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Iridescente

Por: Hana

http://www.youtube.com/watch?v=xLYiIBCN9ec

L-I-N-K-E-D

Não entendia por que seu irmão fazia aquilo. Não sabia o que tinha feito para merecer o ódio dele, mas sofria as consequências disso.

Quando chegou no dia de sua coroação, tivera o mesmo arruinado pelos Gigantes de Gelo, tomara uma decisão estúpida e, por causa dela, fora banido. Conheceu pessoas em seu exílio, que o ajudaram a tornar-se alguém melhor, merecedor do próprio poder. Por causa delas, conseguiu voltar para casa. Por isso, de certo modo, agradecia aos Jotuns por terem invadido naquele dia. Livraram Asgard de um rei fútil, egocêntrico e estúpido.

Descobriu que toda vida merecia uma segunda chance, por mais baixos que tenham sido seus atos. Por isso perdoava Loki e desejava, de algum modo, entende-lo. Entendê-lo como Lisanna fazia.

E, ao lembrar da moça, se perguntou: Onde estaria ela? Se o Destruidor chegou a ataca-lo, significava que ela não havia conseguido impedir o irmão, mas não sabia onde ela estava. Se estava bem. Chegou a cogitar a possibilidade de Loki ter feito algum mal para ela, mas descartou-a no mesmo instante. Ele não seria capaz de fazer aquilo. Há pouco tempo atrás chegara a conclusão de que ninguém seria capaz daquilo.

Recuperou seu Mölnir e livrou Midgard de uma ameaça maior, o Destruidor. Depois de alguns minutos, voltou para Asgard.

Obrigado, Heimdall agradeceu ao moreno, dirigindo-se apressadamente até a saída da cúpula da Bifrost.

Girou o cabo do martelo, pegando impulso e lançando-se para cima.

L-I-S-A-N-N-A

Estava desesperada. Thor estava vivo e em Asgard eu vi. Laufey estava no quarto de Odin. A Rainha deitada no chão, impotente. O Rei Jotun discursava algo para qual eu não dei a mínima importância, ou não conseguia prestar atenção.

Por mais que eu tentasse ver onde Loki estava, não aparecia. Eu tentava fazer com que o quarto do Rei tremeluzisse e eu pudesse ver onde o moreno estava, mas simplesmente não vinha. O que ele estaria fazendo?

Uma movimentação exagerada na cama do Rei chamou novamente minha atenção e eu arregalei os olhos. Laufey tinha uma lâmina de gelo em sua mão. E estava apontando-a para Odin.

Assim você saberá escutei sua voz e estremeci que a sua morte veio pelas mãos de Laufey.

Fechei os olhos com força para não ver o Pai de Todos sendo morto por um Jotun que havia conseguido entrar em Asgard com o consentimento de Loki. Já havia parado de tentar entender os motivos do moreno. Só iria saber caso ele me dissesse, então tudo o que e restava fazer em relação a isso era esperar.

Um barulho metálico e um corpo caindo no chão. Levantei a cabeça.

E a sua veio pela mãos do Filho de Odin era Loki.

Juntei as sobrancelhas. Ele havia trazido os Jotuns para Asgard para quase matarem Odin? Não havia entendido a princípio, mas depois minha mente clareou. Entendi o que ele planejava com aquilo tudo.

Loki só queria o bem, mesmo que tivesse escolhido o caminho mais tortuoso para aquilo. Sorri em meio às lágrimas. Queria tanto beijá-lo. Dizer que o entendia. Aquilo devia significar tanto para ele...

Loki... a rainha se levantou e correu até o filho, envolvendo-o em um abraço Salvou seu pai.

Eu juro, mãe, que eles pagarão pelo que fizeram hoje respondeu em uma voz firme, encarando-a.

Mas, antes que ela pudesse responder, a porta foi derrubada e, dela, apareceu um Thor com uma expressão séria. Respirei fundo, balançando minha cabeça, fazendo a cena sumir e eu voltar para o quarto. Olhei ao redor novamente. Tinha que sair dali. Tinha que impedir a colisão. Tinha que impedir. Talvez aquela fosse a minha última chance de evitar perder um dos dois. De evitar perder Loki. Senti uma pontada em meu peito, que se espalhou pelo resto do meu corpo.

Levantei-me do chão, correndo até a janela. Querendo ou não, aquela era a minha única rota de fuga. Pisquei. Eu podia criar uma escada com o Sjköldur e descer até o jardim, mas aquilo demoraria. A outra solução era criar uma placa, subir em cima dela e movê-la até o chão, mas era arriscado demais e eu nunca tinha feito algo daquele tipo antes.

O ar ao meu redor tremeluziu e me segurei com força no batente pelo susto. Era Loki. Ele estava cavalgando até a cúpula da Bifrost. Ao chegar, desmontou e caminhou a passos largos até onde Heimdall costumava ficar. Onde estaria ele?

Vi o moreno colocar rapidamente o cetro no pedestal e os raios da Bifrost saírem para todas as direções. Quem estaria vindo? Esperei, mas ninguém apareceu, apenas os raios estavam ficando mais fortes e intensos do que eu jamais havia visto. Da ponta de cada um dos raios de repente começou a brotar gelo. Franzi o cenho. Gelo? Jotunheim?

Outro corte e Thor se ergueu do chão do jardim do castelo, com uma expressão séria. Quase que com raiva. Começou a girar o Mjölnir, abaixou-se e lançou-se para cima, sumindo no céu. Ele estava indo até Loki. Trinquei os dentes, vendo a imagem sumir e eu voltar para o quarto.

Olhei para frente e depois para baixo, respirando fundo. Tinha que sair por ali. Era o único jeito.

Sjköldur! clamei, pondo as mãos para frente.

Rente ao parapeito, uma placa acobreada apareceu e roguei para que conseguisse suportá-la até o chão.

Sentindo calafrios, pulei a janela e me posicionei de um jeito que fosse mais difícil de cair. Fechei os olhos e movimentei a placa para frente, afastando-me da área segura. Olhei rapidamente para baixo e me arrependi no mesmo segundo. Apertei minhas mãos e continuei a empurrar lentamente o escudo para baixo.

Não pode impedir escutei Loki, assim que viu Thor A Bifrost vai aumentar até destruir Jotunheim.

Fechei os olhos com força, tentando não me desconcentrar.

Vi Thor correr até o gelo e tentar quebra-lo com o Mjölnir, mas Loki o afastou com um raio vindo do cetro de Odin, o que fez o loiro cair no chão.

Um clarão e de repente eu estava de volta a Jotunheim. Pude ver os prédios azuis caírem, fazendo com que minúsculas partículas de gelo fossem lançadas para todos os lados. Jotuns corriam com faces assustadas, enquanto eu via um por um sendo engolidos pela devastação e pelos escombros. Fechei os olhos com força, não querendo ver.

Eu não podia deixar que os flashes rápidos do que estava acontecendo com Thor e Loki tirassem a minha concentração, mas foi difícil me manter estável quando vi a expressão do moreno. A dor da falha me abateu mais uma vez. Não conseguia parar de pensar o quanto aquilo era minha culpa.

(Deem play! Caso acabe, já sabem: Replay!)

Eu assisti com pesar enquanto Loki colocava para fora tudo o que estava sentindo. O sentimento de ser esquecido e o desejo de anos de ser tratado igualmente a Thor. Não era para ele estar fazendo aquilo daquele jeito. Do nada, em circunstâncias completamente erradas. Queria tanto estar ali, para abraça-lo até os braços doerem e enxugar as lágrimas prestes a cair de seus olhos umedecidos. Meu peito doeu.

Quando você estava parado no meio da devastação

Quando estava esperando na beira do desconhecido

Com o cataclisma desabando, por dentro gritando salve-me agora

Você estava lá, possivelmente sozinho.

Eu só queria ser seu semelhante! sibilou, caminhando até o loiro.

Loki, isso é loucura! Thor gritou

É loucura? seu tom era irônico, mas a dor em sua voz era clara. Pelo menos para mim. É?

Seus olhos estavam prestes a desaguar e eu roguei para que a visão se dissipasse, para que eu chegasse lá o mais rápido possível. Como se alguém tivesse me escutado, tudo mudou e eu voltei para o jardim do palácio. Arquejei, constatando o quão perto do chão eu estava.

Sem tempo para pensar, pus-me a correr, na medida em que meus pés me deixaram. A cada vez que eu tocava no chão, minha perna fraquejava. Eu definitivamente não chegaria lá a tempo daquele jeito. Não com a possibilidade de eu desabar no chão a casa passo que eu dava.

Saí da área do castelo e fui correndo o máximo que eu conseguia pelas ruas da cidade. Tive a impressão de que nunca exigira tanto das minhas pernas quanto naquele dia. Elas queimavam, mas eu não me permitia parar. Me sentia tão instável que poderia dizer que a qualquer segundo eu cairia ali, no meio da multidão.

Antes que eu desse o próximo passo, a rua tremeluziu e eu voltei à cúpula da Bifrost. Eles estavam lutando.

Quando eu estava vendo algo que não estava ao meu alcance, por assim dizer, não conseguia saber o que acontecia realmente ao meu redor, por isso, quando a cena mudou da rua para a cúpula, não pude mais ver o chão, o que me levou a tropeçar em algo, deixando-me caída, estatelada no meio da rua.

Cogitei a possibilidade de me levantar, mas de que adiantaria? Eu tropeçaria e cairia novamente. Limitei-me a sentar no meio da rua, enquanto sentia as pessoas passando ao meu redor, esbarrando agressivamente em mim. Como Heimdall conseguia sobreviver com aquilo?

Era impossível dizer qual dos dois estava em desvantagem. Quando um atacava, o outro revidava e vice-versa. Gritos que mais pareciam urros podiam ser ouvidos e faíscas saiam de cada colisão entre o cetro e o Mjölnir.

Tique-Taque... Minha vozinha interior me lembrou de que eu tinha que fazer aquela visão se encerrar e continuar a correr. Tive certeza disso quando vi ambos serem jogados para fora da cúpula, e Loki rolar pela Bifrost, ficando segurado apenas pelas mãos. Prendi a respiração, levantando-me de supetão e esbarrando em algumas pessoas. Por favor... não caia....

Thor... sua voz era de súplica e o loiro se aproximou.

Temi que Thor não fosse segurá-lo, mas alivie-me quando vi que ele estendeu a mão para o irmão. Mas quando ele foi tocar em seu antebraço para puxá-lo, Loki sumiu. Depois disso, tudo tremeluziu e eu voltei para o meio da rua, onde as pessoas me olhavam torto. Ignorei-as, voltando a correr.

Não tinha tempo de pegar um cavalo. Seria um desvio muito grande, mas a pé eu não seria mais rápida. Só tinha uma única possibilidade. O mesmo jeito que eu usei para sair do quarto do palácio.

O problema era que eu não sabia se teria forças para chegar lá sem desmaiar na metade do caminho.

Sjköldur! invoquei o escudo na forma de uma placa, do mesmo jeito de quando saí do quarto.

Subi rapidamente nele, segurando-me com força nas bordas. Orei para que desse tudo certo e impulsionei a placa para frente, na maior velocidade que consegui.

Você se sente frio e perdido em desespero

Você constrói esperança, mas falhas são tudo o que você conhece

Lembre-se de toda a tristeza e frustração

E deixe-as ir.

Meus cabelos chicoteavam o rosto com ferocidade e eu não sabia muito bem para onde estava me dirigindo, mas mesmo assim continuei seguindo em frente. Olhei ao meu redor e não conseguia ver nada muito além de um borrão.

O céu ao meu redor piscou e eu senti a placa abaixo dos meus pés sumir. Arregalei os olhos. Eu estava em alta velocidade, o que fez meu corpo ser atirado em direção ao chão. Rolei algumas vezes antes de parar. Meus braços doíam e eu senti cortes ao longo do meu rosto.

Vi Loki deitado na ponte com o Mjölnir em seu peito, prendendo-o no chão. Ele tentava levantá-lo, mas sem sucesso.

O loiro estava virado para a cúpula, que o arrastava para si. O brilho que ela produzia era muito intenso e o ar ao redor estava agitado, fazendo os cabelos de Thor voarem para todos os lados. Ele tinha uma expressão confusa e indecisa, como se não soubesse o que fazer. De uma hora para a outra, seu rosto mudou e ele fechou os olhos, estendendo a mão em direção a Loki, trazendo o martelo até si.

Ele piscou e voltei para onde estava. Olhei para o chão e constatei que já estava na ponte. Longe de onde eles estavam, mas já havia percorrido metade do caminho. Levantei-me com dificuldade, sentindo meus músculos doerem.

Enquanto tornava a tentar correr, olhei para o chão sob meus pés. Qualquer um era perfeitamente capaz de ver a energia sendo levada até a cúpula, onde seria dirigida até Jotunheim, causando sua destruição. Tentei não pensar naquilo novamente, voltando a correr.

Olhando em linha reta, eu conseguia ver a cúpula se quebrando e brilhando intensamente. Foquei meu olhar nela e corri sem desviar o olhar. De onde eu estava para lá era um caminho só. Sem desvios.

Lutei contra as pontadas insistentes em minhas pernas, meus pés e meus braços. Eu correria. Tinha que correr. Não havia outra opção.

Quando consegui vê-los, mesmo que ainda de longe, senti fortes vibrações sob meus pés. A ponte tremia. Olhei assustada para eles, bem a tempo de ver Thor batendo com o Mjölnir na ponte. Ele iria quebrar a Bifrost. Ele iria bloquear a energia da ponte, salvando Jotunheim.

Continuei correndo. A medida que me aproximava, sentia a pressão do ar ficando mais e mais forte, como se me puxasse. Eu estava ficando perto. Já estava chegando até eles. Só mais um pouco. Um pouco...

Quando a esperança começou a brotar novamente em meu coração, eu já estava perto o suficiente deles. Vi Loki correndo até o loiro, na intenção de pará-lo, mas no último segundo, uma explosão. Vi tudo ficar branco e um ar quente me empurrar para trás. Olhei para cima, a ponto de ver os dois sendo jogados para cima.

A Bifrost estava quebrada.

E em uma explosão de luz que cegou todos os anjos

Como se o céu tivesse explodido o paraíso em estrelas

Você sentiu a gravidade da graça suave, caindo em um espaço vazio

Ninguém lá para pegá-lo em seus braços.

Minha visão embaçou pelas lágrimas que brotaram e não parei de correr. Olhei adiante. Um homem baixado na ponta da ponte recém-quebrada. De onde Odin havia saído? Quando ele havia acordado? Como ele chegara ali a tempo?

Ele estava inclinado para frente, segurando algo que ameaçava cair. Olhei ao redor e arquejei. Não vi Thor e Loki. Cheguei onde Odin estava e olhei para baixo, vendo que o Rei segurava os pés de Thor, que segurava Loki pelo cajado. As lágrimas escorriam e meu coração foi para o meu pé.

Eu poderia ter feito, pai! escutei sua voz. Ela soou desesperada e chorosa. Fechei os olhos com força Por você! Por todos nós!

Não, Loki... o rei sussurrou e, só naquela hora, pareceu me notar ali.

Você se sente frio e perdido em desespero

Você constrói esperança, mas falhas são tudo o que você conhece

Lembre-se de toda a tristeza e frustração

E deixe-as ir.

Loki! gritei, esticando-me para frente.

Olhei para sua mão. Ela estava escorregando. Não daria tempo. Eu o perderia para sempre.

Olhei em seus olhos, que me encararam surpresos. Não...

Loki! gritei novamente, esticando a mão em sua direção Por favor...

Mas era tarde demais. Ele havia soltado o cabo do cetro. Ele estava caindo para o espaço.

Eu te amo! gritei com todas as forças que me restavam, sentindo todo o meu corpo arder em uma dor dilacerante.

Não conseguia desviar meus olhos dele. Caindo... indo para longe. Seus lábios se moveram antes de ele sumir no espaço. Seus lábios se mexeram e senti que meu coração havia sido arrancado do meu peito. Encarei o espaço. Esperava que tudo aquilo fosse um pesadelo e que eu acordasse ao seu lado. Mas não era. Ele havia ido. E meu coração fora junto.

Você se sente frio e perdido em desespero

Você constrói esperança, mas falhas são tudo o que você conhece

Lembre-se de toda a tristeza e frustração

E deixe-as ir.

A todo minuto vinha em minha mente a imagem de Loki caindo e seus lábios se movendo em um último Eu também te amo.