Linked escrita por Miss Hana


Capítulo 13
"Você parecia estar cooperando bastante com ele"




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“Você parecia estar cooperando bastante com ele”

Por: Hana

L-I-N-K-E-D

O costumeiro som elétrico da Bifrost em funcionamento ecoou pela cápsula acobreada, onde o moreno passava a maior parte de seus dias.

Depois de um breve clarão, o atual rei de Asgard apareceu, em sua clássica postura orgulhosa.

– Algum problema, Guardião da Ponte? – sua voz carregada de cinismo pôde ser ouvida, quando constatou que Heimdall o olhava torto.

– Tentei ver o que fazia em Jotunheim, mas não pude – sua voz era apática e falava a contragosto – Ocultou-se de mim, como quando os Gigantes vieram.

– Talvez seus sentidos não estejam tão apurados depois desses anos – deu alguns vagarosos passos para frente, como uma serpente prestes a atacar a presa.

– Ou, talvez, alguém tenha achado um jeito de esconder aquilo que não deseja que eu veja.

– Você tem grandes poderes, Heimdall – Loki circulou-o, andando em direção à saída da cúpula – Odin já o temeu?

– Não – respondeu secamente.

– Então por que isso?

– Por que ele é meu rei e eu jurei obedecê-lo.

– Ele era seu rei – deu ênfase no “era” – Agora você deve jurar me obedecer. Não é?

– Sim – respondeu, depois de alguns demorados segundos.

– Então não deixará ninguém cruzar a Bifrost, até eu reparar os danos que o meu irmão fez.

O Rei caminhou a passos largos até a saída, mas foi parado pela voz do Guardião, que soou levemente risonho.

– Eu peço perdão por isso ter vindo tarde demais, então.

– O que disse? – Loki se virou, encarando-o duramente em seus olhos dourados.

– Ainda não tinha me dado essa ordem – comentou – Por isso deixei que Lisanna passasse.

Os olhos do mais novo arregalaram-se e as mãos se fecharam em punhos.

– Fiz mal? – sua voz soou tão cínica quanto a do Rei.

– Para onde você a mandou? – estreitou os olhos, sibilando as venenosas palavras.

– Para onde você não queria.

Grunhindo em uma raiva mal contida, saiu dali a passos largos, pisando com força.

L-I-S-A-N-N-A

Algumas horas antes...

Acordei atordoada. Que horas eram? Por quanto tempo eu havia dormido? Olhei para a janela. O céu já começava a ficar alaranjado. Suspirei. Ainda dava tempo.

Sentei-me na beirada da cama, pensando em tudo o que acontecera nas últimas horas. Eu o beijei loucamente em uma sala aleatória do palácio e agora ele já devia ser rei. E não traria Thor de volta. Pensei em tentar descobrir algum motivo mais profundo por trás disso, mas cheguei na conclusão de que deveria ser uma tremenda perda de tempo.

Fechei os olhos com força ao ver flashes dos olhos verdes do moreno em minha cabeça. Beijá-lo fora algo tão fora do comum que eu chegava a duvidar. Bati levemente em meu rosto, na tentativa de espantar a sensação de seus lábios sobre os meus.

Eu já sabia mais ou menos o que Loki iria fazer. Era óbvio demais até para mim. E eu podia simplesmente ajuda-lo e beijá-lo quantas vezes eu quisesse, por que se tinha uma coisa que ninguém podia negar, essa coisa era: eu realmente queria. Talvez, em um futuro um pouco distante, minha mente clareasse o suficiente, para que eu pudesse ver quais eram os meus reais sentimentos por Loki. Mas, por hora, deixaria aquilo de lado. Não era o momento certo.

Sim, eu podia fazer aquilo. Mas, de algum modo, ficar calada ao lado de Loki me parecia uma tremenda traição a Thor. Ambos eram meus amigos. Eu tinha que fazer alguma coisa para alertar os dois. Suspirei profundamente. Eu tinha que escolher ente o que era mais cômodo para mim e o certo a fazer. Bufei. Não era egoísta a esse ponto. Apesar de a tentação ser muita. Não consegui evitar que os lábios quentes de Loki passassem pela minha mente mais uma vez. Corei.

Clareai a minha mente... – roguei, enterrando a testa nas mãos e sacudindo a cabeça com força.

Respirei profundamente e pus-me a pensar mais uma vez. E outra. E outra. Até chegar em uma conclusão difícil. Primeiro eu teria que ajudar Thor, para que ele me ajudasse a ajudar Loki. Resumindo, começaria pelo menos complicado.

Aí veio a pergunta: como eu faria isso? Não tinha jeito de eu me comunicar com Thor sem Loki saber. O único jeito era pedindo que Heimdall me enviasse para Midgard. O que era algo que eu já estava começando a considerar, dadas todas as circunstancias e tal. Suspirei. A quem eu estava tentando enganar? Teria, realmente, que pedir aquilo ao Guardião.

“A que ponto você chegou, Anna?” Verdade. Primeiro tinha que pedir um favor a um cara que estava longe de gostar e ainda pedir que o mesmo guardasse segredo do próprio Rei. Balancei a cabeça de um lado para o outro. Aquilo não importava. Tinha que falar com Thor. E se eu tivesse que fazer isso pelas costas de Loki, que assim fosse.

L-I-S-A-N-N-A

Depois de quase furtar um cavalo no estábulo, cavalguei apressadamente até Heimdall. Não tinha levado muita coisa comigo, apenas minhas armas e minha força de vontade.

Quando cheguei até a cúpula, respirei fundo e entrei, encarando as costas do moreno.

– Me perguntava quando iria recorrer a mim por ajuda, Lisanna Hiln – sua voz grossa me deu arrepios e eu lutei contra a vontade de recuar.

– Engraçado – tentei fazer com que minha voz saísse firme. Deu mais ou menos certo – Eu também me fazia a mesma pergunta.

– Sei o que pretende – falou subitamente e não me surpreendi.

– Creio que não – dei um passo a frente – Mas caso tenha razão, já deve saber o que espero que faça.

– Se está esperando que eu a mande para Midgard, no intuito de dar as más notícias a Thor, sinto em lhe dizer que está perdendo seu tempo.

Franzi o cenho. Do que ele estava falando?

– Eu realmente acho que você está ficando louco – comentei, hesitando – Ou velho.

– Loki já foi encontrar Thor – falou sem emoção – E já falou que não iria trazê-lo de volta.

Ok. Agora eu estava realmente confusa. Loki fora ao encontro de Thor? E falou para o mesmo que não iria trazê-lo de volta?

– Onde ele está agora? – arqueei a sobrancelha.

– Em Midgard. Bebendo, creio eu.

– Eu estou falando de Loki.

– Em Jotunheim.

Arregalei os olhos. Eu estava atrasada. Não muito, mas em um grau levemente desesperador.

– Me responda uma coisa: O que te leva a crer que eu estou ao lado de Loki e contra Thor? – indaguei, falando mais rápido do que um dia achei que conseguiria.

– Eu vi vocês mais cedo – sua voz era como de costume. Apática – Você parecia estar cooperando muito com ele.

Enrubesci. Tive quase certeza de que meu rosto estava escarlate. Tínhamos plateia mais cedo. Por que Heimdall tinha que bisbilhotar? Além disso, tirava conclusões precipitadas. Ninguém merece.

– Você está deduzindo demais, para alguém que deveria vigiar apenas o necessário – torci para que minha voz saísse firme.

– Está me dizendo que está contra o nosso Rei? – seu tom era acusatório e eu franzi o cenho. Que cara louco.

– Não – falei, como se afirmasse algo óbvio demais. – estou de ambos os lados, meu caro.

– Então por que está indo ao encontro de Thor? E pelas costas de Loki?

– Alguém já disse o quanto você é irritante? – cruzei os braços na altura do peito.

Jurei ter visto um esboço de sorriso surgir em seu rosto. Ele estava brincando comigo ou era impressão minha?! Revirei os olhos.

– Eu sei quem você é, Lisanna – afirmou convicto – e sei do que está atrás. Pode não gostar de mim, mas estamos atrás de algo em comum. De um jeito um tanto quanto torto, mas é verdade.

Eu não sabia do que ele estava falando, mas se estava ao meu favor, eu não o contrariaria.

– Por isso vou deixa-la passar. A enviarei para o exato lugar em que Thor se encontra agora. Faça o que é certo. Sei que você é a pessoa exata para isso.

– Como pode saber o que estou sentindo? – franzi o cenho – Até onde eu sei, você só enxerga até onde os olhos podem ver.

– Exato – soltou o ar pelo nariz, como em uma risada – Qualquer olho bom pode ver o que você sente. É como se estivesse pintado em sua testa.

– Eu não sou tão fácil de se se ler assim – fiz um muxoxo, descruzando os braços e pondo as mãos na cintura.

– Pode apostar que é.

Logo após sua última palavra, os usuais raios começaram a serem lançados em direções alternadas e senti a pressão do ar tentando me esmagar.

– Tenha cuidado, Anna – pelo jeito que ele falou, parecia que não falava só dos perigos em que eu poderia correr em Midgard, mas de tudo o que eu estava passando, ou até mesmo o que eu iria passar.

– Eu tomarei – foi a última coisa que falei, antes de sentir meu corpo ser puxado para o espaço e lançado para as estrelas.

L-I-S-A-N-N-A

Não sabia quanto tempo havia se passado entre a minha conversa com Heimdall e minha queda livre. Só recobrei a noção de tudo, quando senti o impacto dos meus pés contra o chão. Olhei para cima, vendo o clarão de onde eu vim sumir completamente, deixando como rastro somente os desenhos circulares no chão.

Olhei ao redor. Estava de noite. Em um lugar que nunca havia ido antes. Com estranhas construções metálicas ao meu redor, escondidas no escuro. O clima estava frio, mas quase não senti.

Tudo ali era diferente. O ar mais pesado, mais carregado. Estranhei o céu quase sem estrelas e não pude deixar de compará-lo a Asgard. Tudo ali era tão desarrumado, fora do padrão.

Pus as mãos no cinto do vestido e constatei que minhas armas ainda estavam lá. Será que o escudo funcionava ali? Quando ia invoca-lo para testar, escutei meu nome ser chamado de um lugar não muito distante.

– Anna?! – a voz parecia confusa, aliviada, animada... e tantas outras coisas que eu não conseguiria listar.

Olhei ao redor, para logo me focar em um ser alto e robusto correndo em minha direção. Prendi a respiração. Thor.

J-A-N-E

Depois de eu ter encontrado um homem lindo que se dizia ser um deus nórdico, ter meu material de estudo roubado por uma organização secreta do governo e ser cúmplice em uma tentativa de furto, já estava começando a achar que não me surpreenderia com mais nada.

Isso até eu e Thor estarmos sentados na porta do meu trailer e um clarão semelhante ao que vi quando encontrei o loiro pela primeira vez, acompanhado por um raio e um barulho nos interrompe, fazendo Thor levantar-se em um pulo e correr na direção dele.

– Thor! – gritei, jogando o cobertor que estava em meu colo e correndo atrás dele.

É claro que, com meus poucos centímetros de altura, foi difícil acompanhar um homem daquele porte, por isso ele saiu em disparada na minha frente. Quando o alcancei, só consegui ver ele agarrado a uma silhueta feminina, não muito mais alta do que eu. Franzi o cenho.

– Por que você está aqui? – quando finalmente se soltaram, vi que seus olhos azuis brilharam intensamente para a garota.

Estremeci quando percebi o que aquele brilho significava. Ele gostava da garota. Ela não parecia estar percebendo, mas estava estampado na cara dele.

No momento em que o loiro se mexeu, desbloqueando a visão para ela, meu queixo caiu. Aquela era, irrevogavelmente, a garota mais bela que eu já havia visto em toda a minha vida. Seu rosto não era nem muito achatado, nem muito alongado, seu nariz combinava perfeitamente com os olhos grandes e boca pequena. Seus cabelos caiam em uma cascata de fios ao redor de seu torso. Me perguntei se eles eram castanho-claro ou loiro escuro.

Seus movimentos eram graciosos e delicados. Quando ela se mexia, o longo e fino vestido esvoaçava para todos os lados. A garota me parecia algum tipo de princesa de outro planeta. Bem, talvez ela fosse.

– Eu tinha que te ver – sua voz era melodiosa e ela falava com afeição, como se eles se conhecessem a muito, mas muito tempo – Têm muita coisa acontecendo em Asgard.

– Loki me contou – suspirou pesadamente, virando o rosto para baixo e os olhos castanho-esverdeados dela brilharam com algo que eu não pude definir.

– Então nós realmente temos que conversar – ela segurou o rosto dele, voltando-o novamente para si. Franzi o cenho – Tem algum lugar em que possamos nos sentar?

Como se tivesse esquecido da minha presença, Thor se virou para mim e sorriu fracamente.

– Jane, está é Lisanna Hiln – falou, aproximando-se da garota – uma amiga minha.

– Pode me chamar de Anna – acenou, sorrindo com os dentes perfeitos para mim. Retribuí.

– Anna – falou com ela – Esta é Jane Foster, a pessoa que me encontrou quando Odin me mandou para cá.

– Ele deve ter dado bastante trabalho – seu tom era bem humorado e eu sorri.

Caminhamos de volta para o trailer e puxei outra cadeira para Lisanna, que tornou a falar com Thor.

– Loki sabe que você está aqui? – ele perguntou, levemente preocupado e ela negou – Você não devia ter vindo. Sei que Odin está morto por minha causa.

Havia uma tristeza excessiva em sua voz e me perguntei o que estava acontecendo. As sobrancelhas de Lisanna se juntaram e seus olhos brilharam em dúvida.

– Thor, Odin ainda vive.

Olhei para o loiro de novo e não consegui decifrar o que seus olhos expressavam. Era tanta coisa...

– Então por que Loki me disse... – sua voz morreu antes que terminasse a frase – O que ele falou para você?

Ela pareceu pensar antes de falar. De um segundo para o outro, suas delicadas bochechas ficaram rosadas, como se lembrasse de algo embaraçoso e sua expressão acompanhou-as. Mas logo se recompôs.

– Nada – quebra de expectativa – Ele não chegou a me dizer nada, mas deduzi. Não acho que ele deseje seu retorno.

Thor contou o que aconteceu quando ele chegou aqui, desde que me conheceu, até quando invadiu a base da S.H.I.E.L.D. para “recuperar” o martelo. Debateram e falaram nomes que para mim não tinham nenhum sentido. Tentaram descobrir o que estava acontecendo e acabaram não chegando a nenhuma conclusão.

Entendi que esse tal de Loki, que era o irmão de Thor, não queria que ele voltasse para Asgard por que queria o trono só para ele. Pelo menos foi isso o que o loiro afirmou.

Quando ele disse isso, Lisanna pareceu ofendida, como se defendesse o outro.

– Você não o entende – seu tom tinha um misto maluco de confusão e convicção – Não sabe pelo que ele está passando.

– Você realmente está o defendendo? – ele soou incrédulo. Eu só observava – Depois do que ele fez para mim?

– Não posso escolher entre um dos dois. E é por isso que eu vim aqui. Te pedir ajuda – sua voz era forte.

– Talvez você não tenha considerado que eu preciso de ajuda.

– Não fale como se eu tivesse contra você – irritou-se – Eu só quero que tudo volte a ser como antes.

– Mas nunca vai! – falou alto e ela se assustou – Não depois do que Loki está fazendo.

– Thor... você entende por que não conseguiu recuperar o Mjölnir? – sua voz tinha um humor sarcástico – Logo antes de Odin enviar o martelo para Midgard, ele conjurou que só seria capaz de erguê-lo, quem fosse digno de tal. Você não pode se sentir no direito de julgar seu próprio irmão, por mais errado que ele esteja.

Como em um passe de mágica, a expressão do loiro mudou em rendição. Seus ombros caíram e os olhos murcharam. Me assustei com o efeito que essa garota tinha sobre ele.

– Você tem razão, Anna – falou baixo – Me desculpe.

– Que bom que você entendeu, Thor – suavizou a expressão, pondo a mão sobre a sua – Não queria ter te dito aquilo. Mas é meu dever abrir seus olhos.

– Então, o que faremos? – perguntou determinado.

– Temos que arrumar um jeito de pará-lo.


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Notas finais do capítulo

E aí? Tudo bem?
Pequena enquete! o/...
Me falem nos comentários, quem vocês acham melhor (por "melhor", eu digo, mais diwo, mais legal... o que vocês preferem): Steve Rogers, Clint Barton, Bruce Banner ou Tony Stark?