Saint Seiya Initiu Legends: Saga Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 4
Pegasus Ressurge - A ascensão de Seiya




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Naquela manhã o anfiteatro estava cheio. O grande dia havia chegado e muitos cavaleiros e amazonas dividiam o espaço com aspirantes e soldados. A razão era apenas uma: era o dia da decisão que tomou duas semanas de torneios pela mais lendária das armaduras: Pegasus. Embora fosse categorizada como Bronze, as histórias contadas a partir dela e de seu guardião meio a tantas outras lendas encheram os olhos de muitos aspirantes. Aguardar por saber quem seria aquele o escolhido, era a grande aposta.

Contudo, naquela tarde quente, havia bem mais que a ansiedade de saber quem seria o novo Cavaleiro de Bronze de Pegasus, mas quem seria realmente merecedor. Ao longo dos últimos 15 anos o Santuário havia mergulhado numa tensa xenofobia, uma aversão aos estrangeiros das quais grupos defendiam que as armaduras deveriam pertencer somente aos gregos e seus descendentes diretos.

E naquele dia a armadura estava para ser disputada por Cassius, um legítimo grego em seus mais de 2,15m distribuídos num corpo de pura massa muscular capaz de intimidar qualquer um — vantagem que o fez obter vitórias até ali — e de grande força bruta. O seu oponente era Seiya, um jovem oriental em seus 1,65m com um físico definido pelos exercícios, mas um 'franzino' quando comparado ao seu oponente. A hostilidade contra ele era dantesca. Quando próximo do anfiteatro, ouviu risos e comentários, fazendo–o estancar próximo à entrada da arena e respirar fundo.

"Aposto que não dura nem 10 minutos!"

"Acredita mesmo que vai sair daqui com uma armadura?!"

"Não tem chances, estrangeiro..."

"Cassius vai esmagá-lo como mosca!"

"Pobre alma sonhadora..."

Foram quase 10 anos suportando tudo aquilo — as piadinhas e a humilhação que marginalizava ele e tantos outros. Marin havia passado pelo mesmo dilema em seu tempo, segundo ela mesma lhe disse, e era havia se tornado o seu pilar até ali. Marin foi mais que uma mestra, e aquela vitória devia à ela.

"Lutar por mim. Minha vitória. Falta pouco Seiya, você vai conseguir. Mostrarei que não sou um ladrão, mas merecedor, um verdadeiro Cavaleiro!", pensava ele enquanto atravessava o estreito corredor que dava acesso ao que seria o palco da disputa, meio a injúrias, risos e chacotas. Levantou a cabeça e seguiu adiante, ignorando tudo e a todos.

No centro da arena já se encontrava Cassius, imponente e estalando os ossos da mão. Ele tinha a pele bem morena queimada pelo sol, uma cabeça grande de queixo quadrado e uma linha de cabelo no alto da cabeça. Os seus olhos grandes parecia como de serpentes hipnotizando a presa, e aquilo fez Seiya tropeçar, arrancando mais risos do público. Seiya praguejou mentalmente.

Majestosamente, sobre o ponto mais elevado do anfiteatro, acompanhado por dois guardiões com armaduras platinadas — uma categoria acima dos soldados do Santuário — estava o Patriarca. Vestia sua casula branca de gola alta e mangas longas adornadas com dourados e detalhes em vermelhos que cobria seu corpo, fechando com o amito redondo de mesmo tom ouro em volta do pescoço, quase escondido pelos longos cabelos já prateados que caía até às costas. O seu rosto era nublado pelo elmo dourado. Era alto, de postura ereta, alguém de forte presença que observava os dois oponentes à sua frente que se curvaram em sinal de respeito ao Grande Mestre dos 88 Cavaleiros, acompanhado em seguida por todo o anfiteatro. Após alguns minutos, todos ganharam sua posição e ouvindo o pronunciamento.

— Ao longo dos últimos dias vocês dois mostraram forte determinação para chegar onde estão. Cada um lutou contra nove outros guerreiros pela conquista da sagrada armadura de Pegasus. — disse o Grande Mestre, e todos pareceram alternar seus olhos para a urna de Bronze sob uma grande pedra guardada por dois Cavaleiros. — O duelo entre vocês dois definirá o real merecedor de ser sagrado um Cavaleiro de Athena...

O que foi dito depois não foi ouvido por Seiya, somente seus pensamentos sobre finalmente vê–la tão próxima a ele. Até o momento que chegara no Santuário, não tinha ideia pelo o que estava a treinar até algumas semanas atrás quando passou na seleção. Os exercícios redobraram e Marin estava a exigir mais e mais dele. Afinal, era a disputa pela mais almejada das armaduras de Bronze e ele fora um dos selecionados.

"Não uma Bronze qualquer...", pensava Seiya lançando um olhar discreto para onde estava a urna da armadura, reluzindo com o sol. "É a armadura de Pegasus!", sorriu, mas também engolindo a seco. Nunca imaginou que ele seria um dos que disputaria pela mais lendária das armaduras. Os seus olhos naquele momento brilharam, e parecia tão encantando que não percebeu uma sombra cair sobre ele e um golpe atingi–lo na altura do estômago, fazendo–o cuspir sangue e voar ao menos 3m de onde estava direto ao chão.

Os risos e xingamentos que ouviu ecoar o chamaram para a realidade, e por muito pouco não fora pisoteado por Cassius que, ao fincar o pé violentamente no chão, criou fissuras e afundando o chão. Seiya só teve tempo de rolar para o lado e levantar as pernas para frente, ganhando impulso para se levantar. Virou-se rapidamente para evitar um novo golpe. Limpou o sangue da boca e observou a muralha diante dele.

— Acha mesmo que o deixarei sair daqui com ela, oriental imundo? — disse Cassius com sua voz rasgada e grossa, conseguindo arrancar mais risos do público. — Essa armadura só pode pertencer a um grego!

 — Veremos quem é o melhor, Cassius. — disse Seiya convicto, estudando os movimentos de seu oponente, embora era difícil escolher entre olhar para o chão ou para suas mãos acima dele, só uma, era o tamanho de sua cabeça.

Marin assistia tudo à distância, junto a tantos outros. Percebia alguns poucos apreensivos, outros gritando por Cassius e zombando de Seiya, enquanto o Grande Mestre apenas mantinha–se observador. Assistiu quando Cassius fez um novo avanço contra seu aprendiz com intuito de esmagá–lo. Tamanha foi sua pressão que uma nuvem de poeira se levantou, levando todos a crerem que estava terminado. Marin abriu espaço entre os soldados buscando visualização quando ouviu um riso às suas costas.

— Não fique preocupada, Marin.... Tenho certeza que restará o suficiente de Seiya para o seu funeral. — e risos foram ouvidos.

Marin se voltou para as suas costas e viu Shaina, uma amazona dos tempos de treino como ela, mestra de Cassius. Ambas partilharam de muitos conflitos por conta das diferenças, principalmente de suas origens. Ela, uma italiana e 'digna' amazona de Atena, enquanto Marin, uma 'oriental imunda' que havia conquistado a sua posição 'por pura sorte'. Shaina falava com orgulho. Embora estivesse de máscara, era sabido por Marin que sorria com satisfação.

Porém, uma surpresa revelou–se por trás da nuvem de poeira que se dissipava e permitindo visualizar a cena: Seiya havia bloqueado o golpe de Cassius com as mãos acima da cabeça, exercendo tamanha força que abaixo dele abriu–se uma cratera. Todos no anfiteatro pareciam ter prendido a respiração, inclusive Shaina que se colocou ao lado de Marin, ambas observando a cena apreensivas.

— Quem diria que seria capaz disso, Seiya... — provocava Cassius, exercendo mais força e pressionando mais e mais o oriental ao chão, este já com as pernas trêmulas. — Vamos acabar logo com isso!

Seiya precisou pensar rápido quando viu Cassius fechar o punho de sua mão livre com intenção de golpeá–lo, o que seria seu fim já que não poderia bloquear ou mesmo se esquivar. Naquele momento, seu instinto gritara, deixando todo o seu corpo queimar e ascendo seu cosmo. Aquilo foi suficiente para distrair o gigante que sentiu sua mão sobre Seiya queimar, aliviando a força que exercia e dar a abertura que o garoto precisava para tomar sua mão e segurá–lo, jogando–o contra uma pilastra próxima. Sua ação arrancou surpresa de todos que assistiam, com todos olhando aquilo perplexos.

Seiya ficou ofegante, acalmando seu cosmo e parecendo um aspirante qualquer. Contudo, aquilo não passou despercebido por Marin nem mesmo por Shaina que lançou um olhar desconfiado à sua adversária. "Quando foi que Seiya... Maldito! Jamais conseguiu derrotar Cassius nos treinamentos. Onde desenvolveu tanta força?", pensou a Amazona enquanto observava Seiya se levantar, ofegante.

Foi mais rápido que ele imaginava. Cassius já se levantara e avançou contra Seiya enraivecido, com ele precisando esquivar–se de seus golpes que se resumia a socos e braçadas que cortavam o ar. Apesar do tamanho, conseguia ser rápido, oferecendo poucas aberturas ao pequeno que, um descuido, seria novamente golpeado como na primeira vez.

— EU VOU FAZER VOCÊ EM PEDACINHOS! — gritou Cassius com uma cortada com sua mão que rasgou a blusa de Seiya se não jogasse o corpo para trás, e quando seguido por um soco, foi a vez do gigante se surpreender com Seiya usando de impulso para pular sobre ele.  — O QUÊ!?

A investida foi rápida. Cassius tentou fechar as suas mãos sobre Seiya que usou suas grandes mãos como um trampolim e dar impulso, ficando a favor do sol e cegando o seu oponente momentaneamente, não permitindo ver o garoto cair em sua direção com a mão em riste. Era tarde demais. Embora o gigante tentasse se esquivar, sentiu algo quente passar rente ao seu rosto, enquanto o público apenas viu o sangue jorrar na arena e todos se levantarem assustados para saber o que aconteceu.

Seiya caiu em pé, virando–se para Cassius com seu punho sujo de sangue, o cabelo colado na testa pelo suor e respirando ofegante. Todos ouviram o urro do gigante quando ele se virou e perceberam suas mãos no lado esquerdo da cabeça, sangrando. Aos pés do Seiya estava a orelha do gigante.

— MALDITO! A MINHA ORELHA... VOCÊ ARRANCOU A MINHA ORELHA! — praguejava Cassius observando Seiya que parecia ter recuperado a confiança com aquele sorriso estampando seu rosto.

“Ele arrancou a orelha do Cassius!”

“Que guerreiro forte ele é”

“Você viu o que ele fez?”

Eram os comentários da qual Shaina estava a ouvir, levando–a fechar os punhos a ponto de cravar a unha na palma da mão, fazendo-as sangrar. Quando poderia imaginar que Seiya se tornaria tão forte? Ela olhou em direção de Marin, esta centrada na arena, silenciosa, e fez o mesmo. Ela sabia que o orgulho de seu aprendiz estava abalada por aquilo. Afinal, Seiya era um anão comparado a ele, e agora era colocado como grande favorito, sangrando como um porco abatido?

— E então, Cassius? Surpreso de eu não ser mais aquele garoto que surrava? As coisas mudam e hoje é o dia de colocar isso à prova! — disse Seiya movendo os braços e empurrando os pés para frente na posição de luta.

Num avanço imprudente na busca de agarrá–lo, Cassius o viu escorregar por entre seus dedos num salto calculado, descendo rápido e golpeando o gigante com precisão com um chute no rosto, fazendo–o recuar a tropeços e caindo sentado, levando o público dividir–se em ovações e comentários surpresos pela investida.  Mesmo Cassius arregalou seus olhos impressionado com a força daquele moleque que sempre apanhou em suas mãos. Levantou–se, deixando as pedras e poeira da queda caírem e vendo o movimento do garoto.

— Vejo que está impressionado. Achou mesmo que seria como antes? — disse Seiya fechando o punho e erguendo o outro braço. — Isso é um acerto de contas por todos esses anos, Cassius.

O gigante piscou aturdido e, por alguma razão desconhecida, sentiu–se intimidado, ainda que não soubesse explicar como e porquê. Por um instante pareceu ver uma aura envolver o corpo de Seiya, e no segundo seguinte ele avançar deferindo inúmeros ataques na altura do tronco, e Cassius sentia os golpes, fazendo–o cuspir sangue e não ver os movimentos do garoto, fazendo–o cair ajoelhado.

Shaina deu dois passos à frente, olhando aquilo abismada. Ergueu o braço, golpeando um soldado com cotovelo que foi acudido por outros dois após ouvi–lo elogiar Seiya como um 'brilhante guerreiro', fazendo–o perder alguns dentes certamente.

— Como se atreve elogiá–lo!? — disse ela como se tivesse com os dentes cerrados, denotando raiva e ressentimento. — Tem ideia do que vai acontecer se Seiya ganhar a armadura?

Os soldados sabiam, ou achavam que sabiam. Por muito tempo a xenofobia no Santuário crescera de maneira alarmante. Embora já houvesse pequenos grupos seletos, a marginalização se tornara crescente nos últimos anos e as punições deram lugar à indiferença. Caso Seiya ganhasse, seria uma vergonha aos ditos 'puros gregos e descendentes' e um incentivos aos 'usurpadores estrangeiros', o grupo até então intimidado, ganhando voz no anfiteatro.

— Acha mesmo... que deixarei levar a armadura sagrada, estrangeiro imundo? — Seiya, que sorria, ficou mais sério, sem perder a pose de ataque e desviar seus olhos para o gigante que se levantava limpando o sangue da boca, ainda que o lado esquerdo de seu rosto estivesse banhado dele. — Acha... que serei... derrotado... POR VOCÊ!?

Exclamou, avançando contra Seiya e concentrando uma violenta força em seu golpe, mas o que consegue fazer é apenas acertar o chão criando um grande buraco porque Seiya saltou no momento exato pouco mais atrás. Seiya notava que Cassius começava a ficar desesperado, enquanto que ele, antes nervoso, mantinha–se mais concentrado. Por um instante os golpes dele se tornaram lentos e previsíveis.

— A armadura é um dos maiores legados da Grécia, e não permitirei que a leve daqui! — disse Cassius tentando mais uma investida contra Seiya, mas para sua surpresa, desta vez ele não se esquivou.

Seiya apenas estendeu o braço e somente bloqueou o golpe com uma mão, contendo toda a força de Cassius que arregalou os olhos e fazendo todos prenderem a respiração com aquilo. Assistir aquela expressão de Cassius era algo da qual Seiya jamais foi capaz de imaginar, e sentia–o estremecer.

— Acho que ainda não entendeu, Cassius, que já perdeu essa luta. — e Seiya o empurrou, fazendo Cassius recuar, mantendo seus grandes dentes trincados e indagando o que ele queria dizer com isso. Seiya apenas sorriu, estalando os dedos que bloqueara o golpe e fechando–a. — Alguma vez sentiu a força do universo correr até a última célula de seu corpo?

A mera expressão de Cassius foi suficiente para responder Seiya.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Seiya conquista sua sagrada armadura, renascendo o lendário Pegasus



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