A voz da garota foi ouvida alta e clara por todos e logo cabeças começaram a se virar para observá-la.

Ela estava parada em frente ao grupo de civis e ao lado de outra garota que estava abaixada, mas que no momento se levantava com a eletricidade a circulando.

A garota tinha os cabelos pretos com mechas vermelhas, usava uma saia preta e uma blusa preta aparentemente feitas do mesmo material que a roupa da Viúva Negra, com um espartilho também preto, suas mãos estavam em luvas das quais apenas seus dedos apareciam e por cima ela usava um sobretudo de couro vermelho que chegava até seus pés que estavam cobertos por botas. O sobretudo era do mesmo vermelho vivo que seus olhos, os quais se destacavam devido ao uso da máscara também preta.

A garota que tinha acabado de se levantar e agora estava de pé ao seu lado era loira com a metade inferior de seu cabelo preto. Também usava a mesma máscara preta, que se misturava junto ao preto de seus olhos. Diferente da outra, não usava nenhuma cor viva, mas sim uma calça preta rasgada em alguns pontos, um colete de couro preto por cima da camiseta também preta sem mangas que estava fechado por um zíper. Também usava botas e suas luvas chegavam até um pouco antes do cotovelo.

Logo, outras 4 garotas apareceram. Todas usavam a mesma máscara que destacava as estranhas cores em seus olhos, cores que se repetiam nas mechas em seus cabelos e em algumas partes de suas roupas. Ninguém nunca as tinha visto antes e em seus rostos a dúvida estava presente. Quem eram aquelas garotas?

– Quem são vocês?– Capitão América perguntou após se aproximar. Seu escudo preparado em mãos pronto para atacar se necessário.

O homem na armadura não parecia se importar com quem aquelas garotas eram. Elas o tinham atrapalhado e agora estavam desviando o foco dos Vingadores. Não importava quem eram, logo não seriam mais um problema.

Aproveitando-se que todos pareciam prestar atenção nelas, disparou mais raios. Desse vez na direção do Capitão América. O Capitão estava distraído e sendo assim quando percebeu que seria atingido se preparou para o impacto que não veio. Abriu os olhos confusos e viu que estava levitando acima do chão. Não era o único. A garota com o sobretudo vermelho também estava acima do chão e percebeu que ela era a responsável por ele também estar.

– Pode me chamar de Rubi, Capitão. E aquela é Ônix. – Ela disse e apontou com a cabeça em direção a garota loira vestida de preto. – Estamos aqui para ajudar.

Uma risada foi ouvida e tanto a atenção de Rubi quanto a do Capitão voltaram para aquele homem.

– Isso quer dizer que os Vingadores agora estão se aliando a garotinhas?

Rubi olhou para o chão em direção a Ônix que também a olhava. Então acenou com a cabeça discretamente e isso foi o bastante para que Ônix disparasse uma corrente de eletricidade que o acertou em cheio no peito. O impacto fez com que a armadura acertasse um carro que estava estacionado do outro lado da rua.

– Garotinhas? Sério?– Perguntou enquanto andava em direção as outras que estavam paradas mais atrás. – Eu pensaria melhor no que falar se fosse você.

Rubi voltou para o chão e trouxe o Capitão consigo. Os outros Vingadores logo os alcançaram e mesmo depois dela ter dito que estavam ali para ajudar viu que todos estavam preparados para atacá-la ao menor sinal que ela desse de ameaça. O que a tranquilizava era saber que caso isso acontecesse as meninas também atacariam, não que começar uma luta com eles fosse o que ela tinha em mente, mas não iria descartar todas as possibilidades possíveis.

– Quem é você?– Viúva Negra perguntou.

– Eu já disse, meu nome é Rubi.– Voltou a responder.

– E o que querem aqui?– Gavião perguntou olhando para as outras que se aproximavam.

– Ajudar.– Rubi respondeu.

– Quer que acreditemos que é apenas isso que querem?– O Capitão perguntou e Rubi pensou que talvez fosse ser um pouquinho mais difícil convencê-los do que ela imaginou.

– Se vocês vão acreditar nisso ou não, não é problema nosso.– Uma das garotas que se aproximava respondeu.

Tinha o cabelo vermelho com apenas uma mecha no lado direito da mesma cor que seus olhos, verde. Usava praticamente a mesma roupa que Ônix, mas seu colete preto era maior, chegando até o início da calça e não tinha um zíper, estando preso por um cinto de couro também verde. Era o que se destacava em toda a sua roupa preta.

– E você é?– A Viúva Negra voltou a perguntar.

– Ah, desculpem a falta de educação. Não nos apresentamos, não é? Bom, Rubi já se apresentou, assim como Ônix, mas eu sou Esmeralda e essas são Safira, Cristal e Citrina.– Apontou para si mesma e em seguida para as outras garotas que estavam ao seu lado e que tinham se mantido quietas.

Safira tinha a cor azul em sua calça, cada perna possuía um risco que se estendia até onde suas botas terminavam e seu cabelo continha apenas uma mecha azul que se encontrava no lado esquerdo, Cristal usava uma saia preta até os pés com uma fenda que se abria até o meio de sua coxa esquerda e a cor branca se estendia do começo ao fim dessa fenda, em sua franja lateral estava a mecha branca, enquanto a cor amarela estava em dois riscos nas laterais da blusa preta de Citrina, deixando de ser vista onde as luvas cobriam e eram as pontas de seu cabelo que estavam pintadas.

Não era muito difícil entender a origem e o motivo de seus nomes e roupas, mas isso não provava que aquelas garotas eram confiáveis. A conversa foi interrompida ao ouvirem o homem na armadura levantar voo. Por um momento, Rubi se esqueceu de que ele ainda estava ali e de que estava procurando por seu pai. Os Vingadores podiam não confiar nelas, mas naquele momento tinham um inimigo em comum e nisso teriam que acreditar.

O homem estava ainda mais furioso do que antes, aparentemente não tinha gostado de ter sido atingido por uma garotinha e agora sobrevoava acima deles disparando mais de seus raios.

Rubi olhou para Ônix que entendeu o pedido silencioso e da melhor maneira que pôde, começou a interceptar o máximo de raios que conseguia antes que atingissem o chão com seus próprios raios.

Sem se importar com o que os Vingadores pensariam, Rubi levantou voo. Ela faria sua parte e sabia que as meninas fariam as dela.

Enquanto Rubi sobrevoava as ruas afastando os civis que ali estavam e os levava para um lugar seguro, Ônix continuava interceptando os raios, e Cristal decidiu que ajudaria Rubi a tirar as pessoas com segurança dali, então também levantou voo.

Naquele mesmo momento, Citrina decidiu que a melhor maneira de impedir que aquela armadura causasse maiores problemas seria levando-a para o chão, então se abaixou e colocou as mãos no chão. Logo, raízes cresceram abaixo do homem e se enrolaram em torno de suas pernas o puxando para baixo.

Gavião Arqueiro, decidido a deixar as perguntas para mais tarde aproveitou esse momento para disparar uma de sua flechas que, como sempre, acertou o alvo. Apressando a ida do homem para o chão.

Um dos raios da armadura acabou acertando um ônibus e alguns carros que por ali passavam e o fogo começava a se espalhar. Como as coisas pareciam estar sob controle por ali, Esmeralda e Safira correram naquela direção para ajudar. Enquanto Esmeralda retirava as pessoas do ônibus, Safira correu em direção a um hidrante. Não demorou muito para o hidrante explodir com a pressão da água e a água ter seu curso focado nos carros.

Viúva Negra também decidiu que deixaria as perguntas para depois e ela com certeza faria perguntas, mas naquele momento correu em direção ao ônibus para também ajudar as pessoas a saírem. Se surpreendeu ao ver que uma das garotas, Esmeralda, atravessava o fogo sem parecer se queimar.

Quando para Rubi pareceu que não havia mais tantas pessoas na rua e que estas pudessem se machucar, ela e Cristal voaram de volta para onde Citrina parecia estar cuidando muito bem daquele cara. Ao chegarem lá viram que praticamente toda a armadura estava presa por raízes e que não tinha mais como ele se mexer.

– Pelo visto, as garotinhas acabaram com você.– Ouviram Ônix zombar.

– Bom trabalho, Citrina.– Rubi disse pousando ao seu lado.

– Obrigada.

– Isso foi fácil demais. Eu esperava um pouco mais de ação.– Ônix queixou-se. Capitão América a olhou como se ela fosse louca e Rubi não podia culpá-lo por isso.

Safira e Esmeralda chegaram alguns instantes depois junto com a Viúva Negra e Rubi pensou no que poderia ser feito para que as perguntas não começassem naquele instante. Foi então que uma súbita curiosidade de saber quem aquele cara era e por quê estava atrás de seu pai apareceu.

– Agora por que não diz quem é?– Perguntou antes que qualquer um tivesse a chance de falar.

Nenhum som foi ouvido e a irritação começou a tomar conta dela. Aquele cara atacou sua casa, sua casa! E agora se recusava a sequer dizer quem era. Rubi estreitou os olhos.

– Não quer dizer? Tudo bem, você não precisa falar.

Rubi estendeu a mão direita em direção ao rosto dele e em um movimento rápido apertou o punho e puxou o braço para trás. O capacete quebrou na parte de trás ao sair de sua cabeça e ela apostava que aquilo tinha doído, mas naquele instante não poderia ter se importado menos. Queria respostas.

O homem era careca, tinha a pele morena e os olhos escuros. Rubi nunca o tinha visto antes, mas seu rosto lhe era estranhamente familiar. Só que isso ainda não explicava por quê ele estava atrás de seu pai.

– Quem é você?– Voltou a perguntar. O homem a olhou e sorriu.

– Eu já disse, o Homem de Ferro sabe quem sou.

Sentiu quando Cristal segurou seu ombro. Um aviso silencioso para ela não fazer nada que pudesse complicar suas vidas depois. Assentiu com a cabeça, mas ainda estava preocupada. O que seu pai tinha feito?

– Bom, então é isso. Foi legal trabalhar com vocês e até a próxima.– Ônix falou claramente tentando sair de lá. Só que o Capitão não iria deixar isso acontecer tão facilmente.

– Esperem um minuto. Vocês não vão sair daqui sem dizerem quem são.

– Nós já...– Safira foi interrompida.

– Estou falando de quem vocês realmente são.

– Capitão... Um super-herói não deve revelar sua identidade tão facilmente assim.– Esmeralda falou sorrindo.

– Então fazem parte do grupo dos heróis.– Viúva Negra disse com a voz duvidando do que afirmou.

– Bem, nós não fazemos parte do grupo dos vilões se é isso que quer saber.– Citrina falou.

– Agradecemos a ajuda, já que as coisas podiam ter sido mais complicadas sem vocês.– Capitão falou e Rubi pensou, aliviada, que aquela conversa poderia estar sendo pior.

– Foi um prazer ajudar, Capitão.– Esmeralda sorriu ao falar novamente. Rubi quis revirar os olhos. Ela podia ser mais atirada?

– Como encontramos vocês?– Gavião Arqueiro perguntou.

– Não encontram.– Cristal respondeu. – Nós encontramos vocês.

Rubi decidiu que o melhor seria sair antes que alguma coisa que pudesse comprometê-las surgisse, então se despediu com um pequeno aceno de mão e levantou voo levando consigo as que não conseguiam voar. Cristal e Ônix levantaram voo logo depois.

Lá embaixo, os Vingadores as observavam desaparecer no céu escuro da noite.

– E então, Capitão? O que acha?

– Você não pode ter acreditado em nada do que se passou aqui, Clint. Principalmente o que elas disseram.

– Por que não, Natasha?

– Parem, os dois. Vamos ver o que Fury acha disso tudo e o que o Stark tem a dizer sobre esse aqui.– O Capitão interrompeu a pequena discussão que se formava e puxou uma das raízes para levantar a armadura.

– O Stark realmente tem muito a explicar. Mas ele não é o único.. Tenho a impressão de que os filhos dele vão ter muito mais a explicar sobre essa pequena festa que deram aqui hoje.– A agente Romanoff falou seguindo em direção a torre.

– Aquelas garotas pareciam ser tão novas.– O agente Barton falou de repente enquanto seguia Natasha em direção a torre.

– Ou não.. Provavelmente não são nem da Terra, então não dá pra saber quantos anos exatamente elas tem.– Natasha respondeu.

– Ela tem razão. Talvez devêssemos falar com Thor sobre elas, ver se ele as conhece.– Capitão sugeriu.

De qualquer maneira esse seria um problema para cuidarem depois. Agora eles tinham que ver como estavam todos daquela festa e principalmente os filhos do Stark. Não seria fácil explicar para ele e muito menos para Pepper porque os dois estavam machucados, caso estivessem.

~*~

– Isso foi...– Vick começou a dizer depois que ela e as meninas entraram no quarto de Lily.

– Eu ainda não acredito que fizemos isso.– Bella a interrompeu.

– Não acredito que conseguimos fazer algo assim. Meninas...– Tory começou a falar, mas também foi interrompida.

– Nós temos que tirar essas roupas e sair da torre o mais rápido possível.– Foi Lily quem a interrompeu.

– Por quê?– Jade perguntou.

– Porque se Jai viu o que aconteceu, nós temos que ter estado lá embaixo durante toda a luta. Ou ele vai suspeitar e ele já deve estar suspeitando, então nós temos mesmo que descer.– Lily explicou.

– É, você está certa. – Sam concordou.

As garotas trocaram de roupa o mais rápido que puderam e o mais rápido que conseguiram terminaram de tirar as mechas coloridas do cabelo. Vestiram as mesmas roupas com que estavam na festa e foram em direção a janela novamente. Lily se encarregou de colocá-las no chão e quando se aproximaram da multidão de pessoas que também estavam na festa ouviram uma voz conhecida gritar por elas.

– Lily, onde estava?– Alex perguntou ao se aproximar.

Ao seu lado estava Jai e Lily observou o olhar em seu rosto. Como ela tinha imaginado ele estava obviamente suspeitando dela, na verdade, agora ele estava suspeitando delas. "Mas ele ainda não tem nenhuma prova concreta", pensou tentando tranquilizar a si mesma.

Gelou instantaneamente ao ver tanto o agente Barton quanto a agente Romanoff e o Capitão atrás deles. Isso não poderia ser bom, poderia?

– Aqui. Onde vocês estavam?– Perguntando frisando o vocês e tentando soar o mais preocupada possível. Ela só queria despistar Jai.

– Procurando por você.– Alex respondeu. Lily estava estranhando toda aquela preocupação, mas tentou não demonstrar.

– Depois que todo mundo começou a sair pelo elevador, nós fomos junto e a maioria ficou aqui atrás para se esconder. Eu tentei achar vocês, mas estava uma confusão.– Se explicou.

– Ao menos você não se machucou.– A agente Romanoff disse lhe dirigindo um pequeno sorriso. Lily retribui. Ela sequer desconfiava de Lily.

– Sim.– Concordou. – Vocês estão bem?– Perguntou a Alex e Jai.

– Estamos.– Jai respondeu.

– Já que todos vocês estão bem, agora devem..– Alex interrompeu o Capitão.

– Por favor, não diga que temos que ir para casa.

– Está meio que na cara, Capitão, que não podemos ir pra casa.– Jai apontou para a torre.

– Eles tem razão.– Agente Barton concordou. – Vocês tem outro lugar para passar a noite?

– Eu já ia dormir na casa da Vick.– Lily respondeu apontando com a cabeça para Vick que estava parada um pouco atrás juntos às meninas.

– Podemos arrumar um lugar sem nenhum problema.– Alex respondeu. Lily imaginou a que tipo de lugar ele se referia.

– Ótimo. Os pais de vocês devem voltar ainda hoje depois do que aconteceu.– Lily pensou que a agente Romanoff não precisava ter dito isso.

Ela não estava nem um pouco ansiosa para vê-los. Sua mãe deveria estar furiosa e depois que os abraçasse para garantir que estavam bem, ela os colocaria de castigo pelo resto da vida. Lily reviraria os olhos durante a demonstração de afeto e o castigo não duraria nem um dia para Alex ou Jai. Era sempre a mesma coisa.

Ela até pensou em perguntar algo sobre aquelas garotas que apareceram, mas então pensou que poderia deixar muito na cara. Se despedindo de todos, saiu o mais rápido que pôde. Sabia que no dia seguinte teria que conversar com Jai, mas sinceramente, ela tentaria evitar o máximo que pudesse.

Lily e as meninas seguiram andando até o apartamento de Vick, decidiram durante o caminho que dormiriam todas lá. Quando chegaram foram arrebatadas pelo sono e não conseguiram ficar até muito tarde conversando. Seria melhor deixar isso para o dia seguinte.

~*~

– Bom dia, dorminhocas.– Lily acordou com a mãe de Vick entrando no quarto.

– Bom dia, mãe.– Vick respondeu por todas.

– Noite agitada, hein?– A mãe dela perguntou ligando a televisão.

Lily até pensou em perguntar o que ela quis dizer com isso, mas foi calada ao perceber do que se tratava.

Era o jornal da manhã e elas eram a manchete. A notícia dizia claramente que houve um ataque à torre Stark ontem na parte da noite e que um grupo de garotas misteriosas apareceu para ajudar os Vingadores. Tony Stark não estava presente já que estava fora da cidade, mas parece que as garotas deram conta de tudo.

Ela se sentou na hora e não tinha sido a única. As garotas se entre olharam surpresas que a noite passada já tivesse tido essa repercussão e um pensamento preocupante passou pela mente de Lily, pensamento o qual ela mandou para o mais fundo que conseguiu. Não se preocuparia com isso naquela manhã.

Lily pensou que a mãe de Vick fosse fazer algumas perguntas e já estava até se preparando para isso, mas ela já tinha saído para atender algum telefonema importante. Foi então que se lembrou de que ela não sabia que as seis estavam na Torre durante o ataque. As meninas permaneceram quietas enquanto se arrumavam para descer e tomar o café. Era muita coisa para ser absorvida e a adrenalina do momento já tinha passado.

Durante o café da manhã, o pai de Vick fez alguns comentários sobre a noite passada, mas Lily tinha desligado sua mente. Ela se deu conta de que tinha gostado de ser a Rubi naquela noite porque Rubi era tudo o que ela não era. Lily queria ser ela outra vez, mas não sabia se as consequências valiam tanto assim a pena.

Em algum momento de seus devaneios ouviu a campainha tocar e viu Vick levantar para atender a porta. Quase soltou o copo de suco que levava à boca quando ouviu a voz de Vick, com uma mistura de pânico, nervosismo e descrença.

– Charlie?