Aprendendo a Ser Uma Família escrita por WaalPomps


Capítulo 11
Acidente


Notas iniciais do capítulo

Cêis vão comer meu traseiro no final, UM BEIJO E ATÉ LÁ.



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_ Precisamos conversar. – anunciou Giane, fechando a porta atrás de si.

_ Se você não percebeu, eu estou no trabalho. – o publicitário retrucou, dando as costas a esposa.

_ Fabinho, são 7h30 da manhã, não tem nenhum funcionário aqui até às 9h. Não sei nem o que você e o Érico fazem aqui tão cedo, ainda mais com as duas crianças. – ela se aproximou da cadeira, mas o rapaz levantou – Vai fazer birra agora?

_ Birra? – ele rosnou, virando-se para ela – Você acha que eu devia agir diferente depois do que você fez ontem?

_ E eu? Você acha que eu deveria estar aqui, tentando falar com você, depois das besteiras que você me disse ontem? – retrucou ela.

_ E eu falei alguma mentira? – ele perguntou, gesticulando nervoso – A propósito, o Miguel e a Isabelle choraram até dormir, porque não encontravam a mãe deles, porque ela estava na merda de um jogo de futebol.

_ Fabinho, porque você não diz logo o que está te incomodando? – pediu Giane, se rendendo – Porque eu não quero brigar.

_ Você quer saber o que está me incomodando? Você. Você, e a maneira como tem agido. – ele explodiu, deixando a tensão em seus ombros ruir – Eu chego em casa, a primeira coisa que você faz é vir me falar sobre o que você fez com a Camila durante a tarde, sobre as fotos que você tirou dos bebês, sobre o passeio que você fez ao parque. E só fala sobre isso, e mais e mais. E depois vai assistir o jogo do Corinthians, ou qualquer outro que esteja passando na televisão, ou então gruda nos bebês. E quando chegamos ao quarto, você deita e dorme, ou simplesmente resolve que quer fazer sexo comigo, para depois virar e dormir.

_ Mas você sabia que as coisas seriam assim, cansativas, quando os bebês nascessem. – ela lembrou, e ele bufou.

_ Eu não estou reclamando deles, estou reclamando de você. – ele apontou a esposa – Qual foi a última vez que você me perguntou sobre o meu trabalho? Qual foi a última vez que você me perguntou qualquer coisa sobre mim?

Giane sentiu o baque do que Fabinho dizia, quando lembrou do que Renata havia dito sobre a conta da editora. Ela mordeu o lábio inferior, e o rapaz entendeu que havia feito-a pegar o ponto.

_ Eu entendo que você esteja tentando se adaptar a ser uma boa mãe, mas você ainda é minha esposa, e eu sou teu marido. E eu tenho me esforçado para ser um bom pai, bom marido, bom patrão, bom publicitário, bom filho... Eu tive que lidar com a casa e as crianças por quase dez dias enquanto você esteve doente, sem reclamar ou faltar na empresa, que estava em um dos maiores momentos de crise que já teve. E você sequer percebeu, se tocou. Mas sabia tudo sobre os jogos do Corinthians e o campeonato brasileiro. – ele falava mais calmo, mas ainda nervoso – E se você quer saber o que eu e o Érico estamos fazendo aqui, estamos com risco de perder uma das nossas maiores contas para um concorrente, e já é a terceira vez que isso acontece. Eu sou um herdeiro rico, mas o Érico e os funcionários não, e eu preciso dar um jeito de resolver isso. Eu tenho uma reunião às 8h30 com o cliente, para tentarmos manter a conta.

Giane secou os olhos, enquanto observava Fabinho voltar para sua mesa e pegar os papéis que estudava, riscando uma coisa ou outra, sem observá-la. Ela suspirou, se aproximando das crianças, que riam para ela.

_ Se quiser pode levar eles. Se tiver algo melhor para fazer, minha mãe vai passar pegar eles às 8h15 para eles ficarem com o Pedro. – ele disse sem tirar os olhos dos papéis. Giane beijou a cabeça das duas crianças, saindo do escritório. Fabinho suspirou, afundando novamente o rosto nas mãos, enquanto observava a esposa correndo pela agência.

Giane passou por Érico, que a encarou surpreso, chamando seu nome. Ela entrou no carro, jogando a bolsa do lado e dando partida, sem lembrar de por o cinto. Acelero, saindo cantando pneus e chorando. Ouviu o celular tocando, mas não queria falar com ninguém, porque deveria ser Fabinho para brigar com ela.

Viu o sinal amarelo e acelerou, sem paciência para parar. Chegou ao sinal quando ele ficou vermelho, e a próxima coisa que sentiu foi uma pancada em seu carro.

~*~

Fabinho correu pelos corredores do hospital desesperado, o sangue gelando sua espinha. Se odiava mais do que tudo, e queria se atirar do alto do prédio mais alto que conseguisse, por ser tão idiota a ponto de ter colocado a vida da mulher que amava em risco.

_ Cadê a minha mulher? – perguntou ele, trombando com o balcão de informações – Giane Campana, ela sofreu um acidente.

_ Ela ainda está em cirurgia, senhor. Vai ter que aguardar. – a enfermeira tentou acalmá-lo, mas isso só o preocupou mais.

_ Cirurgia? Cadê um médico, pelo amor de Deus. – ele gritou, desesperado.

_ Se acalme Sr. Campana. – pediu um médico – Eu estava aqui quando sua esposa chegou.

_ E porque ela está sendo operada? – perguntou ele trêmulo – Digo, ela está em risco?

_ Ela quebrou a perna, e a fratura foi exposta. Então é necessário operar. Ela também está com alguns cortes, mas teve sorte que a batida foi do lado oposto, do passageiro. Ela estava sem cinto, e se tivesse sido do lado do motorista, provavelmente teria morrido. – o médico explicou, tentando acalmar o rapaz – Ela deve sair da cirurgia em trinta minutos se não houver complicações.

_ Obrigado. – Fabinho agradeceu, ainda trêmulo. Ele sentou nas cadeiras da recepção, enfiando os dedos nos cabelos, tentando aquietar a respiração. Sabia que tinha que ligar para os pais, sogro, sócio e tudo mais, avisando sobre Giane, mas simplesmente não conseguiria falar com ninguém no momento.

_ Fabinho? – ouviu a voz de Maurício e ergueu a cabeça, encontrando o cunhado – A Malu me ligou avisando, eu estava aqui perto e vim correndo para cá. Como a Giane está?

_ Em cirurgia, porque fraturou a perna. Mas de acordo cm o médico, está bem. Ela teve sorte, porque a batida foi do lado do passageiro. – Fabinho tentou lembrar tudo – Ela feve sair em meia hora.

_ Você avisou alguém?

_ Ainda não... Não estou conseguindo me acalmar para isso. – ele explicou, soluçando – Liga para a Malu e avisa o resto, por favor.

O promoter concordou, levantando e discando no celular. Fabinho deitou a cabeça no encosto da cadeira, sentindo as lágrimas escorrerem pela bochecha, torcendo para o tempo passar logo.

~*~

_ Fábio Campana? – ouvir o médico chamando seu nome foi um alívio imenso, e ele se levantou depressa, com Maurício ao seu lado – Sua esposa está bem. Ficará com a perna imobilizada algumas semanas e precisará de fisioterapia, mas ficará bem.

_ E eu posso vê-la? – pediu o publicitário, afoito.

_ Ela ainda não acordou da anestesia, mas já está no quarto. Pode ficar lá se quiser. – o médico indicou o local, e saiu. Fabinho virou-se para Maurício, que colocou a mão em seu ombro.

_ Vai lá... Eu aviso todo mundo. E não se preocupe com os gêmeos, nós cuidamos deles. – Fabinho assentiu, saindo correndo pelo corredor. Ele abriu a porta desesperado, suspirando mais tranquilo ao ver Giane adormecida. Fabinho se aproximou e beijou a testa dela, enquanto as lágrimas escorriam. Beijou todos os cortes e pontos no rosto dela, tremendo.

_ Graças a Deus você está bem. – sussurrou, colando a testa com a dela – Eu te amo tanto, tanto, tanto.

_ Eu também te amo. – a voz dela saiu áspera, assustando ele – Desculpa por isso.

_ Não, eu que peço desculpas. Não devia ter dito as coisas que disse, ter te deixado sair daquele jeito. – ele sussurrou – Se eu te perdesse eu morreria Giane, essa ideia me deixa louco.

_ Eu to bem, acho. – ela acariciou o rosto dele devagar, e ele observou os machucados – Agora vai ter novas cicatrizes para você conhecer.

Ele soluçou, enterrando a cabeça no travesseiro ao lado dela e chorando. Ela acariciou o cabelo dele, esperando ele se acalmar.

_ Eu prometo que eu vou ser uma esposa melhor, tá bom? – ela disse em voz baixa – Eu quero que você me fale sempre sobre o seu dia, sempre. E se eu estiver falando que nem uma matraca, me corta e fala. Eu sou sua mulher, e eu quero te ajudar nos seus problemas, você tem que poder contar comigo.

_ Você não tem que me fazer sentir melhor por ter sido um babaca.

_ Eu estou me fazendo sentir melhor. – ela garantiu – Nós dois vamos ter que aprender como nos virarmos sendo pais e marido e mulher. Ou então vai ter brigas sérias e acidentes de carros constantes.

_ Pelo amor de Deus, sem mais acidentes. – implorou Fabinho, fazendo Giane rir e gemer de dor.

_ Cadê as crianças?

_ Ficaram com a minha mãe. O Maurício disse que eles vão cuidar delas, para eu poder ficar aqui. – ele explicou, acariciando o cabelo dela – Eu não vou sair do seu lado até você ter alta.

_ Mas isso pode demorar alguns dias, e eles não podem ficar tanto tempo longe de nós dois. – ela lembrou, rindo – Nós vamos dar um jeito de conciliar isso e a agência, relaxa.

_ O que eu faria sem você? – perguntou o publicitário rindo. Ela piscou os olhos, e Fabinho beijou a testa dela – Pode descansar, a anestesia ainda tá fazendo efeito.

Ela assentiu, fechando os olhos. Fabinho beijou a testa dela, sentando e mantendo a mão da esposa entre as suas. A crise havia afinal passado, mas ainda haveria muito a resolver.


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Notas finais do capítulo

O que é a vida sem dramas? Ainda mais em uma novela?
Beijos, não me odeiem, e até maaais ;@