POV PEETA

Por fim virei a noite acordado... pensando. Quem diria, o bad boy supremo, melhor jogador de futebol da escola e garanhão virando a noite pensando, para ser mais específico, em uma pessoa.

Com tantas pessoas por aí que dariam tudo de bom e do melhor para ficar comigo, eu só penso em uma, que com toda certeza, não me dá nenhuma bola.

Meu celular vibra, me despertando de meus devaneios. Decido o atender, apesar de odiar atender ligações... mas acho que essa valerá a pena.

— Alô, Everdeen! – a saúdo.

— Oi. Fará alguma coisa esta tarde? – direta. Gosto assim.

— Tirando a parte de respirar, acho que nada. – brinco.

— Prepara seu baldinho e coloca a sunga que daqui a meia hora passo aí! – ela diz sem muito humor.

— Está bem, mamãe. – opa, acho que eu não devia ter dito isso. Por um momento esqueci do ocorrido entre ela e sua mãe. – Foi mal Kat, brincadeiras á parte.

— Tudo bem, já estou superando. – sinto sua voz mais fraca. – Até daqui a pouco. – e ela desliga.

Depois da festa, acabou que Katniss dormiu aqui em casa, mas acordou bem cedo decidida a enfrentar o que estivesse pela frente, e voltou para casa. Consegui dormir um pouco depois que ela foi embora, mesmo sabendo que eu tinha aula. Tudo estava tão tedioso em casa que nem vontade de ir para o colégio eu tinha, permaneci na mesma, como eu disse anteriormente, pensando.

Ainda não tinha falado com Katniss depois que ela foi embora de minha casa, até agora. Entendo como é difícil superar uma perda que foi importante. Eu perdi minha irmã, e ela perdeu a confiança da mãe que achara ter uma aliança com o pai.

Tomo um banho rápido, para lavar a alma ou sei lá o que dizem por ai. Acredito que vamos a piscina, pois Katniss odeia areia, mas que piscina é essa, eu também não sei.

É tão estranho se eu parar pra pensar novamente. Ano passado nós nem olhávamos direito um na cara do outro, era um ódio gratuito sem limites, depois começamos a nos falar, mas mais brigávamos do que conversávamos, e com tantos acontecimentos como mudança de vizinhança, ajuda dos nossos pais e amigos, levantamos a bandeira da paz, e hoje em dia estamos até saindo juntos.

Antigamente eu que fazia as garotas de trouxa, e agora o trouxa da história sou eu, o mundo dá voltas mesmo.

Coloco minha sunga com uma bermuda e camiseta, não esquecendo os meus óculos escuros (essência de bad boy não pode se perder) e dinheiro, claro. Agora só esperar Katniss.

[...]

— Fiu-fiu madame, a que devo a hora de sua nobre presença? – atendo Katniss (http://www.polyvore.com/katniss_cap%C3%ADtulo_22/set?id=190039891) a analisando de baixo a cima. Que gata, imagina sem esse vestidinho... Acho que eu estou sonhando e a música Pillow Talk do Zayn Malik começa a tocar na minha mente.

— Peeta. – alguém está estalando os dedos – PEETA! – acabo levando uma tapa na cara – VOCÊ ESTÁ AÍ? – grita a Katniss.

— Be in the bed all day, bed all day, bed all day / Fucking you, and fighting on / It's our paradise and it's our war zone – canto e chacoalho minha cabeça me afastando do transe. (N/A: Quem não manja dos english vai no Google tradutor, bj e continua lendo.)

— Credo, estragou a música. Parecia que você estava hipnotizado.

— Eu estava, por você. – é minha impressão ou temos alguém corada na minha frente?

— Para de ser ridículo. Vamos a praia agora. – ela diz já me puxando para fora de minha casa.

— Vamos no meu carro então. – afirmo indo em direção a garagem de minha casa.

— Desde quando você tem um carro? – ela pergunta fazendo careta e me seguindo. As caretas de Katniss são as melhores.

— Desde de que... você sabe. Prim e tudo mais. – faço alguns sinais esperando que ela entenda, enquanto entramos no carro - Eles não querem que eu me sinta preso dentro de casa e acabe me matando, então me deram o carro. Só não posso ir para lugares muito longes, até porque não tenho carteira de motorista. Mas ano que vem faço 18 e eles não vão mais poder me proibir de nada, não que eu faça algumas coisas escondidas ás vezes, sabe como é. – e dou uma piscadela para ela.

— Ain meus deuses, e você sabe dirigir Peeta? Você pode não se matar sozinho em casa, mas e dirigindo? Eles não pensaram nessa possibilidade? – ela fala rápido com um ar preocupado.

— Relaxa e curta a viagem. Vamos para Rockaway Beach. – ligo o radio e está tocando Hands to Myself, da Selena Gomez. Grande bosta. (N/A: Não me levem a mal leitores que gostam da Selena, eu não tenho nada contra, é o Peeta.) Coloco o dedo no botão para trocar e recebo um tapa na mão. – Que isso? 

— Eu gosto. – afirma Katniss autoritária.

— Mas o carro é meu! – digo parecendo um garotinho mimado.

— Peeta Mellark, você tem certeza de que quer brigar comigo agora? – vejo com o canto dos olhos que ela me encara séria, mas continuo com o pé na estrada. Que droga! Não consigo nem mais negar algo a Katniss Everdeen. Peeta você está realmente ferradamente apaixonado por ela. Que droga outra vez!

— Tudo bem. – e respiro fundo.

Katniss começa a cantar e dançar todas as músicas, e eu a acompanho cantando enquanto damos várias gargalhadas e ela comenta o quanto eu canto bem... Está bem, isto foi mentira, mas ela tem uma voz incrível. Será que esta garota não tem defeitos?

Não demorou muito para chegarmos á praia que estava um pouco vazia, aliás, o sol estava fraco. Estacionei perto do píer e ficaríamos por lá mesmo.

Surpreendo-me quando vamos começar a andar pela areia para ficarmos próximo ao mar e Katniss segura minha mão e pisa na areia com um esforço e uns pulinhos, mas depois se acostuma com a textura da coisa. Na viagem quando descobri esse seu medo, achei ridículo, coisa de gente fresca e mimada. Quem tem medo de areia? A diferentona da Everdeen. Entretanto depois que ela nos contou eu continuei achando estranho, mas compreendi. Até tentei ajuda-la, mas confesso que só era interesse (tesão mesmo), e não deu certo.

Ela tira uma canga da bolsa e a forra na areia, logo depois tirando seu vestido e se sentando. Tiro minha camisa e a bermuda sentando-me ao seu lado.

— Você poderia passar protetor nas minhas costas, tritão? – Katniss diz mordiscando o lábio inferior na minha direção e logo depois gargalhando. Mal sabe ela que eu estou pirando com essa cena. Controle-se Peeta, apenas amigos.

— Como negar, sereia? – e gargalho junto. – E está de parabéns! – refiro-me a ela ter conseguido pisar na areia, enquanto passo o protetor em suas costas.

— Eu sei que sou maravilhosa. – ela diz convencida.

— Estava falando sobre superar seu medo de areia. – rimos. Mas você também é maravilhosa, pensei.

— Sem graça. Vem, vamos mergulhar! – e ela me puxa junto.

As ondas estavam fracas, mas para mergulhar estavam ótimas. Quando eu era mais novo, lá para os meus 14 anos, vinha aqui com alguns primos surfar, mas desde que fiz 15 acabei me apaixonando por futebol e passei a me dedicar como nunca. Já ganhei vários prêmios participando de torneios e olimpíadas da escola. De um tempo para cá comecei a enjoar de jogar e pretendo continuar praticar até o ensino médio acabar. Não gostaria de ter isso como profissão, apesar de ganhar muito dinheiro.

Eu e Katniss começamos uma guerrinha de água até que sentimos o mar puxar e voltamos para canga.

— Conseguiu se resolver com sua mãe? – a perguntei, achando que ela gostaria de desabafar.

— Na medida do possível. Acredita que meu pai já sabia da situação toda, dela com Haymitch? Fiquei com muita raiva dele, mas lembrei do que você disse para não meter a colher. – e ela da um sorriso de canto – Ai falei que o que eles resolvessem para no mínimo me falarem e acabaram por esclarecer tudo. Meu pai estava fazendo várias viagens por causa disso. Ele estava tentando transferir seu serviço para o Canadá porque vai morar lá. – e seus olhos começam a marejar e me aproximo para secar as lágrimas que caem – E eu vou morar com a minha mãe por enquanto, até que acabe este ano.

O que? Katniss vai embora? Acho que minhas lágrimas que vão começar a cair daqui a pouco.

— Você não estudará mais conosco? – pergunto ainda perplexo.

— Não é bem assim. – ela respira fundo e continua – Eu prefiro um milhão de vezes morar com meu pai, mas a justiça decretou que por enquanto eu morarei com minha mãe, porque ela está mais estável do que ele. Meu pai morará em um pequeno apartamento pago pela empresa no Canadá por enquanto que não arranja uma casa e Haymitch morará com minha mãe em nossa casa. Não sei se conseguirei suportar. – ela derrama-se em lágrimas.

A abraço, encaixando nossos corpos sentados na canga, e ela retribui, me apertando mais. 

— Ei ei, não fiquei assim! Poderia ser pior, vocês que poderiam estar indo para a casa de Haymitch que mora sei lá onde. Eu ainda estarei do outro lado da rua te esperando para o que precisar. – a digo.

— Você e seu ver de lado bom das coisas. - ela suspira. - Ano que vem serei de maior Peeta, e minha decisão é morar com meu pai. Mas eu não quero deixar você. – sussurra.

Nossas testas estão se tocando e ainda permanecemos na mesma posição de quando nos abraçamos. (N/A: Imaginem esta cena https://static.fanfiction.com.br/userfiles/E/C/9/B/capa_298423_1365029880.jpg?w=372&h=400) Sem esperar nem mais um segundo ela me beijou e por puro instinto senti que isso ia acontecer e me entreguei. Nos beijamos com saudade, e pela primeira vez por nossa própria vontade.

Isso é o poder do pôr do sol. Por isso essa é minha cor favorita.

Todas as vezes que beijei Katniss ou era algum jogo ou alguém nos comandando. Sinceramente eu não me importava, mesmo tendo um tanto de ódio gratuito dela ainda a achava atraente, mas não sentia nada além disso. Quando brincamos de gato mia, na época da viagem, quando ela me deu um fora e até hoje me lembro das falas dela sobre nossa bandeira estar cinza e não branca como a da paz, mas já éramos amigos.

Já no dia da festa na casa do Messala (traidor), eu a beijei sentindo que não era só atração, tinha mais alguma coisa ali. Ai que conclui, com toda a certeza do universo.

O beijo dela era tão bom que eu gostaria de ter oxigênio infinito dentro de nós dois para poder não separar nossas bocas. Nós combinávamos perfeitamente. Mas ai vem a questão, e ela? Tenho sérias dúvidas se ela gosta de mim da mesma forma que gosto dela. Katniss é uma pessoa difícil de se lidar e ela vive com surpresas. É difícil decifrá-la.

— Eu aprendi. – ela diz de olhos fechados quando paramos para respirar.

— Aprendeu o que? – a pergunto ainda tentando pegar fôlego. Lá vem as surpresas.

— A gostar de verdade. – e ela sorri. O sorriso mais encantador que eu já vi. Até o final desse capítulo vocês podem achar que eu sou gay, mas eu juro que sou hétero.

E lá estamos nós nos beijando novamente. Agarrei sua cintura e segurei firmemente sua nuca enquanto ela acariciava as minhas costas e uma vez ou outra acariciava meu cabelo. Aquela sensação poderia ser eterna. Quando menos percebi já estava a deitando na canga comigo por cima.

PRIIIIIIIIII PRIIIIIIIIII

— ESSA É UMA PRAIA DE FAMÍLIA! – gritou um salva-vidas após apitar.

Separamos-nos e sorrimos um para o outro, como adolescentes pervertidos que vieram para o mundo só para fazer besteira em pleno pôr do sol, e fomos nos levantando, e indo embora daquela praia.

[...]

— Vai ao aniversário da Joh hoje? – Katniss quebra o silêncio na volta, que só não era pior porque estava com o rádio ligado e estávamos felizes demais para se incomodar com ele.

— Ainda bem que você lembrou. – tinha até me esquecido do aniversário da Johanna na pizzaria – Vamos! Passo ás oito para te buscar.

— Não dá Peeta. – ué, ela não ao aniversário da amiga? Faço uma careta e ela deve ter entendido e começa a explicar. – É hoje que meu pai viaja. É daqui a pouco até, e eu vou com ele ao aeroporto.

— Eu te busco lá então. – ela me disse qual era o aeroporto e chegamos a nossa rua. Despedimos-nos depois de nos beijarmos no carro e eu quase não deixa-la sair do mesmo.

[...]

Meus pais já estavam em casa – milagre - quando chego.

— Pelo jeito hoje o dia foi bom. – comenta meu pai quando passo por eles na sala de estar.

— Se foi. – e continuo o trajeto para meu quarto.

Tomo um banho para tirar a areia e quando lavo as mãos sinto o cheiro do protetor de Katniss, o que me faz lembra-la. Quando acabo enrolo a toalha em meu quadril e me jogo na cama. Praia cansa. Acabo dormindo e espero sonhar com esta que roubou meu coração.

[...]

Levanto ainda sonolento com aquela sensação de ter dormido cinco minutos ou menos, mas quando olho para o relógio ao lado da cabeceira da cama. Já são oito horas, e o voo era ás sete e meia. Katniss deve estar querendo me matar. E ainda tem o aniversário da Johanna e eu nem comprei nada.

— MÃE, TEM ALGUM PERFUME NOVO QUE VOCÊ NUNCA TENHA USADO? – a grito da porta do meu quarto.

— Para que gritar, meu filho? – diz Cashmirre subindo as escadas. – E não, não tenho. - para que subir? Só gritar um não.

Sem problemas, Johanna é pirada, não vai nem perceber que está usado. Pego um perfume qualquer de minha mãe e coloco dentro de uma caixa. Odeio chegar a aniversários sem presentes, mesmo se for dos meus melhores amigos que estão nem aí para isso.

Me visto rapidamente e vou de carro para o Jonh´s Pizza. Lembro-me que Katniss me ligaria para buscá-la. Quando chego não vejo ninguém na fila, concluo que todos já entraram e adentro ao local também.

Esta pizzaria é bem antiga, mas não deixa de ter sua aparência refinada, com toda aquela madeira e fotos de gente desconhecida e conhecida. É bastante reconfortante. Avisto meus amigos de longe e cumprimento a todos, por último Johanna (http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=190045633), só de sacanagem. 

— Parece que todo mundo decidiu falar comigo por último hoje, que saco! – ela reclama, mas mesmo assim me cumprimenta. Acho que foi só para pegar o presente.

— Parabéns Joh! Espero que não repare. – espero de verdade que ela não repare que o tubo não está completamente cheio.

— Não precisava. – ela responde sorrindo.

— Então me devolve. – digo já agradecendo aos deuses por ela não ter aberto o embrulho.

 - Brincadeirinha. – Johanna gargalha e volta a se sentar na sua cadeira.

— Só porque está ficando velha tá virando piadista Jojoh? - brinco sorrindo de nervoso. Que droga!

Sento ao lado de Cato na ponta da fileira esquerda no final da mesa, já que a mesa começava em frente á janela.

— Cadê a Katzinha? – pergunta Finnick que está na fileira oposta, quase na minha frente.

— Ela está ligando pro Peeta. – responde Cato olhando para baixo e reparo que é meu celular tocando e já tem cinco chamadas perdidas de Katniss. Ferrou!

— Daqui a pouco volto galera. – e sai correndo na busca de onde estacionei o carro.

[...]

Tenho dúvidas de ter sido multado umas três vezes, espero que eu esteja errado.

— Desculpe ter demorado, é que acabei dormindo e...

— Não precisa de justificativas Peeta. – ela diz e reparo seus olhos vermelhos.

— Precisa sim. – e a beijo devagar, como se estivesse saboreando algo. – Gostei da blusa. – falo quando reparo que ela vestia minha antiga camisa que a dei quando ela dormiu em minha casa.

— Gostou mesmo? Achei que ficou muito melhor em mim do que em você. – ela tenta se divertir.

— Seria melhor sem ela. – e a roubo mais um beijo.

— Chega Peeta. O pessoal já deve estar preocupado.

— Ou desconfiado, mas quem se importa?

— Eu me importo. Nada de contar para eles. Vamos fingir que somos amigos e nada aconteceu, tudo bem?

— Tá. – já vi que vou ter que me controlar mais do que qualquer coisa nesta pizzaria.

— Só por enquanto.

[...]

Volto à pizzaria outra vez, mas agora com Katniss (http://www.polyvore.com/katniss_cap%C3%ADtulo_22/set?id=190041064). Nos afastamos um pouco e fomos andando em direção a mesa de nossos amigos.

— Já descobrimos. – fala Johanna séria em pé.

Ferrou! Será que eles perceberam sobre o lance entre eu e Katniss? Mas está um pouco evidente, ainda mais por ela estar com uma camisa minha. Ferrou outra vez! Alguma hora todos iam saber mesmo...