Aprendendo a Ser Uma Família escrita por WaalPomps


Capítulo 20
Nem tudo é como se espera


Notas iniciais do capítulo

Hello gente, sei que já postei um capítulo hoje, mas eu estava ansiosíssima para postar esse.
No final explico direito, ok?



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Grávida. Grávida. Grávida de novo. Mais um bebê. Ou dois. Quem sabe três?

Isso rondava a mente de Fabinho, enquanto observava a mulher afundar o rosto nas mãos, os ombros tremendo. Eles teriam mais um filho, sendo que ele não conseguia nem passar um dia com os dois que tinham sem morrer louco.

_ Você tem certeza Giane? – ele perguntou, com a voz engasgada. Ela puxou um papel da bolsa, entregando para o marido. Ele conhecia bem aquele papel, tinha um idêntico na primeira página do álbum dos gêmeos. O que confirmava a gestação de um bebê.

_ Mamãe, papai? – chamou Miguel, entrando na cozinha – Tá bem?

_ Tá tudo bem sim, meu amor. – Giane levantou depressa, caminhando até o filho e o pegando do chão – Vamos brincar com a Belle? A mamãe tava morrendo de saudade de vocês dois.

Fabinho ficou encarando a parede, chocado. Lia a palavra “positivo” e pensava, pensava, pensava. Suspirou, enfiando o rosto entre as mãos e deitando a cabeça no balcão. Sentiu as mãos da esposa em seus ombros, e um beijo na nuca. Virou-se, sentando Giane em sua perna. Se encararam em silêncio.

_ Como você está se sentindo? – perguntou ele, a abraçando mais apertado.

_ Confusa. – admitiu ela, deitando a cabeça no ombro dele – Eu não sei o que pensar, na verdade.

_ Acho que nós dois estamos bem surpresos. – concordou Fabinho, acariciando as costas dela – Isso foi inesperado.

Giane apenas assentiu, se aninhando ao marido manhosamente. A verdade era que, apesar de sempre brincarem sobre terem mais filhos, nunca haviam conversado sobre isso com de maneira direta.

E não é que estivessem tentando algo, não se precavendo. O problema era que os gêmeos haviam voltado a acordar a noite, por conta de pesadelos. E sempre que as coisas esquentavam, eles choravam e faziam os pais os acudirem. Os momentos a dois estavam cada vez mais escassos, e quando aconteciam... Bom, eles não pensavam muito nos cuidados.

_ Bom, se nós conseguimos lidar com dois, conseguiremos lidar com três, certo? – perguntou ele, acariciando o rosto da esposa. Ela sorriu, lhe dando um selinho – Contamos para as crianças agora, ou esperamos um pouco?

_ Melhor acabarmos logo com isso. – Giane suspirou – Só não sei se eles vão entender isso direito.

_ Bom, vamos tentar. – ele a levantou, a abraçando pela cintura. Caminharam até a sala, encontrando as crianças brincando – Anjinhos, venham aqui com o papai e a mamãe.

O casal sentou no sofá, estendendo os braços para os filhos. Miguel pulou nos braços da mãe, enquanto Belle se acomodava no colodo pai.

_ Crianças, vocês lembram que, antes do Matheus nascer, a tia Luz tava com um barrigão? – perguntou Fabinho, vendo as crianças assentirem – Então... Tem um bebê dentro da barriga da mamãe.

_ Neném? – os dois encararam a barriga lisa da mãe, confusos. O casal riu.

_ É, anjinhos, tem um neném aqui dentro. Mas ele ainda é muito pequenininho. – explicou Giane – Agora ele vai crescer aqui dentro, e quando ele estiver do tamanho que o Matheus era, ele vai sair daqui. Entenderam?

_ A baiga da mamãe vai tescer? – perguntou Belle, e os pais concordaram.

_ Conforme o bebê for crescendo, a barriga da mamãe vai crescer junto. – Fabinho colocou a mão na barriga da esposa – Mas vai ser bem devagarzinho.

_ É meino ou meina? – perguntou Miguel, agitado.

_ É muito cedo para saber. – riu o pai, beijando a cabeça do filho – Acho que devíamos ter esperado sua barriga estourar.

_ Não. – Giane negou – É bom ver a animação deles. Me faz sentir melhor.

_ Melhor? – Fabinho arqueou a sobrancelha, mas Giane negou.

_ Esquece. – ela sentou Miguel no sofá – Eu vou tomar um banho, amor.

~*~

_ Devo dizer que fiquei felicíssima quando soube que você estava voltando para acompanhamento pré-natal. – a Dra. Carla sorriu para o casal Campana – Especialmente porque eu estava louca para ver esses anjinhos de novo.

_ Te garanto que eles também estão muito felizes. – disse Giane, sentando na cadeira com Belle no colo – Especialmente porque nós dissemos que poderíamos ver o bebê.

_ Então vá se trocar. Eu vou tentar explicar para eles como veremos o bebê. – sorriu a médica, indicando o biombo.

Pouco tempo depois, Fabinho segurava Belle, enquanto Miguel estava de pé na cadeira. Giane estava na maca, com a barriga exposta. A médica pegou o bastão do exame, despejou gel na barriga de Giane, e começou a deslizar o aparelho.

_ Miguel, Belle, fiquem de olho aqui. – Carla apontou a tela, vendo os olhos das crianças cravados ali – Agora, o irmãozinho de vocês é bem pequeno, parece um feijãozinho. E é disso que ele tem a forma, de um pequeno feijão. Então, não estranhem, está bem?

_ Tá bem. – concordou a duplinha, quicando ansiosa.

_ E aqui está ele. – ela apontou o formato na tela, fazendo as crianças arregalarem os olhos, maravilhadas – Querem ouvir o coraçãozinho dele?

_ Ouvi o toação? – perguntou Miguel, e a médica concordou.

_ Sim, o aparelho deixa a gente ouvir o coraçãozinho do bebê. Depois, podemos pegar um para ouvir o coração de vocês. – explicou Fabinho – Agora, vamos ficar quietinhos, está bem?

A médica apertou um botão, fazendo o som do coraçãozinho batendo preencher a sala. Os olhos de Giane e Fabinho se encheram de lágrimas instantaneamente, enquanto as crianças se encaravam, maravilhadas.

_ Estão ouvindo, anjinhos? – perguntou Giane, encarando a tela – É o coração do irmão de vocês.

_ Maninho. – sorriu Belle – É meino?

_ Não sabemos ainda Belle, o bebê é muito pequeno. – Carla explicou, enquanto os adultos riam – Mas vamos chamar de maninho, está bem?

~*~

_ Ai, como meu sobrinho é lindo. – cantarolou Malu, observando as fotos do ultrassom.

_ Se puxar os irmãos, vai ser um bebê Johnson. – sorriu Fabinho, brincando com Rafael.

_ E de quanto tempo você está, querida? – perguntou Irene, observando a nora abraçada com o pai.

_ Bom, quando eu fiz o exame de sangue no hospital, o médico deduziu seis semanas. – ela fez as contas – Demorei uma semana parai ir à médica, e já faz alguns dias... Devo estar com algo entre oito semanas.

_ E você tá enjoando muito? – perguntou Margot – Porque com os gêmeos você praticamente só vomitava.

_ Bom é que não to. – admitiu a corintiana – Mas com os gêmeos também demorou um pouquinho, mas talvez dessa vez eu saia ilesa. Se Deus quiser.

Todos riram, ouvindo Plínio descendo com as crianças. Marcela e Belle vinham com suas bonecas, enquanto Miguel e Pedro carregavam diversos carrinhos, e Plínio trazia Matheus nos braços.

_ E o prêmio de avô babão do ano vai para: Plínio Campana. – brincou Kevin, abraçado com a namorada, Sarah.

_ E logo vai ter mais um para eu mimar. – riu o cineasta, entregando o neto caçula para a mãe.

_ Espero que seja menina, para deixar bem equilibrado. – Dorothy sentou com os sobrinhos – Se bem que a Marcela não é neta de sangue.

_ E o Matheus também não. – lembrou Luz – Mas sangue não é o mais importante, maninha.

~*~

_ Já coloquei os dois no berço. – avisou Fabinho, entrando no quarto – Tem certeza que você está bem?

_ Só to um pouco enjoada. – garantiu a corintiana – Acho que não vou sair ilesa, apesar de tudo.

_ Acho que no fim, foi um susto bom. – ele riu, deitando e puxando a mulher para seus braços – Assim como o Miguel e a Belle.

Giane sorriu, dando um selinho no marido. Se aninhou a ele, fechando os olhos.

~*~

O relógio marcava quase meia noite e meia quando Giane sentou na cama, arfando. Ela apertou a barriga com força, gemendo de dor.

_ Fabinho. – sussurrou ela, chacoalhando o marido – Fabinho.

_ Que foi pivete? – ele piscou os olhos – As crianças tiveram pesadelo?

_ Não... – ela gemeu – Fabinho, eu to sangrando.

~*~

Não sabia quantas vezes já havia estado na emergência daquele hospital, mas sabia que a única boa havia sido o parto dos gêmeos. E realmente torcia para que a seguinte fosse o nascimento do novo bebê, mas alguém parecia não concordar com os planos de Fabinho.

Ele ajudou Giane a andar para dentro do hospital, já que ela se negava a deixar que ele a carregasse. Era como se no fundo, ela soubesse que já era tarde demais. E mesmo sem querer admitir, ele também sabia.

Ficou sentado na sala de espera, revirando a aliança no dedo, pensando se deveria ligar para Irene e perguntar das crianças. Provavelmente era melhor esperar mais notícias, assim evitaria vários interrogatórios.

_ Fábio Campana? – o médico de Giane apareceu. Fabinho levantou depressa, mas já sabia a resposta antes mesmo dela sair da boca do médico. Segundo ele, o embrião já estava morto há alguns dias, mas só agora o corpo de Giane o estava expelindo. O publicitário teve que conter o impulso de socar o médico pela maneira como ele falava de seu filho, mas sabia que o homem estava fazendo apenas seu trabalho.

_ A Giane já sabe? – o médico confirmou.

_ Já fizemos a coleta do embrião, agora ela está um pouco grogue. Em uma hora já poderá levá-la para casa se não houver complicações. – o homem assentiu, seguindo para o quarto que o médico indicou. Não sabia o que esperar, não sabia como deveria agir. Claro que a gravidez havia sido um susto, mas um susto que eles gostaram, assim como havia sido com Miguel e Belle. E agora, ter isso interrompido tão bruscamente...

Abriu a porta, encontrando Giane adormecida. O rosto da mulher estava pálido, mas não parecia indicar choro. Sentou ao lado dela, pegando sua mão e depositando alguns beijos, mas ela não se mexeu. Se preocupou e chamou a enfermeira, que disse ser efeito colateral do remédio. Colocou um pano com álcool sobre o nariz de Giane, que piscou, grogue.

_ Daqui a pouco o doutor virá liberá-la. – garantiu a enfermeira – Com licença.

_ Como você está? – perguntou Fabinho, sentando na beirada da cama. Giane deu de ombros, sem encará-lo – Giane...

_ Como estão as crianças? – perguntou ela, cortando o marido – Eles perceberam alguma coisa ou não?

_ Não liguei para minha mãe ainda. – ele suspirou, encarando o celular – Vou ligar quando já estivermos em casa. Não estou com muita cabeça para isso no momento.

_ Não os deixe preocupados. – mandou a mulher – Avisa que tá tudo bem. Aconteceu o que tinha que acontecer.

_ Giane. – o publicitário se horrorizou, mas a esposa apenas deu de ombros.

_ O que você quer que eu diga? – perguntou ela – Ou faça? Ele estava morto, eu não pude fazer nada. Nada. Simplesmente não era a hora de termos outro filho, ou não devamos ter outro. Não sei.

Fabinho levantou da cama depressa, saindo do quarto com a garganta fechada. Sabia que ela estava sofrendo, conhecia muito bem a esposa. Só não esperava que ela fosse externar isso de uma maneira tão... Horrível.

Ligou para Irene, que esperava por notícias. Avisou que infelizmente o bebê realmente havia sido perdido, mas que Giane estava bem e logo teria alta. Pediu que ela cuidasse de Miguel e Belle durante a noite, que os pegaria depois do café da manhã. Achou melhor ninguém ir à casa deles, não parecia um bom momento.

Em seguida ligou para o sogro, e repetiu o que havia dito antes. Quando ele o perguntou como Giane estava reagindo, Fabinho apenas suspirou e disse:

_ Sendo a Giane.

Mandou mensagem para Malu, Camila e Érico, sabendo que logo a notícia se espalharia de todo jeito. Nem bem havia voltado para o quarto do hospital quando as duas comadres responderam, dizendo que se ele precisasse, deveria avisar na hora. Irene deveria ter avisado Malu, que repassou para Camila. Logo já estaria sendo anunciado no Jornal Nacional.

Quando abriu a porta do quarto, Giane já estava vestida, sentada na cama a sua espera.

_ O médico me deu alta. Podemos ir? – ele assentiu, se aproximando dela – Eu consigo andar, relaxa.

Mas ele não aceitou, e a apoiou do mesmo jeito. Ela se manteve distante, e ele não se opôs. Foram até o carro em silêncio, e isso se seguiu até em casa. Ele ignorou os protestos, a carregando escada acima. Deixou-a na porta do quarto, descendo as escadas e seguindo para os fundos.

Ali, sentado no campinho de futebol, diante da lua, deixou que o pranto viesse e libertou o sofrimento pela perda do filho.

~*~

Virou-se desconfortável no sofá, esfregando os olhos e resmungando pela claridade. Havia preferido não voltar para o quarto, não querendo se desentender com Giane. Se levantou, estralando o corpo todo, e se arrastou escada acima.

Entrou no quarto, encontrando a esposa adormecida. Não fez barulho, apenas pegou uma troca de roupa e foi para o banheiro do corredor, tomar uma ducha quente. Tinha que ficar apresentável para buscar os filhos, e tentar lhes explicar que o bebê na barriga da mamãe, não chegaria mais.

~*~

_ Entra meu filho. – Irene abriu a porta, puxando Fabinho para dentro. Ela abraçou o homem, que se permitiu desfrutar do momento de carinho – Como você está? E a Giane?

_ Ela estava dormindo quando eu saí. E eu estou indo. Tentando lidar com isso, por ela e pelas crianças. – ele foi sucinto, afinal não estava para conversa.

_ Eles estão no quarto do Pedro. – ela avisou, e ele assentiu, subindo atrás dos filhos. De acordo com Irene, eles haviam achado mágica dormirem em suas camas e acordarem na bicama do tio.

_ Papai. – Belle foi a primeira a vê-lo, se atirando em seu colo – Viu te magita? Nós teletransvoamos. – Fabinho não conseguiu evitar sorrir.

_ Eu vi... Agora peguem as coisas de vocês. Está na hora de ir para casa. – avisou ele, se aproximando de Pedro e Miguel.

_ Ah Binho, vocês não podem almoçar aqui? – pediu Pedro, mas o mais velho negou – A Giane tá dodói de novo? Ela vive ficando dodói.

_ Mais ou menos. – respondeu, com a garganta apertada – Miguel, dá tchau pro Pedro e vamos.

As crianças pareceram sentir o clima estranho e tenso. Os gêmeos deram tchau para o tio, descendo em silêncio com o pai. Se despediram da avó, e entraram no carro sem soltar um pio. Fabinho matutava em sua cabeça como explicar o ocorrido, quando Miguel chamou sua atenção.

_ Papai, pote não leva a mamãe no opital? – perguntou ele, deixando Fabinho confuso – Pa ve se tá tudo bem tom ela e o maninho.

_ Hã, campeão, o papai levou ela no médico. – ele suspirou – Acontece que o irmãozinho não está mais vindo.

_ O que? – os gêmeos gritaram, fazendo Fabinho agonizar pelo desespero em suas vozes. Ele tentou se acalmar, respirando profundamente.

_ É assim... Tem uma fila bem grande lá no Céu, onde todos os bebês ficam. Mas o seu irmãozinho ou irmãzinha devia ser bem arteiro, que nem vocês dois. E aí, o Papai do Céu falou que ele vai ficar pensando nas artes que fez, para aprender a se comportar melhor, e isso quer dizer, que ele vai demorar um pouquinho para poder vir para cá. – ele tentou explicar da maneira mais doce que podia, sem causar sustos ou sofrimento as crianças.

_ E a baiga da mamãe vai ficar tescendo? – perguntou Belle.

_ Não querida... Como ele vai ter que ficar lá um tempo, o corpinho dele não está mais se formando, ou então a mamãe ficaria barriguda por muito tempo. – o publicitário explicou, vendo as crianças tentarem entender – A mamãe está passando mal porque agora a barriga dela tem que voltar ao tamanho normal, e isso pode ser um pouquinho ruim.

_ Mai a baiga dela num tinha tescido. – lembrou Miguel.

_ A gente não podia ver, mas lá dentro, embaixo da pele, estava crescendo. E agora, tem que voltar ao normal. – ele finalizou, estacionando o carro – Então, nós vamos ficar quietinhos, porque ela está descansando para melhorar, está bem?

As crianças concordaram, esperando o pai soltá-las dos assentos especiais. Ele abriu a porta, deixando que os filhos entrassem, enquanto tirava as mochilas do carro. Parou na cozinha, dando uma olhada no que havia para comer, cogitando seriamente pedir que Margot providenciasse uma ajuda, quando percebeu que estava tudo quieto demais.

Foi para a sala, encontrando-a vazia. Olhou os fundos, também vazio. Subiu as escadas, abrindo as portas dos dois quartos. Nada. Suspirou, pensando em como lidar com a frieza de Giane em um momento desses, especialmente porque os gêmeos pareciam ter ficado tocados com o que havia acontecido.

Caminhou lentamente, parando em frente à porta e a abrindo com cuidado. Nada o teria preparado para o que estava vendo.

Miguel estava de um lado da mãe, as perninhas passando por cima do colo dela, a cabeçinha enterrada em seu ombro. Belle estava de joelhos do lado oposto, mantendo a cabeça da mãe em seu ombro. E Giane chorava, de um jeito que Fabinho jamais havia visto na vida. Um choro repleto de dor, de tristeza, de pesar. Ele se aproximou em silêncio, beijando a cabeça de Belle. Ela soltou a mãe, sentando no colo do pai, e ele assumiu o dever de acolher a cabeça da esposa em seu ombro. Ela soluçou contra a camisa dele, manchando tudo com as lágrimas. Ele aninhou Belle a si, enquanto afundava o rosto no cabelo de Giane e permitia que as lágrimas viessem. Os gêmeos ficaram em silêncio, algumas lágrimas em seus olhinhos, mas não sabendo a real dimensão de tudo aquilo.

_ Não peotupa, mamãe. Eu vou pidi po Papai do Céu num deixa o maninho de tastigo muito tempo. Aí ele volta a tescer na sua baiga. – Isabelle acariciou o cabelo da mãe, que a encarou. Fabinho beijou o topo da cabeça de Giane, indicando que não havia contado tudo.

_ Eu acho que vai demorar um pouquinho meu amor. – a mãe explicou, com a voz falha.

_ Mas vamo tuida de você até lá, tá bom mamãe? – Miguel abraçou mais a mãe – Pa não doe tanto.

_ Eu do o remedo das minhas boiecas. – os pais tiveram que sorrir diante das palavras das crianças.

_ O único remédio que a mamãe precisa são vocês dois. – garantiu Fabinho.

_ Vocês três. – corrigiu a corintiana, e o publicitário sorriu, beijando a testa dela – Eu preciso de um abraço bem gostoso de vocês três.

_ Não pecisa nem pedi. – riu Miguel, apertando mais a mãe. Fabinho envolveu os dois, enquanto Belle fechava o círculo. Ficaram assim um tempo, até o homem ter uma ideia.

Ele ligou a TV, enquanto acomodava as crianças sob o edredom em que Giane estava. Depois, entrou ali também. Logo, os dois pequenos tinham a atenção fixa no desenho, e Giane acariciava o cabelo dos dois, tentando conter as lágrimas.

_ Você não precisa ser forte sozinha, por nós dois. Eu sou forte por você, você por mim, e nós dois por eles. Mas temos que ser fortes juntos. – sussurrou Fabinho, contra o cabelo castanho que tanto amava cheirar. Ela assentiu em silêncio, se aninhando mais a ele.

Ele sabia que seria difícil, mas sabia que iriam conseguir.


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Notas finais do capítulo

Bom, esse foi o maior capítulo até agora. Tinha dividido em dois, mas resolvi juntar. Vamos a explicação:
Eu estava pensando outro dia, pensei bastante na verdade, sobre o andamento da fic. A verdade é que, apesar das briguinhas e do acidente, a fic só mostra o lado bom de ser uma família. E aprender a ser uma família, como diz no título, é aprender a lidar com momento difíceis e complicados. Então eu matutei muito sobre que momento seria esse, que situação poderia ser tratada. E cheguei a essa.
Quatro tias minhas sofreram abortos espontâneos, duas eu era muito pequena para lembrar, as outras não. E eu sei que esse tema é muito delicado, então estou tratando dele com cuidado. E eu escolhi ele porque vai gerar vários desdobramentos nos próximos capítulos, especialmente para a Giane.
Espero que vocês gostem do resultado, está bem?
Beijos fofas, espero reviews.