Pedras Preciosas escrita por Melanie


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um... Em tempo recorde eu diria.
Espero que gostem.



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Branco, essa foi a primeira coisa que Lily viu ao abrir os olhos, uma luz branca. No início ela pensou que fosse a mesma luz branca que viu naquela sala antes do gerador explodir, mas então ao se concentrar viu que era apenas a luz de uma lâmpada.

Fechou os olhos e os abriu novamente tentando se acostumar com a claridade. Olhou para o lado e viu o cabelo vermelho de Sam, olhou para o outro lado e viu o cabelo castanho de Tory. Respirou fundo e tomou coragem para se levantar, mas se arrependeu no instante em que se mexeu.

Seu corpo inteiro parecia gritar de dor, sua cabeça parecia que ia explodir e imaginou que essa fosse a sensação de estar com algum osso quebrado, mas constatou que não tinha quebrado nada, era apenas uma dor excruciante que a fazia ficar tonta e querer vomitar.

– Eu não faria isso se fosse você, querida.– Ouviu uma voz lhe dizer e ao olhar ao redor encontrou uma mulher, parecia ter uns trinta e poucos anos , lhe encarando.

– Quem é você?– Perguntou após algum tempo tentando encontrar sua voz, e nossa, aquela era mesmo sua voz?

– Meu nome é Lucy, sou a enfermeira responsável por vocês.– Respondeu se aproximando e tocando sua testa. – Você não está mais com febre.– Constatou no segundo seguinte.

– O que aconteceu? Onde estou?– Perguntou tentando se sentar, mas uma pontada na cabeça a fez deitar novamente.

– Eu pararia de tentar me levantar, não posso te dar nenhum remédio para dor.– Lucy disse anotando algo em sua prancheta.

Lily tentou se ajeitar na cama de um jeito que parasse de sentir tanta dor, mas percebeu depois de alguns segundos que era uma missão impossível. Respirou fundo tentando se lembrar do que tinha acontecido e no momento que se lembrou que estava com as meninas quando o gerador explodiu começou a ficar nervosa.

– As garotas que estavam comigo, elas estão bem?– Lily sabia que Sam e Tory estavam naquele quarto com ela, mas pareciam estar desacordadas, e quanto as outras?

– Ei, se acalme, não precisa se preocupar. Elas estão bem, eu diria que vocês seis tiveram muita sorte. Poderiam ter morrido.– "É desse jeito que quer que eu não me preocupe?", pensou. – Estão nesse quarto também, mas você foi a primeira a acordar.

– Quanto tempo fiquei apagada?– Perguntou ao ficar um pouco mais calma. Então Bella, Vick e Jade também estavam nesse quarto... Não podia vê-las, mas saber que estavam bem já ajudava.

– Algumas horas. Já está escurecendo.– Lily então olhou para uma janela que estava no quarto e que curiosamente estava trancada. – Se as outras cinco acordarem, provavelmente vocês nem chegarão a passar a noite aqui no hospital.– Lily se sentiu momentaneamente confusa. A enfermeira não disse que poderiam ter morrido?

Lily pensou em perguntar por que a janela estava fechada, mas alguém entrou no quarto e a interrompeu.

– Graças a Deus. Você está bem, Lily?– Era Charlie, e pelo jeito ela estava realmente preocupada.

– Estou. O que aconteceu, Charlie?– Perguntou e para sua surpresa Charlie não respondeu imediatamente.

– Eu disse pra vocês não saírem de lá e isso incluía não entrar em nenhuma sala. Por que entraram lá?– Lily não sabia dizer se ela estava com raiva por elas terem entrado na sala com o gerador ou se apenas estava aliviada por poder estar dando essa bronca.

– Eu não sei, não consigo me lembrar.– Lily mentiu.

Era óbvio que ela se lembrava, de tudo, mas naquele momento se sentiu muito estúpida por te achado que podia ajudar em algo. Por que pensou uma coisa dessas mesmo? Era melhor que Charlie não soubesse.

– Isso é normal, talvez você não volte a se lembrar por um tempinho, tem mais algo de que não se lembre?– Lily olhou para a enfermeira e sentiu uma imensa vontade de perguntar como ela saberia se se esqueceu de algo se ela supostamente não deveria conseguir se lembrar.

– Não sei.– Ela achou melhor responder isso, era menos a cara do seu pai.

– Bom, vou deixar vocês a sós. Se outra acordar me chamem, tudo bem?– Lucy perguntou.

– Pode deixar.– Charlie respondeu.

Lucy saiu e Charlie pareceu ficar menos tensa, engraçado. Lily nem percebeu que ela estava tensa, então imaginou que tinha algo que ela não estava contando.

– Charlie, o que foi? O que você não está contando?– Lily perguntou a encarando. Charlie olhou para ela e suspirou antes de responder.

– Vamos esperar as outras acordarem...– Ela estava nervosa para mudar de assunto. – Tenho que dar uns telefonemas.– Lily balançou a cabeça concordando, mas antes de Charlie sair ela tomou coragem para perguntar algo que a estava incomodando.

– Você avisou meus pais, Charlie?– No momento em que perguntou, Lily se arrependeu pelo olhar que Charlie lhe deu.

– Avisei, mas foi a secretária quem atendeu, ela disse que pediria para que um dos dois me ligasse de volta. Ainda estou esperando.– Mesmo sabendo que seria algo assim, Lily não pode deixar de se sentir mal. Seus pais se importavam tanto assim com ela? Ela balançou a cabeça mostrando que ouviu e que entendeu.

– Tudo bem, se ligarem não precisa falar nada. A enfermeira disse que talvez a gente não passe a noite no hospital de qualquer maneira.– Disse e de certo modo era verdade, mas no fundo ela apenas queria manter aquela mentira de que seus pais se importavam com ela, viva.

Charlie pensou em dizer algo, mas desistiu. Disse que tinha que dar uns telefonemas e que daqui a pouco voltava.

Quando saiu, Lily ficou olhando para o teto tentando imaginar o que teria acontecido.

Ela não era burra, já tinha sido capaz de juntar A com B e sabia que seja lá o que estivesse naquela sala era radioativo. O fato de estarem em uma fábrica com tecnologias radioativas lhe dava uma dica, mas principalmente, a janela estava trancada, o que significava que ela e as outras tinham sido expostas a radiação e estavam sendo mantidas isoladas. Ela não era capaz de ver, mas sabia que se olhasse do lado de fora veria que a porta era de algum tipo especial.

Radiação, certo, ela sabia que nada de bom acontecia com quem era exposto a radiação, e a julgar pelo modo como Charlie estava desesperada para tirá-las de dentro daquela sala, e ela se lembrava muito bem, então tinham sido expostas a um alto nível. Porém, pensou, talvez não fosse tão sério, quer dizer, a enfermeira disse que poderiam sair ainda hoje. Ela não ouviu o médico, mas quando as outras acordassem ele teria que vir.

Fechou os olhos tentando não pensar no que poderia ter sido alterado no seu organismo. Agora ela desejava não entender nada de tecnologias e nem de radiações, quando ouviu algo e olhando para o lado viu que era Tory quem estava acordando.

– Ei, como está se sentindo?– Perguntou à Tory quando esta abriu os olhos, e pela careta de dor que foi feita, poderia imaginar que ela estava do mesmo jeito que Lily quando acordou.– Não se preocupe, você se acostuma, mas tente não se mexer, isso já ajuda muito.– Disse.

– O que aconteceu, Lily?– Percebeu, com um certo alívio, que sua voz não foi a única que ao ser escutada parecia ser de outra pessoa.

– Do que se lembra?– Ela já tinha assistido filmes demais para saber que era o melhor jeito de começar antes de dar uma notícia ruim.

– Estávamos naquela sala, e aquela coisa explodiu. Eu me lembro de ter sido jogada contra a parede e então tudo ficou escuro.– Tory disse e Lily ficou agradecida por não ter que explicar o motivo de estarem naquela sala. Sabia que Tory se lembrava, e ela se sentia culpada demais para falar sobre isso tão cedo.

– Da próxima vez me amarrem ao invés de me deixarem sair andando, tá legal?– Lily reconheceu a voz de Jade e até tentou olhar para a frente, mas ainda doía. Então se contentou em rir.

– Bom saber que você não perdeu seu senso de humor, Jade.– Aparentemente estavam todas acordando. Lily olhou para o lado e viu que Sam também tinha acordado e estava tentando se sentar.

– Uma notícia boa pelo menos.– Vick também acordou, mas provavelmente quando tentou levantar acabou gemendo de dor.

– Não sei se ainda podemos nos mexer.– Bella disse, acordada também, mas como já esperava, Jade e Sam não a ouviram e se sentaram, sob claros protestos.

Lily também se sentou e finalmente pode ver todas. Seu primeiro pensamento era que, definitivamente, uma maquiagem cairia bem. Por mais que odiasse e que nunca tivesse usado, a julgar pela aparências das outras a sua não deveria estar melhor.

– Quanto tempo ficamos aqui?– Vick perguntou.

– Algumas horas. A enfermeira disse que era para chamá-la quando vocês acordassem, provavelmente vamos receber alta ainda hoje.– Lily disse, rezando para que ninguém a culpasse, mas ao olhar mais atentamente viu que nenhuma delas iria falar sobre isso, pelo menos não agora.

Apertou o botão que a enfermeira lhe mostrou e em poucos segundos Lucy voltou para o quarto junto com um médico. Mediu a temperatura de todas, incluindo Lily e fez algumas perguntas. Ela observou que as meninas também disseram que não se lembravam de muita coisa e Lily tinha certeza que estavam mentindo. Como o que lhe tinha sido dito, receberam alta e depois que Lucy e o médico, que Lily não se preocupou em saber o nome, saíram Charlie voltou. Parecia realmente aliviada em ver todas de pé se arrumando para saírem, mas Lily tinha algumas perguntas.

– A que tipo de radiação fomos expostas, Charlie?– Perguntou assim que a porta se fechou. Observou a cara de surpresa e talvez medo que assumiu o rosto das outras garotas, mas apenas um suspiro cansado vindo de Charlie.

– Eu sabia que você iria perceber.– Charlie disse enquanto se sentava em uma das camas.

– Espera aí, fomos expostas a radiação? Foi isso mesmo que eu ouvi?– Tory perguntou.

– Sim, mas não precisa se preocupar. Exames foram feitos e não foi constatado nada de diferente em vocês. Mas...– Lily gelou ao ouvi-la falar mas.

– Mas o quê? O que aconteceu?– Vick se adiantou e perguntou quando Charlie parou de falar.

– Não aconteceu nada, mas caso aconteça, por favor, me avisem imediatamente.– Ela disse fazendo Lily ficar com uma pequena dúvida.

– Por que não nos deixa aqui até ter certeza de que nada vai acontecer?– Perguntou parando em frente a Charlie. Sabia que Vick também entenderia sua dúvida.

– Porque você não pode nos deixar isoladas, não é? Seria um escândalo para a TUR. Um acidente envolvendo radiação em que as vítimas foram seis adolescentes? Isso causaria uma grande dor de cabeça para todos, inclusive você.– Vick não demorou muito para entender.

– Exatamente. Olha, foi irresponsabilidade da minha parte deixar vocês sozinhas, mas eu quero concertar isso, tendo certeza de que não irá acontecer nada com vocês.– Charlie disse e Lily percebeu que ela estava sendo sincera, mas algo ainda a incomodava.

– Só por curiosidade, que tipo de coisa pode vir a acontecer com a gente?– Jade tirou as palavras de sua boca.

– Eu não sei, e esse é o problema. Prometam que se qualquer coisa fora do comum acontecer vocês irão me avisar, por favor meninas...– Charlie pediu e Lily decidiu se dar por vencida.

– Tudo bem.– Concordou, por enquanto. Viu as meninas balançando a cabeça concordando também, e tinha certeza de que todas pensavam que, por enquanto, concordariam com isso.

– Ótimo, agora acho melhor todas vocês irem para suas casas. Seus pais já devem estar preocupados.– Charlie disse e Lily teve vontade de dizer que ela sabia que os seus pais, pelo menos, não teriam percebido a sua ausência.

Depois de alguns minutos, após se despedir, entrou em um táxi e foi para a sua casa, a torre Stark. Quando chegou e subiu para o último andar, encontrou seus pais e seus irmãos sentados em frente a enorme tv vendo um filme que ela nem se importou em ver qual é.

– Lia, querida, onde estava?– Sua mãe perguntou quando a viu.

"Em um hospital, após sofrer um acidente envolvendo radiação, mas espera um pouco, vocês não dão a mínima.", era essa a resposta que ela queria ter dado, mas como sempre, faltou coragem.

– Por aí, com as meninas.– Respondeu, e sabia que sua mãe se contentaria com essa resposta, ela provavelmente nem se lembrava que Charlie pediu para retornar sua ligação.

Como o esperado sua mãe acenou com a cabeça e Lily subiu para o seu quarto, tomou um banho e se jogou na cama. Como ela previu, foi um dia cansativo, e ela sabia que deveria ligar para Julie e contar o que aconteceu, mas ela só queria esquecer esse dia horrível em que poderia ter matado as únicas pessoas que se importavam com ela. Tinha vontade de chorar, mas estava cansada demais para isso e como se já não bastasse, amanhã seria domingo, o dia que ela mais odiava já que era o único dia em que ela teria que almoçar com sua família fingindo fazer parte dela.

Fechou os olhos e se permitiu levar pela escuridão, sem medo dessa vez.

Acordou antes de Jarvis a chamar, mas não se importou, afinal teve um pesadelo envolvendo a explosão novamente e ao passar a mão no cabelo viu que estava suando frio. Levantou da cama imediatamente com a intenção de ir ao banheiro tomar um banho frio antes de descer para o café.

Ficou um bom tempo embaixo do chuveiro apenas pensando se poderia fingir que estava passando mal para não ter que almoçar em casa, mas logo desistiu dessa ideia. Fechou o chuveiro e se enrolou em uma toalha. Parou em frente ao espelho e quando passou a mão para desembaça-lo, gritou. Seus olhos, que antes eram azuis, estavam vermelhos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
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