Acordei com uma dor de cabeça terrível, olhei para baixo e vi que ainda estava no corpo de tigre, minhas costas queimavam, comecei a ronronar baixinho enquanto tentava sem sucesso me levantar.
Tentei observar o local onde eu me encontrava, mas era tudo muito escuro, ouvi um baralho e imediatamente tentei me levantar novamente, dessa vez consegui.
Meus olhos de tigresa me ajudaram a ver quem estava vindo e eu dei de cara com quem havia me caçado. Comecei a fitar novamente sua aprencia, os olhos dourados, –que até hoje me assombram.-, cabelos liso preto, moreno, e um corpo muito bem definido, provavelmente indiano assim como minha irmã.

Ele chegou mais perto da jaula onde eu estava e começou a me observar, no final acabei me deixando ganhar pela dor na costa e deitar, deixando aquele estranho que havia me machucado me encarar por alguns minutos. Ele estava com um olhar triste, parecia abatido, enquanto ele olhava em meus olhos dava a impressão de que estava olhando dentro de minha alma, por isso cobri minha cabeça com uma das patas tentando afastar tudo aquilo. Ele se sentou perto da grade de minha jaula, mas parou de me olhar. Em vez disso começou a falar comigo. “Como se eu fosse entender alguma coisa se realmente fosse um animal.” – Pensei assim que suas palavras atingiram meus ouvidos:
–Desculpa, não queria fazer isso! – Ele passou as mãos pelo cabelo negro e fechou os olhos.
“Mas fez” – Pensei em quanto levantava a cabeça para fita-lo.
– Entenda, meu pai é um senhor pobre, e ele esta doente, preciso muito ajuda-lo, ele e meu irmão, são as únicas pessoas que eu tenho. – Ele deu um sorriso fraco e voltou a falar: – Na verdade, seus olhos me lembram os de meu irmão. Como pode um animal ser tão bonito assim? –Não deixei de sorrir por dentro com aquilo, mesmo na forma de tigresa, foi realmente bom ouvir uma pessoa falar que era bonita, pois vivia solitária e realmente odiava minha aparência.
– Eu queria que você fosse livre, mas meu pai esta muito doente. Por favor, entenda! – Ele disse aquilo e saiu.

Fiquei processando tudo por um momento, ele era realmente lindo, e gentil, mesmo não sabendo que na verdade eu era um ser humano ele me pediu desculpas, e eu realmente acredito no que ele disse de que me querer livre, pois seus olhos não mentiram.
Levantei novamente dessa vez com a costa um pouco melhor, pois tinha ficado um bom tempo deitada. Tentei observar que tipo de jaula que eu me encontrava, no final das contas, ela era muito fácil de abrir.
Quando tive a certeza de quem ninguém estava vindo ou ouvindo, me transformei em humana abri a fechadura silenciosamente e sai da jaula.
Parei assim que me lembrei do que o homem de olhos dourados tinha dito : “meu pai é um senhor pobre, e ele esta doente, preciso muito ajuda-lo”, suspirei com aquilo:
–Maldição! –Cochichei para mim mesma e tentar procurar algum telefone naquele lugar ainda muito escuro. Provavelmente era um porão ou alguma coisa assim, achei um telefone preso na parede perto da jaula onde eu estava anteriormente, disquei um numero qualquer e esperei alguém atender:
– Alô?
– Anik Kadam?
– Ai meu Deus, Kelsey? Onde vocês esta? Esta bem?
– Sim estou bem Sr Kadam, mas preciso de sua ajuda!
– Pode falar minha filha, qualquer coisa por você!
– Eu fui raptada, mas isso não é o caso, eu já consegui fugir e logo estarei na mata novamente, mas eu preciso de dinheiro pra... bom, preciso ajudar um amigo!
– Claro querida, quanto mais ou menos você precisa?
– Me surpreenda!
Eu sabia que o Sr. Kadam iria achar onde eu estava, ele sempre acha de algum jeito, então não me importei de falar o endereço para ele me encontrar, até porque nem eu sabia direito onde eu estava. Desliguei o telefone, e segui até uma escada que terminava com uma porta de madeira escura, fui ligeiramente até lá e abri de vagar, não encontrei ninguém, caminhei mais um pouco até que finalmente achei uma porta que me tirasse da casa. Assim que coloquei meus pés para fora,alguém pegou no meu braço e me virou brutalmente:
– Quem é você, e o que esta fazendo aqui?
– Ca-calma, eu.. eu vim te ajudar!
– Ajudar como, posso saber? – Ele me puxou para mais perto e mostrou que estava com uma arma.
– E-eu, vim... libertar o tigre, eu sei que era isso que você queria, libertei o tigre e em compensação vou ganhar um dinheiro que doarei para você!
– Não preciso de caridades. Além disso, essa historia esta me parecendo muito fraca!
– Fraca? A historia vai lutar por acaso?
– Não brinque comigo menina! Porque você esta aqui? – Ele gritou a ultima parte que me fez ficar um pouco assustada.
– Já disse, eu vim... – Fui interrompida de continuar por batidas na porta, –que eu não tinha nem visto que tinha sido fechada.-
– É um de seus amiguinhos?
Dei de ombros, o que fez o moreno bufar e me jogar pro lado, abrindo a porta com delicadeza para não assustar qualquer que fosse o visitante.
Cheguei um pouco mais perto e pude observar quem era:
– Olá, vim entregar isso ao proprietário da casa. – O homem de barba e cabelos brancos, que estava parado na porta com um olhar de cansaço, entregou ao moreno uma maleta. Assim que ele pegou a mesma na mão, fez uma careta, mas a abriu, dando de cara com 100.000 doláres em notas de 100.
– Isso é..... – O moreno passou a me fitar, e por um momento eu entrei em tentação, ele estava com o cabelo caído na testa, e seus olhos dourados brilhavam intensamente. – Vi que ele não conseguiria terminar sua frase, então eu mesmo o fiz:
– Isso é seu! – Dei de ombros de sai da casa, sendo seguida pela Sr Kadam.