Saint Seiya Initiu Legends: Saga Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 3
Pegasus Ressurge - O dia da conquista




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Grécia

Na manhã seguinte não havia outro comentário no Santuário senão a luta final entre Cassius, aprendiz de Shaina de Ophiucus, e de Seiya, de Marin de Águia. O motivo para tamanho alvoroço devia–se a diferença existente entre as duas desde quando aspirantes à amazonas. A luta entre seus aprendizes estava além de mera conquista de armadura, mas uma questão pessoal que atravessava anos.

Shaina é uma italiana, mas diferente de maioria não passou pelas hostilidades que muitos outros aprendizes sofreram em seus anos de treinamentos. Para aqueles que defendiam que as armaduras pertencia aos gregos, apenas dois grupos estavam isentos dessa segregação: os lemurianos, por serem o povo incumbido pela própria Atena na forja das armaduras, e os italianos, uma sociedade que tinha forte ligação com os gregos. Todo o restante eram considerados intrusos, potencialmente os orientais.

Marin era uma oriental, pessoa a quem o Grande Mestre acreditou ser a melhor pessoa a treinar o Seiya. As hostilidades era de seu conhecimento e aplicou regras rígidas contra qualquer arbitrariedade. Muitos foram punidos com exílio na Ilha dos Espectros ou banidos do Santuário, o que ajudou a conter muitas perseguições.

Na conquista de sua armadura de Aquila (Águia), esperava–se que Marin confrontasse Shaina, mas a oriental derrotou sua amiga de treino, uma 'genuína grega', despertando mais a ira da italiana. Quando Shaina conquistou sua armadura, garantiu que Marin seria a última oriental a 'levar uma armadura de um grego'.

A tensão entre as duas era crescente, e todas as apostas estavam em seus aprendizes. Seria como assistir as duas digladiarem naquele anfiteatro. Shaina parecia ter cumprido sua promessa de quatro anos e impedido que qualquer 'oriental' fosse sagrado cavaleiro. A presença da grande maioria ali seria para provar que Seiya não seria uma exceção. Marin sabia que não poderia esperar qualquer apoio ao Seiya, o que poderia influenciá–lo negativamente. Havia certo medo, mas não poderia permitir que ele percebesse isso.

— Não tem razão para ter medo, Marin.

Marin estava tão distraída vendo o anfiteatro à distância que não percebeu uma voz às suas costas. Ao virar–se, viu um homem de pele morena e físico malhado, olhos verdes escuros e semblante sisudo, sério expressado pelas grossas sobrancelhas. O cabelo era um castanho médio ao escuro, cheios, até altura do pescoço e fios caindo ao lado simulando uma costeleta. Trajava um peitoral e ombreira de couro e detalhes metálicos sob uma blusa de algodão. Era um homem na casa dos 25 anos, mas com um olhar que expressava bem mais idade, mas que nada excluía sua beleza.

— Aiolia, não esperava vê–lo aqui. — disse Marin vendo–o tentar esboçar um sorriso e se voltando para o arena, ainda vazio àquela manhã. — Não estou preocupada, mas não posso dizer o mesmo pelo Seiya. — comentou Marin

— Das poucas vezes que vi o Seiya, ele me mostrou confiante o suficiente para lidar com tudo isso. — disse parando ao lado dela, também olhando o lugar e cruzando os braços na frente do peito.

Sim, era uma verdade. Seiya havia lidado muito bem com tudo aquilo, melhor mesmo quando ela chegara ali quando surrada por outras meninas que a quase fez desistir de tudo e fugir. Não foram tempos felizes, mas desafiadores. E se havia alguém que bem melhor sabia disso era Aiolia pelo que também o acometeu, embora fosse uma situação distinta. Ambos eram vencedores, mas ainda carregavam um pesado fardo da qual haveriam de vencer a cada dia.

— Isso te traz lembranças, não é mesmo? — comentou ele, olhando–a. era como se ele soubesse no que ela pensava. Não via seu rosto, mas o tempo se encarregou de ler seus movimentos por mais singelos que eles fossem.

Marin baixou a cabeça. Por baixo da máscara ela mordiscava os lábios, levantando a cabeça em seguida e sentindo o vento emaranhar seus cabelos. Estava silenciosa. Lembrar daquele tempo era doloroso, mas a fez ser forte. Enquanto todos a desestimulavam, Marin usava dessa humilhação e desmerecimento e transformando em força, conquistando seu 'lugar ao sol'.

— Seiya tem a quem se espelhar. Você lhe deu confiança o bastante para seguir em frente, Marin.  — comentou Aiolia.

— E eu também tive em quem me espelhar e apoiar, Aiolia. Bem sabe que muitas vezes tentei desistir de tudo, mas tive pessoas a quem pude recorrer. — respondeu ela sem cerimônia. Aquilo fez Aiolia esboçar um sorriso em sua expressão sempre tão séria e distante. — O Seiya conseguiu ser mais forte que eu, e hoje é um grande dia.

 — O dia de Seiya, Marin. — falou não em correção, mas enfatizando bem o nome do garoto. — Você ensinou tudo que ele precisava saber. Daqui em diante, ele apenas terá de amadurecer isso e tornar–se mais forte, não apenas no físico, mas na mente e espírito. Tenho certeza que ensinou isso a ele. Acredite no Seiya.

Sim, ela tinha passado o máximo de conhecimentos precisos para as batalhas que viriam. Marin assentiu e viu Aiolia se despedir. Ele não assistiria o duelo no anfiteatro, era imaginado. Aiolia evitava a tudo e a todos ao máximo, mantendo–se sempre isolado. Marin era a mais próxima, certamente, com quem ele tinha contato. Todos aqueles anos foram tensos para ele, e Marin conhecia bem a sua história e compartilhava de sua dor... e mais que isso. Ela sentia seu coração bater acelerado.

Seiya caminhava em direção ao anfiteatro, repetindo para si mesmo todos os conhecimentos adquiridos naqueles quase 10 anos de treinamento no Santuário. Não conseguira dormir direito por conta do treinamento de última hora de Marin.  Sentia–se ainda ligeiramente cansado, mas também estava ansioso demais. Nem bem tinha amanhecido, mas no horizonte começava a evidenciar as primeiras nuances alaranjadas, mas também possível ver as últimas estrelas.

— Lembra–se Seiya... — disse ela ainda de costas para ele, olhando para o horizonte. Seiya piscou, aproximando–se e parando ao seu lado. — Lembra–se quando chegou aqui?

Seiya riu. Estava assustado, mas era orgulhoso demais para demonstrar isso — embora suas pernas tremiam. A primeira semana foi um verdadeiro tratamento de choque, das quais muitas vezes Seiya sentiu vontade de fugir, mas acabava voltando antes do anoitecer porque não sabia para onde ir.

O primeiro ano foi o mais difícil por suportar toda aquela antipatia aos estrangeiros — e Seiya comprou muitas brigas e ganhando alguns inimigos no processo. Os exercícios ao qual era submetido exigiam demasiado, tanto de força quanto de resistência. Chegou momentos que sentiu raiva da Marin, mas transformou isso em admiração.

Dentre a mais difícil das lições estava naquela que Marin, naquele momento, afirmava que poderia fazer toda a diferença. Embora muitos cavaleiros se concentravam na força bruta, poucos adquiriam o verdadeiro conhecimento do que Marin chamou de 'fundamentos da destruição', uma aprendizagem mais complexo para o domínio do cosmo e para o que diziam dos cavaleiros 'rasgarem o céu e abrirem fendas na terra'. Era necessário o entendimento de que tudo é constituído por átomos, a técnica de luta dos cavaleiros consistia em concentrar e elevar o cosmo que existe dentro de cada um até que este explodisse, por completo.

Em suma, era a ação de serem capazes de explodir esse átomo, mas era necessário mais que isso. Era preciso ser capaz de reunir aquela energia e saber concentrar num ponto específico para que pudesse desencadear a quebra e explosão desses átomos. Bem mais que concentrar o poder, era concentrar o espírito e o ponto da qual queria destruir. Não era a mais fácil das tarefas, exigindo quase metade de seus anos naquele estágio.

Diversas vezes tentou investir naquele exercício, quebrando o pulso e a mão pela 'falta de concentração' como Marin dizia, e ela mostrando ser algo tão simples como tomar a folha de um galho de árvore. Porém, quando assim conseguiu, tudo pareceu tão simples e jamais esquecido, e dele desenvolvendo e modelando seu cosmo para criar as chamadas técnicas pessoais. Há pouco mais de um mês, num descanso de seu treinamento, teve conhecimento sobre Pegasus.

— O que é o cosmo, Marin? — perguntou ele fitando–a, sentado no chão e olhando as estrelas da noite. — Falam que um cavaleiro tem que ter o domínio do cosmo, que age diferente para cada um... — A pergunta tomara a Marin com certa surpresa, mas ela foi bem didática em sua explicação.

— Cosmo é a harmonia, a ordem, a organização... Toda uma estrutura universal desencadeada a partir de uma explosão que teria acontecido há milhares de anos. O que chamam de Big–Bang. — dizia ela olhando para as estrelas, mantendo–se de pé. — Alguns poucos humanos possuem essa energia cósmica dentro de si, despertando ocasionalmente movido pelas emoções e força de vontade. Quando essa energia explode, acontece o despertar do cosmo, concedendo habilidades da qual tem desenvolvido nos últimos anos, algo incomum a o um humano normal.

 — Então, apenas se tornam cavaleiros aqueles que despertam o cosmo? — questionou Seiya fitando–a e olhando para seu punho, onde como uma chama ascendia e depois se apagava.

— Sim, e recebem uma energia sobre–humana que o torna capaz de rasgar o céu e esmagar as estrelas! — disse ela observando a expressão de seu aprendiz tomado pela admiração. — Mas um verdadeiro cavaleiro, Seiya, não se resume à força destrutiva. Cada um é regido por uma constelação... — disse Marin apontando para as estrelas. — Cada cavaleiro é protegido por uma estrela. Ao todo são 88 constelações guardiãs, e você lutará pela constelação de Pegasus.

"Constelação de Pegasus...!", pensou ele na ocasião, demorando-se a dormir naquela noite. E tal como naquele dia, adormeceu pensando sobre pelo que buscava.

Quando abriu os olhos naquele grande dia, ficou a olhar em direção das estrelas e o quadrante de sua então estrela guardiã dita por Marin. Mesmo quase amanhecendo era capaz de vê–la brilhar intensamente. Dentro de algumas horas estaria duelando contra Cassius pela sua armadura. A sua mestra não sabia, mas há muitas noites ele estava a contemplá–la de modo saudosista, algo que nem mesmo ele entendia do porque. Havia algo que despertava dentro de si quando olhava para Pegasus que não saberia explicar.

— Quando chegou aqui...  — continuou Marin, como se as lembranças de Seiya tivessem sido algo de segundos e continuando seu raciocínio de antes. — Não havia medo em seus olhos, mas uma forte determinação e uma forte vontade de vencer. Quando fugia dos treinos, não fugia pelo medo ou cansado de tudo, mas por não aceitar ser vencido e que poderia passar por cima de tudo aquilo.

Seiya a olhava contemplativo, admirado. Sentiu um arrepio percorrer seu corpo por aquelas palavras, e sabia que era verdade. Muitas vezes de quando fugiu, voltava porque queria mostrar que não era um covarde ou um fraco. Entre idas e vindas, aquilo o tornava mais convicto daquilo que fora buscar ali, e não seria agora que viria fugir.

— Eu não vou desistir, Marin. — respondeu Seiya seguro em sua voz. — Não cheguei até aqui para desistir. Nem mesmo permitirei perder a minha vida naquela arena porque não posso, e sabe do porquê.

Seiya olhou novamente para frente, dando alguns passos e levando a mão à cintura, vendo o quadrante de Pegasus desaparecer conforme o dia amanhecia e os primeiros raios de sol dissipavam–se no horizonte.

— Eu vou vencer esse duelo, mas não será somente pela conquista da armadura de Pegasus, mas mostrar que venci quando todos me julgavam perdedores, um fracassado. Farei isso, Marin, por você.

 — Não Seiya. — respondeu Marin de imediato, deixando–o  um tanto surpreso. — Não faça por mim, e sim por você. Hoje é seu dia, não o meu. Lute e permita que nasça uma lenda!


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo:
Seiya chega ao anfiteatro para o maior confronto aguardado. A armadura de Pegasus está bem diante dele, mas sua luta estará apenas começando.



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