Remo Lupin

Segurei firmemente na cintura de Dorcas e troquei nossas posições, ficando por cima dela. Beijando seu pescoço, tentei o máximo fazer daquela posição uma posição confortável, mesmo que estivéssemos no sofá do Salão Principal da Grifinória.

Saí de seu pescoço e voltei a beijá-la urgentemente, do jeito que eu estava fazendo antes.

– Remo... – ouvi-la gemer meu nome daquele jeito foi minha total perdição. No meu dia-a-dia costumava ser alguém totalmente racional, mas toda minha racionalidade ia por água abaixo quando estava com ela.

– Ei, pombinhos! – nos afastamos assustados, ainda ofegantes. Marlene nos olhava segurando o riso. – Vim dizer que o jogo já vai começar, mas acho que estou interrompendo algo, então...

– Não. – Dorcas se desvencilhou de mim e se levantou num piscar de olhos. – Nós vamos assistir o jogo.

– Vamos? – exclamei indignado.

– Vamos, Remo. – ela me olhou com uma expressão de desaprovação. – Temos que dar apoio para o James e o Sirius.

Bufei e assenti.

– Tudo bem. – resmunguei.

Dorcas se virou para Lene.

– Você não disse há vinte minutos que ia chamar Lily?

– E eu fui. Mas ela não quis vir. – deu de ombros. – Está com dor de cabeça. Mas e então, nós vamos ou...

– Sai da frente! – Lily passou por nós nos empurrando para sairmos da frente dela e correu em direção à arquibancada do campo de quadribol.

– O que deu nela? – perguntei em voz alta. – Você não contou que ela tinha dito que não ia vir?

Lene ainda encarava o caminho que Lily tinha percorrido com uma expressão duvidosa.

– E ela disse, - ela falou. – mas vocês conhecem Lily, é cheia de surpresas.

Lily Evans

– JAMES! – eu gritei enquanto tentava encontrar um espaço na parte de frente da arquibancada. – JAMES! – Por mais que eu tentasse, meus gritos eram abafados pelos gritos de guerra das torcidas. Os times já tinham entrado em campo, e eu podia ver James facilmente voando em cima de sua vassoura. – Sai daí. – disse para o menino da Corvinal que estava ocupando o lugar na frente da arquibancada.

– Mas esse é o meu lugar! – ele reclamou.

– EU TE PERGUNTEI ALGUMA COISA? – vociferei. – SAI DAÍ SEU ACÉFALO!

O garoto engoliu em seco e saiu, me cedendo seu lugar. Que gentil da parte dele.

Percebi logo de cara que James nunca me ouviria, então tentei ao menos prestar atenção no jogo. Eu não entendia nada. Tudo o que eu sabia de quadribol era que existiam dois apanhadores, James e um menino da Sonserina, no caso, que precisavam pegar o pomo de ouro para ganhar o jogo.

E então apareceu a oportunidade perfeita.

Eu vi, na minha frente, o pomo de ouro flutuando. Sim, ele estava bem na minha frente. E isso só significava uma coisa para mim: James estava vindo pegá-lo. Ele estava vindo em minha direção. Procurei James pelo campo, e o vi ainda procurando o pomo, não tão longe. Reuni todo o fôlego que eu pude e gritei em alto e bom som:

– JAMES! AQUI! – ele finalmente ouviu, e me olhou. Eu apontei para o pomo de ouro, e ele o viu. E no segundo seguinte ele estava voando com sua vassoura.

É agora, pensei. Eu só teria essa chance.

James chegou bem perto de mim, estendendo sua mão para o pomo, mas eu não pude ver se ele realmente o beijou porque, assim que eu vi que ele estava perto o suficiente, o puxei pelo cachecol e o beijei.

No início, James não correspondeu ao beijo, provavelmente porque estava muito atordoado para isso. Mas no segundo seguinte, ele já estava correspondendo avidamente ao meu beijo. Enquanto eu o beijava, tentei ignorar o fato de que toda a escola estava nos assistindo. Continuei o beijando, como se nada mais importasse. E realmente nada mais importava, mas chegou um momento em que o ar se fez necessário e nós tivemos que nos separar.

James me encarou com seus olhos castanhos-mel e acariciou minha bochecha, e sorriu logo em seguida, consequentemente me fazendo sorrir também. Nós olhamos em volta, e toda a torcida estava calada nos olhando.

Lily Evans beija James Potter. Sim, totalmente inédito.

James me olhou mais uma vez e alargou o sorriso, levantando a mão que estava fechada, e abriu-a logo em seguida. Ele havia capturado o pomo.

Uma onda de euforia se espalhou por toda a torcida da Grifinória, atingindo inclusive á mim. Mas digamos que o motivo da minha euforia era um completamente diferente do deles. James me puxou para outro beijo, descendo da vassoura e ficando ao meu lado da arquibancada. Eu quebrei o nosso beijo para encará-lo, nossas testas estavam coladas.

– Desculpe... – murmurei.

– Pelo o quê? – ele me perguntou, me olhando nos olhos.

– Por demorar a perceber que nós fomos feitos pra ficar juntos.

Ele sorriu e depois me abraçou, e depois nós nos encaminhamos para o Salão Principal para a grande comemoração da Grifinória.

Meses depois...

– Como eu estou? – eu perguntei receosa para Lene e Dorcas. Elas desviaram o olhar para mim e sorriram um sorriso de orelha à orelha. – E então...? – as incentivei a responderem.

– Lily, você está... – Dorcas começou.

– Linda. – completou Lene. – Vai ser a oradora mais bonita que Hogwarts já teve.

– Eu sou a única oradora que Hogwarts já teve. – bufei. Dumbledore decidira fazer algo diferente esse ano: os monitores organizaram um baile de despedida para os alunos do sétimo ano com direito, inclusive, à um oradora, que no caso, infelizmente, era eu. Eu ainda mataria James por ter me oferecido, por mais que eu tivesse gostado de ser elogiada por ele, ao ouvi-lo afirmar que eu “lia perfeitamente bem”.

–O.k, estamos atrasadas, os meninos vão nos matar. – Dorcas usou um tom de preocupação tão convincente que eu quase acreditei que ela estava realmente preocupada.

– Bem, lá vamos nós.

(...)

Quando nos encontramos com os meninos, não preciso nem citar que Sirius e Remo esqueceram instantaneamente de que estávamos atrasadas e ficaram babando em cima de Lene e Doe. E babaram com motivo, elas estavam deslumbrantes.

– Você está linda. – James veio em minha direção sorrindo, depois fez uma cara emburrada. – Vai dar um trabalhão conter os olhares dos outros caras.

Eu sorri e lhe dei um selinho.

– Vamos. Você é o namorado mais ciumento que eu já vi.

– Namorado. – ele suspirou. – Minha namorada. Nunca vou me cansar de dizer isso. – sorriu abobalhado.

Eu ri e fiz um sinal de negação com a cabeça.

– Pare de ser idiota. – sorri. – Vamos. – o puxei pelo braço em direção ao baile.

Dorcas Meadowes

– Dá pra acreditar, Remo? – falei melancólica enquanto nós andávamos pelo jardim de Hogwarts. – É o nosso último dia aqui.

– Pois é.- ele suspirou. – E depois vamos começar a estabelecer nossas vidas. – ele me olhou.

– Você não vai começar com aquilo de novo, não é? Aquela besteira de você ser um lobisomem e não poder me dar um futuro?

Ele sorriu de canto.

– Não. – segurou minha mão quando nos sentamos em um banco. – Mesmo que eu seja um lobisomem, eu quero viver ao seu lado, sabe. E eu não suportaria te ver vivendo com outro cara. Porque eu amo você.

Abri um sorriso de orelha à orelha e não disse mais nada, apenas o envolvi com meus braços e o puxei levemente para mais perto. Nós demos um beijo calmo, aproveitando cada segundo ali.

– HEY! – ouvimos Lene gritar. – DEIXEM PARA SE COMER MAIS TARDE, LILY VAI PRONUNCIAR O DISCURSO AGORA!

Nós dois nos separamos e nos encaramos sorrindo, depois Remo me puxou pela mão e nós fomos em direção ao salão.

Marlene McKinnon

– Mas que merda. – ouvi Sirius resmungar.

– O que foi?

– Nada. – ele me olhou. – Tirando o fato de que existem dez garotos te encarando desde que você entrou aqui.

Arqueei um sobrancelha.

– Está com ciúmes?

Ele me olhou escandalizado.

– Por que estaria? – deu um sorriso de lado. – Eu odeio você.

Sorri de leve.

– Ok, olha só. – me virei para um dos garotos que estavam me encarando e dei um aceno. Ele sorriu de volta e Sirius me encarou indignado. Foi então que puxei Sirius para um beijo na frente do tal garoto. Quando quebramos o beijo por falta de ar eu disse: - Sou só sua, Sirius, não precisa ligar para esses idiotas.

Ele sorriu.

– Eu amo você.

Lily Evans

Estava ocorrendo tudo perfeitamente bem no baile. Não era todo dia que eu tinha a oportunidade de dar uns amassos em James sem ninguém para atrapalhar. Por isso, quando chamaram meu nome para discursar, eu pareci voltar para a realidade.

– Você vai se sair bem. – James pôs uma mecha minha atrás da orelha e me deu um selinho.

Subi no palco totalmente tímida, provavelmente muito vermelha. Peguei o microfone timidamente e abri o papel que continha meu discurso, mas quando ia falar, parei. Pensei um pouco e, reunindo toda a coragem que eu tinha, amassei o papel. Dessa vez seria do meu jeito. Cocei a garganta e comecei:

– Gostei de Hogwarts logo de cara. Desde a primeira vez que pus os pés aqui me senti totalmente em casa. E eu não estou falando de toda essa estrutura de tijolos ou qualquer que seja o material: estou falando de pessoas. Conheci um maravilhoso diretor, professores capacitados, pessoas em que eu posso confiar sempre – olhei para Lene e Doe – pessoas que sempre me fazem rir mesmo nos momentos mais ruins – olhei para Sirius e Remo – e pessoas que, mesmo eu percebendo tarde demais às vezes, sempre estiveram lá para mim. – olhei para James – E se quiser, pode me chamar de louca por dizer que amo minha escola, porque é isso quem eu sou. É isso quem nós somos. Loucos, totalmente pirados por essa escola. – dei uma longa pausa, tentando segurar o choro. Pós dar um suspiro, continuei: - Uma vez me disseram que seu lar não é onde seu corpo se encontra, e sim onde o seu coração está. E hoje eu posso dizer, com toda a certeza desse mundo, que Hogwarts é, e sempre será, meu lar eterno. – Dei uma última olhada nos rostos ali presentes, tentando memorizar cada um, sabendo que aquela seria a última vez que eu veria muitos deles. – Obrigada. – e dizendo isso, desci do plco e fui para minha mesa.

“It's who we are

Doesn't matter if we've gone too far

Doesn't matter if it's all okay

Doesn't matter if it's not our day”

Who We Are – Imagine Dragons

– FIM –

~ ° ~

Infelizmente, leitores, as coisas não aconteceram realmente assim, nós sabemos. Muitas vidas foram tiradas por Voldemort.

Mas enquanto eu tiver capacidade de imaginar, eu prometo,

vou imaginar um final feliz.

~ ° ~