Pedras Preciosas escrita por Melanie


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Volteeei
Demorei pra postar porque esses dias têm sido muito corridos mesmo, mas...
Antes de tudo queria agradecer a recomendação linda que recebi...*-* Fiquei tão feliz quando vi!!! Por isso, como agradecimento, dedico essa capítulo à Lua. Muito obrigada pela recomendação, sua linda!
E agora vamos ao capítulo...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/439945/chapter/17

Ok, não deveria ser muito difícil.

Ela só precisa ir com sua mãe a algumas lojas e escolher algumas roupas. O quão difícil deveria ser isso? Claro que, se ela já tivesse por hábito ir ao shopping constantemente, isso lhe pouparia esforços em pensar sobre a quais lojas deveria ir. Mas ela não tinha esse hábito.

Geralmente comprava suas roupas pela internet. Para ela, isso era mais fácil. Já sabia qual era seu tamanho mesmo... Não precisava ficar saindo de casa. Mas agora, ela precisaria passar pela experiência completa de ir de loja em loja, procurando por algo que ela nem sabe que está procurando, esperando achar e então comprar. Tudo isso com sua mãe.

Sem pânico.

Não deveria ser muito difícil.

Porém, seu primeiro desafio logo se mostrou de cara qual era: encontrar sua mãe. Em um shopping lotado. Em Nova York. Sabem quantos nova-iorquinos gostam de ir ao shopping? Milhares pelo o que Lily conseguia ver. Tirando os que não via...

Suspirou.

Deveria ter combinado melhor com sua mãe. Um ponto de encontro talvez...

Caminhou para dentro do shopping, tentando se esquivar dos empurrões. Ah, como odiava multidões. Pegou o celular e mandou uma mensagem para sua mãe. Sua mãe sempre estava com o celular à mão, não era possível que justamente hoje o tivesse guardado na bolsa.

Graças a Deus, alguns segundos depois, recebeu uma resposta. Aparentemente, sua mãe estava na Tiffany’s. Ótimo. Já sabia onde ela estava, agora só faltava descobrir onde a loja ficava.

– Lia, querida. – Sua mãe a chamou assim que a viu entrando na loja.

Não teve muitos problemas. Só precisou recorrer ao velho método de obter informações: perguntando.

– Como está, mamãe? – Lily perguntou indo até ela.

Seja gentil. Seja gentil. Repetia para si mesma como seu novo mantra. Ela precisava poder dizer que pelo menos tentou, caso não voltassem a ter uma relação saudável entre mãe e filha.

Bem, e você? – Sua mãe voltou a perguntar enquanto lhe dava um beijo na bochecha.

Lily ficou levemente em choque. Aquilo era um contato direto e aparentemente normal que não costumavam ter. Pensou que talvez fosse por sua culpa já que estava realmente sempre tentando se manter afastada.

Concordou com a cabeça.

– Está aqui há muito tempo? – Perguntou olhando para algumas das joias que ali havia.

– Alguns minutos. – Sua mãe lhe respondeu e então se virou para ela segurando uma linda pulseira. – O que achou?

– Uau. – Lily sussurrou olhando para a pulseira. Não era muito chegada a joias, mas... – É linda.

E realmente era.

Era simples, mas sem perder o charme e a elegância. Delicada. Uma pulseira folheada em ouro branco, com flores a adornando.

– Ótimo. – Sua mãe falou sorrindo. – Então é sua.

Lily piscou.

– O quê?

– Eu vou comprar e já volto. - E então sem nenhuma explicação sua mãe já estava se virando.

– Espera. Mãe, o que... – Não sabia bem como terminar.

– Você gostou da pulseira, não gostou?

– Sim, mas...

– Então eu vou comprar. – Sua mãe finalizou, sorrindo, e então se virou novamente para ir até o caixa.

Lily estava acostumada a receber presentes caros dos seus pais. Sempre achou um exagero, mas... Só que dessa vez sentia que não era a mesma coisa. Não sabia explicar.

Suspirou internamente. Ultimamente andava sentindo muitas coisas que não sabia explicar. Mas antes que pudesse começar a numerar mentalmente tudo o que não conseguia explicar, sua mãe já estava de volta carregando uma pequena sacola.

– Vamos? – Ela perguntou voltando para onde Lily ainda estava. – Ou quer ver mais alguma aqui?

– Não. – Lily respondeu ainda surpresa. – Podemos ir.

Ao saírem da Tiffany’s, Lily e Pepper começaram a caminhar sem parecer ter um destino certo. Pepper olhava as vitrines e sem perceber, Lily começou a fazer o mesmo. Logo, estavam entrando nessas lojas e Lily se viu buscando por algo que lhe agradasse.

– Que tal esse? – Pepper perguntou mostrando um lindo vestido à Lily.

– Ahn... Eu não sei.

Por mais que o vestido fosse realmente lindo, Lily não era de usar vestido. Não que nunca tivesse sentido vontade de usar, apenas nunca teve coragem. Não se sentia a vontade em vestidos. Era mais como se ficasse exposta em tão pouca roupa, mesmo que não fosse um vestido vulgar nem nada do tipo.

– Hm... Eu acho que combina com você. – Sua mãe parecia estar sendo sincera.

– Acho que não custa nada experimentar. – Comentou dando-se por vencida.

Estava morrendo de vontade de experimentar porque o vestido era realmente lindo e estava apreciando a aparente vontade da sua mãe em lhe ajudar. Pepper não parecia estar tentando impor um estilo a ela e ao perceber isso, Lily apenas reforçou o pensamento que vinha tendo de que sua mãe talvez nunca tivesse sentido vergonha da sua falta de senso de moda.

Pepper parecia estar feliz.

E o vestido realmente lhe caiu bem. Quase como se tivesse sido feito para ela. Lily mal se reconheceu enquanto olhava para seu próprio reflexo. Um sorriso brincou em seus lábios. Ela estava bonita.

Saiu do provador. Queria que sua mãe visse que havia acertado na escolha do vestido. E quando apareceu, viu um sorriso se espalhar pelo rosto de Pepper, o que a fez sorrir timidamente.

– Ah, você está tão bonita, querida. – Sua mãe falou.

Lily sorriu em agradecimento e saiu do provador para se ver no espelho que havia ali fora. Novamente, mal se reconheceu. Sim, iria levar o vestido.

Mais algumas lojas depois, ambas estavam se dirigindo à praça de alimentação para um lanche. Carregavam mais sacolas do que Lily imaginava que iria carregar, mas não tinha considerado a possibilidade de sua mãe também se render a algumas compras.

Precisava admitir, entretanto, o dia não estava sendo como ela imaginou.

Imaginou que as coisas fossem ficar tensas, quase forçadas, mas, ao invés disso, pareciam naturais. Pepper conversava com Lily e Lily conversava com Pepper como se fossem ao shopping desde sempre. Não parecia esquisito agir assim.

As coisas só foram ficar levemente esquisitas quando se sentaram em uma mesa, rindo levemente de algo que haviam visto, e então foram parando de rir. Lily pensou desesperadamente no que podia falar para não deixar o bom humor acabar, mas era difícil. Ela não era uma especialista em puxar assunto.

– Eu... – Sua mãe começou enquanto ainda parava de rir. – Preciso admitir querida, que fiquei surpresa com o convite repentino para vir ao shopping.

Ok. Lily não estava esperando que sua mãe fosse querer conversar tão diretamente assim. Então, sem saber o que mais fazer, apenas deu de ombros.

– Fiquei feliz, claro. Afinal, qual foi a última vez que saímos apenas nós duas? – Uma pergunta que ambas sabiam a resposta. Nunca. – Mas ainda assim, surpresa. – Pausa. – Existe algum motivo para isso?

Lily hesitou.

Sua mãe sabia ser direta quando queria, meu Deus. Mas ela não podia ser direta, podia? Podia se desculpar por ter se afastado sem explicação nenhuma? Será que não estaria indo muito rápido no que deveria ser natural? E se estivesse se precipitando?

– Eu acho que... Só queria passar um tempo com a minha mãe. – Respondeu escolhendo as palavras cuidadosamente.

Sua mãe sorriu em resposta.

Talvez Lily não precisasse se desculpar diretamente como ela e os irmãos haviam feito. Pepper era sua mãe. Não eram as mães que deviam amar seus filhos incondicionalmente? Perdoar e aceitar? Não eram as mães que desde sempre estão presentes em qualquer situação? Ajudando e aconselhando? Protegendo e cuidando?

Sua mãe estaria sempre por perto, desde que ela permitisse.

~*~

Foi quando estavam se levantando, para darem uma última volta pelo shopping antes de irem embora, que tudo, absolutamente tudo, foi por água abaixo.

Pepper e Lily pararam imediatamente onde estavam quando ouviram os gritos. Olhavam ao redor, confusas, enquanto tentavam localizar o motivo por trás de tais gritos, quando ouviram os tiros. Imediatamente, os presentes ali na praça de alimentação começaram a também gritar e a se abaixar, tentando se proteger dos tiros. Pepper puxou Lily para o chão, debaixo da mesa, onde tentaram se proteger.

Em meio à correria daqueles que tentavam sair de lá, Lily observou pelo menos dez pares de pernas cobertas por uma calça preta se aproximarem lentamente. Pressupôs que fossem os atiradores já que à medida que se aproximavam mais da praça de alimentação, mais pessoas caíam ao chão. Provavelmente mortas.

Pepper abraçou Lily quando uma mulher que passava correndo por trás delas foi atingida e caiu. Lily estremeceu quando sentiu algo molhado respingar em seu braço. Sangue.

De repente, os tiros pararam. Lily ousou olhar para cima para tentar ver os rostos dos atiradores quando tão de repente como pararam, os tiros recomeçaram. Dessa vez miravam o teto de vidro da praça de alimentação e as pessoas gritaram ainda mais forte quando os cacos de vidro começaram a cair.

Lily conseguia ver tudo debaixo da mesa e onde estavam, ela e sua mãe estavam protegidas do vidro que caía. Mas as outras pessoas não. Lily viu quando um pedaço particularmente grande de vidro que não havia se quebrado por completo estava prestes a se soltar do teto e cair em cima de um casal que se abraçava tentando se proteger dos tiros. Eles ainda não tinham percebido que o alvo era o teto e quando o vidro se soltou, Lily abriu a palma da mão, colocando-a na vertical, e moveu-a rapidamente para a esquerda. O vidro também se moveu para a esquerda, espatifando-se na parede próxima.

Em outro ponto do shopping que conseguia ver, uma criança chorava encolhida próxima ao balcão de um dos restaurantes. Lily fechou a mão, trazendo-a para trás e puxando a criança para frente bem no instante em que um dos cozinheiros abria a porta do balcão e saía correndo.

Um dos pilares de madeira de outro restaurante havia sido atingido por balas demais para permanecer de pé e já se preparava para tombar para frente, bem em cima de diversas pessoas que estavam escondidas sob as mesas daquele restaurante, quando Lily voltou a abrir a mão e empurrá-la para frente, empurrando o pilar para trás, onde não havia ninguém que pudesse ser atingido.

É o seguinte... – Um homem gritou afastando a atenção de Lily do ambiente. Era um dos atiradores. – Ninguém se mexe ou tenta fazer alguma gracinha. Se alguém tentar fugir, vai morrer!

E para provar seu ponto, atirou nas costas de um homem que estava tentando se levantar. As pessoas gritaram. Sua mãe a abraçou com mais força e Lily fechou os olhos, se sobressaltando com o som dos tiros.

Onde está o seu pai quando precisamos dele? – Sua mãe perguntou em um sussurro e Lily abriu os olhos.

Mirou os atiradores e viu que todos usavam máscaras pretas cobrindo seus rostos. Cada um carregava um fuzil.

Aquele não era um trabalho para o Homem de Ferro ou para Os Vingadores. Eram apenas homens. Bandidos. Não eram alienígenas. Aquilo era um trabalho para a força policial, provavelmente a S.W.A.T. Seu pai não apareceria e a polícia ainda demoraria um tempo precioso para chegar. Tempo que custaria a vida de cada vez mais pessoas.

Mas por mais que quisesse, Lily não poderia fazer muita coisa. Não poderia aparecer sem revelar sua identidade. Poderia ajudar de maneira sutil, mas ainda não seria o bastante para proteger todas aquelas pessoas, para proteger sua mãe. Ela precisava de ajuda.

Meninas? Preciso de ajuda. Estou no shopping... Ladrões armados com fuzis. Muitas pessoas já estão feridas e algumas já estão mortas. Não demorem, por favor.

Lily estava tão furiosa por estar em uma situação como essa e não poder fazer nada para ajudar, estava tão furiosa por sua mãe estar com ela, correndo perigo, que sequer precisou fechar os olhos para se concentrar. Apenas pensou, enquanto fitava aqueles bandidos que certamente eram ladrões. E tinha certeza que havia conseguido.

Observou os atiradores se dividirem. Cinco ficaram ali, na praça da alimentação, e os outros cinco se dispersaram. Provavelmente para começarem a saquear. Lily imaginou se não havia mais bandidos pelo shopping. Era um shopping muito grande e se tivesse que apostar, apostaria que era uma esquadrilha.

– Ora, ora, ora... – Lily ficou tão imersa em pensamentos observando os atiradores se dividirem que não viu quando a atenção de um deles caiu sobre ela e sua mãe. – Veja só quem está por aqui, chefe.

Pepper puxou Lily para trás, mas já era tarde. Aquele que parecia ser o líder já as havia visto e andava em sua direção. Lily sentiu o coração de sua mãe acelerar e tentou manter a calma. Ela poderia protegê-las. Não poderia?

– Que surpresa interessante. – O homem falou enquanto puxava a mesa para trás e as deixava expostas. – Pepper Stark, senhoras e senhores. A mulher do Homem do Ferro. – Então seus olhos caíram em Lily. – E sua adorável filha, Elizabeth.

Sua mãe se moveu de modo que Lily ficasse atrás dela. Lily detestou essa ideia. Sua mãe apenas ficou mais exposta ainda. Aquele homem tinha um fuzil nas mãos e já havia mostrado que não tinha problemas em atirar. Era uma péssima ideia. Apertou a mão de Pepper.

– Venha cá. – Ordenou subitamente pegando o braço de Lily.

– O quê? Não! – Sua mãe tentou impedi-lo, mas o homem apenas lhe deu um tapa no rosto forte o suficiente para derrubá-la.

– Mãe! – Lily gritou enquanto era puxada.

Sua mãe levantou a cabeça e a olhou desesperada, os olhos banhados em lágrimas não derramadas, enquanto o homem passava o braço pelo seu pescoço, prendendo-a.

– Por favor... – Sua mãe pediu, a voz embargada. – Não a machuque.

– Calada, sra. Stark. – O homem falou, pronunciando o sobrenome com nojo. – Ou eu posso mudar de ideia quanto a te matar agora.

Instintivamente, Lily tentou se soltar, mas o homem apenas aumentou o aperto em seu braço, fazendo-a se engasgar.

– Não tente nenhuma gracinha, garota. – Falou. – Ou eu também posso mudar de ideia quanto a te matar agora e não quando seu papai chegar.

De repente, o homem começou a rir.

– O que vocês acham que Tony Stark vai estar disposto a fazer para que eu não puxe o gatilho e exploda a cabeça da sua adorável filhinha? – Perguntou aos seus companheiros que também começaram a rir.

– Você realmente espera conseguir chantagear o Homem de Ferro? – Lily perguntou com ironia escorrendo por suas palavras. Então riu secamente – Por favor... Ele vai te matar antes que você consiga sequer pensar em puxar o gatilho.

Obviamente ela estava blefando. Seu pai estava tão ocupado tentando achá-la como Rubi que não deveria nem estar sabendo que deveria estar procurando por ela como Lily. Procurando por ela e por Pepper.

Ao olhar para sua mãe, notou o olhar de repreensão. O mesmo olhar que Pepper dava a Alex e a Jai, até mesmo a Tony, quando um deles agia com sarcasmo e ironia em momentos inoportunos. Como Lily estava fazendo agora. Mas o que Lily podia fazer? Ela era uma Stark afinal de contas. Sarcasmo e ironia eram a marca registrada de seu pai.

– Aé? – O homem perguntou. Lily parecia ter conseguido irritá-lo. – Então talvez eu deva te matar agora, para provar que não estou brincando, e então quando ele chegar, ameaçar matar a sua mãe. Que tal essa ideia?

Lily arregalou levemente os olhos. Não tinha pensado nessa possibilidade. Droga... Onde estavam as outras? Será que teria que dizer que estava com uma arma apontada para sua cabeça para que viessem mais rápido? Se bem que... Ok, agora ela estava mesmo com uma arma apontada para sua cabeça.

– Espera! – Sua mãe gritou.

Lily olhou para Pepper, que agora se levantava com as mãos erguidas em sinal de rendição, com desespero. O que sua mãe estava fazendo? Isso também definitivamente não estava entre as possibilidades como consequência do que falou.

– Se quer matar uma de nós duas para tentar... Chantagear o meu marido, então pode me matar. Mas por favor, por favor, não machuque a minha filha. – Lily olhou para sua mãe com os olhos arregalados de surpresa. O que ela estava fazendo? Pepper a fitou e então algumas lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. – Não machuque a minha menininha...

Lily estava atônita demais para ter qualquer reação. Ela via as lágrimas escorrendo pelo rosto de sua mãe, mas não conseguia fazer nada. Sua mãe estava mesmo disposta a deixar-se matar para que Lily não morresse? Ela nunca pensou que... Na verdade, ela pensou que... Mais que droga! Como a tarde foi de ótima para terrivelmente errada?

– Awn, que comovente. – O homem zombou. Lily quase havia se esquecido que ele ainda apontava uma arma para sua cabeça. – Mas eu sinto muito, sra. Stark. Eu quero que seja a garota. Talvez se ela não tivesse a língua tão grande quanto à do pai...

Lily o ouviu destravar o revólver.

Não tinha notado que não era um fuzil que estava encostado na sua cabeça. Era um revólver. Ouviu sua mãe gritar novamente, mas estava ocupada demais se concentrando na raiva que estava sentindo por estar naquela situação. Ele definitivamente não ia morrer agora que estava se acertando com sua mãe!

Ela sabia como era o mecanismo de um revólver. Já havia visto um desenho e se lembrava perfeitamente dos detalhes. Tudo o que precisou fazer foi se concentrar. Não precisou nem mesmo mexer as mãos, tamanha era a sua raiva. E pôde sentir quando a trava de segurança foi esmagada, incapacitando a saída da bala.

Quando o homem apertou o gatilho... Nada.

– Mais que... – Escutou-o murmurar enquanto voltava a apertar o gatilho. Repetidas vezes. E nada.

Lily olhou para a sua mãe que a olhava aliviada. A mão no coração... Lily se permitiu sorrir. Um sorriso mínimo que mostrava que estava bem.

– Que se dane. – O homem falou antes de jogar a arma no chão.

Em seguida, Lily sentiu a ponta fria de uma faca em sua garganta.

Tá legal... Ela não tinha pensando nisso. Como ela iria se livrar dessa agora? Se fizesse a faca sair da mão do homem, todos perceberiam que ela não era normal. Ainda não a ligariam à Rubi, mas mesmo assim... Oh, ela estava sem ideias para sobreviver a essa.

Mas antes que o homem pudesse cortar sua garganta como pretendia, uma rajada de vento os acertou em cheio. Jogando todos para o chão.

Alguns gritos foram ouvidos. Não de medo, mas de surpresa. O vento foi forte o suficiente para arrastar o homem para longe de Lily, mas também foi forte o suficiente para afastá-la de sua mãe. Lily foi arrastada até bater em um dos pilares, longe daqueles homens mascarados.

Abriu os olhos e sorriu ao ver suas amigas. Vick estava parada, com os braços estendidos à sua frente de seu ataque, o vento a rodeava, mantendo-a no ar. Jade estava mais atrás, com a eletricidade a rodeado. Lily ainda não entendia como ela podia voar, mas aparentemente, a eletricidade conseguia mantê-la acima do chão. As outras não estavam no ar e Lily sabia por que. Ela não estava lá, então não podia levitá-las. Olhou ao redor procurando-as e as encontrou, cada uma em um canto estratégico da praça de alimentação.

– Assalto ao shopping? Que coisa clichê de se fazer meu amigo. Só não é mais clichê do que um assalto ao banco. – Lily ouviu Jade dizer e voltou seu olhar para ela.

– As novas heroínas de Nova York, aqui? Quanta honra... – O homem falou levantando-se. Não parecia ter perdido seu humor asqueroso. – Mas... Está faltando uma, não está? Onde está a vermelhinha?

Lily se surpreendeu com o fato de que os bandidos aparentavam já saber quantas elas eram e quais suas cores.

– Não me digam que as crianças já estão tendo problemas para decidir a liderança? – Zombou.

Lily viu Jade sorrir.

– Ah, e quem disse que ela não está aqui? – Jade perguntou. – Acontece que Rubi gosta de entradas triunfais.

Lily revirou os olhos.

Sério, Jade? Entradas triunfais? Perguntou telepaticamente.

Viu o sorriso de Jade aumentar. Ela tinha ouvido.

– Você sabe... Algo que chame a atenção. E acontece, meu amigo, que vocês e seus peões, ainda não fizeram nada que chamasse a atenção dela.

O que você está fazendo? Jade, eu não posso participar! Lembrou-a.

Observou sua amiga sutilmente indicar Sam e buscou a amiga com os olhos. Encontrou-a parada próxima de si com uma bolsa preta no chão. Engasgou chocada.

Vocês enlouqueceram? Querem que eu me troque aqui? Agora? Perguntou para todas.

Viu Sam concordar com a cabeça e chutar sutilmente a bolsa para trás. Como elas pretendiam que ela pegasse a bolsa e corresse para o banheiro sem ser vista? Então viu tanto Vick quanto Jade se moverem levemente e entendeu. Elas não pretendiam...

Droga!

Vick e Jade voaram para cima dos atiradores que não tiveram escolha a não ser se jogarem no chão para não serem atingidos. As outras começaram a correr, ajudando as pessoas a se protegerem.

– O quê diabos estão esperando? ATIREM NELAS! – O líder gritou e então tiros começaram a ser ouvidos.

As pessoas se jogaram novamente no chão e Lily sabia que era essa a distração que elas estavam procurando. Uma distração bem ousada. E se os homens decidissem parar de tentar atirar nelas e começasse a atirar nas pessoas que ali estavam? E se conseguissem acertá-las?

Apressada, Lily engatinhou até onde Sam havia chutado a bolsa. Olhou ao redor para ver se alguém prestava atenção nela, mas estavam todos de olhos fechados. Pensou em sua mãe. Esperava que ela estivesse bem... Pegou a bolsa e quando já estava afastada o suficiente, correu para o banheiro mais próximo.

– Me trocando em um banheiro... – Murmurou consigo mesma enquanto se aprontava o mais rápido que conseguia. – Aposto que o Thor nunca trocou de roupa em um banheiro.

~*~

Quando se aproximou, ainda escondida, Rubi não gostou nada do que viu.

Safira estava ferida.

Os outros atiradores que tinham se dispersado agora estavam ali outra vez e estavam em um número bem maior que dez. Ela estava certa... Eram mesmo uma esquadrilha.

Cerrou os dentes e levantou voo. Os braços levemente abertos e à medida que ganhava altitude, as armas dos atiradores saiam de suas mãos e ganhavam altitude junto com ela. Quando parou, entre Cristal e Ônix, e observou de cima, Citrina ajudando Safira com o ferimento em seu braço, Rubi sentiu sua raiva voltar.

Haviam machucado sua amiga.

Fitou o líder dos atiradores. Sabia que ele também a fitava. Fazia questão que ele prestasse atenção no que ela iria fazer... Abriu ainda mais os braços, deixando-os em uma perfeita linha reta, e as armas subiram junto, parando exatamente em sua frente. Estreitou os olhos para o homem que tentou matá-la e que teve a audácia de bater em sua mãe, e então fechou as mãos. As armas se amassaram, assumindo a forma de bolas e então... Explodiram.

Oh, aquilo era novo.

Desde quando ela conseguia transformar objetos sólidos em poeira?

Tentou não deixar transparecer surpresa com o que havia acabado de fazer. Claramente, Rubi precisava aprender a controlar suas emoções já que parecia que um poder novo aparecia cada vez que ela se deixava levar pelo o que estava sentido.

Uma risada a dispersou de seus pensamentos.

– Parece que é mesmo verdade... Alguém aqui gosta de entradas triunfais. – O homem falou.

Lily voo até parar um pouco acima de onde ele estava.

– Eu só vou falar uma vez. – Disse com a voz firme. – Renda-se. Seus homens estão desarmados e você não tem como fugir.

O homem riu novamente.

– E o que você vai fazer se eu não me render? Me matar?

Lily estreitou os olhos. Conhecia perfeitamente o joguinho psicológico que ele estava fazendo.

– Matar? Não. Não sou uma assassina.

– Então como espera me...

Mas o homem não pode terminar, porque Rubi moveu o braço direito rapidamente para a direita e o homem foi lançado no ar até que bateu na parede mais próxima. Onde escorregou inconsciente até atingir o chão.

– Mas isso não é matar. – Rubi falou olhando para o corpo caído.

No mesmo instante, Ônix desceu rapidamente até o chão onde espalmou suas mãos. A eletricidade saiu delas, percorrendo o solo e atingiu cada um dos homens mascarados que estavam ali. Em menos de dois segundos, todos caíram inconscientes.

– Isso também não é matar. – Ônix falou colocando-se de pé.

Rubi desceu e parou ao lado de Ônix. Mas mal pousou e a polícia invadiu o shopping, correndo em suas direções. Cristal parou do seu outro lado e a ouviu bufar.

– Agora a polícia chega, não é? – Falou.

Rubi sorriu minimamente e então seu olhar encontrou o de sua mãe.

Merda.

Porém, antes que pudesse pensar em qualquer coisa, sentiu-se sendo puxada para fora do shopping pelo teto.

Tudo aconteceu tão rápido.

Caiu no chão, em frente ao shopping, em um impacto que a fez fechar os olhos e gemer levemente pela dor. Ouviu quando suas amigas também caíram. Imaginava como o impacto deveria ter doído para Safira. Queria ver o quão grave o ferimento a bala estava, mas, aparentemente, agora tinha outras coisas com as quais se preocupar.

Apoiou-se no braço para levantar e quando ergueu a cabeça, gelou. Na sua frente estavam Os Vingadores.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram???
Eu confesso que gostei de escrever esse capítulo... Espero que tenha ficado bom.
Deixa eu ver agora... Ah, sim. Não faço ideia de como funciona um revólver, então usei a imaginação. Kkk Se alguém souber e quiser me corrigir, por favor, fique à vontade.
Acho que era só isso o que eu tinha para falar...
É.
E não esqueçam de comentar porque faz um bem danado pro coração dessa autora.
Até o próximo!
XOXO