Saint Seiya Initiu Legends: Saga Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 25
Torneio Galáctico - A Vingança do Cavaleiro


Notas iniciais do capítulo

As cenas foram filtradas do anime - episódio 7 - e do mangá, volume dois Clássico Kanzenban - entre os capítulos 9-10.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/439329/chapter/25

10 anos antes. Propriedade Kido.

Os muros eram altos demais. Na última vez, acionara os alarmes e, por muito pouco, não foi descoberto. Contudo, os seguranças já sabiam quem havia sido o responsável por contas de tentativas anteriores. Aquilo o irritava profundamente. O que deveria ser um lar para ele e seu irmão mais novo, tornou-se uma prisão. As garantias que haviam lhe dado quando o levaram para ali se mostraram uma mentira. Dentro de poucos dias seriam separados e não podia adiar mais.

"Cuide de seu irmão, Ikki... Prometa que vai cuidar dele!", disse ela em seu leito de morte, em lágrimas, enquanto acariciava o pequeno que adormecia tranquilamente ao seu lado. Tão logo ele e o irmão foram transferidos para um orfanato onde permaneceram por quase um ano até que uma família surgiu para levar unicamente seu irmão, forçando-o fugir e viver nas ruas. Porém, o seu irmão era novo e frágil demais, acabando por adoecer quando um rigoroso inverno cobriu a cidade. A Fundação Graad os acolheu e ofereceu todos os tratamentos possíveis para sua recuperação até que um homem ofereceu sua mão.

De imediato seguiram para a Mansão Kido, uma propriedade secular de uma das mais tradicionais famílias do Japão. Há menos de duas décadas abriu parte de sua propriedade em prol de sua própria fundação para um programa estudantil para jovens especiais, recolhendo jovens garotos, e órfãos, a partir de seus quatro anos para um programa educacional que os destacaria a nível internacional. O programa era uma idealização do próprio Mitsumasa Kido, quem também administrava e coordenava o projeto chamado 'Filho das Estrelas'.

O programa incluía ensinos básicos de línguas estrangeiras, disciplinas das áreas Humanas e Sociais, além de conhecimentos extensivos em Exatas com ênfase em Química e Física, além de aprimoramento físico conforme a habilidade nata de cada um. Naquele momento, a Fundação Graad na propriedade dos Kido abriga cerca de 30 jovens entre 4 e 12 anos, com dormitórios próprios e uma disciplina rígida, mas com visitações restritas. Não que isso faria qualquer diferença para Ikki, uma vez que sempre fora um garoto solitário e destacado de todos os outros. Segundo os tutores, um rebelde. De seus colegas, alguém violento.

Eram somente ele e o irmão a quem jurou proteger. Aceitara a oferta de Mitsumasa Kido porque o mesmo garantiu que jamais seriam separados, mas há algumas semanas tivera conhecimento que ele, juntamente com outro grupos de garotos, seriam enviados para o exterior de modo estender os conhecimentos sob o nome de "Cavaleiros". O seu irmão mais novo não o acompanharia.

Desde que chegaram ali foram três anos de segurança, mas agora estava ameaçada com um novo estágio que separaria ele do seu irmão menor. Mais uma vez precisariam fugir e trilharem seu destino, e não um encabeçado por um velho louco. No entanto, fora pego por quatro tentativas de fuga e agora estava sob vigilância constante.

Voltou para a quadra onde todos estavam reunidos naquela tarde, cada qual assumindo seu turno de exercícios físicos. Havia a piscina aos fundos, aparelhos de ginásticas para os mais velhos e tatames espalhados para cada modalidade de luta, além de uma pista de corrida onde frequentemente estavam a fazer disputa. As manhãs ficavam reservadas para as aulas teóricas, embora muitas vezes os tutores ficavam a falar em outros idiomas para reforçar a aprendizagem mesmo nos exercícios físicos. O grego era uma língua predominante além do inglês.

— Ikki, está atrasado. — chamou-lhe a atenção um dos tutores. — Assuma sua posição para a corrida com obstáculos.

O garoto bufou, olhando em direção ao portão da quadra e notando dois seguranças que o viram parados a observá-lo de longe. A última coisa que precisava era encrenca para o que estava intencionando fazer. Apenas seguiu para onde foi indicado.

O sinal foi dado e Ikki conseguiu tomar uma grande vantagem sobre os outros, saltando e mergulhando dos obstáculos que surgiam e conseguindo impulso quando foi preciso cair num buraco para saltar e alcançar o outro lado. Contudo, um dos garotos o alcançara e tentara empurrá-lo, mas ele foi ágil o bastante para segurar seu braço e desequilibrá-lo para cair e ganhar a corrida dentro do tempo estimado.

Recuperava o fôlego quando ouviu um grito, voltando-se para buscar a origem deste quando conseguiu encontrar o que queria. Fechara os punhos e cerrou os dentes, ignorando o chamado do tutor e avançando até um dos tatames.

Dois garotos estavam a disputar força numa arena, sendo que um de pele mais morena e cabelos escuros ganhava vantagem empurrando outro, de pele alva e cabelos castanhos, para trás. Num dado momento, o primeiro conseguiu soltar-se de uma das mãos e alcançar o ombro de seu oponente, levando o outro a buscar recuperar a defesa e não conseguir, mas sendo puxado pelo braço e lançado para frente direto ao chão. Aquilo provocou risos dos presentes. Embora tivesse reprimido a dor, não pudera esconder as lágrimas por aquilo, o que fez dar início às provocações.

O garoto de pele alva se levantou, limpando o rosto, tentando investir novamente, mas o outro apenas esquivou-se de seus golpes e girando. Num dado momento o garoto perdeu o equilíbrio e tropeçou nos próprios pés e caindo sobre um dos garotos que o caçoava. Foi empurrado de um para outro, com um deles acertando-o com a toalha nas costas o suficiente para provocar um estalo e emitir um grito, caindo no chão.

— Ah, larga de ser fraco, Shun... Nem doeu. — disse o responsável, continuando a rir. — Que garoto chorão!

— Não deveria ter feito isso. Conhece o irmão dele. — recomendou o outro desconfiado.

— Acham que tenho medo do irmão del...?

Nem bem disse isso e se virou, recebendo um murro voando quase ao lado de Shun, este ainda ajoelhado no chão, chorando. Ikki avançou em sua direção, empurrando quem quer que estivesse à sua frente para acolher o irmão.

— Não chore, Shun. Estou aqui! Está tudo bem agora. — tranquilizava Ikki, vendo o rouxidão em suas costas e ficando enfurecido por aquilo.

— Agora você vai pagar caro por isso, Ikki! — rosnou o garoto que foi golpeado, avançando com seu punho em riste.

O golpe passou rasante ao rosto de Ikki que foi ágil em esquivar-se e segurar seu braço enquanto golpeava-o com o cotovelo na altura do estômago, fazendo-o curvar-se pela dor e sentir apenas outro golpe em suas costas, levando-o ao chão. Seus dois amigos também avançaram. Ele bloqueou o soco com o braço e girou o corpo para golpeá-lo com as pernas, mas não deixando-o cair, mas segurando-o para receber o ataque do amigo que não segurou o golpe. Surpreso, o terceiro congelou, sendo nesse ínterim a ser puxado pela gola e ser arremessado violentamente no chão. Chegou a preparar o punho, mas se conteve pelo chamado do irmão.

— IKKI... NÃO! — gritou Shun olhando-o assustado.

Ikki voltou-se para ele, vendo os garotos ainda caídos no chão, outros observando-o assustados. Percebeu um dos professores cruzar os braços, mas nada fez, senão dissipar a todos que pararam suas atividades para observar aquela cena. Voltou-se para o garoto, ajudando-o a se levantar e retirando-o dali com seus pertences para longe de todos, até junto aos bancos onde pedia para ver suas costas. Molhou a toalha com um pano molhado e pressionou sobre o lugar.

— Vai ficar tudo bem, Shun. — murmurou para o irmão, ainda chorando silencioso. — Por que estava naquela arena? O que foi que eu te disse?

— E-Eu só queria ficar forte. — disse ele timidamente. — Ficar forte... como você...

— Não tem que fazer isso... não agora. Sou forte o bastante para nós dois. — dizia, molhando mais a toalha. — Prometi que cuidaria de você, lembra? — e viu o irmão mais novo assentir, encolher-se. Percebendo isso, ganhou a sua frente, sentando-se ao seu lado. — Logo vamos para bem longe daqui. Acredite!

— Ikki... Tá pensando em fugir de novo? — indagou, vendo o irmão mais velho pedir para que ele falasse baixo. — Está mesmo pensando em fazer isso de novo, irmão?

— Ou fazemos isso ou vão nos separar, Shun! — disse Ikki fitando-o. — Não quero que nos separe. Somos nossa única família. Você e eu!

— Mas eles disseram... — tentava Shun explicar, mas interrompido pelo irmão.

— Mentira! Já tentaram nos separar uma vez, lembra? — Ikki assentiu. — Agora querem de novo. Nada nem ninguém vai nos separar, Shun. Eu sou seu irmão e é meu dever protegê-lo, sempre!

.

.

.

"E-Esse... não pode ser o meu irmão. Não pode ser o Ikki!", pensava Shun desesperado, sentindo a garganta seca enquanto observava aqueles olhos sobre ele. Reconhecia aquele olhar decidido, mas se negava acreditar que fosse seu querido irmão que sempre dizia que o protegeria de tudo e de todos. Aquilo apenas fazia as lágrimas ganharem cada vez mais força, pelo nervosismo e pavor por aquele Cosmo que sentia crescer a cada instante.

— Farei um favor a você acabando com essa mediocridade que chama de vida! — disse Ikki enquanto seu Cosmo ascendia como chamas envolvendo-o. — JÁ ESTOU FARTO DE SUAS LÁGRIMAS!

Ikki puxou violentamente o braço presa às correntes, acabando por fazê-las desencadearem a força que estavam a concentrar até aquele instante. De modo a impedir que isso atingisse o irmão, Shun puxou-as de volta para si, mas sem medir a força necessária para isso. Terminou por direcioná-las acidentalmente contra os holofotes e explodindo-os no processo. Não fosse uma fina camada de energia, atuando como camada de proteção, os fragmentos atingiriam o público que se encolheu temerosos.

Naquele ínterim, Andromeda não percebeu quando Ikki saltara de onde estava e criando uma trilha de chamas como uma ave num rasante sobre a arena. Quando percebeu o que acontecia, somente sentiu o golpe sobre si, jogando-o até outro lado da arena e chocando-se contra as correntes que a cercava. Nem mesmo a sua lendária defesa foi capaz de conter o ataque por conta da energia que acabara de descarregar.

"O que está acontecendo?!!"

"É o irmão dele mesmo? Por que faz isso?!"

"Tadinho do Shun!!!"

Hyoga, que estava sobre a arena, foi de encontro de um Shun atordoado com tudo aquilo, voltando-se perplexo para o irmão que se colocava de pé meio à arena com uma imponência intimidadora. Viu-o sorrir de modo vil, fitá-lo com uma mescla de indiferença e desprezo. Aquilo fez Shun menear negativamente.

— N-Não... Esse não pode ser meu irmão Ikki... — murmurava, sentindo o gosto ferroso na boca, engasgando-o a ponto de fazê-lo expelir aquilo. — O meu irmão jamais me atacaria... — tenta desvencilhar-se de Hyoga, colocar-se de pé. — O que aconteceu? Quem é você? O que fizeram com você, Ikki?!

— Eu não tenho que lhe dar explicações... — respondia Ikki num tom duro e frio. — Nem a você NEM MAIS NINGUÉM! — exclamou, levantando seu punho quando algo alertou seus sentidos e fazendo-o esquivar-se e volta-se para quem o fazia.

Jabu recolhia seu punho, ganhando o campo visual de Ikki e ficando frente de Shun e Hyoga. O Cavaleiro arqueou o semblante, analisando-o de cima abaixo.

— Calma aí, parceiro... Já fez seu espetáculo, agora aguarda sua vez!

— Você seria...? — um sorriso surgiu na face sisuda de Ikki, levantando um pouco somente a cabeça. — Ah, sim. Claro! Como poderia me esquecer dos escravos dos Kido? Então, também se tornou um Cavaleiro?

— Jabu, Cavaleiro de Unicórnio. — disse, respirando pesado e fechando seus punhos mesmo sob fortes dores no braço direito que se intensificaram naquela última hora. — Sou eu quem estava lutando contra Shun, não você. Quem acha que é para chegar assim… se intrometendo no meio da luta?

— E o que vai fazer? Lutaria comigo? — o Cavaleiro de Fênix arqueou o semblante e falando num tom desdenhoso.

— As regras nunca se aplicaram a você, não é mesmo, Ikki? Tal como disse ao Shun, você não mudou nada. Continua tão arrogante quanto sempre foi. — cuspiu Jabu fitando um Ikki com expressão blasè. — Mas já que prefere assim...

Ikki manteve-se parado onde estava, nem mesmo se colocando em posição de combate como Jabu o fazia.

— Jabu... Não faça isso! — alertava Shun olhando-o apreensivo. — Você não está...

— PREPARE-SE, IKKI! — exclamou, erguendo seu punho para um ataque.

Ikki apenas desenhou um sorriso em sua face enquanto os três segmentos às suas costas se levantaram e cintilaram. "Mas, o quê...?", reagiu Jabu ao perceber aquilo e saltando na tentativa de esquivar-se, mas foi atingido ainda no ar. Caiu no chão sob uma forte dor, percebendo o que pareciam penas de Fênix queimando sua pele após rasgá-la.

O público assistia aquilo assustado. Não havia a vibração de há poucos instantes do calor de uma batalha. Aquilo estava longe de ser o Torneio Galáctico. Mesmo os jovens Cavaleiros assistiam aquilo assustados, ficando sem reação. Saori assistia tudo de sua cabine, engolindo a seco.

Como se soubesse disso, Ikki voltava-se para em direção da cabine da herdeira dos Kido, e era como se um estivesse a fitar o outro, frente a frente, apesar da distância. Os olhos do Cavaleiros faiscavam somente em pensar nisso, rindo contidamente.

—   SAOIRI KIDO! — chamou-a, chamando a atenção de Jabu que tentava remover as penas e se voltando para ele, depois para a cabine onde estava a jovem. — VOCÊ, TAL COMO AQUELE MALDITO VELHO MITSUMASA KIDO, RECEBERÃO O QUE MERECEM! FAREI COM QUE PAGUEM PELO QUE FIZERAM, CONHECENDO O INFERNO QUE EU CONHECI!

Tatsumi tremia, não de medo, mas pela raiva das duras e heréticas palavras de Ikki sobre o velho Kido, a quem não somente respeitava como conhecia-o o bastante para não permitir àquelas palavras. Saori, por outro lado, estava sem reação. Ao que tinha lido sobre, queria entender como era possível que ele estivesse ali, meio arena, vivo.

De repente, onde estavam as urnas dos Cavaleiros, uma iluminou-se, chamando a atenção de todo o público e todos apontando para a mesma direção. Ikki apenas se virou para em direção daquela luz, arqueando o semblante quando pareceu ter sido chamado.

"Já chega, Ikki! Hora de um basta nisso. Nem Andrômeda nem Unicórnio. Eu, Nachi de Lobo sou seu oponente nesse torneio", ecoou pelo coliseu.

Naquele momento, alguém surgiu correndo pelas escadas onde eram apresentados os Cavaleiros e saltou, tal como acontecia na apresentação dos Cavaleiros. A urna respondeu com feixes de luzes seguindo em sua direção e com as partes das armaduras a envolver seu corpo antes que caísse ao centro da arena. Houve até uma reação do público, mas longe da excitação inicial. Os olhares ainda eram desconfiados e pareciam hesitantes sobre para quem torcer.

— O que Nachi acha que está fazendo?!! — indagou Geki olhando-o surpreso.

— Ele não deveria fazer isso... NACHI! — dizia Seiya buscando avançar, mas segurado por Shiryu.

O teto do coliseu que, há pouco havia sido coberto por chamas, transformava-se novamente no universo. O telão sobre a arena agora parecia focar nos dois Cavaleiros que se encaravam, mas não havia o retorno de sinal para as transmissões via satélite. A imprensa presente não compreendia o que tinha acontecido e pareciam atônitos demais com os acontecimentos para se importar com isso. Mostravam-se receosos e alertas.

O locutor assistia a tudo, imóvel e impossibilitado de fazer qualquer anúncio uma vez que toda a comunicação dali havia sido interrompida e não conseguiam restabelecer. Por outro lado, nem mesmo ele sabia o que fazer naquele instante.

Nachi era um rapaz de traços orientais, mas com uma pele mais morena que dos demais. Não mostrava-se temeroso como os outros, encarando seu desafiante como parte do espetáculo. Ikki, por outro lado, não tinha qualquer reação a ele, ficando a fitá-lo.

— Fala como se fosse o único a mergulhar no inferno quando todos aqui sofreu o diabo para conseguir suas armaduras. — repreendeu Nachi fitando um Ikki que piscava para ele e quebrando um pouco somente a cabeça de lado com um ar interrogativo. — Não aja como se fosse diferente dos outros...

— Hunf! — sorriu de canto, fechando os olhos e meneando negativamente. — Então diz que mergulhou no inferno…

"Não gosto dessa calma do Ikki nem desse olhar... Ele emana uma sensação perturbadora...!", pensava Seiya vendo o comportamento do mesmo, e Shiryu parecia ler seus pensamentos e sentir o mesmo.

— Pois bem, Cavaleiro de Lobo... — continuou Ikki referindo-se ao mesmo de maneira desdenhosa. — Permita-me que conheça o verdadeiro inferno!

Ikki reabriu os olhos e aquilo incomodou Nachi, sobretudo quando viu os olhos do Cavaleiro diante dele cintilarem como se fossem chamas e sentir algo impactando-o, silenciosamente. Por um instante, sentiu  um calor tomar conta de seu corpo e transpirar, sentindo-se paralisado.

"O que está acontecendo? Por que ele não age? Por que fica a me encarar somente?", pensou Nachi se colocando em posição de luta quando percebeu um punho em sua direção num piscar de olhos. A sua reação foi levantar o braço para bloquear o golpe, mas viu seu braço ser esmagado e despedaçado com a força do golpe a ponto de explodir o osso e perfurar sua carne, restando unicamente um cotoco de seu braço. A sua reação foi gritar, mas nem mesmo pudera ouvir seu próprio lamento.

"O QUÊ? MAS COMO ISSO ACONTECEU?!!", exclamou Nachi vendo o restante de seu braço ir ao chão juntamente com a braçadeira da armadura que queimava como um pedaço de papel. Seguidamente, buscou esquivar-se de outro golpe, percebendo vultos do Ikki surgirem aleatoriamente à sua volta, desnorteando-o. Entre cambalear de um lado a outro, sentiu seu corpo pesar e o sangue jorrar, de baixo para cima, percebendo que sua perna esquerda  inchara o bastante para explodir, restando pouco menos da metade da coxa.

"EU NÃO ENTENDO! A ARMADURA QUE DEVERIA ME PROTEGER... ELA RASGA E QUEIMA COMO PAPEL...", desesperava-se Nachi caindo lentamente. Continuava a ver vultos de Ikki cercando-o, os seus risos ecoando juntamente com seus gritos enquanto seu nariz era impregnado pelo cheiro de sangue e carne queimada por seus membros arrancados. "N-Não consigo reagir... é como se meu corpo estivesse petrificado!".

Nesse momento, sentia uma queimação crescente em seu corpo, tornando-se difícil respirar. Sentia engasgar-se e o sangue tomar sua boca, vomitando um líquido viscoso e borbullhante que também era expelido pelos ouvidos, narinas e olhos. Com a única mão que restava, tentava tocar o rosto, mas a pele queimada o impedia de qualquer ação. Foi quando sentiu o tronco explodir e ver suas vísceras expostas, vendo seu coração que ainda bombeava ser esmagado com os pés de um demônio vestindo a armadura de Fênix.

.

.

.

— O que está acontecendo? Os dois estão apenas se encarando! — comentou Geki piscando aturdido.

— A pergunta é, o que aconteceu! — disse Shiryu sem tirar os olhos da arena. — Nachi está estranho, parado como se tivesse sido petrificado. Por outro lado...

"Seus olhos se arregalaram e estão inquietos. É como se estivesse a observar algo que somente ele pudesse ver!", pensou Jabu vendo a expressão do colega, aquele com melhor posição para ver o assombro no rosto do cavaleiro de Lobo.

"Suas pernas estão bambas... suas mãos trêmulas. Ele parece querer reagir, mas é como se não o conseguisse!", avaliou Hyoga olhando aquilo sem compreender.

Shun apenas observava aquilo, mas fitando mais o homem diante de Lobo e estudando cada reação do Cavaleiro num misto de curiosidade e satisfação macabra que lhe fazia embrulhar o estômago. "Esse olhar maligno é como de um demônio! E esse Cosmo... emana agressividade, ódio... Por que?", e uma lágrima ganhava sua face.

— NACHI! — chamou Seiya aproximando-se o bastante da arena para ser notado e ouvido. — Nachi, acorda! O que está acontecendo?

— Quer saber o que aconteceu a ele, Seiya? — Ikki falou olhando-o de cima, sorrindo de canto. Baixou a cabeça e fechava os olhos, rindo contidamente. — Apenas fiz conhecer um pouco do verdadeiro inferno...

Nachi estremeceu, contorcendo-se, virando a cabeça como se sentindo engasgado. As pernas bambas finalmente cederam fazendo-o cair ajoelhado no chão no mesmo momento que babava descontroladamente. Mecanicamente levava a mão a cabeça, cerrando os dentes. Apertava a cabeça de tal modo que seu elmo trincou, forçando Hyoga ir ao seu encontro para segurar suas mãos, juntamente com Shun. O grito que ecoou foi de horror, antes de arquear o corpo e cair de costas no chão, com espasmos espumando pela boca.

Aquela imagem chocava o público que não compreendia o que poderia ter acontecido. Alguns chegaram a se levantar de seus lugares na tentativa de ver melhor o que acontecia, iniciando um burburinho que tomou o coliseu.

Shun apoiou a cabeça de Nachi em suas pernas de modo a mantê-la apoiada contra os espasmos. Hyoga removeu o seu cinto, enrolando-o, colocando na boca do Cavaleiro para que o mordesse, evitando que lacerasse os dentes ou mesmo mordesse a língua como já evidenciava.

— O corpo dele está quente... Os movimentos em seu globo ocular estão rápidos demais... ONDE ESTÁ A EQUIPE MÉDICA?!! — gritou Hyoga buscando pelos médicos.

— Não percam seu tempo... A sua mente está arruinada e sua alma foi completamente despedaçada pelo meu Golpe Fantasma. — disse Ikki displicentemente, afastando-se.

"Golpe fantasma?!", indagou-se Hyoga ao ouvir aquilo enquanto ainda prestava os primeiros atendimentos a Nachi e voltando-se para Ikki. "Então... Isso é foi apenas um de seus golpes... sem que nem ao menos se movesse...?!", assombrou-se, engolindo a seco.

— I-Impossível! Ele nem ao menos encostou no Lobo! — surpreendeu-se Seiya.

— O que ele fez ao Nachi... — comentava Shiryu igualmente perplexo. — Ikki está com um Cosmo tremendo!

"Meu irmão...", lamentava-se Shun.

— Onde está a equipe médica? — questionou Saori voltando-se para Tatsumi. — Precisam levá-lo imediatamente para o hospital! — e voltou-se para a arena, respirando forte, seus olhos cintilando enquanto balbuciava algo.

Os espasmos de Nachi acalmavam-se, mantendo apenas a respiração forte. Os olhos pareciam também tranquilizar-se e fechavam-se lentamente. O corpo que se mantinha rígido, relaxava.

— Quem de vocês agora será o próximo? Seria você, Shiryu, o Cavaleiro de Dragão sem seu escudo e punho? — voltava-se para encará-lo, vendo Shiryu fechar os punhos sem desviar seu olhar. — Ou  quem sabe, o Pegasus Seiya? — e riu em tom provocativo. — Também pode ser o tão confiante Hyoga... — e abriu os braços. — Ou podem vir todos juntos, eu não me importo. Será um prazer mandá-los todos juntos para o Inferno!

“PEMITA QUE FAÇAMOS ISSO POR TI, MESTRE FÊNIX!”

Não apenas uma, mas inúmeras vozes ecoaram pelo coliseu. O público buscava a origem das vozes, mas somente viram vultos saltarem para próximo das muretas que dividiam o público ao centro da arena, sendo dezenas de guardiões com indumentárias negras genéricas àquela vestida por Ikki. Não somente as viseiras, mas uma máscara impedia identificação de seus rostos. Dois destes estavam bem próximos à cabine onde estava Saori Kido, intimidando Tatsumi que tomava a frente da jovem.

— Deixe que nós nos rebaixemos lutando contra eles. — disse um ganhando a frente, emanando um Cosmo negro e acompanhado por todos os outros.

"S-Senhorita Saori...!", pensou Jabu aflito, removendo a última pena de Fênix de sua perna e levantando-se com muita dificuldade, deixando-se cair para fora da arena sem que os outros percebessem, intrigados com a presença daqueles misteriosos Cavaleiros.

"VEJAM! ELES POSSUEM A MESMA ARMADURA DAQUELE QUE ATACOU OS CAVALEIROS!"

"O que são essas armaduras negras?"

"São muitos deles!"

Comentava o público, com alguns afastando-se das primeiras filas e amontoando-se para as superiores. Alguns destes saltaram, voando como se fossem as mesmas fênix de quando Ikki saltou da urna para a arena, mas essa de fogo negro e de imagem mais corrompida da ave mitológica. Aquela ação assustou ainda mais as pessoas que gritaram e correram para em direção às saídas que se encontravam trancadas.

Alguns dos 'Fênix Negro', como alguns já os referiam, posicionaram-se às costas dos Cavaleiros, deixando-os surpresos. Alertavam-nos de não se moverem e do quão fácil havia surpreendido a cada um. Mesmo Shun percebeu um bem às suas costas, pisando sobre sua corrente imóvel após toda a energia descarregada há alguns instantes.

— FAÇAM O QUE DEVE SER FEITO! — sinalizou o verdadeiro Fênix.

Os Cavaleiros assentiram. Cada um deles se deixaram consumir e tornando-se sombras, com asas sendo abertas e as chamas negras ascenderem sobre seus pés e ganhando até o mais alto do coliseu. Outros junto aos Cavaleiros fizeram o mesmo, acolhendo-os em suas sombras e impedindo que visualizassem o que estava sendo feito. Todo o coliseu mergulhava numa escuridão onde nem mesmo os holofotes eram capazes de transpassar.

O Cavaleiro de Andromeda observava aquilo atordoado acompanhando com os olhos, até voltar-se ao irmão, parado há alguns metros dele.

— I-Ikki... você vendeu a sua alma ao diabo...?! — murmurou com os olhos lacrimejando, conseguindo a atenção de seu irmão que se voltava para ele lentamente.

— Deixarei que viva um pouco mais, Shun. — disse com frieza e desprezo. — Na próxima vez que nos encontrarmos, não pouparei sua vida. Esqueça que somos irmãos. Eu JAMAIS tive um irmão! — e deixou que as chamas  o tomasse e ganhasse o alto, mergulhando na escuridão de Fênix negra que tomaram o coliseu.

A névoa concentrada que se abateu no coliseu, tão logo se dissipou , surpreendendo a todos com o desaparecimento daqueles cavaleiros negros e do próprio Fênix. O público mostrou-se surpreso e buscando por todo o coliseu, mas não havia qualquer pista daqueles invasores.

A equipe médica surgira na porta, mas impossibilitado de ver qualquer algo diante deles. Mostraram-se desnorteados até que as luzes dos holofotes puderam iluminar, finalmente, o ambiente. Correram de encontro à arena e realizando os primeiros procedimentos, removendo o cinto colocado por Hyoga e colocando respirador em Nachi. O médico agradecia e parabenizava a iniciativa tomada.

— Onde está Jabu? — indagou o Cavaleiro de Cisne não encontrando o Cavaleiro, apenas o seu rastro de sangue até um dos acessos fora da arena. — Que teimoso...!

Shun se levantava, ainda confuso com tudo aquilo. Sentia a dor em seu ombro pelo golpe recebido de seu irmão. Também buscou nos arredores, mas mesmo aquele Cosmo tão violento desapareceu num piscar de olhos.

— O que diabos aconteceu aqui? Num instante estavam aqui, agora desapareceram como se fossem fantasmas! — impressionou-se Seiya.

— Eles vieram aqui por alguma razão. Tudo aquilo do Ikki era uma distração para aquelas sombras que o acompanhavam. — comentou Shiryu. — Acaso eles estariam...

Shiryu arregalou os olhos e se voltou rapidamente para o pódio onde estava a urna da Armadura de Ouro. Ela mantinha-se acima das urnas de Bronze, mas seus sentidos o alertavam de algo. Shun percebeu o assombro de Shiryu e voltou-se para direção desta. Usou suas correntes para ir de encontro a ela, envolvendo-a e puxando, sendo mais leve do que realmente deveria ser. A mesma caia, fazendo seguranças próximos correrem juntamente com alguns membros da imprensa, e todos verem uma urna vazia.

"A URNA DA ARMADURA DOURADA CAIU!"

"ELA ESTÁ VAZIA?! ELES ROUBARAM A ARMADURA DE OURO!"

— Tudo isso foi... para roubar a Armadura de Ouro? — questionou Seiya olhando aquilo incrédulo, voltando-se para Shiryu.

Hyoga também olhava aquilo surpreso, fechando os punhos e saltando da arena para junto do público que se mostrou surpreso e assustado. Mais alguns saltos e ganhava o acesso superior restrito aos seguranças que faziam a vigilância e também a equipe de iluminação. Era onde tinha algumas saídas de emergência.

— Vamos, Seiya! — disse Shiryu chamando pelo Cavaleiro que assentiu e ambos seguindo na entrada exclusiva de onde os Cavaleiros corriam para sua apresentação.

— Esperem! Vocês dois não estão em condições de... — dizia Ban olhando para Seiya e Shiryu.

— Cuidem de tudo. Ajudem os outros! — disse Shiryu passando por Ban.

Andromeda, que ainda estava no palco, observou a ação dos três. "Será que nosso destino de irmãos... é sermos inimigos, Ikki?", refletia sobre aquelas constatações amargas e olhando para onde Shiryu e Seiya desapareciam. Saltou da arena para segui-lo, sob o olhar atônito de Ban e de Geki.

Jabu observou os três avançarem sem que nem percebessem ele num dos corredores de acesso, continuando a subir as escadas até que, finalmente, chegava onde era a cabine de Saori. "Eles... não podem descobrir... sobre a Srta. Saori... Não ainda. Não até que ela desperte...!", pensava, quando cai desmaiado nas escadas, fraco pela perda de sangue.

— Ikki, seu miserável! Você não vai sair impune de tudo isso. — murmurava Seiya correndo lado a lado de Shiryu. — Farei com que pague por isso... Eu juro! — e seus olhos cintilaram, surpreendendo até mesmo Shiryu.

"O que foi isso que senti vindo de Seiya?", perguntou-se o Dragão surpreso, olhando intrigado para o amigo por conta daquele pulsar de Cosmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No próximo capítulo já vamos começar com segundo arco onde conta com a participação dos Cavaleiros Negros. Alguns pontos sobre ele trabalhei em #Memórias e tomarei a mesma linha aqui, baseada no que está explicado no Hipermito e desenvolvimento meu.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saint Seiya Initiu Legends: Saga Santuário" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.