Três meses depois...

Eu tremi de frio e levante a gola do meu casaco, estava realmente começando o inverno:

–Ta com frio?- Felipe perguntou

–Um pouco- respondi

Ele me abraçou e esfregou meus braços. Estávamos caminhando em um parque arborizado junto com os amigos de Olivia, que agora eram nossos amigos, Gabriel, Nicolas, Igor, Olivia, Ana e Laura andavam na nossa frente, eu olhei para o meu relógio:

–Cinco da manha- exclamei meu horário de chegar em casa era às 23h30min do outro dia- Danilo vai me matar- falei, meu pai estava viajando novamente.

–Meu irmão não deve nem ter percebido que eu não to em casa- Felipe disse

–Sorte sua!

Continuamos andando cada vez, mas para dentro da floresta, não sabia exatamente o que íamos fazer lá, Igor tinha dito que era uma surpresa e que eu ia gostar, com ele era sempre assim uma surpresa a cada passo:

–Chegamos- ele disse- acho que já estamos longe o bastante

–Longe pra que?- perguntei

Ele apenas sorriu para mim e tirou sua mochila.

Eu me sentei em uma pedra, estava exausta.

Nossa noite tinha começado as 18 h, no começo erámos apenas para assistir alguns filmes na casa da Olivia, foi o que fizemos até mais ou menos às 22h quando Igor teve a brilhante ideia de pegarmos o carro do pai dele e irmos até um bar na praia, foi o que fizemos, bebemos até eu não conseguir lembrar, só lembro de olhar para o relógio e ver que eram 2h, resolvemos nadar na agua gelada do mar com apenas nossas roupas intimas, depois disso só lembro de ficar com Felipe na areia úmida e depois de estarmos na floresta andando.

Olhei para Felipe sentado ao meu lado na pedra, perguntei a mim mesma se ele lembrava de alguma coisa daquela noite, se ele lembrava de que tínhamos ficado, eu preferia que não:

–Achei!- Igor exclamou tirando uma arma prateada da sua mochila

Eu soltei um grito rouco e cobri minha boca:

–Você está louco guarda isso cara- Felipe disse passando os braços em volta de mim

–Calma Lu vai ser divertido- Laura disse pegando a arma

–Isso vamos fazer um brincadeira- Igor disse se abaixando na minha frente- O alvo!

Gabriel e Nicolas tiraram um alvo da mochila e penduraram em um arvore:

–-Eu primeiro- Ana disse dando pulinhos

Eu ainda estava com medo daquela arma:

–Ei calma- Igor disse apertando os meus joelhos- vamos fazer o seguinte depois podemos ir ate a cabana jogar verdade o desafio, seu jogo favorito né- ele falou como se alasse com uma criança.

A cabana era uma casa velha de madeira que tínhamos encontrado há algumas semanas ali mesmo na floresta.

–BANG!- Ouvi a arma atirar

Encolhi-me nos braços de Felipe, eu estava realmente assustada

–Shhhh!- ele disse passando as mão em meu cabelo, podia ouvir seu coração acelerado, ele também estava assustado.

Escutei outros tiros e depois senti algo gelado em minha mão, eu olhei e vi Igor estendendo a arma para mim:

–Sua vez- ele disse

–Você não ta vendo como ela esta assustada- Felipe disse me puxando para mais perto de mim

Igor bufou:

–Bobagem- ele disse balançando a arma em frente ao meu rosto.

Então eu ouvi um tiro, o som se prolongou como um eco e se transformou em um apito agudo, escutei todos gritando mas pareciam bem distante, eu levantei minhas mãos, elas estavam sujas de sangue, o meu sangue:

–Desculpa! Desculpa!- eu escutava Igor falar

Eu tombei para o lado, alguém me pegou no colo:

–Leva ela pro carro- Olivia disse

Eu escutava claramente meu coração batendo, eu olhei para cima e só via um borrão, então veio à dor, parecia como se alguém tivesse enfiado uma faca na minha barriga e que estava abrindo o ferimento com as mãos, eu gritei de dor:

–Shhhh!- Felipe disse- já estamos chegando

Eu consegui focaliza-lo, sua blusa estava suja de sangue, suas mãos pressionavam a minha barriga, meus olhos começaram a pesar:

–Fica comigo! Lu! Fica comigo!- Ele disse.

Chegamos ao hospital, Felipe me pegou no colo, eu não escutava mais nada apenas um apito agudo, as enfermeiras me colocaram em uma maca, depois disso eu apaguei.

Acordei em um quarto branco, olhei para o lado e vi Felipe sentado em um poltrona, sua blusa estava toda suja de sangue:

–Ei!- ele disse sorrindo para mim- oi!

–Oi- falo tentando me levantar mais sinto um dor aguda

–Não se levanta eu vou chamar o medico

Ele apertou um botão à cima da minha cabeça, um homem de cabelos grisalhos entrou no quarto:

–Olá mocinha- ele disse para mim

Eu dei um sorriso fraco:

–Ela vai ficar bem- o medico disse olhando para Felipe- ela perdeu muito sangue talvez tenha que ficar um pouquinho no soro- o medico me olhou- ligamos para o seu irmão ele já está vido.

O médico saiu do quarto, eu consegui me sentar, Felipe sentou do meu lado na cama:

–Eu sujei você- falei rouca

–Não tem problema- ele disse segurando as minhas mão, percebi como elas estavam pálidas:

–obrigada- falei tocando seu rosto e trazendo ele pra mais perto de mim- obrigada por me salvar.

Eu levantei um pouco meu rosto até ele ficar a centímetros do rosto de Felipe:

–Seu desgraçado- ouvi meu irmão gritar do outro lado da porta:

–Desculpa! Desculpa! Eu...- Ouvi Igor falar

Depois de alguns segundo a porta do quarto foi escancarada, Igor estava ajoelhado no chão com a mão no olho e seu nariz estava sangrando, Danilo arfava com raiva ele olhou para Felipe:

–Saia de perto da minha irmã- ele disse jogado Felipe no chão:

–Danilo- falei- não foi culpa dele

Danilo não me escutou, ele desceu um soco na barriga de Felipe:

–Danilo para- falei me levantando da minha cama, senti uma pontada forte em minha barriga, eu me encolhi:

–Danilo não foi culpa dele- falei com dificuldade

Os dois olharam para mim, a enfermeira entrou no quarto e separou os dois:

–Vocês estão loucos- ela gritou, olhou para mim- querida você não pode se levantar- ela correu até mim e me sentou na cama- saiam vocês dois.

–Mais eu sou o irmão dela- Danilo disse

–Dani- falei- ele correu até minha cama- que tal você e o Fe pegarem um salgadinho e um refri pra mim em um daquelas maquinas- falei apontando para duas maquinas no corredor

A enfermeira sorriu para mim, os dois saíram da sala e fecharam a porta

–Ufa!- ela disse se jogando na poltrona ao meu lado- por pouco seus pontos não arrebentaram.

Eu levantei a camisola de hospital e vi uma costura a quatro dedos de distância do meu umbigo, a porta do quarto se abriu e os dois entraram:

–Só familiares- a enfermeira disse empurrando Felipe para fora do quarto

Meu irmão depositou um saco de salgadinho, um pacote de jujuba e uma Coca-Cola no meu colo:

–Então quer me contar alguma coisa?- ele disse puxando a poltrona para perto da minha cama.

Eu respirei fundo e comecei a contar tudo desde o inicio da noite.