Saint Seiya Initiu Legends: Saga Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 9
Torneio Galáctico - O Grande Acordo


Notas iniciais do capítulo

Seiya volta à mansão Kido após um dia conturbado e tenta negociar com Saori. A relação deles não se mostra tão amistosa...



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Saori estava na varanda dos fundos da mansão, um espaço aberto de frente para o gramado. Estava numa cadeira artesanal em palha que lembrava uma poltrona confortável e almofadada em cetim branco no assento e no encosto. Tomava seu desjejum distraidamente quando ouviu alguém se aproximar.

— Srta. Kido...? — anunciou Tatsumi trazendo os jornais daquela manhã, esperando  noticiário fechar o quadro. Ela tomava um copo com suco e sinalizava para deixar o jornal. — O Seiya aguarda na sala.

Saori sorriu, depositando o copo na bandeja onde tinha frutas, pães, geleias e o jarro de suco. Tomou o jornal e abriu nas páginas que comentavam sobre o Torneio Galáctico. Havia outros jornais renomados como NY Times, Le Monde, The Guardian, The Sun...

— Estou em meu desjejum, Tatsumi.  — e ela o dispensou, lendo as notas nos jornais.

Seiya aguardava na mesma sala do dia anterior, vendo que o quadro havia sido colocado de volta no lugar e a marca do impacto inexistente. Ouviu a chegada de alguém e viu Tatsumi, e não foi surpresa ouvi–lo dizer para aguardar. Assentiu calado, restando realmente esperar. Viu Jabu cruzando a sala e abrir um sorriso. Seiya apenas virou o rosto, cruzando os braços, sem nada a responder. Estava a contar mentalmente e ignorando toda e qualquer gracinha proferida.

— O Seiya ainda o aguarda na sala, Srta. Saori. — anunciou Jabu.

­— Estou seguindo para meu hipismo, Jabu. — disse ela com toda indiferença e ajeitando as luvas e seu chicote, o capacete sobre os cabelos presos e seguindo para o outro lado do campo.

As horas passaram rápido naquela manhã. Seiya acompanhava a hora pelo grande relógio antigo, e se assustou quando bateu meio–dia. Chegara ali pouco antes das 9h e desde então apenas aguardava. Tatsumi e Jabu anunciavam que logo seria recebido. Por parte de Tatsumi não esperava tanto, mas de Jabu sabia o prazer que ele tinha de anunciar e que isso era mais 1h ou 2h de espera.

Naquela manhã Saori passeou em seu cavalo, fez natação e ginástica, parando para o almoço, seguindo para suas aulas particulares escolar seguida de Atarashii Naguinata, uma arte marcial com uso da naguinata, modelada do Naginatajutsu. Estava vestida com seu bogu, a vestimenta de treino e já ignorava completamente os anúncios da espera de Seiya. Jabu a todos instante passava pela sala, impressionando ainda com a persistência dele.

— Já o encontrei dormindo três vezes. Cada vez que alguém se aproxima, ele desperta esperando que Saori o chame. — disse comendo uma pêra. — Passo na sala só para ver a cara de ansiedade dele.  — e riu, falando com Tatsumi.

Seguiu para seu banho no ofurô, depois para seu chá da tarde, lia novas notas da imprensa e fechando com o jantar. Era já quase 8h da noite quando 'lembrou' de Seiya e chamando–o para a varanda dos fundos. Estava usando um vestido branco florido com gola redonda e manga cavada de renda estampa de lavanda na barra da saia que seguia até o joelho. As pernas estavam cruzadas e balançava suavemente. Os cabelos estavam soltos e ela tinha alguns jornais da manhã empilhados, junto com uma revista de moda onde parecia assinalar alguns modelos. Não olhava para Seiya quando foi levada ali por Jabu.

— Pedirei que seja breve, Seiya. Tive um dia longo e quero descansar. — comentou superficialmente, ainda folheando a revista. Jabu se mantinha ali e Seiya o olhava, calado. Saori parou de folhear e levantou seu olhar azul. — Jabu, deixe–nos a sós. 

Jabu pensou argumentar, mas o olhar incisivo de Saori o calou. Voltou seu olhar para Seiya que esboçou um sorriso, e então se retirou, deixando os dois a sós.

— E então Seiya? —  disse ela repousando a mão em seu colo. — A que devo sua visita? 

— Deixemos essa encenação de lado, Saori. — disse ele ainda de pé, ainda que houvesse mais cadeiras ali. — Bem sabe a razão do porquê estar aqui. Vamos poupar tudo isso. 

— Não esperaria menos de você.  — disse com um sorriso orgulhoso no rosto, levando a mão à mesa e tomando a revista que olhava e trazendo para seu colo. — Se era apenas isso, o Tatsumi pode providenciar a cartilha com as regras do Torneio Galác... 

— Mas terá de fazer algo por mim, Saori.  — disse Seiya com as mãos no bolso da calça de maneira displicente sem desviar os olhos dela. Percebeu que ela parou de folhear a revista e levantou a cabeça com um 'Como?'. — Sim, eu disse que terá de fazer algo por mim já que vou participar desse seu circo. 

Saori riu daquilo, fechando a revista e meneando negativamente. Ele estava realmente confrontando ela, Saori Kido, a neta do milionário Mitsumasa Kido, uma das jovens mais ricas e tradicionais do Japão?

— Seiya, não está em condições de negociar comigo.  — disse ela segura de si. 

— Eu fiz o meu dever de casa, Saori. Acha mesmo que ficaria aqui esperando por você o dia todo enquanto jogava comigo sem ter uma carta na manga? — Seiya dizia muito seguro de si, embora estivesse muito cansado. A fome e sede nem tanto, já que uma das serviçais o serviu de água, suco, sanduíche e bolinho às escondidas. ­— Eu procurei me informar sobre o que é o Torneio Galáctico. Foram dez anos na Grécia, de fato, mas não deveria menosprezar as pessoas assim... 

Aquelas palavras fizeram o sorriso de Saori congelar, fazendo–a, pouco a pouco mudar sua expressão para com Seiya.

— Aonde está querendo chegar com isso, Seiya? Por que fala como se te devesse alguma coisa? Sabe com quem você está falando...? — dizia Saori buscando manter a calma em sua voz, sendo interrompida com breve riso de Seiya.

— Uau, você não muda nada, Saori. Impressionante! Após tanto anos continua sendo a mesma garota arrogante de sempre. Mas, como disse, sejamos breve, não é mesmo?  — Ela cerrou os olhos delineados e quebrou a cabeça de lado abrindo a boca, mas nada disse. Seiya tirou as mãos do bolso da calça jeans surrada e cruzou frente ao peito. — Como disse, eu fiz a minha liçãozinha de casa e sei que você gastou milhões nesse evento, investindo alto em anúncios, marketing, busca de patrocínio e tudo mais colocando o nome da Fundação Kido nesse seu circo para cumprir 'o último desejo de seu avô'. Imagine como seria desastroso se isso se tornasse um grande fiasco?

Seiya sorria para Saori, observando a expressão de presunção de poucos instantes se tornar sério e carregado, o peito inflado por sua respiração pesada. Aguardou que ela dissesse alguma coisa, mas como nada disse, continuou.

— Você estabeleceu acordos e contratos. Eu não sei quantos além e mim voltaram desse disparate de seu avô... — Saori apenas disse para medir as palavras quando se referisse ao seu avô, o que Seiya ignorou — Mas a minha vinda era garantida, não é mesmo? Eu não sei no que se baseou para dizer que haviam dez campeões nesse seu torneio, mas eu... você sabia que voltaria por conta do acordo que tinha com seu avô, não é mesmo? 

Saori o fitava séria. Seus olhos recaíram brevemente para a mesa com os jornais, voltando para Seiya. Sim, Seiya passara a noite lendo e buscando saber cada detalhe sobre o Torneio Galáctico. Conseguir jornais dos últimos meses não foi complicado com os comerciantes próximo à marina que guardavam pilhas de jornais, principalmente aos três últimos meses, atento a cada detalhe, às entrevistas e planos do evento. Enquanto estava naquela sala, esperando, ensaiava cada momento àquelas palavras. Certamente não se sairia tão bem se ela o recebesse pela manhã. 

— Você cometeu um deslize. Disse que se eu fosse ao orfanato disse que perderia meu tempo, mas eu fui e descubro que é parte da Fundação Kido após um incêndio da qual a Fundação se encarregou de reformar e ampliar. O mesmo orfanato onde estava a minha irmã e que seu avô prometeu que a encontraria quando voltasse. Isso é mais que suficiente para saber que meu retorno era o mais seguro para você. Disso, pergunto... Como seria que seus patrocinadores e a imprensa reagiriam se um de seus campeões não lutasse, Saori? Imagine os milhões de ingressos que teriam de ser reembolsados e como a credibilidade da Fundação Kido seria abalada.

Saori engoliu a seco, mas buscava manter sua pose, o porte ereto na cadeira, as pernas cruzadas enquanto ouvia tudo aquilo sendo jogado na sua cara. Os jornais de todo o mundo rasgaram elogios para o primeiro dia do Torneio Galáctico, e nos meses que se seguiram muitas especulações negativas foram dadas e a estreia foi uma tapa a todos que negaram apoiá–la. Não poderia permitir que tudo caísse por terra.

— Aonde está querendo chegar, Seiya? — perguntou sem a presunção de antes, mas cautelosa. — O que está querendo propor?

Seiya se apoiou na mesa, com as duas mãos, fitando–a com um largo sorriso no rosto.

— Que farei parte de seu espetáculo, mas, em troca, usará todos os recursos e influência da Fundação Kido que tem no mundo, se preciso, para encontrar a minha irmã.  — disse sem desviar os olhos de Saori que também o fitava. — Uma troca justa, não? Digamos que seja uma troca de favores. Uma mão lava a outra. Eu salvo sua reputação e em troca encontra a minha irmã.

 Saori assentiu suavemente, pensando, engolindo tudo aquilo. Tirou a revista que estava em seu colo, descruzou as pernas e se levantou, caminhando alguns passos e mantendo–se de costas para Seiya. Este se levantou, levando a mão no bolso da calça novamente e a observando. Ela não tinha outra opção. Havia fechado o cerco e feito Saori desfazer aquele seu sorriso presunçoso e arrogante que o irritara no dia anterior e ainda o irritava há poucos instantes atrás.

— Impressionante, Seiya. Realmente, você fez o seu dever de casa. Porém, como mesmo disse... — ela o olha por cima dos ombros e sorria discretamente, e aquilo o surpreendeu. O que mais ela podia fazer? — Mas não pense que não percebi suas intenções.

Ela se virou para ele, jogando as mãos para trás e cruzando as pernas, ainda de pé.

— A sua irmã desapareceu do orfanato pouco antes do incêndio. Eu sei disso porque ouvi meu avô falar sobre isso com Tatsumi. Se ele buscou saber a localização dela, como te disse, nunca me importei e nada me foi passado. Porém, participando do Torneio Galáctico e sendo transmitido mundialmente, tem esperanças que ela o encontre vendo–o pela TV. — ela sorri, rindo de modo contido, levando a mão frente aos lábios. — Muito inteligente, Seiya. Confesso que fiquei mais surpreso por sua perspicácia. Através de nossas fundações espalhadas no mundo, ela pode procurar uma Fundação Kido, entra em contato e a localizamos pra você. Simplesmente sensacional! Estou realmente, admirada!

Agora era a vez de Seiya deixa o sorriso sumir de sua face. Nada dizia, apenas fechava o punho e piscava, desviando do olhar presunçoso de Saori que brilhava mais uma vez.

— Aceito a sua proposta. Como bem disse, uma mão lava a outra. Eu ajudo com a busca por sua irmã e você luta no Torneio Galáctico, mas adicionarei um extra nesse nosso acordo. — disse Saori soerguendo uma sobrancelha e cruzando os braços frente ao busto, virando suavemente de um lado para o outro sem sair do lugar. — Não quero que lute por lutar. Afinal, se perder acabará por ser eliminado e termina todas as suas chances de encontrar sua irmã. O mais ideal é que permaneça até o fim, não?  — disse numa falsa preocupação e simulando falso pesar, mas logo abrindo um sorriso novamente. — O ideal é que siga até o fim, o que faz com que terá de vencer todas as lutas para chegar à final.

 Seiya entendia muito bem o que ela queria dizer e fechou os olhos. De fato, perder duas lutas o eliminaria e seu nome seria logo esquecido, e toda e qualquer chance de encontrar Seika seria perdido. Havia colocado a Saori num beco sem saída, mas ela também o havia encurralado com maestria. Nem era preciso dizer, mas ela não se contentaria deixar subentendido.

— Em outras palavras, terá de vencer todas as lutas que enfrentar, Seiya. Todas elas... Sem exceção... Haja o que houver! O que me diz? — intimou, mantendo os braços cruzados. Seiya sorriu, mordendo os lábios e assentindo.

— Tudo bem, Saori. Eu lutarei por você, sangrarei por você, arriscarei tudo e vencerei todas as lutas. Farei por você, e em troca encontre a minha irmã. Temos um acordo? — disse Seiya olhando–a incisivamente. — Está bem assim?

— Isso é um juramento, Seiya? — disse ela sorrindo, estendendo a mão, lembrando ele se negou cumprimentá–la um dia antes.

— Sim, é um juramento, Saori. Lutar e sangrar por você, sem jamais perder uma única luta.

E segurou forte em sua mão, ambos mantendo seus olhares fixos, um no outro.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Vamos voltar um pouco na história, pouco antes da primeira luta de Seiya no Torneio Galáctico.



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