Linked escrita por Miss Hana


Capítulo 6
"Você faz bem a eles. Sempre fez."


Notas iniciais do capítulo

Gente, mais do que nunca eu gostaria de agradecer a todos vocês!
Fiquei realmente muito feliz em saber que eu não estava alterando a personalidade do personagem e vocês foram muito importantes para isso. Não sei o que seria de Linked sem a
Gabi, que está sempre comentando e postando capítulos novos em sua fic (que eu leio ;D), PandinhaKaulitz, que desde o primeiro capítulo está marcando presença~
Swolair, que deixa seus comentários motivadores e maravilhosos

P.S.: SUPER IMPORTANTE:
É nesse capítulo que a fic começa a seguir o rumo do filme! Então se você não assistiu, por favor, faça isso!
Muitos Spoilers!!



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LINKED

“Você faz bem a eles. Sempre fez”

Por: Hana

L-I-S-A-N-N-A

Não demoramos para chegar no local onde a cerimônia aconteceria. Estava mais do que lotado. Respirei fundo. Nunca gostara de multidões, principalmente quando muitas delas estavam falando ao mesmo tempo, criando um coro de vozes altas, estridentes e incompreensíveis. Apertei com força a mão que ainda estava segurando. Nem havia percebido.

– Depois de todos esses anos você continua a detestar muita gente em um mesmo lugar? – Não fazia ideia de como conseguira escutar a voz de Loki no meio daquilo tudo. Acho que sua voz grave e rouca se destacava de algum modo.

– E falando ao mesmo tempo – completei, sem olhar para trás, torcendo para que ele também conseguisse distinguir a minha voz.

Havia um caminho aberto por entre as pessoas. Thor passaria por ali. Fomos andando pelo canto até chegarmos onde Hogun, Fandral, Sif, Volstagg e a rainha Frigga estavam. Todos olharam para nossas mãos com a sobrancelha arqueada e eu enrubesci, soltando-as logo em seguida.

– Onde estavam? – Fandral franziu o cenho.

– Dando uma volta – dei de ombros, ocupando o meu posto. Loki foi para o dele.

Ficamos ali por mais alguns minutos, até que uma música começou a tocar sabe-se lá de onde e, não muito perto de onde estávamos, Thor apareceu. Sorri. Ele parecia feliz. Um largo sorriso tomava conta de sua face e pequenas rugas eram visíveis nos cantos dos seus olhos, aumentando a sua aparente alegria.

Ele estava com suas vestes tradicionais e um tipo de capacete prateado. Jogava o Mjölnir para cima e girava-o nas mãos, fazendo as pessoas ao seu redor gritarem em animação e excitação. Levantava os braços, incitando ainda mais as palmas e os gritos, à medida em que caminhava até Odin.

Quando ficou próximo o suficiente, retirou o capacete de sua cabeça e o pôs de lado, ajoelhando-se logo em seguida. Senti seus olhos passarem por todos nós, até pararem em Odin, que o olhava com a mesma cara de sempre para todos: Inexpressivo, mas seus olhos brilhavam de algum jeito diferente.

Eu poderia até mentir e dizer que estava prestando atenção na cerimônia, mas de que iria adiantar? Apesar de eu estar muito feliz por Thor, nunca conseguiria apagar a parte de mim que detestava cerimônias em que tinha mais gente falando do que qualquer outra coisa.

O Pai de Todos falava algo sobre proteger os nove reinos, deixar de lado desejos vaidosos e pôr a segurança do reino acima de si mesmo e Thor só respondia “eu juro” continuamente. Só prestei atenção realmente quando escutei-o dizer:

– Então, neste dia, eu, Odin, Pai de Todos, o proclamo...

Finalmente chegara a hora. As nossas vidas não seriam mais as mesmas, afinal. Thor seria rei. Eu não poderia mais vê-lo com tanta frequência e não iria demorar muito para que ele esquecesse da nossa amizade e nós nunca mais nos encontrássemos como amigos. Respirei fundo. Eu estava sendo paranoica. Talvez fosse por isso que eu não fora totalmente a favor da coroação de Thor. Medo.

Olhei de relance para Loki, que estava ao meu lado. Ele tinha os olhos fechados e os lábios comprimidos. Senti uma martelada no meu coração. Eu estava feliz por estar certa, mas mais triste ainda por estar certa. Loki não estava completamente bem com tudo aquilo e isso doeu no fundo do meu coração.

Me mexi dois centímetros para o lado, o suficiente para entrelaçar minha mão na sua, mas não segurando-a de verdade. Simplesmente deixando um espaço entre elas. No mesmo instante suas orbes verdes se viraram para mim. Dei um meio sorriso, tentando reforçar o “eu vou estar sempre aqui” anterior. Pensei que ele me ignoraria, mas algo inesperado aconteceu: Sua mão forte segurou a minha com força, e seus olhos se desviaram dos meus.

No mesmo segundo o meu peito se encheu de luz. Eu sabia que ele sempre cumpria suas promessas e, com aquele singelo ato de segurar a minha mão de volta, eu soube que ele faria o que tinha me prometido e que tinha certeza de que eu estaria ali para ele, sempre que precisasse.

Tentei controlar os tremores pela coluna quando senti seu polegar fazer movimentos circulares nas costas da minha mão. Arrepios corriam livremente pelas minhas costas e eu senti que iria cair ali naquela escada. Ignorando finalmente as sensações estranhas – e completamente desconhecidas, voltei a prestar atenção em Odin e Thor. Mas tinha algo de errado.

Tudo aquilo ocorrera em um período de dez segundos, mais ou menos. E eu só percebi o silêncio mortal quando voltei à realidade e vi que o Pai de Todos não completara o que ele falou. Todos esperavam pelo momento em que Thor, finalmente, seria rei.

– Gigantes de Gelo – sua voz carregada de algo que eu não pude definir, mas que não era nada de bom, veio junto com uma cajadada no chão.

Olhei assustada para Thor, que tinha um misto de raiva e surpresa estampados em sua face, Odin, que estava como sempre: inexpressivo. Mas podia jurar que vi um rastro de preocupação naqueles olhos de peixe morto e, por fim, voltei meus olhos para Loki, que estava estranhamente inexpressivo. Como se já estivesse pronto para caso algo daquele tipo acontecesse.

– Loki... – sussurrei, franzindo o cenho – O que está acontecendo?

Olhou para mim e soltou bruscamente minha mão, como se somente houvesse percebido que a segurava naquele momento. Ignorei a falta que senti dela sobre a minha. Tinha coisas maiores para me concentrar do que tremores idiotas nas costas da minha mão.

– Eu não sei – respondeu, em um tom baixo – Espere aqui, um minuto.

E saiu dali, deixando-me sozinha. Franzi o cenho ao ver Loki, Odin e Thor olhando-se em silêncio, como se conversassem com o olhar.

Falando baixo entre si, os três caminharam em perfeita sincronia para fora do salão e, em menos de um minuto, o pandemônio se instalara. As pessoas estavam tão surpresas quanto assustadas e burburinhos vindos de todos os lados. Como a situação se invertera tão rápido? Uma hora estávamos na coroação de Thor e na seguinte eu estava sozinha e confusa no meio daquele monte de gente.

– Anna – escutei a voz da rainha Frigga e me virei assustada – Você está bem?

– Sim – tentei sorrir. A verdade é que eu não estava entendendo nada – Só não entendi muito bem o que aconteceu.

– Não precisa se preocupar – deu seu sorriso terno – O que quer que tenha sido, tenho certeza de que eles já deram um jeito.

Sorri e assenti. Era a mais pura verdade, afinal.

– Se me dá licença... – fiz uma leve reverência e menção de me virar. Tinha que sair do meio daquele pandemônio, se não iria enlouquecer.

– Espere um minuto – sua voz me parou – Eu gostaria de dar um passeio com você. Aceita?

– Se for para sair do meio dessa confusão – sorri agradecida – Eu vou com prazer.

L-I-S-A-N-N-A

Caminhamos até fora do grande salão e passamos a andar sem rumo pelo palácio. Não sabia muito bem o que a rainha Frigga queria com aquilo, mas estava seguindo-a com prontidão.

– Lisanna – pela terceira vez naquele dia, sua voz me parou – Você me responderia francamente uma pergunta?

– Claro – tentei não franzir o cenho, como fazia sempre.

– Qual é a sua relação com Thor e Loki?

Não me aguentei e deixei que uma pequena ruga se formasse entre as minhas sobrancelhas. Talvez ela se referisse ao fato muito estranho de eu ter aparecido de mãos dadas com o Loki, mas o que Thor tinha a ver com aquilo?

– Nós somos amigos – sorri calmamente, esperando que essa resposta fosse suficiente.

– Você tem certeza? – sorriu de volta, arqueando levemente as sobrancelhas, em uma amostra sutil de que não acreditava no que eu dizia.

Eu sempre fora amiga da Rainha Frigga. Passara muito tempo da minha infância no castelo e sempre a tinha para me fazer companhia. Ela era a mãe dos meus melhores amigos. O que eu mais poderia ser dela?

Assenti levemente para a sua pergunta.

– Se me permite – continuei, hesitando um pouco – Eu poderia perguntar o porquê dessa pergunta?

– Vocês sempre me pareceram muito próximos – respondeu, não parecendo se importar com minha pergunta – Não me admiraria que tivesse algo a mais nisso.

– Não, não... – sorri sem graça, abanando levemente com as mãos – Eu os tenho com muito carinho, minha rainha. A senhora sabe disso. Nunca faria nada de mal para nenhum dos dois.

– Disso eu tenho certeza – sorriu e logo continuou – Mas vocês andam sempre tão juntos.

– Eu posso confessar uma coisa com a senhora? – perguntei e ela assentiu – Às vezes eu acho que estou sempre muito junto, sempre por perto, como se sufocasse eles dois com a minha presença.

Não sei o que me levou a falar aquilo com a Rainha Frigga, mas todo aquele clima de “conversa franca” me fez querer dizer isso. Talvez ela tivesse algum conselho para me dar ou algo que amenizasse a minha preocupação.

– Eu acho que não, Anna – sua risada levemente musical ressoou – Eu lhe conheço desde que era uma criança pequena. A sua presença é sempre muito influente para Thor e Loki. De um jeito bom, é claro.

Arqueei as sobrancelhas e ela continuou:

– Lembra quando você viajou com seus pais e passaram quatro meses fora?

Assenti. Eu era mais nova e meus pais foram visitar uns parentes em uma cidade um tanto quanto longe e eu fiquei muito tempo fora. Minha mãe ficou preocupada comigo quando expressei de maneiras não muito convencionais a minha saudade. Mas isso é um assunto sigiloso...

– Eu nunca os havia visto tão tristes antes – sorriu francamente, com os olhos um tanto quanto longes, como se vissem algo que aconteceu no passado – Aqueles foram os quatro meses mais angustiantes que uma mãe poderia ter. Thor não queria fazer nada, só ficava batendo continuamente com sua espada de madeira nos alvos e Loki quase não saia da biblioteca. Eu fiquei muito preocupada.

Eu não fazia ideia daquilo. Pensei que tivesse sido só eu que fique com saudades estranhamente grandes.

– Quando faltou um dia para você chegar, toda a tristeza parecia que nunca havia existido e os dois ficavam combinando o que vocês três iriam fazer quando você chegasse.

Apesar da surpresa das informações, foi de certa forma reconfortante saber que não foi só eu. E que, pelo menos na opinião da rainha, eu não era uma presença sufocante.

– Então, se quer saber o que eu acho – sorriu mais uma vez – Sua presença nunca foi, não é e provavelmente nunca será algo do que eles vão se cansar. Pelo menos nem tão cedo.

– Obrigada, Rainha Frigga – sorri singelamente para ela – A senhora não sabe o peso que tirou dos meus ombros.

– Você faz bem a eles, Anna. Sempre fez. – ela sorriu, mas logo este se desfez, dando lugar a uma expressão séria – Mas eu não creio que será sempre assim. Muitas coisas já os levaram a brigas. Nada fora do comum. Mas até agora nenhuma delas foi por uma mulher. E quando esta chegar, eu peço que esteja preparada, Anna.

– O que a senhora está insinuando? – perguntei. Não sendo rude, mas no meu melhor tom amigável.

– Que quando dois homens brigam por causa de uma mulher, o problema não só afeta ambos, mas também a moça que está no meio disso.

– E a senhora está dizendo que essa moça sou eu? – franzi o cenho, tentando me segurar para não dizer o quanto aquilo era absurdo.

– Cada um encara isso como preferir – tentou não assentir diretamente. Eu percebi isso – Mas eu sou a mãe deles, Anna. Os conheço muito bem, o suficiente para prever o que está por vir.

– Rainha Frigga, a senhora sabe que eu tenho muito respeito para contigo – comecei, tentando não soar grosseira – Mas eu tenho que dizer que isso é um absurdo. Desde que eu conheci Loki e Thor, sempre me esforcei para nunca separá-los e sempre mantê-los unidos. E agora a senhora vem me dizendo que eu serei a causa de uma briga entre eles?

– Mas isso não virá de você. Nem será sua culpa. Não é sua culpa que os dois se apaixonem por você e briguem por causa disso. É da natureza deles. – senti que aquilo foi uma tentativa de me tranquilizar. Ou amenizar o clima. Ou os dois – E é por isso que eu estou te pedindo que continue a fazer esse trabalho que, por tantos anos, teve êxito. Não os deixe se separar. Nada partiria mais o meu coração do que ver um deles triste ou magoado.

– Eu não entendo como fala isso com toda essa certeza... – falei baixo, encarando o chão atrás dela.

– Quando você for mãe – se aproximou – Vai ter intuições que nem o mais renomado cientista conseguirá arrumar uma explicação – um leve sorriso tomou conta de seu rosto – Confie em mim, Anna. Confie em mim e em você, por que eu estou confiando em você.

– Obrigada – agradeci, mesmo sem saber exatamente o porquê – Apesar de tudo... Essa conversa foi bastante esclarecedora. Muito obrigada.

– Eu vou estar sempre aqui – sorriu – Não hesite em vir falar comigo se precisar.

– Sim – sorri e vi-a se afastar dali, deixando-me sozinha com meus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu tenho uma coisa para falar para vocês :3
Eu estava tendo umas ideias para uma fic nova que é meio que pós-vingadores ;D
Ela envolve a Jane, uma personagem doida que eu criei, Thor, Loki, conversíveis e gatos XD
O que vocês acham? Eu já tenho ela mais ou menos toda pronta na minha cabeça e não, essa fic nova não interromperia Linked...

Anyway, o que acharam do capítulo? ;D
Eu, particularmente, adorei escrever essa cena da Frigga com a Anna, por um motivo que nem mesmo eu sei qual. Simplesmente adorei.