Aprendendo a Ser Uma Família escrita por WaalPomps


Capítulo 26
Maninho ou maninha?


Notas iniciais do capítulo

Sono de novo, beijos e apreciem o capítulo.



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Sempre existem grandes diferenças entre uma gravidez e outra. No caso de Giane, tudo era ainda mais diferente: sua barriga crescia mais lentamente, os enjoos passaram mais depressa, havia apenas um bebê com quem conversar.

E tinha o fato, é claro, que agora ela e Fabinho tinham que dividir as atenções e cuidados entre a gravidez e os dois filhos mais velhos, que apesar de muito animados, começavam a ficar mais ciumentos.

Parecia que a ficha deles começava a cair, de que não teriam mais que dividir a atenção dos pais apenas com o outro: teria mais uma pessoa para os pais cuidarem e darem atenção, o que significaria menos atenção para eles próprios.

_ Mamãe, vamo joga bola? – pediu Miguel, numa tarde quente de sábado. A primavera daquele ano estava mais quente que o usual, e para Giane, estava sendo um martírio.

_ A mamãe não pode jogar bola meu amor, você sabe disso. – ela se desculpou com o filho – Eu tenho que ficar quietinha, por causa do neném.

_ Ah mamãe, você tá chata. – reclamou o menino, emburrado – Você só fica deitada e deitada.

_ Miguel, você sabe que o bebê deixa a mamãe cansada. – Fabinho tentou conciliar – E tá calor... É perigoso a mamãe passar mal. O papai joga com você, vamos?

_ Não, eu queo a mamãe. – Miguel começou a fazer birra, fazendo os pais suspirarem.

_ Miguel, a mamãe não pode jogar bola. Se quiser brincar de alguma coisa sem correr, ela brinca com você. Se não, vai ter que jogar bola com o papai. – Fabinho se abaixou em frente ao filho, falando de maneira firma.

O menino bateu o pé, dando as costas aos pais e correndo escada acima. Os dois suspiraram, Giane fungando.

_ Não fica assim tranqueira. – pediu Fabinho, sentando no sofá e a abraçando – Eles vão acabar se acostumando e entendendo.

_ É só que eu me sinto mal, vendo eles assim. – ela explicou, secando os olhos – Eles ficam tão chateados.

_ Eu vou conversar com ele. – prometeu o publicitário, beijando a testa da esposa – Eu acho que a Belle está brincando de bonecas no quarto de brinquedos... Fica lá com ela um pouco, vai se sentir melhor.

A corintiana concordou, levantando do sofá. Uma das coisas que mais gostava nessa gravidez era a barriga pequena. Aos quatro meses e meio dos gêmeos, já tinha dificuldade para andar e dor nas costas. Agora, quase nem percebia que a barriga estava lá. Mas talvez fosse porque estivesse esperando uma barriga enorme.

Enquanto a esposa ia para o quarto de brinquedos, onde Fabinho ouvia a filha conversando com as bonecas, ele foi para o quarto de Miguel. Sabia que o filho se enfiava lá quando estava chateado, na certa brincando com seus heróis de brinquedo.

_ Miguel? – ele bateu na porta, vendo o menino de costas – Posso entrar?

_ Não. – Fabinho riu, entrando.

_ Você sabe que eu vou entrar do mesmo jeito, não é? – o menino deu as costas quando o pai sentou ao seu lado – Miguel, olha para o papai.

_ Não queo. – reclamou o menino.

_ Miguel Campana. – o pai ergueu o tom, fazendo o filho suspirar. O pequeno virou para ele, o encarando – Vamos conversar? De homem para homem?

_ Tá bom. – o menino soltou os brinquedos, cruzando os braçinhos.

_ Eu sei que você e a Belle estão com ciúmes. – ele tentou falar, mas Fabinho impediu – Eu conheço vocês dois, Miguel. Sei como agem quando estão com ciúmes. E você está morrendo de ciúmes. Por quê?

_ Poque você e a mamãe só vão liga po bebê, e não vão binca comigo e a Belle. – Fabinho suspirou, estendendo o braço. O pequeno levantou, indo para o colo do pai. O homem o sentou na perna, acariciando as costas do filho com carinho.

_ Miguel, você acha que eu ou a sua mãe amamos você mais do que a sua irmã? – ele negou – Ou amamos ela mais do que você? – ele negou novamente – Então... Porque você acha que vamos amar mais o novo bebê?

_ Poque sim. Meu amigo da escola disse que, quando o maninho dele nasceu, o papai e a mamãe dele só cuidavam do bebê. – Miguel explicou e o pai negou.

_ Campeão, quando neném é pequeno, ele precisa de mais cuidados. Ele não anda, não fala, não come sozinho... Você e a Belle também eram assim, e eu e a mamãe cuidávamos de vocês o dia inteiro, a noite inteira. E quando o irmãozinho de vocês chegar, vamos fazer isso com ele também. Mas isso não quer dizer que não vamos mais brincar com vocês, dar carinho para vocês, amar vocês.

_ Mas a mamãe num joga mai bola. – reclamou o filho.

_ Miguel, nós não explicamos que quando a mulher tá grávida, é mais fácil de ela ficar dodói? – o pequeno assentiu – Então... Se a mamãe jogar bola, ela pode cair e se machucar, além de machucar o bebê. A gente não deixa vocês ficarem no sol forte porque faz mal, faz mal para a mamãe também. Você quer que a mamãe ou o bebê fiquem dodóis?

_ Não. – o menininho arregalou os olhos, assustado – Eu não queo que eles fiquem dodói papai, não deixa eles fica dodói.

_ Calma campeão, ninguém vai ficar dodói. – prometeu Fabinho – Se a gente tomar cuidado, não vai acontecer nada, tudo bem?

O menino concordou, abraçando o pai apertado. Fabinho riu, beijando a cabeça dele.

_ Quer ir na casa do vovô, entrar na piscina? – perguntou Fabinho – O sol já tá mais fraco, e na piscina a mamãe não faz esforço e não passa mal.

_ Podemos? – os olhos do pequeno brilharam, enquanto o pai concordava.

_ Mas primeiro, você vai pedir desculpas para a mamãe por ter feito chilique. – mandou o pai, o levantando. Ele se levantou logo atrás, seguindo Miguel pelo corredor.

_ Mamãe? – o menino entrou no quarto de brinquedos, correndo para abraçar a mãe. Giane largou a boneca de Belle, abraçando o filho – Deculpa faze chilique. – ele pediu – Não queo você e o maninho dodói.

_ Tudo bem meu amor. – ela beijou o filho – Desculpa a mamãe não poder brincar com você.

_ Não tem poblema. – Miguel garantiu – Você pode i na piscina.

_ Ah, nós vamos na piscina? – ela encarou o marido, que assentiu – Nesse caso, corre trocar de roupa. Você também Belle. Vamos levar o maninho para nadar.

~*~

_ Então crianças... Prontas para descobrir se vão ter um irmão ou irmã? – perguntou Dra. Carla, colocando gel na barriga de Giane.

_ Sim. – Belle parecia ansiosa, Miguel emburrado.

_ Que foi filhão? – perguntou Fabinho.

_ Nada. – o menino resmungou, e os pais deram de ombros. A médica começou o exame, e logo todos olhava a tela.

_ Tem alguém com as perninhas cruzadas. – avisou a médica – Parece a Belle.

_ Hey, anjinho... Descruza as pernas para o papai e a mamãe, por favor. – Fabinho tornou a falar, fazendo a esposa rir – Crianças, peçam para o bebê abrir as perninhas.

_ Vai maninho, abe a pena. – pediu Belle.

_ É, abe. – pediu Miguel.

A médica apertou um pouco, e novamente o bebê descruzou as perninhas, fazendo os pais e a irmã sorrirem. Carla analisou, sorrindo.

_ Bom... Pelo visto as moças dessa família são todas educadas. – o casal sorriu largo.

_ É menina? – perguntou Fabinho, e médica confirmou – Outra menina amor. Mais uma princesinha. – o homem beijou a esposa, os dois sorrindo.

_ Sim. – Miguel comemorou.

_ Não. – gritou Belle – A pincesinha do papai sou eu.

_ Belle... – Giane tentou falar, mas a filha chorava.

_ Não, não, não. – ela gritava, descendo da cadeira – Eu sou a pincesinha, só eu. É maninho, não maninha.

_ Isabelle...

_ Não. – ela bateu o pezinho – Eu não queo mais que o bebê venha.

~*~

Nos dias seguinte ao exame, Isabelle não desarmou. Todo mundo havia tentado falar com ela, mas a menina não queria saber. Se citassem a irmã mais nova, ela fechava a cara e dizia que não tinha irmã. Que Giane e Fabinho só tinham ela e Miguel, e sempre seria assim.

Fabinho já havia tentado de tudo, sem resultado. Ele tentava poupar Giane, com medo que ela ficasse nervosa e fizesse mal ao bebê, mas toda a situação já estava fazendo mal a corintiana. Ela sentia falta da doçura da filha, dos momentos de carinho, já que Belle se recusava a chegar perto da mãe por conta do bebê estar na barriga dela.

_ Amor, eu não sei mais o que fazer. – choramingou Giane – Eu não aguento mais a Belle longe de mim, eu preciso da minha filha.

_ Calma pivete, eu vou dar um jeito nisso.

_ Não amor, deixa comigo. – pediu Giane, acariciando o rosto dele – Eu vou falar com ela, tá bom?

_ Não vai te fazer mal? – ela negou.

_ Mau tá me fazendo ficar longe da minha filha. Eu preciso dela. – garantiu a grávida, pegando a bolsa – E eu já sei exatamente o que fazer.

Ela caminhou para fora do quarto, após ter vestido a bata mais larga que tinha, para disfarçar o máximo a barriga. Foi até o quarto da filha, vendo-a conversando com uma boneca. Sorriu para a cena, constatando o quão diferente de si Belle era.

_ Belle? – chamou, e a filha se virou depressa. Ao ver a mãe, fechou a cara e voltou a atenção para a boneca – Belle, filha... Olha para mim, por favor.

Ela se abaixou ao lado da menina, acariciando o cabelo dela. A pequena a olhou de canto, analisando a mãe.

_ Quer ir no shopping com a mamãe? – Belle negou – Vamos princesa... A gente tem que comprar um vestido para você ir na festinha da Marcela. A roupinha do Miguel eu já comprei, falta a sua.

_ A Dida compra. – ela rebateu, fazendo Giane suspirar.

_ Vamos princesa... – pediu Giane – Só nós duas, sem o papai ou o Miguel. Tarde das meninas.

_ E o bebê? – a garotinha apontou a barriga da mãe. Giane ficou de pé.

_ Você tá conseguindo ver a barriga da mamãe? – ela negou – Então, ninguém vai ver. Vai ser só nós duas. Prometo.

~*~

Por ser dia de semana e durante a tarde, o shopping estava vazio. Giane caminhava de mãos dadas com a filha, que ainda parecia um pouco arredia. Havia puxado bastante assunto no carro, fazendo com que ela se soltasse, mas ela respondia monossilabicamente.

_ Pode ser essa loja? – ela apontou uma loja de roupas infantis de todas as idades, na qual Belle sempre gostara de ir.

_ Pode. – a menina concordou, e as duas entraram. Logo, Belle corria entre os vestidos, os olhinhos brilhando. Giane se abaixou ao lado dela, ajudando-a a escolher os vestidos que iria provar de acordo com o tamanho.

_ Vamos experimentar esses? – perguntou Giane, quando já tinham separado vários.

_ Mamãe, isso é vetido de boneca? – Belle mostrou um vestidinho minúsculo – É peteno.

_ Não meu anjo, isso é vestido para bebê recém-nascido. – explicou a mãe – Você tinha um igualzinho quando nasceu... Seu pai que escolheu.

_ Sério?

_ Uhum. Ele disse que parecia de princesinha, então ele queria comprar para você. – a mãe contou sorrindo, vendo os olhinhos da filha brilharem – Quer levar para a sua boneca?

_ Pode? – Giane concordou – Bigada mamãe.

_ De nada princesa... Vamos experimentar os seus vestidos?

No provador, Belle desandou a tagarelar, falando tudo que havia guardado nos últimos dias. Giane sorriu, vendo que tinha conseguido fazer dar certo. Pelo menos a filha havia baixado a guarda. Agora só precisa fazê-la se acalmar em relação a nova irmã.

_ Mamãe, cando o neném nasce, ele é do tamanho da boneca? – perguntou Belle, observando o vestidinho.

_ É sim filha. Por isso que você e a Marcelinha chamavam o Matheus de bonequinho. – a menina riu. Logo, assumiu uma expressão pensativa – Que foi princesa?

_ Mamãe, quando a bebê nasce, eu ainda vo se sua pincesa? – perguntou ela, e Giane sorriu.

_ Você vai ser sempre a minha princesa. – garantiu Giane – Mas um castelo pode ter mais que uma princesa, não é?

_ Pode... – concordou Belle, pensativa – E o papai não vai gota mai dela, né?

_ Ele vai gostar de vocês duas e do Miguel igualmente. – garantiu Giane – Nós dois vamos. Nem mais, nem menos. Nossas duas princesinhas e nosso campeão.

Belle correu até a mãe, pulando no pescoço dela. Giane ajeitou a filha no colo, a abraçando apertado.

_ Eu goto de Lilian. – sussurrou Belle, e a mãe se afastou, a encarando – Ou Cataina. Você gosta?

_ Eu adorei os dois. – garantiu Giane – Mas de qual você gosta mais?

_ Acho que Cataina. – ela fez uma carinha pensativa – É bem bonito.

_ Você gostaria se sua irmãzinha chamasse Catarina? – Belle concordou – Então tá decidido... Catarina de Sousa Campana.

_ Sério? – os olhos de Belle brilharam, fazendo a mãe sorrir – Mamãe, eu num falei de vedade cando disse que não queia que o bebê nascesse.

_ Eu sei princesa. Mas tem que tomar cuidado com o que fala, tudo bem? – Belle assentiu – Agora dá outro abraço na mamãe, que eu tava morrendo de saudades de você.

A pequena abraçou a mãe apertado, ficando assim por um tempo. Depois, se afastou, erguendo a bata da mãe.

_ Maninha, a gente vai compa um vetido bem bonito pa você, tá bom? Paece de pincesa.

_ Acho que ela gostou. – Giane abriu um sorriso enorme – Dá a mãozinha filha. Acho que sua irmãzinha tá chutando para falar com você.

A mãe pegou a mão da filha, colocando na sua barriga. Logo, Belle sorria de orelha a orelha, sentindo os chutinhos da irmã.

_ Ela goto? – Giane concordou.

_ Eu acho que ela está mais feliz ainda porque você está falando com ela. – contou a grávida – Porque ela nunca tinha chutado.

Belle sorriu de novo, abraçando a barriga da mãe. Giane acariciou os cabelinhos dela, tentando não chorar. Ficaram algum tempo ali, antes de pegarem as roupas e irem para o caixa.

_ Esse aqui é presente? – perguntou a vendedora, mostrando o vestido pequeno.

_ Nããão, é pa minha maninha. – explicou Belle, apontando a barriga da mãe – Ela é uma pincesinha, que nem eu.

_ Ah sim, desculpe. – a vendedora sorriu para Giane, que ria da filha – Espero que ela seja tão bonita quanto você.

_ Ela vai né, o papai e a mamãe são boitos, eu e o Miguel também. E ela também. – as mais velhas riram, enquanto Giane pegava a sacola – Tchau moça.

No caminho de casa, foram ouvindo o CD do Skank que Giane tinha no carro, Belle cantando as músicas todas erradas, as duas gritando juntas os refrãos.

Já em casa, entraram em casa rindo, encontrando Fabinho e Miguel na sala, assistindo um episódio de Liga da Justiça.

_ Nossa, como estão bem humoradas as minhas meninas. – Fabinho levantou, e Belle correu para o colo dele. Ele a ergueu, beijando seu rosto – Comprou alguma coisa bonita?

_ Compei um vetido de pincesa pa Cataina. – contou ela, estendendo a mão para a mãe, pedindo o vestido.

_ E posso saber quem é Catarina? – Fabinho arqueou a sobrancelha.

_ A minha maninha né papai? – Belle perguntou o óbvio, enquanto pegava o vestido com a mãe – Olha, parece de pincesa.

_ To vendo. – o homem sorriu, encarando a filha – Então sua irmã vai chamar Catarina?

_ Uhum. E ela goto do nome. E do vetido. Ela chutou pa mim papai. – Fabinho sorriu para a animação da filha – Não é legal?

_ É sim princesa, muito legal. – ele a abraçou apertado – E eu gostei do nome que você escolheu. Catarina é muito bonito.

_ Bigada. – ela se aninhou no pai, enquanto o casal Campana trocava um olhar sorridente. Fabinho se aproximou, dando um selinho na esposa.

Ela realmente sempre sabia o que fazer.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado hihi'
Beeeijos