Into the dark escrita por Candy_Rafatz


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Hey doçuras, como estão?
Essa é uma one pra quem gosta de drama. Qualquer semelhança com A culpa é das estrelas e Antes de morrer não é mera coincidência. Tem um ritmo diferente e espero que dê pra entender. E que gostem.
(Drama. Romance. Drama)



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“Love of mine someday you will die, but I'll be close behind

I'll follow you into the dark…”

Morrer...

Seria clichê dizer ser a unica certeza da vida? Sim, muito. Mas essa não é a verdade? Morte era a certeza. O destino de todos.

Então, por que lutamos tanto contra ela? Por que temos tanto medo dela? Por que não a aceitamos desde o começo, como uma velha amiga a quem não vemos por toda uma vida? Percorremos todo o caminho conhecendo lugares e pessoas, então a encontramos no final dessa estrada, quando já estamos cansados, nos despedimos de todo o resto e encontramos o repouso nos braços dela.

Mas não seria assim tão fácil abrir mão do certo pelo incerto. Do conhecido pelo desconhecido. Da vida pela morte. Seria ir contra todos os nossos sentidos e instintos, ir contra a natureza humana, por isso lutamos contra a morte, mesmo que inconscientemente. Seja com dietas, exercícios e hábitos saudáveis, check-ups frequentes, avanços na medicina e tecnologia, mesmo nas pequenas ações como o hábito de olhar para os dois lados antes de atravessar uma rua, tudo para evitar o inevitável, a morte.

Em teoria tudo é mais fácil, eu sei. Eu entendo isso bem, falo sempre que devíamos apenas aceitar a morte, mas eu mesmo não faço isso. Se fizesse, ia simplesmente deitar em minha cama e esperar que ela me tomasse em seus braços, mas fujo dela há cinco anos.

Fujo e tento me esconder dela. Em alguns momentos até consegui, mas ela sempre me encontra novamente. Tento correr, mas ela sempre me alcança.

Dessa vez mais do que nunca. Está tão próxima que posso até sentir seu hálito gelado em minha nuca.

Devia apenas aceitar e esperar, digo a mim mesmo.

Mas eu sei que essa não é a maneira que desejo passar meus últimos meses. Não, meses seria muita pretensão minha. Meus últimos dias, talvez semanas, se eu for sortudo, mas como nunca fui uma pessoa sortuda – levando em consideração o acidente de carro que levou meus pais quando eu tinha dezoito anos e então meu diagnóstico, aos vinte anos, sortudo nunca foi uma palavra adequada para me descrever.

Você pode me descrever como... Edward Cullen, o cara de vinte e cinco anos prestes a morrer. Muito prazer.

Não tenham pena de mim, eu estou bem. Ou melhor, estou bem agora. Com cinco anos de muitos tratamentos e medicamentos agressivos, remissões e retorno da doença, você se acostuma e passa do "oh meu deus, por quê?!" pra "é, fazer o que?". Claro que ainda tenho meus momentos de fúria com "foda-se tudo e todos" ou momentos de depressão com "por que eu?", mas na maior parte do tempo eu apenas aceito a situação, é, merdas acontecem e uma bem grande aconteceu comigo. Mas não é como se eu fosse especial ou amaldiçoado, grandes merdas acontecem todos os dias com outras pessoas, elas apenas acontecem. A diferença é o que você faz a respeito dela; você remoer, se lamentar, sentir pena de si mesmo, tirar alguma lição e fazer algo bom disso.

Eu já fiz todas essas coisas, agora eu estou apenas estagnado. Pensando em todas as coisas que eu queria e sonhei, mas que nunca tive ou realizei. Essa é realmente a parte frustrante, saber todas as possibilidades não exploradas. Mas novamente, meu trabalho é apenas aceitar isso e seguir em frente. Mesmo que o meu 'em frente' não me leve muito longe.

Mas claro que eu ainda sou humano e tenho medo. E não quero ouvir nada que a minha médica tenha dizer. Talvez se eu não escutar, não seja verdade. Mas esse pensamento não é muito coerente, seria apenas negação. Seria apenas como ficar de olhos fechados no meio de uma rodovia movimentada, mesmo que eu não visse de onde o carro está vindo, eu ainda seria atingido. E aquele ainda seria meu fim.

Indo para o encontro da minha velha amiga, que me esperou por tanto tempo e agora está com os braços abertos, pronta para me deixar descansar em seu peito. E aquele seria meu fim.

— Está tudo bem, Rosalie. — digo com a familiaridade que os anos que nos conhecemos, por tudo que ela já presenciou e a maneira que tentou arduamente salvar minha vida a cada oportunidade, me permite. — Pode falar.

— Eu sinto muito, Edward. Eu realmente gostaria de ter uma notícia boa, mas eu não tenho. Os resultados da sua última punção lombar mostraram que o câncer se espalhou em seu fluido espinhal.

— Oh. — eu respirei fundo. Eu sabia o que aquilo significava. Dei uma risadinha sem humor. — Bem ruim, hein?

— A doença afetou seu sistema nervoso central, Edward. E elas estão avançando cada vez mais rápido.

— Uma placa de "pare, estrada não finalizada" na frente e meu carro não para, continua a toda a velocidade e acelerando. — eu brinco.

Ela assente. Rosalie sempre foi o retrato de força e esperança, sempre sorrindo e incentivando todos a não desistir da vida, mas agora até ela parece saber que nada disso adianta mais, estamos sem opções. Pela primeira vez em cinco anos vejo os olhos de Rosalie se encher de lágrimas e seu rosto ficar derrotado.

Respirando fundo, eu balanço a cabeça suavemente também.

— Quanto mais de estrada me resta pela frente antes de... — paro ao sentir um nó subir em minha garganta, é amargo e me faz engasgar. Eu não sei por que, mas eu não consigo falar ou terminar aquela frase.

— Você sabe que eu não gosto de trabalhar com datas e prazos quando se trata de uma vida humana, mas você já está se sentindo cansado, enjoo e dores nas pernas...

— Rosalie, por favor.

— Talvez você reaja bem a algum tratamento novo, Edward.

— Eu não vou voltar a fazer quimo ou radioterapia, Rosalie. Eu acabei de ter meu cabelo de volta e seria legal morrer com ele. — com um sorriso de lado, eu passo a mão em meu cabelo. É bom sentir aquela massa de cabelo cor-de-bronze desgrenhado e rebelde que sempre me levaram a loucura sob os dedos.

— Não era esse tipo de tratamento, eu estava pensando em algo intratecal, talvez quatro semanas de metotrexato e hidrocortisona. Se tivermos sucesso, os sintomas podem melhorar e continuamos com programa de manutenção, Edward.

— Mas isso seria como tirar um peixe da água, jogar no asfalto e torcer pra que ele aprenda a respirar rápido suficiente antes de morrer, certo? Rosalie, eu não quero as opções que podem ou não dar certo, tudo que eu quero, ou melhor, preciso agora é a sua sinceridade, por favor.

— Eu... — ela para lambendo os lábios e parece lutar contra as lágrimas, mas elas descem por seu rosto. — Eu diria para você fazer as coisas que queira realmente, Edward. Eu sinto muito.

Eu queria sinceridade, lá estava ela. Respiro fundo e sorrio. Mas acho que meu sorriso saiu meio trêmulo, que talvez parecesse mais uma careta. Sinto as lágrimas arderem em meus olhos. Respiro fundo novamente. Não importa o quanto eu estivesse esperando essa notícia, nunca seria fácil lidar com ela.

— Será que podemos terminar essa conversa em outro lugar? — eu pergunto. A sala dela podia ser grande e confortável, mas ainda parecia me sufocar com aquele cheiro de álcool hospitalar.

Ela assente e fomos silenciosamente para a lanchonete do hospital. Sentamos juntos em uma mesa, ela fica na minha frente e fazemos nossos pedidos; um café preto e um suco de maracujá.

— Como vai ser?

Eu fico com pena de Rosalie. Sua imagem de profissional forte está desfeita, ela tenta enxugar as lágrimas, mas elas sempre voltam. Não tenho ideia de como ela pode lidar com isso em uma base diária, pessoas quase morrendo ou morrendo, sem enlouquecer. Talvez as vidas que ela consiga salvar ajudem, mas ainda assim parece ser algo torturante. É como se inclinar em um abismo todos os dias, ver as pessoas caindo, então se afastar sem poder fazer nada a respeito.

— De agora em diante você vai ficar cansado com mais facilidade, talvez tenha sangramentos nasais e falta de apetite. Qualquer coisa que você faça vai tirar muita da sua energia, então você vai querer dormir cada vez mais. Provavelmente vai dormir bastante. Com o tempo você vai querer falar menos e fazer menos coisas, tudo para ter algum cochilo. Talvez você sinta disposição para querer ter um pouco de ar fresco, mas não terá muita energia para ir sozinho, não sem ser carregado, então vai dormir novamente. Depois você vai começar a perder a consciência de forma intermitente, nesse momento talvez você não consiga reagir, mas vai saber que as pessoas estão ao seu redor e vai poder ouvir quando falarem com você. Depois de um tempo, você vai apenas apagar.

Paramos de falar quando a garçonete trouxe nossos pedidos. Pego meu suco e tomo um gole. Rosalie coloca açúcar e mexe seu café.

— Será que vai doer? — eu pergunto hesitante.

— A dor sempre será administrável.

— No hospital não era. Na verdade, era uma dor bem fodida.

— Mas isso foi quando não conseguimos acertar a dose de remédios, mas agora conseguimos, além de ter muita morfina para intravenosa ou oral, então você não deve sentir nenhuma dor.

— Então eu vou apenas... Dormir e não vou acordar mais? Bem, não é tão dramático quanto eu pensei que seria.

— Isso é bom?

— É. Muito bom. Menos dramático significa que também não é tão assustador, isso é bom, não queria sentir medo. Dormir é bom e fácil, eu gosto de dormir.

Rosalie estica a mão sobre a mesa e pousa sobre a minha.

— Eu sinto muito.

— Obrigado, Rosalie. — ergo a mão dela e beijo suavemente.

Quando solto a mão dela, ela pega seu copo de café e bebe.

Seguro meu copo de suco, encarando o líquido amarelo com as pedras de gelo a flutuar. O gelo derretendo gradualmente, morrendo lentamente no meio do suco.

Aquela seria uma ótima analogia para minha vida. Eu estou derretendo gradualmente, morrendo lentamente no meio do câncer.

... O fim...

Eu não gosto de hospitais. Passei muito tempo da minha vida em um deles, não era lá que eu queria morrer. Não tenho nada contra médicos, aliás, algumas das minhas pessoas favoritas são formadas em medicina, mas quem pode me culpar por não gostar do lugar onde passei meus piores momentos? Receber a notícia dos meus pais, meu diagnóstico, meus tratamentos, as notícias de que a doença estava de volta, a notícia de que ia morrer. Isso torna minha vontade de sair daquele lugar o mais rápido possível bem plausível.

Mesmo que eu tenha passado alguns dos melhores momentos da minha vida lá também...

Então eu assinei todos os documentos que diziam que eu estava ciente dos riscos que eu estava assumindo e voltei para casa. Claro que eu não sou tão idiota, não queria uma morte lenta e dolorosa, então contratei uma enfermeira que viria me visitar uma vez na semana nesse começo do fim. E depois viria com mais frequência, de acordo com o progresso da doença.

Kate Denali era o nome dela e ela era bem simpática, apesar de tentar manter a distância emocional. O que era totalmente compreensível; ela era enfermeira especializada em casos terminais, imagina se tivesse alguma ligação emocional com todos de quem tratava e então vê-los morrer. Eu gostava do jeito dela. Ela não tentava me dar palavras de conforto ou conselhos sobre como eu deveria gastar meus momentos finais com as pessoas que gostam de mim, ela fazia o trabalho dela e ria dos meus comentários idiotas, isso me fazia gostar dela. Ela fazia minha medição de plaquetas, tirava uma amostra de sangue para o hospital e então administrava minha medicação, certificando-se de me dar à dose certa e – seja aumentando ou diminuindo a dose dos vários que eu tomava –, depois ia embora.

Meu advogado e melhor amigo, Jasper, cuidava de seu pagamento e todas as papeladas necessárias; naqueles momentos, tudo que eu não queria lidar, ele lidava. Quase me culpava por ele fazer tanto por mim e eu não querer que ele viesse me visitar com a frequência que ele gostaria. Quase, porque então eu me lembrava de que ele recebia um gordo salário para cuidar de tudo, então minha mente voltava a ficar tranquila. Assim como meu coração, porque ele tinha uma esposa e dois filhos adoráveis, ficaria bem. Assim como Kate ficaria bem ao voltar seu noivo. Como Rosalie ficaria bem ao voltar para seu marido e a filha. Assim como todas as outras pessoas que eu gosto e que gostam de mim voltariam para suas vidas normais depois que eu partisse.

Mas não pensem que eu me afastei deles de uma hora para outra, não. Antes eu tinha aproveitado cada dia como se o último, porque um dia seria – uma frase clichê e que eu devia levar de maneira bem literal, então eu levei. Aproveitei. Fiz minhas coisas favoritas, comi minhas comidas favoritas, assisti a meus filmes favoritos, cantei e dancei minhas músicas favoritas, passei meus dias com minhas pessoas favoritas, tentei dormir apenas o necessário, porque em breve seria o que faria pelo resto da minha vida até dormir para sempre.

Então, eu recebi a notícia de que a doença chegou ao meu sangue periférico. Era por isso que Kate fazia testes frequentes em meu sangue e agora estava lá o que procurávamos, eu estava tomado pelo câncer, meu sistema imunológico estava detonado e não havia nada que pudéssemos fazer. Claro que tinha algumas opções, como transfusões de sangue e plaquetas, mas os resultados seriam de curta duração e se eu ficasse anêmico imediatamente depois de uma transfusão, teríamos que parar; e transfusões diárias não eram viáveis. Se eu tivesse muita sorte, chegaria a oito semanas. Mas como eu disse, nunca fui uma pessoa sortuda. Então eu teria seis, talvez quatro semanas. Ou menos. Era isso.

Eu não podia continuar próximo e lidar com a tristeza em seus olhos, mesmo que eles tentassem disfarçar, o que me fazia grato, mas eu não gostava de ser responsável pela dor de ninguém mais. Então, se a vida continuaria sem mim, era a hora de todos começarem a se acostumar com isso. Todos continuariam e eu iria embora.

... Inevitável.

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http://www.youtube.com/watch?v=OqnuZLhR2vM

Feels Like Home - Edwina Hayes

Naquele dia, eu estava exausto. Tinha acordado onze horas da manhã e estava exausto, com dor no corpo, na cabeça e enjoado. Depois de esvaziar meu estômago no vaso sanitário – e ele já estava bem vazio, vomito mais líquido do que outra cosia –, eu lavo minha boca e meu rosto, pego dois comprimidos de paracetamol e me arrasto para a cozinha.

Meu apartamento era pequeno, mas confortável, perfeito para mim naquele momento. A cozinha era separada da sala por um balcão, Passo por ele e vou para geladeira pegar uma garrafa de água, sinto minha boca seca e respiro um pouco mais ofegante por estar cansado – mesmo sem fazer nada. Coloco o remédio na boca e engulo com a água, esperando que aquilo resolvesse a dor, porque se piorasse teria que passar para algum remédio mais forte e eles me deixavam muito mais desnorteado do que ficava normalmente.

— Você devia estar na cama, Edward.

Meu corpo se enrijece e quase deixo a garrafa gelada cair com o susto que aquela voz familiar me provoca. Guardo a garrafa, fecho a geladeira e me viro, sentindo meus olhos se arregalarem ao vê-la.

— Você devia estar na cama, Edward. — ela repete. — Descansando.

— Bella... — o sussurro quase inaudível sai dos meus lábios, meu cenho está franzido pela confusão e sinto as lágrimas se formarem em meus olhos. — Bella...

— É tudo que você tem a me dizer? Bella?

Ela sorri. Um sorriso tão lindo e brilhante quanto eu imaginava, dentes brancos cercados por lábios finos e rosados. Seu rosto delicado e pequeno novamente emoldurado pela massa ondulada de cabelo castanho avermelhado; seus olhos verdes brilhavam junto com seu sorriso. Ela estava com um adorável vestido azul e um par de all star velho nos pés. Eu respiro fundo, mas o nó de lágrimas parecia essa atividade básica um pouco mais difícil.

— Você está... Aqui?

— Sim, estou. — ela mantém o sorriso.

— Se você está aqui, eu devo estar realmente mal, né? — tento brincar.

O sorriso dela desaparece rapidamente e ela assente.

— Então, por que você está aqui, Bella?

— Onde mais eu estaria se não com você, o meu marido?

As lágrimas descem pelo meu rosto e eu sorrio. Minha esposa.

. . .

O diagnóstico dele tinha sido há dois anos. Tinha entrado em remissão, mas a doença voltara, agora estava em um novo período de quimioterapia. A sala de quimo estava vazia, ele estava deitado em uma das cadeiras de transfusão, começando a sessão – a medicação colocada no cateter implantado logo abaixo de sua clavícula, transferindo uma combinação de medicamentos pesados para seu corpo, para que lutassem contra as células cancerígenas.

— Agora você pode esperar aqui se quiser. — escutou a voz da enfermeira.

— Tudo bem. Tenho meu balde, eu vou ficar bem. — então a voz feminina desconhecida, estava cheia de diversão e ele abriu olhos para ela.

Uma mulher entrou na sala e caminhou para a cadeira de transfusão na frente da dele, do outro lado. De jeans e moletom GAP, com uma touca com estampa de oncinha e orelhinhas. E o mais surpreendente, ela tinha mesmo um balde em mãos, junto com uma garrafa de água. Um pequeno balde roxo com bolinhas verde.

Não a conhecia, mas ela tinha câncer. Ele tinha o que considerava "cancerdar", era sua teoria; pessoas gays podem reconhecer outras pessoas gays com seu 'gaydar', então ele tinha câncer e podia reconhecer pessoas com câncer com seu 'cancerdar'. Isso e também sua aparência a pele pálida, as olheiras, a magreza, além de estar na ala de oncologia do hospital.

Ela sentou com balde sobre suas coxas e a garrafa de água no chão.

— Ei, carinha. — ela disse sorrindo.

O sorriso dela era cansado, mas era lindo, apesar dos finos lábios estarem pálidos e secos.

— Oi. — ele sussurrou com a voz rouca.

— Você é Edward, certo? Edward Cullen?

Ele ergue uma sobrancelha, em uma clara pergunta: como você sabe?

— Relaxa, não sou nenhuma perseguidora, apenas li a lista dos pacientes marcados para quimo hoje. — ela riu. — Você era o único desse horário. Leucemia?

Edward assentiu.

— Chato. — ela bufou. — Muito comum, pensei que seria algo mais emocionante ou raro, você não é assim tão especial.

Ele franziu o cenho para a diversão e desdém na voz dela.

— Estava esperando alguém conhecer alguém com algo tipo... Osteosarcoma ou qualquer caso raro, mas aqui só aparecem os tipos comuns. É difícil ser o centro das atenções.

— O que você tem?

— Tireoide com descoberta de metástase para os pulmões há exatamente dois dias. Impressionante, não? — ela ergueu a sobrancelha maliciosamente. Quer dizer, devia ser uma erguida de sobrancelha se a quimioterapia não tivesse feito todos os pelos de seu corpo cair.

— Isso só quer dizer que eu tenho mais opções de tratamento do que você.

Ela arregalou os olhos surpresa com suas palavras e depois riu.

— Você é a primeira pessoa a não ficar intimidado com minhas palavras e até me respondeu a altura, acho que gosto de você, carinha. Eu sou Bella, a propósito.

— Prazer, Bella.

— É Isabella, na verdade, mas prefiro Bella. E você, prefere ser chamado de Ed? Talvez Eddie?

— Não, sem derivados ou diminutivos, é Edward.

— Entendo. Edward... Edward... — ela disse lentamente, como se experimentasse o gosto de seu nome. — Eu gosto. É antiquado, mas eu gosto. Edward. Você não é muito de falar, né Edward?

— Eu... Desculpa.

— Tudo bem. — sorriu. — Nem todo mundo pode ficar falando igual uma porra louca durante a quimioterapia né? Meu pai sempre diz que eu falo mais do que a boca, mas que a culpa é dele por ter me ensinado a falar muito cedo e eu tomei gosto pela coisa, ele diz que devia ter me ensinado a linguagem dos sinais, assim ao menos era só fechar os olhos e eu estaria calada.

Edward acabou rindo.

— Você devia rir mais. Sei que isso tudo é uma merda, mas manter o bom humor ajuda. E você tem um sorriso bonito.

— Você está dando em cima de mim? — perguntou com o cenho franzido.

— Eu? Claro que não. Não costumo sair com garotos doentes, é nojento.

Edward riu.

Ela ficou em silêncio, fechou os olhos e respirou. Ela parecia ter ficado ainda mais pálida, talvez meio verde, e Edward soube o que estava acontecendo, era o enjoo pós-quimioterapia.

Quando abriu os olhos novamente, ela sorriu:

— Essa é a sua primeira vez aqui?

— Não.

— Então...?

— Diagnóstico há dois anos, remissão por seis meses e estou de volta.

— Oh, isso é uma merda. Odeio remissões. — ela bufou.

— Por quê? Essa não é a parte boa do tratamento?

— Não quando não é uma remissão definitiva. Entre ficar doente ou ficar em remissão por alguns meses e voltar, prefiro ficar doente. Para de me olhar assim, não é porque eu gosto de ficar doente, o problema é... A esperança. Achar que acabou e que tudo vai ficar normal, então, olá câncer novamente, isso é uma merda.

— É.

— Você tem família?

— Não.

— Eu tenho meu pai, essas remissões acabam com ele e é isso que eu detesto. Se isso mexesse só comigo, eu podia aguentar, mas... É com ele. Ele não merecia isso tudo, sabe?

— Nem você..

— Como você sabe? Você nem me conhece, eu posso ser uma pessoa terrível.

— Além de falar mais do que a boca, eu não vejo como você pode ser tão terrível a ponto de merecer câncer. — Edward disse seriamente.

Bella gargalhou, ela abriu a boca pra responder, mas então se inclinou para frente e vomitou no balde.

Edward queria ir ajudar, mas, além de não ter forças para se levantar e fazer qualquer coisa, não tinha o que fazer porque aquilo era normal, vomitar era um dos efeitos colaterais das sessões de quimioterapia.

Ela ergueu a cabeça com os olhos fechados e respirando fundo lentamente, então se inclinou no balde e vomitou novamente, tossindo duro e cuspindo.

— Você está bem?

— Sim. — ela murmurou, tomando longas respirações. Abriu os olhos e riu. — Batata frita.

— O que?

— Tem batata frita no meu vômito, comi antes de vir para cá com o meu pai. — Bella continuou rindo. Ela colocou o balde no chão, pegou a garrafa e abriu, tomando longos goles. Pegou o balde novamente, bochechou a água e cuspiu dentro. — Mas sabe a parte legal disso tudo?

— Não, mas tenho certeza de que você vai me contar.

— Sim, eu vou. — Bella sorriu. — Eu não perco tempo com depilação.

Edward franziu o cenho.

Bella colocou o balde e a garrafa no chão, colocou a mão no bolso e tirou de dentro um pacote de chiclete cumprido, que ela torceu antes de colocar na boca.

— Você é estranha.

— Eu sei. — ela riu mascando. — O câncer faz isso com as pessoas.

Ele hesitou, mas acabou sorrindo.

. . .

— Você devia estar na cama, Edward, vamos.

— Eu... Senti sua falta, Bella. — é tudo que consigo dizer.

Ela sorri e se aproxima de mim. Nos corpos se juntam e ela acaricia minha bochecha. Eu fecho os olhos para o seu toque, a pele quente e suave na minha, então respiro fundo seu doce cheiro de morango.

Não digo nada e logo a boca dela está na minha. Lenta, macia e suave. Ela parece estar testando como nossos lábios se sentem juntos novamente, eu gosto da sensação. Nosso beijo não tem mais gosto de medicamento, nem é seco ou gelado. Não que antes fosse ruim, mas agora é ainda mais perfeito. Tão perfeito que me faz chorar.

Não hesito em encerrar o beijo e abraçá-la. Abraço-a forte contra meu peito e não tenho vergonha das lágrimas descendo por meu rosto, enquanto acaricio o cabelo dela.

— Eu senti tanto, tanto a sua falta, minha Bella.

— E eu senti a sua, Edward. — ela chora em meu peito, agarrada a minha camisa.

— Não vai embora. — eu peço e sinto minha voz quebrar, estou soando patético, mas não me importo, me ajoelharia e imploraria isso se fosse preciso.

— Não vou.

— Por favor, não vai embora de novo. Não sem mim.

— Não sem você. — ela promete.

Eu respiro fundo e beijo seus cabelos.

. . .

— Bella? — a enfermeira apareceu na porta da sala de quimioterapia. — Querida, como você está?

— Hum... Com fome. — Bella mentiu sorrindo.

— Claro que está. — a enfermeira riu. — Seu pai já chegou e está te esperando.

— Tudo bem, eu já estou indo.

— Deixe que eu me desfaça disso pra você, querida. — ela pegou o balde e levou para o banheiro da sala.

— Então, Edward... — ela sorriu. — Foi um prazer conversar com você.

Edward riu. Eles não deviam ter a mesma definição de conversa, porque aquilo tinha sido mais um monólogo do que outra coisa. Ela falou mais e ele respondia com respostas pequenas, na maior parte do tempo monossilábico. Descobriu que ela tinha o câncer desde os 16 e agora tinha 18. Descobriu que ela era filha adotiva e seu pai era chefe de polícia, ele a encontrou na porta de uma igreja e lhe adotado; mas ele agora era casado com uma mulher incrível, Sue, e tinha mais dois filhos, Leah e Seth, ela parecia amar muito a família, principalmente. Descobriu que ela tinha saído da escola porque não gostava de ser a garota com câncer, ao menos não quando isso não lhe trazia benefícios; como por exemplo, quando tinha que enfrentar filas com a irmã, ela tirava o que tivesse na cabeça e mostrava sua cabeça careca pela quimioterapia, então elas tinham tratamento preferencial.

E dentre todas as outras coisas que descobriu, ele descobriu que ela era a garota mais ridiculamente feliz que ele tinha conhecido, mesmo sob toda a merda que a vida tinha jogado nela.

Era estranho, mas tinha gostado dela.

— Foi um prazer te conhecer, Bella. — disse sinceramente.

Bella sorriu.

— Mesmo eu falando mais do que a boca?

— Na verdade, sim, acho que isso faz parte do seu charme.

— Você está dando em cima de mim? — ela perguntou com o cenho franzido e um sorriso divertido.

— Eu? Claro que não. Não costumo sair com garotas doentes, é nojento.

Bella gargalhou com a repetição de suas palavras.

— Eu realmente gostei de você, carinha. Tente não morrer, quero encontrá-lo novamente.

— Vou fazer o meu melhor.

— Bom. Aqui, toma de presente. — ela se aproximou, tirando um chiclete do bolso e lhe entregou. — Você precisar.

— Obrigado.

Ela apenas bateu uma continência e saiu do quarto.

. . .

Ela me acompanha até meu quarto silenciosamente. Estou cansado, ficando ofegante e enjoado, tudo que preciso é a minha cama. Deito-me sobre os lençóis bagunçados e fecho os olhos – a última coisa que vejo é o sorriso de Bella – e sentindo seus dedos em meus cabelos. Escuridão.

Acordo abruptamente. Confuso, letárgico.

— Bella? — chamo em um suspiro.

— Edward?

Meu cérebro registra a voz, mas não a reconhece. Mas não é Bella. Jamais esqueceria a voz dela, não é a Bella. Sinto um desespero crescer em meu peito, mas me sinto confuso e sonolento demais pra perguntar. Meus olhos lutam para permanecer abertos, estou sendo puxado de volta a escuridão.

— Edward? — a voz no fundo de minha mente. — É a Kate, sua enfermeira, lembra? Estou aqui, tô cuidando de você. — sua voz cada vez mais longe. — Vou te dar medicamento e você vai... — escuridão.

. . .

Eles se conhecem há um ano. Uma amizade que cresceu dentro do hospital, então se tornou forte fora dele. Bella começou a trazer Edward pra fora da sua concha de "cara com câncer", o apresentou a seus amigos e sua família, o fez acreditar novamente e ter esperança.

"A gente pode ter câncer, mas o câncer não pode ter a gente", ela vivia dizendo. Foi difícil, mas ele entendeu essa metáfora e começou a viver com câncer e não pelo câncer. Graças a Bella.

Mas ela não estava ficando melhor. Seu câncer raro e sua metástase estavam dificultando sua vida, ela agora tinha que viver com uma cânula nasal ligada a um carrinho com um balão oxigênio vinte e quatro horas sete dias por semana ou simplesmente não respirava.

E naquele dia, ela não estava levando bem a situação e por isso o pai dela, Charlie, ligou para Edward. Ele entendia a situação, talvez ele pudesse ajudar.

Ele nem hesitou em entrar num táxi e correr pra a casa dela. Sue abriu a porta, estava chorando e o levou para o segundo andar, no quarto de Bella.

O quarto estava todo revirado, como se tivesse sido o cenário de uma briga. Charlie estava segurando Bella sentada, com os braços firmes ao redor de seu corpo, enquanto Leah estava na sua frente, segurando a cânula de oxigênio em seu nariz. Podia escutar o choro de Bella e isso partia seu coração.

Quando Leah olhou pra porta, Bella olhou também.

— O que você faz aqui? Vai embora. — ela mandou ofegante, chorando.

— Eu vim pra ficar com você. — Edward disse firme.

— Não, eu não quero, sai.

— Não.

— Vai embora, Edward! — ela gritou.

— Bella... — Charlie começou.

— Está tudo bem, Charlie, eu não vou a lugar nenhum. E nem você, Isabella, agora quer, por favor, conversar comigo?

— Não. — ela olhou pra frente novamente. — Me solta, pai, eu não vou mais fazer nada, por favor.

De jeans, camisa de flanela e uma touca preta cobrindo a falta de cabelos, Edward se aproximou e se ajoelhou junto à cama. Ele pegou a mão dela, fria pela falta de oxigênio.

— Por favor, bebê, conversa comigo. Por favor. — implorou.

— Ok. — soluçou.

Demorou alguns minutos até que Charlie confiasse e saísse com Leah, depois de arrumarem bem a cânula em Bella.

Edward fechou a porta e sentou na sua frente, segurando sua mão.

— E então, o que aconteceu?

— Eu... — ela manteve a cabeça baixa..

— Você sabe que não precisa ter vergonha de mim, bebê, apenas fala.

— Eu... — ela ergueu a cabeça, fazendo um beicinho enquanto as lágrimas iam descendo por seu rosto. — Eu estou cansada, Edward. Eu... Estou... Cansada.

— Eu sei bebê, mas...

— Me sinto envergonhada por estar assim, olha como eu deixei todos aqui em casa. Isso faz eu me sentir ainda pior. Eu simplesmente quebrei tudo e tirei meu oxigênio porque eu tô cansada. Meu pai chorou e implorou que eu parasse porque eu não podia desistir. Deus, como eu posso ser tão egoísta? Eu... — ela quebrou no choro.

— Bella, se existe alguém nesse mundo que não é egoísta, esse alguém é você. Olha tudo que você já aguentou sorrindo por sua família, você é a mulher mais incrível e corajosa que eu conheço.

— Eu não quero ser incrível e corajosa, eu só quero ser... Normal. Eu tinha dezesseis anos, Edward, eu... Perdi tudo. Não tive experiências escolares, nem as mais normais como um beijo, provavelmente eu vou morrer virgem, por que quem iria querer se relacionar com alguém como eu?

— Alguém como você? — franziu o cenho.

— Sim, Edward, alguém como eu, alguém sem atrativo nenhum.

— Bella, você não...

— Pelo amor de Deus, cala a boca! Não venha cuspir sua merda hipócrita em mim, porque eu tenho espelho em casa e sei do que eu tô falando, ok? Eu tenho câncer! Eu sou ridiculamente magra, pálida, geralmente careca e com um cano no meu nariz, quem no inferno ia me querer?

— Qualquer homem inteligente o suficiente para perceber que por baixo de todos os efeitos colaterais do câncer e seus tratamentos, está a mulher mais incrível desse mundo.

— Eu tô cansada, Edward, cansada. — ela chorou mais e Edward se aproximou, a puxando para seu peito.

Bella se deixou ser abraçada com o rosto no peito dele, chorando sem medo ou vergonha, porque sabia que ele jamais a julgaria.

— Eu quero... Eu quero morrer, Edward...

— Cala a boca. — Edward rosnou de olhos fechados.

— Eu quero...

— Cala a boca, cala a boca, cala a boca.

— Seria tão mais fácil...

— Cala a boca, porra. Você não pode fazer isso, está me ouvindo?

— O que? — ela fungou.

Edward a tirou de seu abraço suavemente e segurou seu rosto entre as mãos.

— Você não pode desistir, Isabella. Não faz isso, não agora, não desiste.

— Eu...

— Não desiste, Bella. Por você, por sua família, por seus amigos, por mim.

— Edward...

— Eu não sei mais como enfrentar isso sem você, está bem? Eu não sei como eu fazia antes, mas eu sei que não vou saber fazer de novo de sem você. Você desiste, eu desisto. E eu não quero desistir, quero lutar pela minha vida, quero viver, então faça o mesmo. Vamos viver... Juntos.

Eles ficaram se olhando nos olhos. Nenhuma palavra expressava a intimidade daquela situação. Edward olhou a boca dela, seus lábios delicados estavam secos e pálidos, mas ainda chamava a sua boca.

— Não desiste, bebê... Por favor, eu preciso de você. — sussurrou antes de beijá-la.

Os lábios dela contra os seus eram secos e gelados, mas ainda era perfeito. A doçura de um primeiro beijo que foi apreciado lentamente.

Bella não sabia o que fazer, podia ter lido ou assistido várias cenas de beijo, mas ao vivo não era a mesma coisa, então deixou que Edward a guiasse. A língua dele adentrou sua boca e foi contra a sua em um ritmo lento, saboreando o gosto e memorizando as sensações.

Mesmo com a porção de oxigênio vindo por sua cânula, ter alguém obstruindo sua respiração pela boca por muito tempo começou a lhe deixar sem ar, mas Edward percebeu isso e soube lidar de maneira agradável, foi parando com beijos castos e manteve suas testas juntas.

— Você... Você não devia fazer isso... — ela sussurrou de olhos fechados.

— O que? Beijar você?

— Me beijar porque eu disse que nunca fui beijada.

— O que você disse não tem nada a ver com isso, Bella.

— O que?

— Olha pra mim. — pediu.

Ela os abriu e seus olhos se encontraram.

— Eu gosto de você, Bella. Eu gosto muito de você. Desde a primeira vez que eu te vi e você não calou a boca, eu gostei de você.

— Você não pode gostar de mim, seu idiota, eu tô morrendo. — ela choramingou fungando. — Eu não sou normal, lembra?

— É, eu fiquei sabendo. Você tem câncer, né? É meio doente se apaixonar por alguém assim, mas o que eu posso fazer? Minhas células cancerígenas me deixam assim... Doente.

Bella tentou segurar, mas acabou rindo.

— Você é um idiota.

— Mas você gosta de mim, certo?

Bella assentiu mordendo o lábio inferior.

— Então não desiste agora, por favor, eu preciso de você aqui comigo.

— Tudo bem. — ela respirou fundo. — Não vou desistir.

— Obrigado. Então... Agora... Você... Seria minha namorada?

— O que?

— Eu te beijei e disse que gosto de você, Bella, o que você esperava?

— Que fosse um beijo pelo que eu disse e um 'eu gosto de você' porque eu sou sua melhor amiga.

— Você é tão absurda em alguns momentos, Isabella. — Edward riu agitando a cabeça e acariciando a bochecha dela com o dedão. — Eu te beijei porque quis te beijar e eu gosto de você porque você é minha melhor amiga, uma garota incrível e quero que seja minha namorada. E agora que estamos esclarecidos, será que posso ter uma resposta?

— Sim.

— Sim, posso ter minha resposta ou sim, você agora é minha namorada?

Bella riu.

— Sim, eu agora sou sua namorada.

Edward sorriu e a beijou novamente.

. . .

Sinto os dedos em meus cabelos. Acariciando lenta e suavemente. Gosto de ter meu cabelo de volta, gosto de sentir aquele toque. Respiro fundo e sinto cheiro de morangos.

— Bella... — sussurro sorrindo e abro meus olhos.

Ela está sentada na minha frente e fazendo carinho em mim, passando os dedos entre meus cabelos.

— Oi, meu amor. — ela diz sorrindo. — Como você está?

— Pergunta idiota.

— Eu sei. — ela ri.

— Pensei que tivesse ido embora.

— Eu te disse que não ia a lugar nenhum.

— Mas você não estava aqui.

— Eu sempre estou aqui... Sempre estive aqui.

Fecho meus olhos. Apenas me concentro em respirar, continuar vivendo e sentindo seu carinho. Abro meus olhos.

— Estava me lembrando do nosso primeiro beijo.

Bella abre um enorme sorriso. Ela se deita na cama, de frente pra mim e segura minha mão.

— Eu me lembro, foi quando me tornei sua namorada também.

— É.

— Eu não desisti, lembra? Então não desiste também, Edward.

— Por quê? Seria tão mais fácil...

— Cala a boca.

— Tá. — fecho meus olhos, mas não quero dormir.

Ela se aproxima e sinto sua respiração em meu rosto.

Tão real... Tão viva.

Seus lábios encontram os meus novamente.

Não agora, eu sussurro mentalmente. E continuo respirando.

. . .

Bella não conseguia parar de sorrir durante o jantar romântico que Edward tinha preparado para eles. Com seu prato favorito, ravióli de cogumelos e suco de uva fingindo ser vinho, já que não podiam beber. A luz do apartamento dele era baixa e velas iluminavam romanticamente o lugar, estava tudo arrumado e cheirando suavemente a morangos. Mesmo que não estivesse com muita fome ou animada, ela fez um esforço e apreciou o esforço dele de lhe dar uma noite especial.

Era o aniversário de cinco meses de namoro, mas também tinha recebido a notícia que ela não estava mais respondendo aos tratamentos. Tinha aceitado aquela notícia, não era como se fosse algo surpreendente, de qualquer maneira. Sua família tinha chorado, mas ela e Edward não. Os dois apenas se abraçaram em silêncio, entrando na bolha perfeita que tinham criado para eles, onde nenhuma doença existia, onde nada tinha fim, onde eram apenas eles e o amor.

Naquele jantar eles não falaram de nada ruim. Tiveram uma noite como um casal normal, rindo e conversando sobre trivialidades. Depois de apagarem as velas, foram para a sala, sentaram no sofá juntos para assistir uma comédia romântica qualquer, estavam mais interessados em ficar abraçados á noite toda.

— Será que vou sentir falta disso? — Bella comentou baixinho.

— Que?

Bella se sentou direito para olhar em seu rosto.

— Eu vou estar morta, será que vou sentir falta de alguma coisa quando estiver morta?

— Não tínhamos combinado que não íamos falar disso, Bella? Por favor.

— Não falar disso não faz com que não seja verdade, Edward.

— Posso viver na ilusão.

— Você já sabia que isso ia acontecer.

— Tá, mas isso não significa que tenho que ficar conversando disso, porque eu vou sentir falta, será que você não entende? Você vai, eu fico. Eu fico sozinho, eu fico sozinho encarando a porra dessa doença e a porra da sua saudade, então me desculpe se eu não quero falar sobre isso. — ele rosnou.

Bella se encolheu com as lágrimas crescendo em seus olhos. Não por medo ou por ter ficado magoada com as palavras e tom rude, mas pela dor dele.

— Eu sinto muito. — ele disse num suspiro. — Eu não queria...

— Eu que sinto muito, eu não queria morrer, Edward, eu te juro que não queria.

— Merda, Bella, merda. — ele rosnou com as lágrimas crescendo em seus olhos e a puxou para seus braços, abraçando-a contra seu peito com cuidado para não tirar a cânula de oxigênio.

— E eu acabei de estragar a nossa noite romântica. — ela disse entre o choro.

— Não, nunca. — beijou os cabelos dela. — Você só torna tudo perfeito.

— Tanta coisa que a gente nunca fez...

— O que você queria ter feito e não fizemos?

— Tanta coisa.

— Me dê alguns exemplos.

— Sei lá... — fungou. — A gente nunca dançou, nunca fizemos amor, nunca nos casamos, nunca tivemos filhos e uma longa vida juntos... Tanta coisa.

— Tudo bem, espere. — beijou seus cabelos novamente e se levantou.

Bella ficou confusa no sofá. Ele afastou a mesinha de centro da sala, depois desligou a televisão e se aproximou com o braço esticando.

— Me dá essa honra, senhorita?

— Você está brincando comigo, né? — ela riu.

— Não, vem, dança comigo.

— Mas o balão...

— Bella?

— Não tem música

— Vem logo, Bella.

Ela cedeu e tomou sua mão, levando o carrinho com balão de oxigênio na outra. Edward a parou no centro da sala, abraçando sua cintura, enquanto ela o abraçava pelo pescoço. Eles apenas se balançavam suavemente, quase sem saírem de seus lugares, mas era suficiente.

— Não precisamos de música, vamos dançar no ritmo dos nossos corações. E não temos que nos mexer muito, só ficar juntos assim. — Edward sussurrou. — Só quero sentir você nos meus braços, seu coração contra o meu... Vivos... Juntos assim... Pra sempre.

— Pra sempre... — ela sussurrou em seu peito.

— Pra sempre...

Bella ergueu a cabeça e eles dançaram sem perder o contato visual.

— Eu amo você, Bella.

— Então me ame hoje, Edward. — pediu e fechou os olhos.

Edward a beijou. Um começo lento, mas então aprofundou num beijo mais apaixonado. E mesmo que não pudesse durar muito ou ela acabava sem ar, foi suficiente para acendê-los.

— Uau... — Bella suspirou meio atordoada.

— O que?

— Essa foi a primeira vez. — abriu os olhos. — Que você me beijou assim.

— Assim como?

— Como se me desejasse mais do que precisa respirar. Descuidado, apaixonado. Como se fossemos apenas nós dois sem nada entre nós.

— É como eu me sinto Bella.

— Mas não é como demonstra. Eu não quero que você me toque com cuidado pra não me quebrar, quero que me toque porque me deseja, porque é o que você precisa ou sente que vai morrer. Eu não sou sexy, não posso ser sexy do jeito que eu tô agora, mas eu quero sentir você, Edward... Por favor, não me deixa morrer sem te sentir.

— Você é sexy, Isabella, é a mulher mais sexy que eu conheço. Você tem certeza que é o que você quer?

— Sim mais que tudo nesse momento.

Tomando a mão dela, Edward a levou para seu quarto.

Ficaram em pé junto à cama. Bella precisou tirou a cânula por alguns segundos, pra facilitar tirar a blusa, e Edward a tirou rapidamente e logo devolveu o oxigênio antes que ela ficasse sem ar. Bella corou.

O tom rosado que tomou seu rosto e desceu por seu colo. Sob o simples sutiã branco estavam seus pequenos e delicados seios, passou o dedão sobre o topo, na macia pele pálida, que ficou arrepiada. Desceu a mão acariciando sua barriga até o cós de sua calça jeans e a tirou sem dificuldade, estava tão duro por vê-la em uma pequena calcinha da mesma cor do sutiã. Tudo simples, mas ainda sexy. Edward nunca tinha visto nada tão sexy, como ela não podia ver isso? Mesmo que sua cabeça estivesse coberta por um lenço azul, ela ainda era linda.

Tirou a própria blusa e as pequenas mãos dela pousaram em seu peitoral, acariciando, ela se aproximou e o beijou. Edward fechou os olhos e suspirou. As mãos dela abriam sua calça, então tocou seu membro sob a cueca.

Edward lambeu os lábios e abriu os olhos.

— Vem que eu vou cuidar de você e fazer dessa uma noite especial.

— É especial, Edward, porque eu estou com você.

Ele a beijou suavemente, com as mãos abrindo o sutiã em suas costas. Livrou-se da peça e alcançou seu seio, apertando e saboreando o gemido que ela soltou em sua boca, que foi direto pra sua virilha.

Levou-a pra cama e ela deitou, deixando o balão de oxigênio ao seu lado, enquanto ele se livrava da calça jeans e ficava apenas na boxer preta. Ficou sobre ela, mas colocando o peso em suas mãos e joelhos sobre a cama. Beijou o pescoço dela, lambendo e mordiscando a pele sensível, fazendo-a se arrepiar, então desceu beijando até seu colo.

— Tão perfeita... — sussurrou e beijou logo acima de seu mamilo, então beijou o pequeno botão enrijecido e frisado cremosamente em cor de pêssego. Sua língua girou cuidadosamente ao redor, então o sugou.

Bella gemeu. Nunca tinha sentindo nada parecido com aquilo. Claro que já tinha ficado excitada, mas nunca naquele ponto, nunca daquele jeito. A excitação tomava todo seu corpo, crescendo quente e pulsante entre suas pernas.

Ele tomou seu tempo em seu seio, provocando e chupando até descer beijando um caminho por sua barriga. Beijou até seu sexo, beijando seu liso monte-de-vênus.

Afastou suas pernas com cuidado, beijando sua coxa e se inclinou, fazendo-a sentir seu hálito quente na carne sensível. Quando a língua dele lhe alcançou, ela quase saltou da cama e só a mão dele firme em suas coxas a manteve no lugar.

Cada pedaço do seu corpo estava acordado para aquelas sensações. Todas implorando por mais e mais. Estava ofegante e pela primeira vez não era por causa de seu pulmão falhando, era apenas prazer.

Os gemidos escapavam involuntariamente a cada movimento da língua dele, que ia lambendo, provocando, chupando. Sentiu-o deslizar um dedo dentro de seu corpo lentamente, então um segundo e um terceiro. Uma ligeira pontada de dor veio, mas foi esquecida pelo prazer quando ele a chupou mais forte. E assim ele foi. Até ela sentir todo seu corpo se esticar e explodir em um show de faíscas para todos os lados quando foi atingida pelo orgasmo. O primeiro orgasmo de sua vida.

Edward se livrou da boxer e subiu beijando todo o caminho de volta até ela, beijando seus lábios suavemente. Ela sorriu, podia sentir o próprio gosto meio salgado na boca dele, era tão excitante.

— Você é deliciosa, meu amor.

— E você foi maravilhoso, eu... Nunca... Uau. — suspirou.

— Eu sei, eu me senti da mesma maneira. — Edward sorriu.

— Agora eu quero sentir você dentro de mim, Edward, por favor, por favor.

— Eu vou, mas vamos calma.

Ele se posicionou e a penetrou lentamente. Bella fechou os olhos e gemeu alto de dor. O homem era grande e ostentando uma ereção completa, parecia um milagre que coubesse tudo sem rasgá-la ao meio. As lágrimas crescerem em seus olhos.

— Bella? Eu estou te machucando? Bella? Bella, fala alguma coisa.

— Não, está tudo bem, tudo bem... Perfeito, eu... — engoliu seco e sorriu. — Perfeito. Eu quero sentir você, por favor, me faça sentir você.

Quando ela se acostumou, ele foi lentamente e com cuidado para não machucá-la. Fazendo-a sentir absolutamente tudo. Fazendo-a o sentir.

E Bella não chorava de dor, chorava porque nunca tinha sentido nada tão perfeito. Era um nível de conexão acima de qualquer coisa que já tinham experimentado. Antes já sentia que eles eram apenas um coração, agora era como se fossem apenas um corpo.

Sem noção do tempo ou de nada ao redor, suas peles quentes se tocando, seus gemidos se encontrando no ar, eles foram lentamente ao limite do nunca explorado.

E um beijo marcou quando chegaram ao clímax juntos, um beijo mesclado com seus gemidos de prazer.

Ele a beijou apaixonadamente novamente e saiu de seu corpo, deitando ao seu lado e a puxou para seu peito, lhe abraçando.

— Obrigado. — ela sussurrou desenhando círculos invisíveis em seu peito.

— Pelo que você está me agradecendo? Por fazer amor com você? Isso foi um prazer pra mim, acredite. — respondeu divertido e beijou seus cabelos.

— Foi a melhor noite, o melhor momento da minha vida. Você... Você fez isso ser especial e fez eu me sentir amada, eu... — sua voz quebrou. — Agora sinto que posso morrer e já tive de tudo um pouco.

— Shhh, não. Não vamos falar disso, ok? Não vamos estragar o momento.

— Ok.

Eles ficaram em silêncio, abraçados e respirando juntos por um momento.

— Então... Será que podemos repetir isso? — ela perguntou sorrindo.

Edward riu e beijou seus cabelos.

— Vamos, com certeza vamos, muitas e muitas vezes.

Bella sorriu.

. . .

Abro os meus olhos e encontro os de Bella. Ela sorri e aquele sorriso acalma meu coração.

— Eu sinto falta de fazer amor com você. — eu murmuro. Minha voz parece sair tão fraca que me surpreendo que ela consiga escutar e aquela pequena frase parece arrancar de mim um esforço enorme.

— Mesmo depois de todas as vezes que fizemos amor? — ela sorri divertida. — A gente simplesmente não conseguia ficar perto do outro sem tirar as calças por uns bons meses.

— É... Ainda foi pouco...

— Eu sei. Sinto falta da maneira que você faz eu me sentir amada.

— Você é muita amada...

— E eu também amei muito. Eu amei você, Edward. Eu amo você.

Eu sorrio. Ela me amou... Ela me amou... Ela me amou...

Não foi suficiente... O amor não foi suficiente... Não tive tempo suficiente...

Ela repete que me ama... Não fui amado suficiente....

Não tive tempo suficiente...

Mas eu a amei.... Não por tempo suficiente....

. . .

Cinco meses depois, então Bella foi para o hospital.

Por mais que ela quisesse ficar em casa, ela tinha prometido não desistir e o hospital era a melhor opção para isso.

Edward bateu na porta duas vezes antes de entrar.

Ela estava deitada na cama, tão frágil e pequena em um pijama azul claro e sob os lençóis brancos. Ainda mais pálida, um pouco inchada e com olheiras. Conectada a intravenosa ligada ao soro com medicação e um cateter implantado logo abaixo de sua clavícula, um oxímetro no dedo e sua habitual cânula de oxigênio, mas agora ligado a um balão de oxigênio maior.

Ao redor dela estava sua família. Charlie segurava sua mão, Sue estava do outro lado, então Leah e Seth. Eles choravam. Edward sentiu seu coração falhar por uma fração de segundo.

Ele sentiu um nó de lágrimas se formar em sua garganta, mas então Bella sorriu. Era um sorriso fraco e cansado, mas tão sincero e feliz por lhe ver, como se fosse sua pessoa favorita do mundo.

Charlie levou o resto da família para tomarem uma água, dando um tempo sozinho aos dois.

Quando a porta do quarto fechou novamente, Edward se aproximou e pegou a mão dela, erguendo cuidadosamente e depositando um beijo na pele fria.

— Oi, meu amor. — se inclinou pra ela e beijou seus lábios suavemente.

— Oi... — ela disse meio arfante. — Pensei que não viesse.

— Onde mais eu poderia estar? — disse segurando a mão dela e acariciando seu rosto com a outra.

— Como você está?

— Pergunta idiota.

— Eu sei. — Edward riu.

— Tô morrendo...

— Fica quieta.

— Você se importa se eu... Voltar pra te assombrar?

— Pensei que tivesse dito que nunca iria embora.

— Verdade. — ela fechou os olhos. E segundos depois, os abriu. — Aprende essa lição, ok?

— O que?

— Nunca se apaixone por alguém da oncologia. — ela disse lentamente e sorriu. — Ainda mais alguém com um... Caso raro... E metástase... É idiotice.

Edward riu, mas as lágrimas desceram por seu rosto.

— Eu parei de ouvir sua frase depois do 'nunca se apaixone', porque é o que eu vou fazer.

— Não... Você deve se apaixonar.

— Nunca. Só você, Bella.

— Não seja... Idiota. Se apaixonar é... Bom.

— Não é como se eu fosse durar muito mais.

— Seu câncer é... Comum... Mais opções de... Tratamento... Lembra?

— Só você, Bella. — ele promete e se inclina para beijá-los. — Sempre você.

. . .

Dor. Solto um gemido. Dor. Escuto uma voz, mas não consigo me focar nela. Sinto um cheiro ruim. Sou eu, sem controle sobre meu corpo. Sinto algo molhado percorrer meu corpo. Abro os olhos e vejo cabelos loiros, é Kate.

Fecho os olhos.

Não me importo. Não me importo.

Não vou estar aqui, nada ao redor me importa.

Me lembro do rosto da minha mãe. Ela era linda e fazia eu me sentir amado. Tinha um rosto que lembrava o formato de coração com covinhas. Eu a amava. Ela dizia que eu era seu garotinho doce, que eu era especial, tinha nascido para fazer coisas grandes e que iria viver muito.

Ela não sabia...

Lembro do rosto do meu pai. Ele era incrível e fazia eu me sentir protegido. Ele era alto e forte, tão bonito quanto um ator de Hollywood. Eu o amava. Ele dizia que eu era seu campeão, que eu era especial, que ia sempre me proteger e que nunca deixaria nada acontecer comigo.

Ele não sabia...

Lembro de quando eu era criança. Eu era um garotinho adorável. Tinha cabelos loiros, que foram escurecendo com o tempo, e incontroláveis, não importava o quanto minha mãe tentasse pentear, eles não ficavam no lugar. Meu cabelo só foi controlado quando perdeu a guerra para a quimioterapia. Eu corria, pulava, gritava, ria, os meus medos eram bobos e eu não sabia do que devia ter medo de verdade. Eu me sentia invencível.

Eu não sabia...

Mas meus pais sempre acreditaram no amor. Em todo o tipo e forma de amor. Era o sentimento mais importante para eles. Eles sempre acreditaram no casamento, acreditaram que cada pessoa pode e vai encontrar uma pessoa perfeita pra ela nesse mundo, então serão felizes para sempre juntos.

Eu duvidava, porque eu não sabia.

Por isso eles morreram felizes, eles sabiam.

Eles sabiam...

E eu aprendi depois...

. . .

http://www.youtube.com/watch?v=3QcEQbWtkME

He Is We - All About Us ft. Owl City

Bella não sabia o que estava acontecendo. Não tinha dor por causa de toda a medicação, mas isso a deixava sonolenta, assim como naturalmente cansada pela doença. E agora era obrigada por Leah e Sue – que estavam estranhamente – em vestidos elegantes, a se arrumar. Seu pai não estava ali, nem Edward estava ali. Não tinha forças nem para lutar contra elas.

Elas a banharam, então a colocaram com um vestido branco frente única. Era um vestido adorável e delicado, com renda e pequenos brilhantes indo alguns centímetros abaixo de seu joelho. Ela podia amar aquele vestido, se não estivesse tão pálida e magra, com um curativo do cateter abaixo de sua clavícula amostra. Sue colocou um longo lenço de seda branca em sua cabeça, deixando uma cauda em seu ombro, enquanto Leah passava uma maquiagem em seu rosto; deixando suas bochechas coradas, um pouco de lápis de olho e uma sombra lilás suavemente esfumaçada, então um pouco de batom rosa com gloss por cima. Enquanto Sue calçava um all star branco em seus pés, Leah lhe trouxe um espelho.

Era estranho. Estava hospitalizada há duas semanas, então evitava se olhar no espelho e agora, se olhando, via algo diferente. Era a mesma garota com câncer usando uma cânula nasal de oxigênio, mas a maquiagem parecia trazer um estranho sopro de vida sobre ela.

— O que está acontecendo, Sue? — Bella perguntou impaciente, para onde estamos indo.

— Uma surpresa, querida. Calma e você vai gostar, eu te prometo.

— Relaxa, Bells, você vai amar. — Leah disse sorrindo.

Uma enfermeira veio sorrindo, trazendo uma cadeira de rodas. Ela mudou o balão de oxigênio para um portátil que seria preso na cadeira, então Leah segurou a cadeira, enquanto Sue e a enfermeira transferiam Bella pra ela, e elas foram.

Bella ainda estava confusa, mas recebendo sorrisos suspeitos por todo o caminho. Desceram de elevador e foram para a porta de trás do hospital, que dava ao jardim.

Bella ficou ainda mais confusa ao ver Charlie e Edward, ambos usando ternos preto, parados na porta dos fundos.

— O que acontecendo? — Bella perguntou confusa.

Edward se aproximou, tirou algo do bolso e se ajoelhou a sua frente. Ela ficou confusa até ver ser uma caixinha de veludo vermelho e dentro tinha um anel com um gracioso diamante cortado em estilo princesa.

Bella abriu a boca pra falar algo, mas estava sem palavras, tinha apenas lágrimas.

— Isabella Marie Swan... Minha Bella... Eu não sei quantos dias ainda nos restam de vida, mas eu sei que quero passar todos eles ao seu lado, mas não como seu namorado, como seu marido. Eu amo você mais do que eu jamais pensei que fosse amar alguém e prometo que vou amá-la até os restos das nossas vidas. Você aceita se casar comigo?

— Edward... — ela sussurrou. — Eu...

Olhou a aliança e ergueu os olhos para o rosto cheio de expectativa dele. Olhou para Charlie e viu o enorme sorriso orgulhoso em seu rosto, Sue chorava, Leah sorria. Bella piscou e as lágrimas desceram por seu rosto.

— Sim... — sussurrou, assentindo freneticamente com um sorriso trêmulo. — Sim.

Edward abriu um enorme sorriso radiante, como se a resposta daquele pedido fosse a cura de seu câncer.

Ele tirou a aliança da caixa, entregou-a vazia a Charlie e pegou a mão de Bella. Com cuidado, ele a deslizou em seu dedo e beijou sua mão.

— Eu te amo, Bella. — sussurrou e se inclinou para beijá-la.

— Eu te amo, Edward, eu te amo tanto... — beijou de volta.

. . .

Abro os olhos. Estou sozinho. Fecho os olhos.

Abro os olhos. Bella está deitada na minha frente.

— Você me deixou sozinho.

— Nunca.

É mentira, ela já me deixou, mas nada daquilo importa naquele momento, porque ela é minha esposa. O amor da minha vida. Ter ela comigo naquele momento é bom. O único amor da minha vida.

— Pensei que não ficaria com medo. — eu sussurro.

— Você está com medo?

— Sim.

— De que?

— De dormir.

— E não acordar?

— É.

Fecho os olhos, mas os abro o mais rápido que posso. Hesito, mas pergunto:

— Dói?

Ela sorri agitando a cabeça:

— Não.

— Bom.

Tento, mas meus olhos se fecham novamente.

Estou sendo puxado pra escuridão. Estou caindo...

— Segura a minha mão. — eu imploro.

— Seguro.

Meus olhos estão fechados, mas eu a sinto pegar minha mão entre as dela. As mãos dela são pequenas, suaves e estão quentes contra a minha.

— Não solta...

— Não solto.

— Não me deixa cair...

— Eu estou te segurando.

— Não me deixa...

— Nunca.

. . .

E aquele beijo foi interrompido quando ele se ergueu.

— Te espero no altar. — ele disse sorrindo e beijou sua cabeça antes de ir.

Sue e Leah o seguiram se despedindo, ficando apenas Charlie.

— O que está acontecendo?

— Ele te ama, Bells.

— Eu sei. — Bella sorriu. — Eu o amo também, papai.

— Então vamos, é por isso que estamos aqui.

Charlie apenas guiou sua cadeira por dentro do grande jardim do hospital até o meio, onde era um grande espaço aberto cercado por vegetação e um gazebo.

Bella ficou sem fôlego e com a boca entreaberta ao ver o que tinham feito. Ele tinha transformado o lugar num espaço digno do cenário de Sonhos de Uma Noite de Verão. Era romântico e delicado. Tinham colocado grandes bancos marrons com uma profusão de flores brancas que pendiam em guirlandas em tudo o que não estivesse vivo no lugar e nas árvores ao redor tinham pendurado longas fitas diáfanas e brancas. Um longo tapete vermelho se estendia no meio do caminho e sobre ele.

Sentados nos bancos estavam seus amigos, amigos de Edward, pacientes e médicos do hospital, pessoas a quem conheciam e que sorriam para o que estava acontecendo.

E lá na frente estava Edward. No gazebo que tinha sido transformado em um altar, diante de um arco que transbordava com mais flores e mais tecido transparente, sob um dossel de ramos de glicínias. Parado, lhe esperando. Deslumbrante.

Quando seus olhos se encontraram, ele abriu um exultante sorriso que lhe tirou o fôlego.

Charlie empurrou sua cadeira até chegar até Edward.

— Me ajude a ficar de pé, por favor, Edward. — Bella pediu.

— Bella...

— Eu não quero me casar nessa cadeira, por favor.

Charlie tirou o balão de oxigênio da cadeira e ficou segurando, enquanto Edward a ajudava a ficar de pé.

Ela estava fraca e ficava cansada fácil, mas ele manteve o braço firmemente ao redor da sua cintura, enquanto o ministro falava. Era um casamento tradicional, como se eles tivessem esperança de futuro longo e feliz juntos. Isso tornava tudo mais fácil, porque estavam dentro de sua bolha de amor, onde a doença não existia, onde não nada tinha fim, onde eram apenas eles e o amor.

Edward a virou na hora dos votos, segurando firme sua cintura.

— Por favor, repita depois de mim. — ministro disse. — Eu, Edward Cullen.

— Eu, Edward Cullen...

— Recebo você, Bella Swan.

— Recebo você, Bella Swan...

— Como minha esposa.

— Como minha esposa... Na alegria e na tristeza. Na riqueza e na pobreza. Na saúde e na doença. Para amá-la e respeitá-la... Pelo resto de nossas vidas... Até que a morte nos separe.

Bella sorriu entre as lágrimas e repetiu o mesmo juramento na sua vez, mais lenta e com a voz mais sufocada que a dele, quase um sussurro.

— Pelo resto de nossas vidas... Até que a morte nos separe.

Então eles foram declarados marido e mulher.

Sorrindo, Edward aproximou seus rostos e a beijou novamente.

. . .

— Edward? Edward, você pode me ouvir?

Aquela voz era conhecida, mas eu não sei quem é. Uma mão na minha, firme e calejada. Com esforço, eu abro os olhos.

Charlie. O bom e velho Charlie. Seu bigode, rosto cansado. Olho para o lado e vejo Sue também, Leah, Seth, Rosalie, Jasper, Kate.

O que eles fazem ali? Quero pedir que vão embora, não é daquele jeito que quero que eles se lembrem de mim.

— Ele não consegue mais falar, não é? — Seth disse.

Claro que eu consigo, pirralho.

— Não. — Rosalie disse com um suspiro cansado.

Não? Eu pisco.

— Que barulho é esse? — Leah perguntou. — Bella não tinha esse barulho.

Que barulho?

Bella...

— É o pulmão dele. — Rosalie explica. — O fluido não consegue escoar porque ele não está se mexendo.

— É horrível.

— O barulho é pior do que a coisa em si. — disse se aproximando da cama. Ela não senta, Charlie solta minha mão e ela a pega. — Queria ter feito mais por você, Edward.

Lágrimas brilham nos seus olhos. Não chora... Você não podia ter feito nada... Não chora...

Eu pisco lentamente.

O ar é pesado, faço força pra respirar.

Palavras voam ao meu redor. Não entendo. Mas escuto uma porção dela.

Abro os olhos.

— Assim como você fez pela minha Bella. — Charlie disse com um sorriso.

O que eu fiz pela Bella?

Bella...

Cadê a Bella? Ela prometeu.

Ela prometeu...

. . .

Bella queria ir andando, mas estava cansada e foi levada na cadeira de rodas para o salão de festa, onde teria a recepção.

O lugar estava enfeitado da mesma maneira, com muitas flores brancas e velas. Ele tinha feito uma decoração em dois lugares e só para fazê-la feliz, realizar seu sonho de se casar antes de morrer, ela não poderia ser mais feliz.

Edward a empurrou em sua cadeira de mesa em mesa, onde agradeceram a presença deles e foram cumprimentados, parabenizados e abraçados de volta. Não conseguiam parar de sorrir por um segundo sequer.

E depois eles pararam na mesa principal, na da família. Ele sentou em uma cadeira na sua frente.

— Você está bem, está cansada? Quer subir pro seu quarto?

— Não... — ela sussurrou. — Tudo perfeito.

— Bom. — Edward sorriu.

— Muito obrigada, Edward. Eu te amo tanto, tanto... — ela fechou os olhos, chorando.

— Não chora, hoje é o nosso dia especial só de felicidade. — e a beijou.

— Obrigada por fazer de hoje o nosso dia especial só de felicidade. — ela sorriu.

— Eu amo você, Bella.

Ela se divertiu naquele dia. Não tinha fome, mas comeu um pouco de bolo quando Edward deu em sua boca e deu na boca dele. Conversou bastante, tirou muitas fotos com todos e tentou disfarçar seu desconforto.

Estava ainda mais cansada e sentia dor no corpo, enquanto a dor crescia forte em seu peito.

— Hey, um pouquinho da atenção de vocês. — Rosalie disse no microfone e sorriu. A música e toda a conversa pararam. — Agora vamos ter um momento especial, a primeira valsa do casal.

Edward sorriu e nem hesitou em se levantar, já tinha combinado aquilo com Rosalie antes. Então ele empurrou sua cadeira para o centro do salão.

— Em pé, Edward. — Bella pediu. — Eu quero dançar, não ser empurrada.

— Mas vamos com calma, está bem?

Ela assentiu sorrindo.

Edward tirou seu balão de oxigênio do suporte da cadeira e colocou no chão. Tinha um fio especial longo suficiente pra que ela pudesse ficar em pé, mas eles não podiam ir muito longe.

Ele pousou as mãos na cintura dela e ela abraçou seu pescoço, valsando suavemente sem ir muito longe, exatamente como tinham feito juntos na primeira dança.

De olhos fechados, o importante era ficar juntos. Apenas os dois. Vivos. Juntos. Pra sempre.

No meio da dança, Edward escutou um pequeno soluço e ergueu o rosto dos cabelos dela. Bella chorava com os olhos fechados e rosto franzido.

— Bella, você está bem? Está com dor?

— Eu... Sinto muito... — ela chorou assentindo, ela apertou seu ombro. — Queria terminar nossa dança, mas...

Ele a calou com um beijo e depois beijou sua cabeça. Ele pegou o balão de oxigênio do chão e deu pra ela segurar.

— O que? — ela franziu o cenho ao pegá-lo.

E então a pegou no colo, como um noivo faz tradicionalmente com sua noiva.

— Vamos terminar nossa dançar.

Bella sorriu entre as lágrimas.

— Eu não te mereço, Edward.

— Sim, você merece, tanto que me tem. E pra sempre. — e a beijou.

Eu amo você.

. . .

— Oi. — sou saudado por Bella.

Ela está sentada na minha cama novamente, acariciando meu rosto.

Estou chegando ao fim, né? Quero perguntar, mas não consigo. Tão cansado.

— Você não está com dor, né? — ela pergunta preocupada. — Kate acabou de te dar mais morfina, ela está fazendo um bom trabalho, você escolheu bem.

Eu pisco. Não fui eu que a escolhi, foi Rosalie.

— Foi Rosalie que a escolheu né? — Bella ri. — Ela é boa pra esse tipo de coisa. Aposto que ela se ofereceu pra fazer isso, mas você recusou.

É.

— Típico. — ela revira os olhos. — Odiando hospitais como sempre.

Mesmo que eu tenha conhecido em um. Me casado em um. Vivido bons momentos em um. Eu ainda odeio hospitais. Ela me conhece bem.

Ela me conheceu melhor do que ninguém.

— Você está fazendo isso bem, meu amor. — ela sorri sem lágrimas, apenas sorriso. Gosto disso.

Sem lágrimas, apenas sorriso...

. . .

— Eu sinto muito não termos uma lua de mel, Edward. — ela sussurrou.

— Como se eu me importasse com isso.

E eles ficaram na cama hospitalar. Novamente conectada com a cânula nasal, intravenosas e oxímetro. Ele não podia estar ali, mas ninguém ia impedi-los de passar a primeira noite de casados juntos. Ela lamentava apenas não ter força para fazerem alguma coisa juntos, nem amor. Estava tão exausta e dolorida, com os medicamentos começando a fazer efeito agora, que só conseguia ficar deitada e abraçada nele. O rosto em seu peito, o braço dele sobre seu ombro e a mão segurando a outra mão dele.

— Isso não é uma lua de mel.

— Cala a boca, não menospreze a nossa lua de mel.

Bella riu suavemente.

— Talvez eu pudesse chupar seu pau, é só você colocá-lo na minha boca.

— Oh, e te matar de vez?

— É... Você tem razão, boquete nunca é uma boa ideia pra pessoas com problemas no pulmão.

Eles riram juntos.

— Talvez você só pudesse empurrar seu pau em mim, eu não me importaria.

— Eu me importaria, não é assim que eu quero passar nossa lua de mel.

— E como você quer passar sua lua de mel?

— Só quero te segurar aqui comigo. — ele a apertou suavemente contra seu peito e suspirou. — Eu gosto disso.

— Eu também gosto.

— Eu posso sentir sua respiração e coração batendo ai nas minhas costelas.

— Sério?

— Sim. Continua assim.

— Não vou me mexer, pode deixar.

— Não foi o que eu quis dizer, estava falando sobre seu coração.

— O que?

— É isso que vamos fazer na nossa lua de mel. Eu vou continuar te segurando aqui comigo, enquanto você continua respirando e com o coração batendo.

Bella sorriu.

— Soa como uma lua de mel perfeita.

Edward sorriu e beijou seu cabelo.

— Eu te amo, minha esposa.

Eu te amo, meu marido.

. . .

http://www.youtube.com/watch?v=lCPRagQHhBw

I will follow you into the dark - Death Cab for Cutie (cover by Gavin Mikhail)

Sua voz ecoa na minha mente.

Eu te amo, meu marido.

Sim, ela me amou.

. . .

O pulmão de Bella tinha falhado durante a madrugada. Ela quase morreu, mas a trouxeram de volta. Depois de alguns procedimentos para tirar líquidos, eles a colocaram ema máscara de oxigênio grande.

Quando Edward pode entrar no quarto, foi direto para o seu lado e tomou sua mão. Ela dormia. Nem a notícia que seu câncer tinha retornado era pior do que aquilo. Não. Não sua Bella. Ele sim, mas não sua Bella.

Ela abriu os olhos lentamente.

— Oi, meu amor. — Edward a cumprimentou sorrindo.

— Oi...

— Shhh, não fala nada, amor, você não pode se esforçar agora, mas vai ficar tudo bem. — sorriu. — Você vai ficar bem.

— Mentiroso...

Edward sorriu e as lágrimas crescerem em seus olhos.

— Não chora...

— Não quero perder você, Bella. — fechou os olhos. — Não quero perder você.

— Você não vai...

Ele abriu os olhos.

— Promete?

— Sim.

Ele sorriu. Ele entendeu sua promessa, ela nunca sairia de perto dele.

— Edward?

— Oi, amor?

— Fica... Comigo.

— Eu fico.

— Não... Não me deixa...

Nunca.

Ofegante sob a máscara, ela sorri.

— Eu te prometo, meu amor, não vou te deixar sozinha. — Edward disse e beijou a testa dela.

. . .

E eu a amei.

Eu te amo, minha esposa.

. . .

— Você pode ir embora, Edward. — Charlie disse.

— Não, eu prometi que não ia deixá-la sozinha.

— Eu não vou sair daqui, você pode ir descansar. Rosalie disse que você devia começar uma nova sessão de quimo, mas está adiando por ela.

— Não vou sair daqui, Charlie, eu nunca vou deixá-la.

Ele colocou uma cadeira ao lado da cama dela, segurando sua mão. Ela estava desacordada, como passava a maior parte do tempo agora, mas ele não se importava, nunca iria deixá-la, assim como ela nunca o deixaria.

. . .

— Eu não vou te deixar sozinho, Edward. — Bella me diz.

Quero acordar e ver que tudo foi um sonho.

Toda a doença foi um sonho ruim, mas eu estou casado com a Bella.

Temos dois filhos. Uma menina parecida com ela. Um menino parecido comigo.

Somos todos saudáveis.

Morremos apenas velhinhos e felizes. Não antes, não agora.

Sonho... Sonho...

Não...

. . .

— Eu queria poder trocar de lugar com você, Bella. — Charlie disse a ela.

Ele chora segurando a mão da filha, enquanto Edward segura a outra.

— Eu te salvei uma vez ao te encontrar, gostaria de poder te salvar de novo.

Edward não conseguiu segurar as lágrimas. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, escutando apenas o barulho das máquinas da Bella.

— Você devia se despedir, Edward.

— Não.

Não tinha se despedido até agora e se recusava fazê-lo.

— Você sabe que agora pode... — a voz dele falhou e engoliu seco. — Pode acontecer a qualquer minuto, isso pode ser importante.

— Eu... — Edward fechou os olhos, acariciando a mão flácida dela. — Tenho medo.

— De que?

— De seja isso que ela esteja esperando, sabe? A minha despedida. É a unica que falta. Eu... Tenho medo de dizer adeus e ela morrer.

— Nada do que você fale pode fazê-la morrer, Edward. Ela só... Deixe ela saber que a ama antes de partir.

Edward abriu os olhos e sorriu para sua esposa.

— Ela sabia disso, Charlie. Ela sabia.

Bella abriu os olhos por alguns instantes e os fechou.

Sim, ela sabia.

. . .

Sinto... Está acontecendo... É real...

Hálito gelado em minha nuca... Uma velha amiga...

— Eu odeio esse barulho. — alguém diz.

— Também.

Jasper? Leah?

— A Bella não teve isso tudo?

— Não, ela usava máscara de oxigênio, depois um ventilador mecânico.

— Talvez seja normal.

— Parece que ele mal consegue respirar.

— Parou?

— Não, parece estar piorando, parece que... Merda. Edward?!

— O que?! Ele está morrendo?!

— Rápido! Vai chamar a Rose, Leah!

Aceitar e esperar...

. . .

Bella abriu os olhos.

— Oi meu amor... Oi... — Edward disse sorrindo, acariciando sua bochecha. — Oi, eu estou aqui com você, não vou te deixar.

Não consegue falar, mal consegue respirar. Ela piscou sonolenta.

— Eu odeio essa doença, Bella, eu odeio tanto essa doença. Mas eu também sou grato por ela, sabe?

Ele pode ver a confusão nos olhos dela.

— Essa doença sempre me tirou qualquer perspectiva de futuro, mas também me trouxe você. Queria que a gente fosse saudável, que pudéssemos ter nos encontrado na escola, talvez durante o uma aula de biologia, ou nos trombando no meio da rua, talvez em um restaurante, um site de encontros, em qualquer lugar, menos na área de oncologia do hospital. Mas como eu não tenho escolha, então eu não lamento absolutamente nada do que aconteceu comigo, porque isso me trouxe até você. Você está me ouvindo? Conhecer você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, Bella. Eu amo você. Eu amo muito você, Bella.

Ela pisca, porque ela o ama também.

. . .

— Eu estou aqui, Edward. — Bella diz. — Eu estou aqui e segurando a sua mão, você consegue sentir?

Eu sinto. É suave. Sobre minha mão.

É amor.

— Você não está sozinho, tudo bem? Eu estou aqui com você e sempre estive. Estão todos aqui com você. Você não está sozinho. Nós amamos você.

Amor...

Não é suficiente...

Não pode nos salvar...

Mas é importante...

Faz a diferença...

Completa...

Preenche o vazio...

Faz a vida ser mais do que uma simples espera pela morte...

— Eu amo você, Edward. Eu amo você... Eu amo você...

Amor...

. . .

— Tudo bem, meu amor, você pode ir. — Edward disse com a voz falhando pelo choro. E sentiu seu coração ser quebrado por aquelas simples palavras. — E pode me assombrar se quiser, eu não ligo, vou até gostar. Vou ficar com os nossos momentos, mas você pode ir e nos vemos em breve. Você... Pode... Ir...

Edward beijou a mão dela e se inclinou sobre seu corpo. Sem colocar peso, ele apenas chorou sobre ela.

— Eu amo você, Bella. Eu sempre amei e sempre vou amar você, Bella.

. . .

Bella acaricia minha bochecha, minha testa, meu cabelo.

Ela beija minhas lágrimas e sussurra que me ama.

Momentos...

Infinitos...

Somos feitos de momentos...

Uma estrada feita de momentos...

. . .

— Sou grato a você, Edward.

Edward se virou para Charlie, surpreso com suas palavras.

Ambos com os olhos inchados por chorar, simpáticos à dor um do outro. Conheciam o sentimento. Conheciam a vontade de desesperada de trocar de lugar com a pessoa que se ama.

— Pelo que?

— Por ter ficado.

— Eu amo a Bella, não podia ter ido a lugar nenhum.

— Eu sei e por isso sou grato. Ela sempre foi uma pessoa positiva e feliz, apesar de tudo, mas eu sempre soube que a maior parte do tempo isso era pura atuação pra que a gente não ficasse triste por ela, mas você fez ser real. Ela te conheceu e então passou a sorrir todos os dias. Você colocou um sorriso verdadeiro no rosto da minha filha, você realizou seus sonhos, você a amou e a fez feliz até o fim, eu sempre vou ser grato a você por isso.

Edward suspirou.

— Ela me deu muito mais em troca só por me amar, Charlie.

. . .

Uma estrada feita de momentos...

Que nos leva direto ao fim inevitável...

. . .

Edward respirou fundo e colocou um buquê de flores brancas sobre o túmulo.

Sozinho, as lágrimas desceram por seu rosto.

— Eu te amo, Bella. — ele beijou as duas alianças que agora tinha em seu dedo.

Respirando fundo, ele colocou as mãos no bolso e foi embora.

. . .

O fim...

Tum-tum.

... Inevitável.

Tum-tum.

Momentos...

Tum-tum.

... Até este.

Silêncio.

Escuridão.

“If there's no one beside you, when your soul embarks

Then I'll follow you into the dark…”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Talvez chorado um pouquinho. E principalmente, entendido. Tiro dúvidas via reviews, assim como aceito xingamentos e qualquer coisa do tipo KKKK
Agradeço a quem leu. Se tiverem tempo e quiser algo para ler, fiquem a vontade para dar uma olhada nas minhas outras fanfics e até uma próxima ♥
@candy_rafatz