Aprendendo a Ser Uma Família escrita por WaalPomps


Capítulo 10
Briga


Notas iniciais do capítulo

Bom, to moídassa e tal, mas to aqui postando, ok?
Espero reviews babyzinhas *--*



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_ SÓ POR CIMA DO MEU CADÁVER. – gritou Fabinho, socando a mesa.

_ EU POSSO PROVIDENCIAR ISSO. – retrucou Giane, se levantando nervosa – NÃO DUVIDE DISSO.

_ VOCÊ NÃO VAI UM BEBÊ DE 7 MESES PARA VER O JOGO DO CORINTHIANS COM O PALMEIRAS. SE QUER IR PRA COVA, NÃO ARRASTE MEU FILHO JUNTO.

_ ELE É MEU FILHO TAMBÉM SE VOCÊ ESQUECEU FRALDINHA. EU QUE PARI ELE, E EU LEVO ELE PARA ONDE EU QUISER.

_ CONTINUA COM ESSA BESTEIRA QUE EU SAIO DE CASA E LEVO AS CRIANÇAS.

_ PODE DAR O FORA DAQUI, MAS NÃO RELE NOS MEUS FILHOS.

_ PAROU VOCÊS DOIS. – gritou Margot, entrando na sala com Isabelle aos prantos – Essa gritaria acordou e assustou os bebês.

O casal suspirou, tentando se acalmar, enquanto Giane ia pegar a filha. Fabinho caminhou até o quarto para pegar Miguel, que se esgoelava.

_ Meu Deus, o que está acontecendo aqui? A vizinhança inteira escutou a gritaria de vocês dois. – Silvério entrou na casa dele e de Margot, encontrando a filha e a mulher. Giane revirou os olhos, balançando Belle e tentando acalmá-la.

_ O Fabinho ficou nervoso porque eu e os meninos vamos ver o Timão hoje e eu vou levar o Miguel. – ela explicou, vendo o pai e a sogra arregalarem os olhos.

_ Tá maluca Giane? – perguntou o mais velho – O Miguel só tem sete meses, é muito novo para ir para o estádio. Ainda mais em um jogo como esses, que é considerado um clássico. Sempre sai briga e confusão, além de muita gritaria. O Miguel ficaria nervoso, assustado, e seria perigoso. Eu não quero nem que você vá.

_ Eu ia a jogo pior que esse quando era adolescente pai. – lembrou a corintiana.

_ Contra a minha vontade. – lembrou ele – Giane, agora você é mãe, tem dois filhos pequenos. Você sabe que esses jogos são sempre perigosos, cheios de encrencas. Você não tem mais só a sua vida para se preocupar.

A mulher emburrou, beijando a cabeçinha da filha, que já se acalmava. Ouviu que Miguel havia parado de chorar, e Fabinho conversava com ele, vindo pelo corredor.

_ Mãe, traz a Belle para mim? Eu vou levar eles dois para casa. – pediu Fabinho, ignorando a esposa.

_ E eu vou ficar aqui é? – perguntou Giane, irritada.

_ Você que vá ver a droga do seu Corinthians, já que é tão importante. – Fabinho retrucou, saindo de casa. Giane o seguiu, com os pais dos dois atrás. Como Silvério dissera, a rua toda estava ali, encarando tudo com preocupação.

_ Larga a mão de ser birrento Fabinho. – reclamou Giane, enquanto via ele prendendo Miguel no banco traseiro. Ele virou para ela, visivelmente irritado.

_ Birrento? Sabe Giane, eu to de saco cheio dessa droga de Corinthians, de como sua vida parece girar em torno dele. Você colocou a vida dos nossos filhos em risco para assistir a merda de uma final dessa porcaria de time, segurou as contrações de um trabalho de parto prematuro. E agora vem querendo levar um bebê, uma criança de sete meses, para o meio de uma arquibancada cheia de loucos por ti Corinthians, sem se importar com o quão mal isso pode fazer para ele. Então me desculpa se eu estou sendo birrento, mas alguém tem que se importar com alguma coisa séria.

Ele puxou Isabelle dos braços dela, que estava atônita. Ele amarrou a filha na cadeirinha, fechando a porta. Entrou no carro, maiando a porta e dando partida, saindo quase cantando pneus.

_ Giane? – Renata se aproximou da moça, preocupada. Os olhos castanhos estavam rasos de água, o que fez a amiga abraça-la – Vamos para dentro querida, vem.

_ E vocês todos, vão cuidar de suas vidas. – mandou Bento, afastando todos da rua – Vamos.

Ele seguiu Renata, Giane, Silvério e Margot, fechando a porta atrás de si. Abaixou em frente a amiga, que era ladeada pelo pai e por Renata, as lágrimas agora escorrendo.

_ Giane... Fala alguma coisa, por favor. – pediu o florista, segurando as mãos da amiga. Ela apenas soluçou, se atirando nos braços dele – Calma, calma... Tá tudo bem.

_ Eu vou ligar pra Irene, pedir pra ela ir pra casa de vocês. O Fabinho está transtornado. – Margot pegou o celular, indo para o corredor.

_ Mas porque ele explodiu assim? – questionou Silvério – Eu sei que ele é temperamental, mas para estourar nesse ponto?

_ Giane, vocês dois andam brigando? Discutindo? – perguntou Bento, e a fotógrafa negou.

_ Ele deve ter descontado a stress por causa da conta da Abril. – comentou Renata, e Giane a encarou.

_ Conta da Abril? – perguntou confusa, deixando a amiga mais confusa.

_ Ele não contou? – Giane negou – A editora Abril tá ameaçando tirar a conta deles da Crash e passar para um concorrente deles que está crescendo no mercado. O Fabinho e o Érico estão se desdobrando em oito para controlar as coisas, porque a Silvia está doente.

_ Ele não disse nada. – garantiu Giane, secando os olhos – Por isso que ele tem trabalhado tanto de madrugada.

_ Giane, eu acho que vocês dois precisam conversar. – comentou Renata – Eu sei como é essa transição de um casal para pais e que as coisas se complicam. Imagino para pais de gêmeos. E você e o Fabinho são esquentados e...

_ E nada Re, nada justifica. – Giane levantou nervosa – Ele não tem o direito de descontar em mim a frustração do trabalho. E quer saber? Eu vou pro jogo do Corinthians, ele que se vire.

~*~

_ Pivete, maloqueira, irritante. – Fabinho andava de um lado para outro da sala, resmungando. Miguel e Isabelle estavam no tapete, rodeados por seus brinquedos de borracha, encarando o pai com visível curiosidade – Babaca, é isso que você é Fabinho. Um babaca.

Miguel soltou um gritinho, atraindo a atenção do pai. O homem suspirou, se aproximando e se ajoelhando em frente aos filhos, beijando a cabeça dos dois.

_ Logo a mamãe chega, tá bom? E aí o papai pede desculpas para ela. – prometeu, recebendo dois sorrisos banguelas. Não pode evitar sorrir também, ainda mais quando ouviu a campainha – Não falei?

Ele caminhou até a porta rapidamente, já se preparando para a briga, quando se tocou que Giane estaria com a chave dela. Abriu a porta, confuso, encontrando Plínio e Pedro.

_ Podemos entrar? – perguntou o cineasta, e Fabinho concordou, a contragosto. O mais velho cruzou a porta com o filho no colo, caminhando em direção aos netos, que sorriam e batiam palmas – Oi crianças, tio Pedro e o vovô vieram ver vocês.

_ Nenéns. – Pedro pulou do colo do pai, sentando ao lado dos sobrinhos, que começaram a jogar os brinquedos para ele. Logo, os três se entretinham com uma brincadeira própria, deixando Plínio e Fabinho excluídos – Sua mãe ligou para a Irene, preocupada.

_ E cadê ela? – perguntou Fabinho, ainda sem encarar o pai.

_ Ela está em Campinas, fazendo um exame. – o rapaz virou surpreso – Calma, é exame de rotina. Mas ela foi fazer lá porque o médico dela se mudou para lá.

_ E você teve que vir? – perguntou Fabinho, sentando no sofá.

_ Eu vim porque quis Fábio. – Plínio respondeu sério, sentando ao lado do filho – Já faz dois meses e meio que você está me ignorando, já está bom não é?

_ Não decidi isso ainda. – resmungou Fabinho, e Plínio suspirou.

_ Olha filho, eu não quero mais brigar. Nós dois brigamos muito, mas é como sua mãe diz: isso só acontece porque nós dois somos mais parecidos do que gostamos de admitir. E ela tem razão.

_ Eu não sou que nem você. – rosnou Fabinho.

_ Tem razão. Você, sua irmã, e logo mais o Pedro, serão melhores do que eu e Irene fomos, porque vocês aprenderão com nossos erros e acertos. – o cineasta apertou o ombro do filho – Eu sinto muito por ter agido daquele jeito quando o Rafael nasceu, eu fiquei preocupado demais.

_ Chega pai, por favor. Eu to cansado, eu to nervoso, eu não to com cabeça para brigar. Eu te perdoo, esqueço esses problemas e tal, mas chega de discutir, por favor. – o pai concordou, dando um tapinha nas costas do filho – Eu preciso de um banho. Você fica de olho nos três?

_ Pode ir tranquilo Fabinho, os três estão se divertindo. – garantiu Plínio, enquanto o publicitário subia as escadas em silêncio.

~*~

O primeiro tempo já havia acabado, o estádio estava barulhento, todos gritavam. Lucindo pulava que nem um maluco, agitando os braços com Douglas, os dois interagindo com os demais corintianos ao redor. Porém Jonas estava observando Giane, que estava sentada, sem prestar atenção realmente ao jogo.

_ Vamos, eu vou te levar para casa. – ele disse, atraindo a atenção da amiga.

_ Mas o jogo não terminou. – a jovem reclamou.

_ Giane, você não está prestando a menor atenção no jogo. Estamos perdendo por um gol, rolou dois pênaltis, e você não reagiu em momento algum. – Jonas colocou a mão carinhosamente no ombro da amiga – Sua cabeça está no Fabinho e nas crianças. Vamos para casa?

_ Você não precisa perder o final, eu pego um táxi. – ela garantiu, mas o rapaz negou.

_ A Luz está me esperando no nosso apartamento. – ele contou, fazendo Giane sorrir – Nós compramos semana passada, mas ninguém sabe ainda. Eu só vim porque os meninos encheram meu saco. Você está me dando uma desculpa para ir embora.

_ Então vamos.

Se despediram dos amigos, que reclamaram um pouco, mas entenderam que Giane precisava ir por conta dos bebês. No caminho não falaram muito, Giane envolta em seus pensamentos.

_ Obrigada pela carona Jonas. E parabéns para você e a Luz pelo apartamento. Mal posso esperar pelo casamento de vocês. – Giane abraçou o amigo.

_ Valeu. E boa sorte com o Fabinho. – ela suspirou, fazendo o artista rir – Se precisar ligue que eu venho te socorrer.

A corintiana fechou a porta do carro do amigo, caminhando para a porta de casa. Viu que estava tudo apagado, e deduziu que Fabinho estaria fazendo birra. Pelo menos não brigariam de grito por ser mais de 23h e as crianças já estarem dormindo.

Destrancou a porta, já esperando vê-lo no sofá, de braços cruzados e carranca emburrada. Mas não o encontrou lá, apenas os brinquedos das crianças espalhados pelo chão. Foi até a cozinha, encontrando tudo no devido lugar, a louça recém lavada e organizada no escorredor. Abriu a geladeira e viu vários potes de comida, que ela reconheceu como receitas de Irene. Suspirou, se dirigindo as escadas e começando a subi-las.

Passou pelo quarto de Isabelle, não encontrando a filha no berço. Enfiou a cabeça no de Miguel, vendo que estava vazio também. Começou a se desesperar, já pensando em ligar para a sogra, enquanto corria para o próprio quarto. Ao abrir a porta, respirou aliviada.

Fabinho estava deitado, apenas de calça, com Isabelle ressonando em seu peito e Miguel agarrado com sua mão. Sentiu os olhos enchendo de água, enquanto observava aquele quadro lindo, aquela cena que era corriqueira, mas a qual ela nunca tinha parado para apreciar.

Ela se aproximou com cuidado, tentando pegar Miguel, mas o garotinho resmungou, se agarrando mais ao pai. Inconscientemente Fabinho o puxou mais para junto de si, e a corintiana observou a expressão do bebê ao sentir o calor no tronco do pai. Suspirou, indo para o banheiro.

Quando voltou, já de pijamas, os três continuavam na mesma posição. Ela deitou com cuidado ao lado de Miguel, acariciando o rostinho do filho, antes de pegar no sono.

~*~

Quando acordou na manhã seguinte, virou no lugar, encontrando a cama vazia. Esfregou os olhos, tateando em busca do celular na cômoda. Viu que não passava das 7h da manhã, o que era estranho. Levantou, procurando os chinelos e o robe.

Passou pelo quarto das crianças, os encontrando vazio. Desceu as escadas, encontrando Santa na cozinha. Emília já tinha ido para a casa de Malu, mesmo que Rafael ainda não tivesse tido alta.

_ Santa, cadê o Fabinho e as crianças? – perguntou a garota, vendo que nem mesa de café da manhã tinha.

_ Ele já estava saindo com elas quando eu cheguei. – contou a mulher – Ele disse que ia com elas para a agência, porque ele precisava estar lá cedo.

_ E porque ele não me acordou? – indignou-se Giane, batendo o pé – Eu vou lá dar uma sova nesse babaca.

_ Giane, vai com calma. – pediu Santa – A Margot me contou sobre ontem, e o Fabinho está bem nervoso pelo visto. Todos sabem que vocês são cabeças quentes, mas agora tem mais gente envolvida nessa história. Duas pessoinhas, se você bem se lembra.

_ Eu sei. – suspirou Giane, coçando os olhos – Mas com as crianças na agência, ele não vai conseguir trabalhar. É melhor eu ir pegar eles.

~*~

_ Oi Érico, o Fabinho tá na sala dele? – perguntou Giane, entrando na Crash Mídia e encontrando o sócio do marido.

_ Acho que tá sim Giane... Foi para lá que ele foi quando chegou. – explicou o homem – E o Miguel e a Belle estão com ele, se é o que você quer saber.

_ Valeu. – a fotógrafa começou a caminhar pelo local, que ainda estava vazio, rumando para a sala do marido. O local era um “aquário”, com todas as portas de vidro, e ela podia vê-lo com o rosto afundado nas mãos, parecendo chorar, enquanto Miguel e Belle brincavam no cercadinho.

Abriu a porta, atraindo a atenção dele. Quando ele ergueu os olhos, o coração dela pesou.

_ Precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado florzinhas.
Beeeeijos