O Rei Leão - Origens escrita por Rodrigo MariMoon


Capítulo 1
Capítulo 1




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Eu andava pelas matas do Reino. Passando por um lago calmo, eu via meu reflexo. Aquele filhote de leão marrom com topete negro e olhos verdes era eu. Eu tinha apenas oito anos, e um vazio já dominava meu coração de um jeito que me deixava perdido. Enquanto andava tranquilamente, eu olhava para baixo, encarando as minhas patas. Como minha mãe, minhas garras eram demasiadas grandes, ao ponto de eu nunca conseguir escondê-las. A vegetação era um pouco seca e amarelada, porém era uma linda paisagem. Eu vi uma gazela saltar pela mata, seguida de outro filhote de leão. Aquela pelagem dourada o topete vermelho eram inconfundíveis: meu meio-irmão Mufasa. Ele parou e tentou soltar um rugido. Mesmo sendo fino, agudo e um pouco irritante, o rugido dele era melhor do que o meu.

Um rugido imponente e majestoso foi solto de cima da Pedra do Rei. Nosso pai estava nos chamando.

Sou o filho do Rei, porém não sou bem um merecedor dos luxos que os príncipes têm.

Mufasa começou a dar pequenos saltos desajeitados, tentando correr por cima das pedras. E eu fui andando em volta do lago. Meu irmão parou do meu lado e empurrou o focinho sobre minha costela.

- Vamos logo, irmão!

Ele correu na minha frente. Respirei fundo e comecei a correr atrás dele. Por mais que eu ame meu pai e meu irmão, não me sinto incluido na família. Subi pelo caminho de pedras. E parei do lado de Mufasa. Nosso pai andava imponente pelas pedras. Minha mãe descia atrás... Logo a frente da mãe de Mufasa. Ele é o filho legítimo do Rei; e eu sou o filho bastardo.

Nossas mães se odiavam. A mãe do Mufasa tinha a pelagem mais clara, e olhos cor-de-mel; e a minha mãe tinha os pêlos marrom, e olhos verdes. Nosso pai, imponente, com a juba vermelha, olhou para nós dois. Mufasa sorriu e abaixou a cabeça. Eu me estremeci inteiro e me abaixei devagar.

- Venham comigo, os dois! – ele rosnou sério. – Preciso ter uma conversa com vocês dois.

Eu e Mufasa nos estremecemos. O que ele queria conversar conosco? O que era de tão importante ao ponto de precisar levar nossas mães junto...?

Ele continuou descendo. Acompanhamos nossas mães logo atrás. Minha mãe, a amante do Rei, se chamava Kenia. A mãe do Mufasa se chamava Zarina. Nosso pai, Zaci, raramente tinha tempo para nós dois, decido às suas obrigações como o Rei. Mas quando conseguia, ele era um pai amoroso e atencioso. Apesar dos olhares tortos que eu recebia quando passava por entre os animais, ele jamais me destratou.

Por entre as leoas que reverenciavam a presença do meu pai, estava a filhote que sempre atraia minha atenção: Zira. A filhote de lábios escuros e expressões rígidas me fazia sentir algo estranho em meu peito. Eu apenas não sabia o que era.

Meu pai parou, se virou para as nossas mães e rosnou:

- Zarina, Kenia. Eu gostaria de conversar com os meus filhos a sós. Por favor, deixe-nos sozinhos.

Zariname olhou com repulsa, o que me fez me sentir desconsertado e um pouco desolado. Ambas reverenciaram e sairam andando, se olhando com ódio no olhar uma para a outra. Eu e Mufasa olhamos para o nosso pai, e ele apenas disse:

- O meu pai teve essa mesma conversa comigo, assim como ele teve com seu pai; e futuramente, vocês terão essa conversa com os seus filhos, quando forem reis.

Eu e Mufasa nos olhamos com dúvida. Nosso pai riu das nossas expressões.

- Acalmem-se, meus filhos. Eu não darei bronca à vocês; apenas vou mostrá-los o Reino e até aonde fica o nosso território.

Durante toda a explicação, eu entendi pouca coisa. As únicas partes que eu pude compreender completamente foram as do ciclo da vida, sobre a presa se tornar a caça depois que morre, e algo sobre até aonde o Sol toca. A única parte que pude entender completamente era a que quando ele morrer, todo o Reino será meu e de Mufasa.

- Papai, e... E aquela área ali? – eu perguntei apontando o focinho para uma área onde se via inúmeros ossos pontudos apontados para os lados.

- Aquela área é o Cemitério de Elefantes. – ele respondeu. – Foi ali onde exilei as hienas, por caçarem animais das quais eu protejo. – ele se virou para nós e abaixou a cabeça, olhando para os nossos olhos. Ele tinha uma expressão severa no rosto. – Scar, Mufasa, quero que vocês me prometam que jamais irão para aquelas áreas. Pelo menos, enquanto não se tornarem Reis.

Quando ele falou a palavra Rei, ele me olhou com um olhar cabisbaixo e triste. O que aquele olhar queria dizer?

- Rei Zaci, Majestade! – uma voz chamou pelos céus. Na nossa frente, um tucano de penas avermelhadas e um grande bico dourado pousou na nossa frente.

- Opa, me perdoem, Altezas! – o pássaro abriu as asas e se reverenciou para mim e para o Mufasa. – Príncipe Mufasa, Príncipe Scar! É uma honra vê-los aqui.

- Xinavane! – meu pai exclamou sorrindo.

- Vim trazer-lhe uma novidade maravilhosa, Majestade! O meu filho nasceu!

Meu pai esboçou um sorriso, levantou a cabeça para o céu e rugiu majestosamente. Eu e Mufasa deitamos na pedra e cobrimos nossos ouvidos. Pude escutar seu rugido meio abafado mesmo apertando minhas orelhas até sentir incomodar onde dobravam. Assim que ele se virou para Xinavane, eu e meu irmão nos levantamos. Por alguns segundos, pudemos escutar o rugido ecoando por todo o Reino.

- Isso é uma ótima notícia, meu fiel mensageiro! Meus parabéns! Gostaria de um batizado para seu filho?

- Não é necessário, Majestade. – Xinavane falou timidamente. – É apenas o filho do mensageiro real, e...

- Bobagem. Chamarei o Rafiki pessoalmente para abençoá-lo! Seu filho merece. Como ele se chamará?

- Minha esposa... Decidiu chamá-lo de Zazú, o nome do meu pai.

- Zazú... É um lindo nome. – Mufasa comentou.

Xinavane corou e esfregou a asa no próprio bico.

- É uma honra receber um elogio do senhor, Príncipe Mufasa.

- Parabéns. – sussurrei. Eu sempre ficava tímido perto dos súditos do meu pai, pois, de algum modo, eu não me sentia muito bem-vindo por ali.

- Ah, muito obrigado, Príncipe Scar. – ele se reverenciou para mim.


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