou com a risada, enquanto Fabinho ficava mais perdido e nervoso. Ele começou a batucar no volante, tentando encontrar o que dizer.

_ Hã, é pelo umbigo. – o homem teve um estalo, e Giane quase passava mal segurando o riso.

_ E como coloca uma mangueira no umbigo? – perguntou Miguel.

_ É uma coisa que só acontece quando as mulheres querem que as sementinhas sejam regadas. É tipo uma mágica. – garantiu Fabinho.

_ E essa mangueira? Eu tenho? – perguntou Miguel.

_ Tem. – concordou Fabinho – Só que você ainda não sabe usar ela. Só vai aprender quando for mais velho, está bem?

_ O Pedro e Gabi já sabem usar a deles? – perguntou Belle, curiosa.

_ Porque bonequinha? – perguntou Giane.

_ Porque eu quero um neném. – a menina deu de ombros, fazendo Fabinho quase perder o controle do carro de novo, enquanto Giane gargalhava.

_ Não pode meu anjo. As meninas só podem ser mamães de nenéns depois dos...

_ Dos 30. – Fabinho cortou a esposa – É que o papai e a mamãe foram apressados. Mas só depois dos 30 anos você pode pensar em ter um bebê. Está bem?

~*~

_ Uma mangueira no umbigo? – Maurício caiu da cadeira em que estava, gargalhando. Caio não estava em melhor estado, engasgado com a cerveja que bebia. Fabinho resmungava, enquanto bebericava a própria cerveja.

_ E como vocês explicariam? – perguntou o publicitário.

_ Já passei por essa. – Caio sorriu – A Marcela me perguntou como que o bebê estava na barriga da Camila e eu expliquei que os homens ganham uma varinha mágica quando ficam adultos. E que eles apontam para a barriga das mulheres e fazem um feitiço, que faz o bebê entrar lá.

_ Droga, devia ter pensado nisso. – resmungou Fabinho, jogando a garrafa vazia na mesa – Eu não funciono sobre pressão.

_ Isso é uma verdade. – Giane dedurou, fazendo todos gargalharem. Fabinho a encarou de olhos arregalados, abismado – Te amo fraldinha.

_ Você tá praticamente me chamando de broxa e quer que eu fique como? – perguntou o homem – Giane, você feriu meus sentimentos.

_ Mais tarde eu deixo você me provar o quanto você é homem, está bem? – Giane deu um selinho em Fabinho, dando uma piscadela. Ele fez bico, enquanto via as crianças caminharem até eles.

_ Papai, você mentiu. Ou o tio Caio. – Belle disse irritada, cruzando os braçinhos.

_ Como assim meu amor? – perguntou Caio, curioso.

_ O papai disse que a sementinha do neném está na barriga da mulher, e o homem coloca a mangueira no bigo e rega a sementinha. – explicou Belle – E o tio Caio falou que o homem pega a varinha e faz o neném entrar lá.

_ Se virem agora. – mandou Maurício, bebericando sua própria cerveja.

_ Existem duas maneiras de colocar o bebê na barriga da mamãe. – explicou Fabinho – É que tem homens que não tem essa mangueira, ou ela é muito pequena para alcançar dentro da barriga.

_ E tem homens que não conseguem fazer mágica com a varinha. – Caio rebateu, os dois se fuzilando, enquanto Giane e Camila gargalhavam.

_ Eu posso fazer mágica? – perguntou Miguel.

_ Nem começa moleque. – rosnou Caio, enquanto todos riam.

_ Muito bem, vamos pro mar. – mandou Malu, se levantando – Giane, dá a minha sobrinha linda aqui.

A corintiana passou Catarina para a tia, enquanto ela e Maurício levavam os maiores em direção ao mar.

_ Vamos conversar sobre a mangueira pequena. – rosnou Caio.

_ Depois que a gente falar sobre a varinha que não faz mágica. – Fabinho devolveu, franzindo o cenho.

E Giane e Camila quase caiam das cadeiras de tanto rir.

~*~

_ Crianças, só coloquem os pezinhos, está bem? – mandou Malu, enquanto ela e Maurício se ajoelhavam com Cat, deixando que ela molhasse os pés na água.

Rafael correu até os pais, morrendo de ciúmes. Belle o seguiu, com ciúmes da atenção que a irmãzinha dava para os tios. Marcela e Miguel ficaram parados encarando o mar, ansiosos.

_ Vamos Miguel? – chamou Marcela, animada.

_ Hã... Melhor não. Aqui tá bom. – o menino sorriu amarelo, surpreendo a prima.

_ Você tá com medo? – perguntou a menina, e ele assentiu – Medo do que?

_ Dos monstros. – sussurrou Miguel – Eles podem pegar a gente.

_ Você não precisa ter medo.

_ E porque não?

_ Porque, se os monstros vierem em você, eu bato neles. – avisou Marcela – E se eles vierem em mim, você bate neles.

_ Mas eu tenho medo deles. – Miguel lembrou.

_ Quando quem a gente ama tá em perigo, a gente cria coragem. Que nem os heróis das histórias. – Marcela segurou a mão dele. O garoto sorriu para ela – Vamos?

_ Só se você for comigo.

_ Ah cara, eu to ferrado. – resmungou Caio, fazendo as crianças se virarem – Poxa princesa, assim você complica a vida do papai.

_ Porque papai? – perguntou a menina, ainda segurando a mão de Miguel.

_ Por que vocês dois são fofos juntos, e eu não consigo nem sentir raiva. – reclamou o fotógrafo, fazendo os amigos rirem.

_ Vamos entrar na água? – perguntou Giane, estendendo os braços para Catarina, que se atirou no colo da mãe.

_ Vamos dupla? – Fabinho pegou Belle no colo, estendendo a mão para Miguel.

_ Só se a Ma for junto. – garantiu o menino, se aproximando mais da priminha.

_ Deixa que eu levo eles. – suspirou Caio, pegando a filha e dando a mão para o afilhado. O homem caminhou até dentro da água, e conforme foi atingindo profundidade, puxou Miguel para seu colo também, começando a brincar com os dois.

_ O Caio reclama, mas vai ser o que vai ficar mais feliz com os dois juntos. – garantiu Camila, suspirando – Ai anjinho, espero mesmo que você seja menino. Ou seu pai vai morrer louco.

_ Vamos deixar de drama e entrar na água logo? – perguntou Fabinho, começando a caminhar na direção do amigo.

_ É impressão minha ou ele tá emburrado? – Malu arqueou a sobrancelha.

_ Ele tá com ciúmes do Caio com o Miguel. – avisou Giane, enquanto eles seguiam para dentro da água.