Foi no Instituto de Durmstrang... escrita por Sensei, KL


Capítulo 36
Sangue Puro


Notas iniciais do capítulo

Voltei para minhas humildes quatro mil palavras.
Espero que gostem...
Câmbio e desligo



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PDV Michelle

Puro-sangue, lágrimas e Rock n’ roll.

De todas as famílias puro-sangue os Deveraux eram os mais intrigantes, até mesmo para a sociedade bruxa francesa.

Havia três cartas no correio hoje e eu tive que respirar fundo antes de abri-las.

Estava lendo uma carta de minha mãe caminhando para a biblioteca, tinha que responder o mais rápido possível, afinal ela não tolera atrasos, e tinha uma pequena nota na carta “namore ele e se cuide, não quero um bastardo manchando a linhagem”. Minha mãe não é a pessoa mais fácil do mundo de se lidar. Não que minha família fosse preconceituosa, o problema é só a minha mãe. Ela realmente não se importava com meus ex-namorados ou minha ex-namorada (história antiga, melhor não falar nisso), ela se preocupa como as minhas atitudes podem prejudicar a reputação dela. Tia Minerva realmente tenta me proteger, mais nem sempre eu posso sair ilesa de sua fúria. Era diferente quando meu pai era vivo.

Os Deveraux eram uma família tradicional até certo ponto. Nos relacionávamos com trouxas, certamente, e na linhagem tinham casamentos com mestiços e nascidos trouxas, até mesmo um aborto. Mas o fato que somos puros se deve a dinheiro e por toda a hipocrisia que minha mãe me fez aprender, era o simples fato de que o dinheiro faz as famílias se juntarem com outras famílias endinheiradas, que por tabela também eram puros.

Mas fazer o que, é como todos nós somos.

Puros sangue.

Acho essa denominação ridícula, sempre parecia nos comparar com cavalos.

A segunda carta era do meu avô.

Meu avô Jaques era certamente minha pessoa favorita do mundo depois da tia Minnie, quando vivo era um dos diretores do teatro da nossa família, em Paris, tendo peças famosas e sendo um influenciador há anos em toda frança, ele sempre me disse que eu deveria me casar por amor. A minha avó compartilhava dessa opinião, eles realmente não se importavam.

Os meus pais casaram por amor, tiveram essa sorte, mas o fato dele ser um puro-sangue ajudou muito, claro. Afinal a fortuna ficou nas mãos da família.

Avô Jaques era engraçado, quando criança minha mãe me fazia ter lições que toda jovem deve ter, como etiqueta, história e comportamento, meu pai realmente não gostava disso, ter que me fazer aprender a usar todos aqueles talheres e andar com aqueles frufrus, mas a mamãe queria.

Afinal ela era a cantora de ópera e atriz mais famosa do mundo bruxo.

Eu realmente nunca me importei com isso, mas era difícil. A tarde passava com meus avós e tios. Aprendi sobre dramaturgia, via as dançarinas ensaiarem e aprendi piano e violino com os músicos, a noite meu pai escutava musica comigo, tanto bruxa como trouxa.

Ele queria que eu fosse uma musicista, o que eu estava me tornando agora.

Como ele era um famoso produtor musical eu realmente tenho veias artística, virei compositora compondo musicas de coisas que eu nunca senti, mas via por causa dos meus poderes.

Na carta que meu avô enviou ele reclamava por conta dos impostos trouxas, afinal o famoso Moulan Rouge pertence a minha família, com shows burlescos desde 1700 e lá vai bolinha, é isso que dá fama a minha família.

Ele me conta que mais uma proposta de casamento chegou pelo correio e foi negada. Ele sabe sobre meu dom, e por isso sempre compra os jornais para ficar saben quando algo acontece comigo, coisas bem simples do tipo eu desmaiar em um baile da sociedade, ou me meter em encrencas com as autoridades. Acho que todos os cabelos brancos em sua cabeça são minha culpa!

Por isso eu sempre compensava eles com minhas notas, era a forma de eu me desculpar pelas coisas que eles passavam comigo, sempre tendo Ótimos em meu currículo. Mas esse ano, confesso, está sendo uma merda. Por cauda do inglês, fiquei para trás um ano, na frança as coisas são diferentes do que é aqui, eu preciso de um dicionário para perceber, depois de duas horas, que eu já estudei isso, e para piorar tinha trabalhos para mandar para a frança. Madame maximine nunca me perdoaria se minhas médias baixassem, e por conta de estar aqui teria que fazer meus N.O.M.s na Inglaterra.

O que era uma merda.

Afinal as únicas aulas que eu faço com o quarto ano é Poçoes e transfiguração. O resto era do quinto ano.

Mas mesmo assim era uma merda estar em duas classes que não eram do meu ano.

A última carta era de Jon, meu amigo de infância, irmão e gay.

Nos conhecemos desde sempre, um dia eu o beijei, mas ele me olhou apavorado e disse que não gostava de garotos. Anos depois descobri que minha mãe mantinha um caso com o pai dele há anos antes de meu pai morrer... e meu melhor amigo era o meu meio irmão... Loucura, eu sei. Ele havia ficado na França, largou a escola de Ilvermorny e começou a estudar em Beauxbatons esse ano. Na carta ele conta sobre Dean, um garoto Húngaro no sétimo ano que ficou para trás na escola, sobre o caso deles e como o cara tinha uma namorada.

Afinal bruxos nunca admitiam que eram gays.

Ele estava com saudade, que era solitário estar na escola sem mim e Emelli, já que a Fleur ele odeia, mas eu acho que é mais sobre ciúmes, eles tem uma competição sobre quem pega mais caras.

E eu uma bruxa com 15 anos, quase 16, perdida, sem saber como falar do Nate para ele.

Bufei e entrei na biblioteca.

Procuro uma mesa solitária, sem ninguém, acabo encontrando perto da parte restrita da biblioteca. Sento-me nela e tiro os pergaminhos com as partituras, preciso finalizar uma letra de musica e mandar para as esquisitonas. Eles irriam gravar quatros musicas minhas para o próximo disco, inclusive a que cantei com Lyra no baile de inverno.

Sinto um par de olhos me fulminando pelas costas, olho descarada. Theodore Nott me olhava ao lado de seus amigos. Ele não sorriu, o garoto tinha um certo charme, isso era óbvio, daqui a mais ou menos um ano ele seria muito bonito, mas o que me incomodava nele era a arrogância e falta de tato, um típico puro-sangue.

Reviro os olhos e tento me concentrar na partitura a minha frente, mas não consigo.

Ver Nott me lembrou do baile de inverno.

Estava com ódio de Nate, como o garoto me deixava daquele jeito, como ele teve coragem de fazer isso comigo?

Lembro de ver ele discutindo com a Granger, foi quando Nott apareceu.

—Você sabe, eles tem essa tensão desde nosso primeiro ano. -Ele estava ao meu lado.

Eu já tinha dividido uma mesa com ele em poções, mas até aquele momento era apenas um colega de sala que eu nem sabia o nome.

Reviro os olhos.

—E eu tenho que me importar com isso?

—Você sabe McGonagall, você não vai conseguir.

Ele sorri maldoso para mim. Como se soubesse mais do que eu, o que era engraçado, a única pessoa que pode se gabar de saber mais do que eu era Emelli, por que ela é um gênio.

—Você não me conhece garoto, não sabe do que eu sou capaz.

Acabo por deixar ele sozinho, sorrindo presunçoso e vou até Nate. Brigamos aquela noite. Eu posso estar apaixonada, mas eu nunca mais seria humilhada por nenhum garoto.

Apenas me acalmei depois de subir ao palco. Como eu amava isso. Com meu sotaque muito eminente, mesmo cantando certo, não conseguia cantar direito musicas em inglês, então só toquei. Madame Maxime queria me dar uma bronca, mas ela estava tão feliz pelos elogios dos professores de Hogwarts pelo meu desempenho que não conseguiu brigar.

O que me fez rir depois.

Eu me achava burra por fazer aquilo, por pensar tanto em Nate. Se fosse com qualquer outro eu largaria e não me importaria com as conseqüências, mas era Nate, e ele acabou me magoando. Ou talvez eu estive cega demais para perceber seus defeitos.

Eu não sabia.

—Uma dança? – O mesmo garoto de novo. Theodore Nott.

O que ele queria?

—Porque?

—Garotas bonitas não devem ficar sozinhas, o Kepner é burro demais para perceber isso. Meu nome é Theodore Nott.

Ele faz uma reverência e me estende a mão.

—Você não deveria estar com sua acompanhante?

—Eu estou onde quero estar. – Ele me fala sério.

Prepotente demais, mas dei um sorriso de lado pela ousadia.

—Charme barato não me atinge Senhor Nott, faça melhor da próxima vez. –respondi.

Ia me virar para ir embora, mas suas palavras me fazem parar.

—Bonita essa sua tatuagem no ante-braço, “Para sempre te amarei Papai”.  –Ele traduz.

Viro para ele e o olho mais atentamente, me impressiona o garoto saber ler runas.

Olho para madame máxime que me fulminava com os olhos, uma dama nunca deve se negar a dançar com alguém. Ele segue meus olhos e estende a mão novamente. Eu a pego. Dançamos sem falar nada, eu o encarava como se pudesse destruí-lo com os olhos, aquela não havia sido uma noite fácil.

Ele me encarava em troca. Eu não queria conversar, dancei para não ser mal educada. Uma menina veio ao seu lado. Ele me olhava com desdém.

Eu acabo me afastando, senti quando sua mão deixou minhas costas.

—Devo me despedir senhor Nott, obrigado pela dança. Com sua licença. Senhor e senhorita.

Com uma pequena reverência me despeço deles.

—Boa noite McGonagall. –Ele responde.

Depois disso foi um inferno, para onde eu olhava parecia que ele estava lá. Sempre seguindo meus passos, como uma cobra.

E isso me deixa lembrar do dia da segunda prova.

Meu pé doía como o inferno depois de escorregar e cair no lago. Minha madrinha tentava me ajudar, mas era impossível e eu observava enquanto Theodore Nott segurava meu cotovelo com firmeza.

—Com sua licença professora. - Ele fala educado demais.

Quando estávamos perto do colégio ele me pega no colo, eu ia protestar, mas doía demais para eu gritar com ele. Gemi de dor, e ele me pegar no colo foi um alivio.

A enfermaria estava vazia. Madame Promfrey ainda estava na beira do lago, então ficamos eu, ele e tia Minnie.

—A idiota da sua mãe nunca te ensinou a nadar, não é? –Ela reclamou. -E você mocinha como consegue tropesar assim? Eu senti tanto medo! Você poderia ter morrido afogada.

—Mas parece que agora eu tenho até mesmo um salvador. -Falo ironicamente.

Ela revira os olhos procurando poções.

—Nunca mais faça isso. Você me assustou como o inferno. – ela resmungava e o garoto tentava não rir ao vê-la perder a compostura. – Você precisa tomar cuidado.

Ela me abraça forte.

—Eu prometo tia Minnie. Eu prometo.

—Senhor Nott, cinquenta pontos a sonserina por você ter salvado minha afilhada. -O garoto abriu um sorriso. – Agora, senhor nott, segure minha sobrinha, eu preciso colocar os ossos no lugar.

Eu senti alguém me abraçar por trás e o momento que uma varinha colocou meus ossos no lugar. Um grito de dor.

Bebi uma poção com um gosto horrível pela boca e outra por cima com um gosto melhor e acabei dormindo. Acordei apenas horas depois sozinha no lugar. Estava tudo escuto. Eu precisava ir no banheiro. Acabo colocando o pé no chão, ainda doía um pouco, mas eu consegui achar o banheiro.

Minha escova estava ali, então decidi escovar os dentes para tirar o gosto da poção, mas levo um susto ao ver o rosto do Nott pelo espelho.

Cuspo tudo fora e ele ri.

—O que você esta fazendo aqui?

—Professora McGonagall pediu para eu ficar com você, ela esta na torre da grifinória contendo a festa pelo Potter, parece que ele acabou em segundo mesmo chegando em último. E como eu fiquei por aqui a tarde inteira. Eu era o único disponível.

—O que você quer?

—Muitas coisas, ruiva, mas agora, só lembra-la que você tem uma dívida de vida comigo. – ele fala prepotente.

—Eu não pedi pra você pular.

—Kepner teria deixado você se afogar. Ele deixou você sozinha aqui, nem uma única vez ele veio te ver, não acha isso irônico?

—Irônico é você estar aqui ainda.

—Você é interessante. Inteligente demais e mesmo assim não demonstra, isso é estranho.

—O que você quer Nott? –Falei cansadamente.

O garoto se aproxima de mim e fala sorrindo.

—Kepner não te merece, ele é muito certinho, careta, combina com a Granger. Você, ao contrário, ruiva, é um espírito livre.

—Você não sabe de nada Nott. –Sorri pensando no quão selvagem Nate podia ser.

Ele sorri lentamente e acaba me roubando um beijo de surpresa.

Eu fico na defensiva.

Quando ele se afasta eu acabo dado um soco no seu rosto. Isso é o que dá viver com artistas, você acaba por aprender uma coisa ou outra sobre se defender de assédios.

—Ai. –Ele diz com ironia, colocando a mão no machucado. Não era uma interjeição de dor, era mais escárnio, como se zombasse da minha atitude.

—Espero mesmo que tenha doído. –Falei.

—Você é interessante. – Ele disse sorrindo. – Um dia, ruiva, você não vai fugir de mim, aproveite seu namoro com Kepner enquanto ele durar. E a propósito, penso em como você vai contar isso para ele, queria ver a cara dele. –Risada maliciosa. - Boa noite Michelle.

Ele sai do banheiro me deixando para trás, quebrando tudo o que havia em minha linha de visão.

—Idiota.

Nate foi me ver algumas horas depois. Eu estava magoada e acabei contando sobre o beijo roubado.  Ele ficou irado, mas escutou atentamente a parte do soco na cara e me parabenizou pela atitude.

Balanço a cabeça para esquecer aquela história e começo a revisar a letra e as notas musicais.

A carta de Jon estava emcima na mesa. Nate aparece sorrindo ao meu lado.

—Você está melhor?

—Você quer dizer depois da minha última visão? Sim estou. Apesar que esse ano passo mais vezes a enfermaria do que em sala de aula.

Ele se senta ao meu lado sorrindo e faz carinho na minha bochecha. Vejo o livro emcima na mesa sobre Morgana Le Fey. Nate está estudando a minha linhagem, isso é engraçado.

—Ele ainda tem coragem de te encarar. – Nate suspira fundo olhando para alguém atrás de mim.

Theodore Nott, provavelmente. Eu sei que ele não revidou Nott. Por algum motivo eu consegui convencê-lo de que deveríamos mostrar que estamos juntos, isso o irritaria mais.

—Eu odeio isso, odeio o fato de que por onde você passa os garotos de olham.  –Ele confessou.

—Ciumes Nate?

—Sim, algum problema com isso? – ele levanta a sombrancelha o que me fez rir.

Enconsto meus lábios nos seus e ele suspira fundo quando nos separamos.

—Não, nenhum. -Respondi.

Estava tão apaixonada como ele.

—Fazendo o que? –Perguntou ele,

—Revisando uma música, a letra para ser exata. Alexey quer ela pronta, eles começam a gravar semana que vem. – falo sorrindo – você sabe, eu ganho dinheiro com os direitos autorais.

Ele ri de mim. Nate observa a carta aberta de Jon, falo para ele continuar a ler. Em nossas últimas conversas eu tinha aberto toda a minha vida para ele, era pessoal, mas se eu e nate ficássemos juntos, ele teria que se acostumar com a personalidade de Jon, que é alegre, contagiante e um pouquinho vingativa... Okay, talvez muito. O cara sempre foi o rei da festa.

Ele riu das palavras de Jon, mas abaixa a carta e fica sério. Muito sério.

—Acho que Malfoy escutou nossa conversa ontem a noite. Sobre o seu dom e a linhagem que você pertence. Senti seu cheiro quando saímos dos jardins. –Ele falou.

—Não se preocupe. – falo sorrindo.

—Você não consegue prever seu próprio futuro, só o dos outros, por isso eu me preocupo.

—Nate. Não fica assim, tá tudo bem.

Ele respira fundo, mas acaba por não dizer nada e observar Lyra e Cedrico que naquele momento entravam na biblioteca de mãos dadas e um grupo de amigos ao redor. Eu sabia o futuro dos dois, espero que seja o bastante o que eles vivam juntos.

Nate nota minha hesitação e me abraça.

Eu só queria que as coisas terminassem bem.

PDV Lyra

A imagem de Dimitri Ivanova estava aparecendo no grande telão da copa mundial, nosso beijo estampado para o mundo inteiro assistir... O salão de Hogwarts tinha muitos corações espalhados, era dia dos namorados e um professor fez uma festa, foi o professor Flitwick quem organizou... Nate e Rose estavam brincando na sala da nossa casa, ele carregava ela nas costas aos risos...

Dumbledore cortou o feitiço.

—Bom... Muito bom... –Ele disse.

Eu sorri.

Sim, eu estava muito melhor desde a última vez que eu treinara oclumência com ele.

—Obrigada. –Agradeci.

—Você quase me convenceu. –Ele disse. –Se eu não soubesse que Filius odeia o dia dos namorados.

Soltei uma gargalhada.

Estavamos na sala do diretor, era um dos poucos dias da semana que ele tinha livre para treinar minha oclumência, então aproveitávamos ao máximo. Eu vinha treinando as escondidas com Karina e esconder essa informação na minha mente era um dos meus maiores objetivos. Já havia conseguido sucesso em fechar a minha mente, Dumbledore me explicava que seria muito mais simples para eu fechar a mente, pois eu já reconhecia a sensação de ter ela invadida... Pelo professor Snape no ano passado.

A segunda etapa, no entanto, era a de criar ilusões, muros na minha memória, com o objetivo de esconder informações. Se eu conseguisse fazer isso poderia me considerar passada com glórias nessa etapa.

—Mais uma vez. –Eu pedi.

O professor Dumbledore levantou a mão com fluidez.

Legilimens.

Ouvi a feitiço ser pronunciado com rapidez. Karina havia me dado dicas, a chave para esconder uma informação era conta-la aos pedaços, misturando acontecimentos de modo que você contava a verdade, mas nunca ela toda.

E por isso quando olhei para Dumbledore naquele momento a imagem de Karina apareceu na minha cabeça, ele estava desconfiado, mas mostrei a ele tudo o que queria saber, todas as imagens de nós duas conversando durante horas, sobre qualquer coisa... Menos sobre oclumência.

Eu mantive a palavra ali, alheia aos meus pensamentos.

Dumbledore baixou a varinha.

—Você trabalhou sua mente quando criança? –Ele perguntou com um sorriso esperto.

Sentei na cadeira me sentindo subitamente cansada. Sorri de volta.

—Tio Talon, o irmão da mãe do Nate, ele ensinou a me concentrar para dominar meu temperamento. Eu nunca fui muito boa na época, mas sei bastante teoria. –Respondi.

Fawkes piou como que para chamar nossa atenção.

Dumbledore olhou para o relógio.

—Está completamente certo, Fawkes. Já está tarde para a senhorita Anderson. –Ele disse. –Creio que por hoje é o bastante, não acha?

Olhei de Dumbledore para Fawkes e vice-versa, era quase como se eles conversassem as vezes. Um pouco assustador, mas me deixava muito curiosa.

Acenei que sim com a cabeça como resposta.

—Boa noite diretor.

—Boa noite Lyra.

—--

No dia seguinte o salão principal estava animado como sempre, os alunos das outras casas ainda estavam recolhidos e somente os alunos e Hogwarts estavam por ali. Hermione e Nate estavam ao meu redor, enquanto Harry e Rony estavam a minha frente, eu podia ouvir a voz de Rose animada em algum lugar da mesa conversando com Gina e Mandy. Do outro lado do salão a voz de Draco conversando com seus dois brutamontes se sobresaia na mesa da sonserina, meus olhos seguiram para ele, mas antes que ele me notasse virei o rosto para a ponta mais extrema na mesa onde Theodore Nott, Dafne Greengrass e Blásio Zabine conversavam baixinho, com extrema discrição.

O olhar de Nott virou para a mesa da Corvinal onde, solitária, uma garota de Beauxbatons comia. O cabelo ruivo me era familiar, Michelle, que fazia as aulas conosco, estava comendo uma torrada ao mesmo tempo que escrevia num pergaminho com extrema concentração. Quando ela ficava daquele jeito ninguém a interrompia. Olhei para Nate que, assim como eu imaginava, estava olhando para ela com um sorriso discreto. Eu sorri também, me sentindo contagiada por ele. Se Nate estava feliz, então eu também estava.

Olhei para trás novamente, dessa vez em busca de outras vozes, na mesa da Lufa-lufa. O sorriso que eu esperava estava ali, Cedrico Diggory conversava com dois garotos lufanos, como se sentisse meu olhar ele virou o rosto em minha direção, com uma expressão marota me mandou uma piscadela, eu sorri me sentindo envergonhada. Sentada ao lado dele estava Clarissa, ela escrevia num pergaminho, dando sorrisos e mordendo o lábio inferior, há semanas ela vinha andando as escondidas no castelo, com pergaminhos de carta e penas de tinta, nunca antes o corujal havia sido tão visitado por ela como agora. Mas não importa o quanto eu ou Cedrico perguntemos, ela se recusa e nos dizer com quem anda se correspondendo.

Ced acredita que ela está de namorado, mas não tem certeza de nada e não quer pressioná-la.

Uma ideia estranha passou pela minha cabeça.

—Hey Ron. –Chamei.

Rony levantou o rosto, ainda mastigava uma torrada.

—O que foi? –Ele perguntou depois de engolir.

—Você tem alguma notícia sobre o seu irmão Carlinhos? –Perguntei.

Ele franziu o cenho pela minha pergunta inesperada.

—Não, mas eu posso perguntar para a mamãe se você quiser. –Ele respondeu. –Mas por que você quer saber do Carlinhos?

Dei de ombros, desinteressada.

—Nada não.

Quando o correio-coruja chegou naquela manhã Hermione ergueu os olhos, ansiosa, parecia estar à espera de alguma coisa.

—Ainda não deu tempo para Percy responder - disse Rony se referindo ao nosso pedido sobre notícias do Crouch. - Só despachamos a Edwiges ontem.

—Não, não é isso - falou Hermione. - Fiz outra nova assinatura do Profeta Diário, estou cheia de descobrir o que acontece pela boca da turma da Sonserina.

—Bem pensado! - exclamou Harry, também erguendo os olhos para as corujas.

—É a Hermione, o que você esperava? –Nate disse com a boca cheia.

Hermione sorriu em agradecimento.

—Ei, Mione acho que você está com sorte... –Harry disse.

Uma coruja cinzenta vinha descendo em direção à onde estávamos sentados.

—Mas ela não está trazendo nenhum jornal - comentou Hermione, com ar de desapontamento.  

Mas para espanto geral, a coruja cinzenta pousou diante do seu prato acompanhada de perto por mais quatro corujas-de-igreja, uma coruja parda e uma avermelhada. Enquanto isso uma coruja cinza e pequena pousou delicadamente em frente a mim.

—Hã? –Olhei para ela confusa.

Não me lembrava de esperar nenhuma carta.

—Quantas assinaturas você fez? - perguntou Harry agarrando a taça de Hermione antes que ela fosse derrubada pelo ajuntamento de corujas, todas se empurrando para chegar mais perto e entregar as cartas que traziam primeiro.

— Que diabos...? - exclamou Hermione, tirando a carta da coruja cinzenta e abrindo-a para ler.

—O que? O que é Hermione? –Eu perguntei curiosa.

Àquele momento todos ao redor pareciam dividir esse sentimento, inclusive Nate havia parado de comer e olhava para ela em expectativa,

—Ora francamente! -disse ela com veemência, corando.

—Que é? - perguntou Nate.

—É, ora que ridículo... - A garota empurrou a carta para Harry, fui para o lado dele.

—Quero ver. –Falei indo para o lado dele.

A carta não era manuscrita mas composta por letras aparentemente recortadas do Profeta Diário.

“Você nÃo PresTA. HaRRy PottEr meREce umA gaRotA melhoR Volte paRa o seu lugAR trOUxa.”

— São todas iguais! - exclamou Hermione desesperada, abrindo uma carta atrás da outra.

— "Harry Potter pode arranjar uma namorada melhor do que alguém da sua laia..." "Você merece ser cozida com ovas de rã..." –Observei enquanto ela abria cada uma.

Quando ela abrira o último envelope, um líquido verde amarelado, que cheirava fortemente a gasolina, derramou-se em suas mãos, fazendo irromper nelas grandes tumores amarelos.

—MERLIM! –Gritei assustada.

—Pus de bubotúbera puro! - disse Rony, apanhando, desajeitado, o envelope e cheirando-o.

— Ai! - exclamou Hermione, as lágrimas enchendo seus olhos quando tentou limpar as mãos em um guardanapo, mas seus dedos agora estavam tão cobertos de feridas dolorosas que ela parecia até estar usando um par de grossas luvas com bolotas.

—É melhor você ir depressa à ala hospitalar - disse Harry, quando as corujas ao redor da amiga levantaram vôo - diremos à Profa. Sprout aonde é que você foi...

—Eu te ajudo, vem! –Chamei.

Mas Nate negou com a cabeça se levantando e indo até ela.

—Semana de lua cheia. –Explicou. -Eu já estou com passe livre para faltar aulas, você não. Eu ajudo a Hermione, você vai para a aula.

—Ele tem razão. Não quero que falte! –Ela disse.

—Eu avisei a ela! - disse Rony quando Hermione saiu correndo do Salão Principal, junto a Nate, aninhando as mãos no colo. - Avisei a ela para não aborrecer Rita Skeeter! Olhe só esta aqui... - Ele leu uma das cartas que Hermione tinha deixado para trás.

— "Li no Semanário das Bruxas como você está enganando o Harry Potter, um garoto que já teve uma vida bastante atribulada, por isso no próximo correio vou lhe mandar um feitiço, é só eu encontrar um envelope suficientemente grande." Caracas, é melhor ela se cuidar!

—Ei, Lyra, sua carta ainda está aqui. –Harry apontou para o lugar onde eu estivera sentada.

A coruja havia ido embora.

Rony pareceu alarmado.

—Se eu fosse você não abriria. –Ele disse.

Olhei para onde os dois estavam e de volta para a carta.

—Abre. –Harry disse.

—Não abre. –Rony disse.

Me aproximei da carta, peguei o garfo e a faca no meu prato e tentei abrir a carta com cuidado usando os talheres, algumas pessoas riram ao notar o que eu fazia, mas era melhor prevenir que remediar.

Levantei o papel, a carta era escrita da mesma forma que as que foram enviadas para Hermione. Larguei os talheres e peguei o papel com surpresa.

—E aí? –Harry e Rony perguntaram com ansiedade.

Joguei o papel na mesa.

—“Estamos torcendo por você.” –Li incrédula.

Rony gargalhou.

—Parece que alguém torce por nós dois. –Harry riu.

Rony se inclinou para frente fazendo com que Harry e eu nos aproximássemos para ouvir.

—Imagina se eles descobrem que vocês se beijaram? –Ele sussurrou.

—CALA A BOCA, RONY! –Eu e Harry reclamamos.

Harry nunca mais pareceu desconfortável perto de mim por essa história de beijo, ele havia superado completamente, ainda bem.

Hermione e Nate não apareceram na aula de Herbologia. Quando Harry, Rony e eu deixamos a estufa para a aula de Trato das Criaturas Mágicas, vimos Malfoy, Crabbe e Goyle descendo os degraus da entrada do castelo.

Draco olhou em minha direção no momento em que levantava o rosto. Nossos olhares se cruzaram, nos olhamos por poucos segundos, fui a primeira a desviar... Não valia a pena.

Pansy Parkinson cochichava e ria atrás deles com a turminha de garotas da Sonserina.

Ao avistar Harry, ela gritou:

—Potter, você já brigou com a sua namorada? Por que ela estava tão perturbada no café da manhã?

Harry levantou o rosto e decidiu não dizer nada.

Invejava muito essas pessoas calmas... Eu nunca fui assim, sabe?

—Ela na verdade estava concentrada, Parkinson. –Falei. –Ela estava contabilizando quantos pontos a Grifinória ia perder quando eu arrancar seus dentes da frente com um soco. -Levantei o punho para ela. –Vamos descobrir?

Ela arregalou os olhos, assustada. Harry e Rony me puxaram cada um por um braço em direção a aula.

Um dia Parkinson. Um dia...

Hagrid, que avisara na aula anterior que haviam terminado com os unicórnios, estava aguardando os alunos à frente da cabana, com um estoque recém-chegado de caixotes, abertos aos seus pés. Por um segundo eu quase me assustei pensando que poderia ser outra ninhada de explosivins, mas quando nos aproximamos o suficiente para ver dentro, havua uma quantidade de bichos peludos e negros com longos focinhos. As patas dianteiras eram curiosamente chatas como pás, e eles erguiam os olhos piscando para a classe, parecendo educadamente intrigados com toda aquela atenção.

—São pelúcios - anunciou Hagrid, quando a turma se agrupou ao seu redor. -São encontrados principalmente em minas. Gostam de coisas brilhantes... aí vêm eles, olhem.

Um dos bichos tinha saltado repentinamente e tentado arrancar o relógio de ouro de Pansy Parkinson do pulso. Ela gritou e deu um pulo para trás.

—São bastante úteis para procurar pequenos tesouros - disse Hagrid satisfeito. - Achei que podíamos nos divertir com eles hoje. Estão vendo ali adiante? - Ele apontou para um terreno em que a terra fora recentemente revolvida. - Enterrei ali algumas moedas de ouro. Tenho um prêmio para quem apanhar o pelúcio que encontrar mais moedas. Guardem as coisas valiosas que estiverem usando, escolham um bicho e se preparem para soltá-lo.

Nos aproximamos da caixa o bicho veio animado em nossa direção, uma grande bola de fios pretos, seu longo focinho cheirava meu rosto com entusiasmado. Era realmente muito fofo.

— Esperem um instante - disse Hagrid olhando para dentro do caixote -, tem dois pelúcios sobrando aqui... quem está faltando? Onde estão Hermione e Nate?

— Ela está com Nate, precisou ir à ala hospitalar. - informou Rony.

— A gente explica mais tarde - murmurou Harry.

Hagrid pareceu preocupado por um instante, mas deixou por isso mesmo.

Olhei para trás para onde Parkinson nos observava com curiosidade, tentando ouvir alguma coisa.

—Sai, encosto! –Cuspi.

Ela se afastou num pulo.

—Sangue ruim imunda. –Sussurrou antes de ir.

—Sangue puro nojenta. –Mandei de volta.

Ficamos nos encarando a distância até Hagrid me chamar. Pansy nunca havia sido muito notável até aquele momento, nossas discussões eram muito mais briguinhas infantis do que qualquer outra coisa, mas parecia que ela estava começando a mostrar suas garras para o meu lado. Ela realmente achava que ia ganhar essa?

Veremos quanto tempo essa harpia vai aguentar bater de frente comigo.


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Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA! Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
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