– Ok. Vocês sabem que noite passada nosso pai falou que Jacobs foi até a base de operações da S.H.I.L.D e ofereceu ajudá-los a encontrá-las, não é? – Jai começou.

Lily decidiu sentar novamente, ao lado das meninas, as quais responderam com um aceno de cabeça.

– Jade fez um resumo. – Sam comentou indicando que Lily já havia contado o que sabia e que Jade havia repassado.

– Certo. Em todo o caso, nosso pai está tentando recuperar alguns dados que foram apagados sobre o que havia naquela sala da TUR. – Continuou. – Alex e eu passamos a noite copiando os dados que já foram recuperados para um outro servidor e descobrimos que um dos primeiros dados apagados foram testes feito com amostras do que estava sendo contido naquela sala.

– Do que estava sendo contido? – Jade perguntou. – Achei que fosse algo radioativo.

– É o que todos estão pensando, mas os testes que foram recuperados, na verdade eram testes envolvendo identificação de pedras preciosas. – Respondeu Alex.

– Pedras preciosas? – Bella pediu confusa.

– Sim. Lizzie identificou a amostra de rubi do teste que mostramos para ela agora de manhã. – Continuou Alex.

Agora Lily havia voltado a ser Lizzie então? Tudo bem, ela poderia se acostumar facilmente a isso.

– Rubi? – Vick perguntou em um sussurro para si mesma, mas Lily ouviu e sabia que ambas estavam pensando a mesma coisa naquele momento.

– Amostra de rubi? Até onde eu saiba, rubi não é algo radioativo e minha tia trabalha em uma empresa que trata especificamente de coisas radioativas. Como aquela sala podia conter um rubi e então explodir? – Tory fez a pergunta que Lily estava pensando desde que reconheceu os números que identificavam a amostra de rubi.

– Primeiro, também não sabemos. – Alex falou.

– E segundo, não havia apenas um rubi naquela sala. – Terminou Jai.

– Espera, o quê? – Lily perguntou enquanto ainda assimilava o que os escutou dizer.

Viu-os se entre olharem.

– Jarvis decodificou mais alguns dados e... Bom, fizeram mais de um teste. Com outras amostras. – Respondeu Alex.

– Recebemos os testes hoje depois do almoço, então não deu para te mostrar antes. – Jai completou e então tirou alguns papeis do bolso. – Aqui. – Disse entregando-os para Lily. – Imprimimos antes de sairmos da escola.

Lily se levantou rapidamente e pegou os papeis. Podia sentir as meninas lhe olhando a espera de uma resposta. Leu a primeira página.

Era basicamente a mesma coisa que estava escrita no papel que lhe mostraram hoje de manhã. Os mesmos testes, mas... Com amostras diferentes. Arregalou levemente os olhos enquanto pulava rapidamente para o fim da página a procura dos números finais.

– Só pode ser brincadeira... – Sussurrou após ler os números da última página.

– O quê? – Escutou Bella lhe perguntar.

– Você reconheceu os números também, não reconheceu? – Alex perguntou observando-a atentamente.

Lily concordou com a cabeça.

– E fizeram testes em amostras do quê? – Jai perguntou e Lily o olhou.

– Hm... Aparentemente, cristal, safira, esmeralda, citrina e... ônix. – Respondeu ainda surpresa.

– Tá de brincadeira, não é? – Jade perguntou quebrando o silêncio que ali se instalou.

Lily deu de ombros sem saber ao certo o que falar.

– Ok... Quais as chances disso ser só uma coincidência? – Sam perguntou.

– Acho que temos tantas chances disso ser só uma coincidência quanto o que Lily fez a Amber e Kelly hoje. – Tory respondeu e Lily se virou para ela arqueando a sobrancelha.

– Sério? – Pediu.

– Espera, você foi a responsável pelo o que aconteceu com o carro? – Alex perguntou surpreso.

– E a blusa. Não vamos nos esquecer da blusa.

– Jade! – Lily repreendeu-a.

– Ah, não vamos nos esquecer do nariz também. – Sam completou e Lily revirou os olhos exasperada.

– Tá lega, já chega vocês duas. – Será que suas adoráveis amigas se esqueceram de que Alex e Jai estavam ali?

– Você quebrou o nariz da Kelly mês passado? Foi você quem fez aquilo? – Alex voltou a perguntar.

– Foi um acidente. – Lily falou um pouco envergonhada. Não eram ações para se orgulhar no final das contas. – Eu não sabia o que estava fazendo exatamente... – Deu de ombros.

Olhou para seus irmãos como se se desculpasse, afinal, eles ainda eram amigos quando ela fez essas coisas acidentalmente, não é? Mas, surpreendentemente, Alex começou a rir. Jai apenas balançou a cabeça sorrindo.

– Bom, elas mereceram. – Jai falou e Lily se permitiu sorrir.

– De qualquer maneira, podemos voltar ao fato de que pedras aparentemente explodiram? – Perguntou querendo acabar com esse assunto.

– E de que nós escolhemos os mesmos nomes que essas pedras sem saber? – Vick pediu atraindo a atenção de todos.

Lily não esperava que ela fosse levantar essa questão assim do nada.

– Vocês escolheram? – Alex perguntou.

Lily notou-as considerando o que acabaram de ouvir. Assimilando. Sabia que não ia demorar muito até perceberem o quanto as coisas estavam alcançando um alto nível de esquisitice.

– Sim, mas foi só...

– Jade, eu juro por Deus, se você falar que foi só uma coincidência, vou te afogar. – Bella falou irritada, fazendo com que Jade levantasse as mãos dando-se por vencida.

– Eu sei que não foi, mas o que mais pode ter sido? Quero dizer, nós escolhemos os nomes por acaso, não?– Jade perguntou dando de ombros.

– Hm... Não... Exatamente. – Lily murmurou hesitante e sentiu quando todos a olharam.

– Lily? O que quer dizer com não exatamente? Você também não sabia o que tinha na sala, não é? – Lily concordou com a cabeça. – Então como pode não ter sido por acaso?

Lily suspirou.

– Acho que preciso contar uma coisa a vocês. – Confessou.

Viu as meninas se entre olharem e seus irmãos franzirem a testa.

Não podia mais ignorar os fatos. Precisava contar às meninas, não podia mesmo ser só uma coincidência e agora que se lembrava daquela noite em que sugeriu os nomes... Era a mesma sensação que tinha quando se lembrava do sonho.

– Lembram quando fomos escolher um nome para usarmos e eu sugeri esses que estamos usando? Rubi, Cristal, Safira e os outros? – Começou olhando para suas amigas.

– Sim. Foi a melhor ideia daquela noite. – Tory comentou.

– Bom, eu não sei explicar, mas... Não foi bem uma ideia ao acaso. Os nomes simplesmente vieram na minha cabeça, mas eu não... Não me lembro de ter pensado neles, entendem?

– Não. Não faz sentido. – Sam respondeu na mesma hora e ao olhar para as expressões de todos que estavam ali, Lily suspirou derrotada.

Pensavam que ela estava louca. Ótimo.

– Olha... Quando sugeri os nomes, eu tive essa... Essa sensação, não sei, de que precisava falá-los. Eles simplesmente vieram na minha cabeça e quando vi já tinha falado.

Silêncio.

– Como isso é possível? – Jai perguntou e Lily deu de ombros.

– Eu não sei, mas foi a mesma sensação que tive ontem e hoje sobre aquela mulher. – Falou sem pensar e só foi perceber o que havia falado quando viu seu irmão franzir a testa.

– Que mulher? – Jai voltou a perguntar.

Lily congelou. Não pretendia contar sobre o sonho, ainda não pelo menos. Pretendia apenas contar o que a fez sugerir nomes de pedras preciosas para que ela e as meninas usassem.

– Lily? O que é que você não está nos contando? – Vick pediu.

Lily hesitou.

– Lily? – Tory reforçou.

– Eu tive... Esse sonho noite passada. – Começou. – Eu estava em uma caverna, acho... – Lily decidiu resumir para a parte que achava ser a que importava. – E então essa... Essa mulher apareceu. Ela chamou o meu nome e eu senti que conhecia a voz dela. Então eu a vi e... Eu realmente senti que a conhecia. Não sei explicar. Ela me era tão estranhamente familiar... Aí de repente eu percebi que ela estava presa. Não faço ideia de como percebi isso, mas percebi. E então... Ela pediu para que eu a ajudasse. Para que eu ajudasse todos eles. – Terminou. – E aí eu acordei. – Acrescentou rapidamente.

– Uau... – Jade sussurrou.

– Mas acho que o mais esquisito nem é isso. – Lily comentou incerta se devia ou não continuar.

– Você quer dizer que algo mais estranho do que um sonho te aconteceu? – Sam perguntou e Lily ignorou o sarcasmo. Imaginava que fossem achar que era mesmo só um sonho.

– Eu sonhei com essa mulher de novo. – Contou. – Hoje de manhã, na aula do sr. Jones.

– Você dormiu na aula? – Alex perguntou de repente. – Sei que ficamos uns seis anos sem conversar direito, mas isso não me parece algo que você faria, Lizzie.

– E eu não faço. – Lily respondeu imediatamente. – Por isso foi esquisito. Eu sequer me lembro de ter caído no sono! Aí, de repente, lá estava a voz daquela mulher de novo, me pedindo para ajudá-la. – Balançou a cabeça. – Eu só sei que a sensação que tive quando sugeri os nomes é a mesma sensação que estou tendo sobre esse sonho. Sinto que estão interligados... – Confessou.

– Lily... – Vick começou hesitante. – Você sabe que isso não faz sentido, não é?

Lily suspirou derrotada.

– Eu sei. – Concordou. – Mas é o que eu sinto. Sinto que conheço aquela mulher, embora tenha certeza de que nunca a vi na vida. Também sinto que o fato de ter sugerido nomes de pedras preciosas tem a ver com o fato de que naquela sala havia pedras preciosas, pedras preciosas que, aparentemente, explodiram. E sinto que foi por causa delas que ganhamos esses poderes. – Falou.– Mas claro que nada disso muda o fato de eu saber que não existe sentido algum em tudo isso.

Ah, ela estava tão confusa.

O dia de hoje estava sendo tão cansativo quanto o dia de ontem. Parecia que elas não estavam achando resposta alguma, apenas levantando mais questões. Nada disso fazia sentido. Um sonho é um sonho. Como seu sonho poderia estar interligado às pedras? Não fazia sentido! Mas ela ainda assim sentia que estavam.

– Lily... – Vick começou novamente, mas Lily a interrompeu.

– Olha, eu não estou pedindo para que acreditem em mim. Até porque nem eu mesma sei direito se acredito em mim. Mas vocês precisam admitir que considerando tudo o que não faz sentido...

– Não estamos dizendo que não acreditamos em você. – Jai a interrompeu apontando para ele e Alex. – Quero dizer, olha o que temos até agora! Aparentemente, pedras explodiram e fizeram vocês ganharem esses poderes. Para mim, o fato de você ter sugerido os exatos nomes das pedras que estavam na TUR mais esses sonhos que está tendo com essa mulher que você acha que conhece... Eu, honestamente, não estou descartando nenhuma possibilidade.

– Depois das pedras que explodem, está parecendo que nada mais é impossível. – Alex completou.

Lily sorriu agradecendo o apoio. Ainda não sabia se seus irmãos estavam dizendo isso porque de fato acreditavam que nada mais era impossível, ou se só queriam apoiá-la como forma de compensar os últimos seis anos. De qualquer maneira, não iria recusar um pouco de apoio.

– Então, resumindo... Nós não temos nada, não é? – Jade perguntou.

– Além de mais perguntas? Sim, está parecendo que não temos nada. – Sam concordou.

– Isso não é verdade. Pelo menos agora sabemos o que tinha naquela sala. – Disse Bella.

– É, agora só falta entender como foi que ganhamos esses poderes. – Tory comentou e então suspirou. – Pelo menos antes, quando achávamos que tinha sido porque a radiação alterou nosso DNA, as coisas pareciam fazer mais sentido.

Lily então se lembrou de algo.

– O quê, Lily? – Vick perguntou afastando seus pensamentos.

– O quê, o quê?

– Você está fazendo aquela cara. – Continuou Vick fazendo Lily franzir a testa.

– Que cara?

– Aquela cara que você sempre faz quando está pensando em alguma coisa. – Respondeu Vick.

– Eu tenho uma cara para isso? – Vick arqueou as sobrancelhas. – Não, é que... Estava me lembrando de algo que nosso pai disse. – Respondeu e então olhou para seus irmãos. – Ontem papai estava muito certo de que seja lá o que havia naquela sala na TUR irradiou radiação suficiente para destruir Nova York, então não deveríamos ter sobrevivido.

– Sim, e... – Encorajou Jai.

– Bom, agora que nós sabemos exatamente o que havia naquela sala, também sabemos que não tem como termos sidos atingidas por radiação, mas nós fomos atingidas por algo se não, não teríamos mudado. Então...

– Não vai demorar muito até que ele também descubra o que havia naquela sala. – Concluiu Alex.

– Sim e ele provavelmente vai ficar tão confuso quanto a gente sobre como tudo isso é possível e então vai começar a tentar descobrir como tudo isso é possível e...

– Vamos ficar de olho. – Interrompeu-a Jai. – Qualquer coisa que ele descobrir, vamos ficar sabendo e então te avisamos. O mesmo vale para o resto dos dados que Jarvis está decodificando. À medida que ele continuar decodificando, vamos avisando. O que a S.H.I.L.D souber, vocês vão saber também. – Lily sorriu.

– Obrigada. – Agradeceu e Jai retribuiu ao sorriso.

– Ok, agora que já sabemos que ainda tem muitas coisas que não sabemos... – Começou Jade. – Podemos nos preocupar com coisas normais, por favor?

– Como por exemplo? – Bella perguntou divertida.

– Ah, eu não sei. Talvez com a prova de física que vamos ter amanhã? – Jade respondeu e Lily riu da expressão de surpresa de Bella.

– Nós vamos ter uma prova de física amanhã? – Bella perguntou com os olhos arregalados.

– Hm... Sim? – Sam perguntou sarcasticamente e Bella fechou a cara para ela.

– Por mais que eu odeie concordar com a Jade, acho que agora seria uma boa hora mesmo para nos preocuparmos com coisas normais. – Disse Bella.

– Ok, vamos embora. – Lily disse ainda sorrindo.

– Isso, ria. – Bella murmurou mal humorada. – Não é você quem vai precisar passar a noite toda estudando para não se ferrar.

– Eu não fiz nada. – Defendeu-se Lily, mas não aguentou e começou a rir. Vick e Tory a acompanharam. – Vamos embora logo.

Depois de se despedir das meninas, e quando ela, Alex e Jai já tinham andando o suficiente para se afastarem daquela fábrica, Lily sentiu um desespero interno.

– Eu não quero perder isso. – Confessou em um sussurro, mas mesmo olhando para frente pôde sentir quando seus irmãos trocaram um olhar por cima de sua cabeça.

– Perder o quê? – Jai perguntou.

– Isso. Essa... Normalidade. Por mais que eu saiba que não sou mais uma garota normal, não quero ter que deixar de ser uma garota normal. – E ela sabia que se cometesse um erro sequer, tudo isso poderia ir por ralo abaixo.

– Não se preocupe, Lizzie... Você não vai perder isso. Não vamos deixar. – Alex falou antes de passar o braço por sobre seus ombros e abraça-la de novo. Dessa vez, Lily retribuiu ao meio abraço.

– Obrigada. – Agradeceu sinceramente.

Era bom ter seus irmãos de volta.