Saint Seiya Initiu Legends: Saga Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 15
Torneio Galáctico - O Guerreiro do Gelo


Notas iniciais do capítulo

Continua o confronto entre Cisne e Hidra, e Saori percebe que é preciso intervir. Porém, o que ela não sabe é que uma grande ameaça se aproxima e estão mais próximos do que ela realmente pode imaginar.



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Um filete de sangue desceu pela coxa de Hyoga quando ele arrancou as três presas com suas mãos. Embora se mostrassem bem afiadas, como garras  reais de uma besta, eram também bem frágeis para serem esmagadas. Não sentia necessariamente dor, o que era realmente estranho para alguém que dizia que eram venenosas. Hyoga levou a mão à sua perna e pressionando com força enquanto se voltava para seu oponente no outro lado da arena.

"Cisne parece bastante atordoado após o golpe de Hidra em sua perna, abrindo uma vantagem para seu oponente nesse embate..."

Anunciava o narrador para toda a cúpula do Coliseu com a imagem do ataque de Hidra contra Cisne sendo reprisada no telão, seguida da expressão do público ao perceber as garras atingindo Hyoga em diferentes panoramas. O que se ouviu foi euforia misturada a exclamações de dor e gritos dos mais sensíveis. Porém, do alvo daquelas garras, não se ouviu um único grito, somente uma expressão de dor no momento por aquela ação inesperada. Colocou-se de pé e olhando fixamente para Ichi que sorria vitorioso, lambendo os lábios em apreciação.

— O que foi, Hyoga? O mesmo olhar arrogante de sempre... Vou adorar esfregá–la nesse chão e te ensinar um pouco de humildade... hahaha!!! — dizia Ichi com sua voz rouca. seguida de um riso cínico, já preparando mais um ataque.

— Você não me assusta, Hidra... — disse Hyoga abrindo um sorriso confiante. — Já canta vitória somente por conta disso? — e apontava para a coxa com a perfuração das presas, porém sem mais o sangue. 

— Está subestimando o veneno dessas garras, Hyoga? Quanto mais se movimentar, mais rápido o veneno corre em suas veias deixando–o mais fraco e afetando seus movimentos, já fragilizados pelo meu... perfume. — dizia ele passando a mão próximo ao nariz e mexendo com os dedos. — Mas se acha que pode continuar, será ainda mais divertido. 

— Oh, é mesmo? Não me diga... — Hyoga deu dois passos à frente, mas não apresentava qualquer postura de combate como Ichi estava a fazer, mantendo–se arisco como uma serpente. — Se não o conhecesse diria que está preocupado com meu bem-estar. — e viu Ichi rir daquilo. — Mas, estou em dúvida, Ichi... O que pretende fazer enquanto agonizo nessa arena? Colher os louros da vitória ou assistir a minha morte esperando clamar misericórdia?

Aquelas palavras, ecoadas para a Cúpula do Coliseu, arrancaram risos de parte do público, inclusive do Narrador que atiçou mais comentando sobre a provocação de Cisne sobre Hidra. Os outros cavaleiros ali presentes, próximo à arena, apenas se mantinham observadores quanto àquela troca de farpas entre os dois. Jabu foi o único a comentar algo de maneira ácida:

— Ichi 'tá falando demais... Eu já teria esfregado a cara dele naquela arena e fazendo esse gaijin engolir cada palavra. Continua tão arrogante como sempre foi.

Seiya apenas olhou Jabu de soslaio. Lembrava de Hyoga, o 'estranho' dentre todos por conta de seu sangue russo e sendo o mais diferente dentre todos os garotos da fundação. Era sempre reservado e interagindo pouco com outros garotos.

Na verdade, cada um criava seu espaço, mas sempre buscava se destacar mais, sempre próximo à piscina e testando seu limite, levando os garotos sempre a fazer apostas de quanto tempo ele ficava no fundo. Pior que ele, somente o irmão de Shun. Este era reservado,pois poucos gostariam de encará–lo de fato. Era quem ainda Seiya não o viu por ali, deixando o colega cada vez mais ansioso e inquieto.

As lembranças de Seiya foram quebradas com a ovação do público. Ichi havia investido com vontade contra Hyoga, deferindo inúmeros golpes que eram bloqueados e esquivados, e Hyoga não parecia reagir em nada.

— O que é isso, Ichi? Ao acaso feri seus orgulho para tomar uma atitude assim, tão desesperada? — provocou Hyoga mais uma vez bloqueando mais alguns golpes com seu broquel ao fazer uma virada magistral, quase como um balé sobre um mesmo ponto, voltando a ficar de frente para seu oponente. — Parece que alguém perdeu sua presa.

— Não deveria subestimar seu oponente, patinho... — disse Hidra deferindo mais um golpe contra Hyoga, e desta vez foi certeiro.

O movimento de Ichi foi rápido naquele momento, e num piscar de olhos Hyoga sentiu ser golpeado no rosto. Naquele momento, o Cavaleiro de Cisne sentiu maior lentidão em seus reflexos, fazendo–o compreender o que eram aqueles movimentos hipnóticos que seu oponente realizava, buscando distraí–lo de alguma forma.

"Não é um blefe! Ele está tentando me distrair, distrair–me com essa dança hipnótica. Se eu não fizer alguma coisa...", e nem bem concluíra seus pensamentos e fez um movimento com suas mãos bloqueando um golpe contra seu peito, segurando o braço de Ichi pelo pulso e descendo para a lateral de seu corpo, enquanto a outra mão com seu broquel apenas bloqueou o outro golpe no ar. Porém, foi quando sentiu algo rasgar–lhe as costas, próximo à costela, abaixo da proteção da armadura.

"IN–CRÍ–VEL!!!

Hidra mais uma vez golpeia Cisne com suas garras, surpreendendo seu oponente de maneira espetacular!"

O grito do Narrador tomou a todos de surpresa, fazendo muitos se levantarem de suas arquibancadas e apontar para o telão quando exibia um replay do golpe de Ichi contra Hyoga. Do bloqueio no ar e de quando Hyoga segurou suas mãos desviando de um golpe, quando suas presas cresceram e rasgando seu uniforme e pele. Um sorriso de satisfação de Ichi foi bem focado pelas câmeras e congelada no telão.

— Caramba! — disse Nachi surpreso e piscando aturdido para aquilo. — Como é possível que suas garras... 

— Hidra de Lerne. — disse um jovem de longos cabelos negros, pouco mais alto que os presentes ali. Tinha os braços cruzados e uma calma surpreendente. — As garras de Ichi são como da besta pantanosa. A cada cabeça que arrancava, outra nascia... Assim são as garras de Hidra. 

— Mas isso deixa a luta muito injusta. Hyoga nunca terá chance contra Ichi assim. — disse Nachi se voltando para o colega que apenas sorriu, mas não foi ele a responder.

— Como se vocês não soubessem quem é o Hyoga. — disse Seiya se voltando novamente para a arena. — Ele é arrogante demais para aceitar uma derrota, e ele sempre surpreendia no final... ou esqueceram quem é ele?  — e cruzou os braços. 

Todos olharam para Seiya incrédulos sobre como Hyoga poderia reverter a situação ao seu favor. Nem mesmo Seiya fazia ideia de como o russo faria isso, o que tornava o embate ainda mais interessante. Por hora, apenas via Cisne com a cabeça baixa, o rosto nublado pelos seus cabelos loiros e ainda segurando o braço de Ichi.

— Ainda acha minha ação desesperada, Cisne? EU... Eu vejo o desespero em seus olhos.. em sentir as minhas garras deleitando-se com sua carne e seu sangue. — disse lambendo os lábios, mas logo ficou sério ao ouvir o riso contido de Cisne. — O que é isso? O meu veneno o enlouquec... — dizia ao tentar se soltar, mas sentindo Hyoga segurá–lo firme no pulso. — O que? M-Mas... mas o que... QUE DIABOS É ISSO?

Uma corrente de ar fria circundava Ichi naquele momento, capaz de ver pequenos cristais de gelo diante de seus olhos vindo de Hyoga. Este ascendia seu cosmo gradualmente, e concentrando seu cosmo na mão que segurava o braço de Hidra que tentava se soltar sem sucesso.

— O que... o que acha... que está... fazendo...? A sua mão... é fria... como gelo...! — dizia Ichi respirando aquele ar frio, estremecendo com o cosmo que estava vir de Hyoga.

No painel sobre a arena, todos assistiam impressionados a queda de temperatura já registrando em torno dos –20°C. Aqueles localizados nas arquibancadas mais baixas podiam já sentir a corrente de ar fria que era dissipada da arena. Hyoga segurava firme o braço de Ichi que percebi formar uma camada de gelo sobre sua armadura, assim como sentia seu braço dormente pelo frio provocado. Quando Hyoga o soltou, Ichi recuou cambaleando para trás, olhando para seu braço totalmente congelado.

"E Cisne consegue ganhar uma vantagem. Os painéis registraram... Minha nossa! Foram –44,5°C na arena. Isso é incrível! Hidra parece ter tido seu braço congelado!"

— MALDITO! O que você fez com meu braço? O meu braço direito está todo dormente...! — dizia Ichi segurando seu braço envolvido numa camada de gelo

— Exatamente. — disse Hyoga levantando sua cabeça para fitar Ichi à sua frente. Os seus olhos estavam como cristais de gelo naquele momento — Quem está desesperado agora, Hidra? O que poderá fazer agora sem as garras que tanto se orgulha? 

O olhar de Ichi, que até poucos instantes era de orgulho e confiança, deu lugar ao receio. O olhar de Cisne era realmente intimidador, mas não podia permitir que ganhasse vantagem, muito menos vê–lo desesperar–se por ser tão facilmente enganado por uma investida tão ridícula ao seu ver. A sua ação foi imediatamente de investir contra Cisne, o que fez Hyoga preparar um bloqueio contra um novo ataque, mais foi surpreendido ao ver Hidra saltar diante dele.

No ar, Hidra realizou um movimento de modo que as luzes do holofote sobre a arena o cegasse Hyoga momentaneamente, abrindo segundos de vantagem para cair sobre Cisne e golpeá–lo com joelho. Hyoga percebeu um brilho além da luz sobre ele, e somente teve tempo de desviar a cabeça, mas sentindo novas presas cravarem em sua armadura e queimando sua carne. Hyoga não podia esconder sua surpresa com aquilo. 

"Ele tem presas saindo do joelho?"

"Pensei que era somente em seu punho!"

"Ele vai morrer!?"

Indagava a plateia olhando as garras de Hidra presas na altura do ombro de Hyoga. Os Cavaleiros ali presentes, que assistiam aquele embate, olhavam surpresos e assustados. Jabu mesmo estava sem palavras para expressar. Estava animado com a ideia de Hyoga perder o embate, mas também surpreso pela investida de Ichi que pareceu tão desnorteado com a reação de Hyoga congelando seu braço.

— Cisne está perdido, não tem mais salvação depois dessa. — comentou Jabu por fim.

Seiya ainda se mantinha observador, impressionando pela técnica de ambos os cavaleiros. Já Saori, em sua cabine, assistia a tudo com um ar de indiferença, embora mantivesse o olhos compenetrados no embate enquanto sorvia de um coquetel servido por Tatsumi.

— Chegou ao fim, Hyoga. Renda-se se não quiser morrer aqui. Já recebeu três golpes de minhas garras venenosas... — dizia Ichi, mas algo o fez engolir as palavras mais uma vez, deixando um fio de voz exclamar sua surpresa. — O que!?

As garras no ombro de Cisne estavam congeladas de tal forma que mais pareciam vidros quando caiu e se fazendo em pedaços. Todo o corpo de Hyoga estava envolto de uma fina corrente de ar fria. Hyoga estava distante daquele  enfraquecido de poucos instantes. Da ferida em sua perna e de sua costela, Ichi podia ver um filete de sangue escurecido, aquele com veneno, ser expelido e cair no chão. Hyoga caminhava em sua direção com muita calma, parando alguns centímetros diante dele.

— Ainda não entendeu, Hidra? O seu veneno não tem efeito sobre mim. Nem mesmo seu último golpe foi capaz de realmente me ferir... — dizia Hyoga concentrando o cosmo em seu punho.

— E–Eu não compreendo! As minhas garras são capazes de rasgar uma armadura... — dizia Ichi sentindo seu corpo estremecer, mas não sentia qualquer frio.

— Não uma armadura que se manteve guardada na grande geleira eterna, onde esteve confinada esperando por mim. — disse Hyoga orgulhoso fechando o punho diante de seu rosto. — A sua estrutura é impenetrável, nada e nem ninguém no mundo poderá me derrotar enquanto estiver protegida por ela... muito menos alguém como você.

Ichi engolia a seco, sentindo o suor ganhar sua face. Sentia raiva por aquelas palavras de menosprezo de Hyoga sobre ele, mas não conseguia nem mesmo mover um único músculo, como se fosse e ele a ter recebido seus próprios golpes.

— Derrotarei cada um de vocês... Um após o outro, até o último! — dizia confiante, com seus olhos cintilando enquanto cristais de gelo o rodeavam. — Eu sou o único, dentre todos, realmente capaz de ganhar a armadura de Ouro. Nenhuma garra pode penetrá–la, nem destruí–la. Nem o mais forte dos Cavaleiros. Ninguém pode me derrotar, nem mesmo um verme insignificante como você, e vou provar isso sendo o primeiro a cair, Hidra!

Aquelas palavras fizeram Jabu rir nervoso, quase que insano tamanha sua perplexidade em ouvir aquelas palavras tão prepotentes. Até mesmo Seiya sorria incrédulo ao ouvir aquilo,

— Sério mesmo que ele está se achando com aquela armadura de gelo? — disse Jabu se voltando para Seiya que não tirava os olhos da arena.

— Não Jabu... Ele não se acha. Ele realmente acredita nisso. Está se julgando o vencedor! — afirmou Seiya meneando negativamente.

Na arena, Hidra observava os cristais de gelo que o rodeava, recuando alguns passos e se voltando para Cisne que quebrava o pescoço para o lado e esboçando um sorriso malicioso nos lábios.

— O que é isso? São cristais de gelo? É alguma... alucinação...? — dizia Ichi tropeçando nas palavras.

— Não, Ichi... isso são cristais de sua derrota. — a corrente de ar que circundava Hyoga agora se reuniam concentrando–se em seu punho, criando uma grande esfera de gelo. O cosmo de Hyoga parecia se abrir como grandes asas de um cisne quando ele lançou seu golpe numa rajada cristalina de gelo. — PÓ DE DIAMANTE!

Ichi estava paralisado, recebendo aquela corrente de ar frio que o imobilizou por completo. Toda a sua armadura estava congelada, assim como seu corpo pareceu envolto de uma densa camada de gelo que o fez cair como se fosse uma estátua cristalina. O baque no chão fez o gelo se quebrar, e Ichi estava inconsciente, a pele azulada por conta do frio.

Hyoga somente avançou contra ele, passando direto sem nem ao menos olhar para o chão, apenas massageando o pulso. O público estava mergulhado em completo silêncio até o painel dar vitória a Cisne. O narrador demorou alguns instantes até anunciar o vencedor ao afirmar que Hidra estava fora de combate. Ele nem mesmo se importou quando viu os paramédicos avançarem até o cavaleiro desmaiado no palco por hipotermia.

Pouco antes de sair da arena, Hyoga pareceu puxar algo que lembrava um terço católico, beijando seu crucifixo e, então, descer daquela arena perdido em seus pensamentos, alheio a tudo e a todos. "Mamãe, logo esse torneio chegará ao fim, junto com a minha missão, e poderei retornar para junto de ti. Até lá, aguarde por mim nessa solidão. Logo estarei de volta ao seu lado", e guardou de volta o crucifixo dentro de sua armadura.

Seiya ainda tinha os olhos presos na arena, vendo a atividade dos paramédicos junto a Ichi em reanimá–lo, mas não tinha sinal de que o haviam perdido. Meio a isso, o cavaleiro de Pegasus revivia cada momento daquele golpe. "Pó de Diamante? Nunca tinha ouvido falar de um golpe tão poderoso. Preciso pensar num meio de...", pensava Seiya quando viu uma sombra diante dele. Era Hyoga com seu sorriso confiante e olhar presunçoso sobre ele. Ficaram a se encarar por longos instantes.

— Estou um passo de nos confrontarmos, Seiya. Aguardo ansioso por nosso combate. — disse Hyoga passando por ele, mas olhando para alguém mais ao lado. — A não ser que não seja tão forte como espero se depender de seu próximo oponente... — e sorriu, avançando pelo corredor aberto entre os cavaleiros que ali assistiam, especialmente aquele a quem Hyoga demorou seus olhos ainda por alguns instantes, o jovem de longos cabelos pretos de descendência oriental.

Shun estava mais destacado olhando aquilo sem nada a dizer, mas seus olhos focaram algo meio a público que o fez cerrar os olhos para melhor observar. Porém, os flashes das máquinas e o jogo de luzes impedia uma melhor observação, fazendo perder certo alguém de vista. Tal pessoa parecia observá–los no corredor das arquibancadas, e sua postura soava muito familiar.

Correu até próximo aquele setor, subindo as escadas e notando a silhueta ao longe. Chamou pela pessoa, mas essa continuou a caminhar até sumir numa curva. Shun tentou alcançá–lo, mas a pessoa havia desaparecido. O corredor estava vazio. Sobre sua cabeça, voava uma pena dourada com uma espécie de olho ao centro desta. Shun tomou aquilo em mãos estranhando algo daquilo ali, guardando consigo e voltando para junto dos outros.

Nas sombras, alguém o observava à distância.

—---------◆◆✧◆◆----------

— Até onde foi aquela transmissão, Tatsumi? — dizia Saori ainda em sua cabine, andando de um lado para o outro. — Eu quero que Hyoga seja totalmente examinado pela equipe especialista da Fundação Graad, e quero todo o boletim médico de Ichi na minha mesa em até 1h!

— Não tem pelo o que se preocupar, Srta. Kido. Já recebi informações dos médicos que está tudo bem com Ichi. Ele foi reanimado e está reagindo bem, já sob todos os cuidados médicos e fora de perigo. — dizia Tatsumi ainda com celular em mãos, com sua tela ainda acesa. — Os nossos Relações Públicas já esclareceram tudo e que não existe qualquer perigo por parte de nossos 'cavaleiros'. Hyoga mesmo foi visto conversando com Seiya logo após descer da arena... 

— Reúna todos na concentração. — dizia Saori de maneira incisiva olhando para Tatsumi. — Quero todos reunidos porque vou precisar trocar algumas palavrinhas com eles... e agora!

Fora incisiva em sua ordem, sendo prontamente obedecida por Tatsumi que apanhava seu celular e fazendo uma ligação ao Staff, equipe preparadora responsável. A ordem era de não deixar qualquer um sair, não sem antes conversarem com Saori. Esta, por sua vez, seguiu até uma sala privativa, guardada por dois seguranças e trancando imediatamente a porta. Arrancara o adorno em sua cabeça e jogando sobre uma poltrona enquanto ficava a caminhar de um lado a outro, pensativa. A última coisa que precisava naquele momento era uma imagem negativa daquele evento tão bem planejado.

Panatenaia. Era o real nome daquele evento da qual era consagrado à deusa Athena, a deusa a quem Mitsumasa Kido tinha grande admiração e devoção, e que havia dedicado os últimos anos de sua vida, e que agora ela estava realizando aquele evento em memória de seu avô. Tudo foi cuidadosamente planejado, e não podia deixar que tudo caísse por terra por conta do egocentrismo daqueles 'garotos'.

Parando diante da foto de seu avô, Saori soltou um longo suspiro, pedindo desculpas por aquele deslize, pairando sobre o báculo que havia deixado na sala naquela noite. Estava para tocá–lo quando ouviu as batidas na porta. Era Tatsumi chamando–a, avisando que todos a aguardavam. Ela assentiu, olhando o báculo mais uma vez antes de dar às costas e sair, sem que ela percebesse o discreto reluz no objeto.

— O que foi agora? Por que não podemos simplesmente ir embora? — indagou Seiya fechando seu casaco e colocando as mãos no bolso da calça um tanto contrariado.

— A Srta. Kido ordenou que a aguardassem. Ela logo descerá para conversar com vocês. — dizia um rapaz do staff enquanto que pressionava o headset junto ao ouvido e se afastando.

Shun foi o último a chegar, já sem sua armadura e guardando a pena que havia encontrado em seu bolso sem chamar qualquer atenção para isso. Estava se retirando quando foi chamado e retornando à concentração. Quando perguntou o que acontecia, todos deram os ombros desconhecendo a razão. Foi quando perguntou se teria sido algo com Ichi, mas logo foi desconversado. Até perguntaria se foi algo com Hyoga  se não o visse sentado na poltrona, mas sobre o encosto e os pés no assento, olhando a todos à certa distância. Vestia uma jaqueta de couro cor tabaco sobre uma blusa azul escura e calça preta, calçando um sapatênis também escuro.

— Não crie alarde, Shun. Certamente deve nos pedir uma apresentação de sapateado na próxima noite com direito a cartola e fraque sobre a armadura. — comentou Seiya recostando–se na pilastra.

— Seiya, mostre mais respeito pela Srta. Kido! — disse Jabu se levantando e caminhando alguns passos até Seiya, sendo segurado por Nachi e Ban. — Talvez seja isso que você queira, já que estava bem à vontade em sua primeira noite buscando as câmeras. 

— Ah sim, claro... — dizia Seiya desencostando da pilastra e se voltando para Jabu com um largo sorriso no rosto. — Talvez coloquem alguns aros e banquinhos para pularmos e fazermos alguns truques. Se fizermos tudo direitinho, quem sabe não ganhamos alguns biscoitinhos, não é mesmo? Mas, é claro, que esse truque será exclusivamente seu, não é mesmo, Jabu? Afinal, é o cachorrinho preferido dela, sempre abanando o rabo logo quando ela o chama. 

— ORA, SEU...  — exclamava Jabu querendo avançar sobre Seiya que apenas sorria, assistindo Nachi e Ban segurá–lo pelo braço e vendo–o se encolher naquele mesmo instante.

Todos os olhares se voltaram para às costas de Seiya, e ele apenas virou a cabeça olhando Saori por cima dos ombros antes de se virar, levando a mão novamente ao bolso da calça. Hyoga mantinha–se quieto, assim como o jovem de longos cabelos negros, de braços cruzados mais no canto.

— Hyoga, não deveria estar no hospital fazendo exames por conta do veneno de Hidra? — indagou Saori com tom forte em sua voz se voltando para o cavaleiro na poltrona que mantinha seu olhar de indiferença.

— Como se importasse com o bem-estar de alguém... — comentou Seiya num fio de voz, mas sem se preocupar se ela ouviria ou não.

— Você também, Seiya. Soube que saiu do hospital antes que os médicos lhe dessem alta, e isso é inconcebível! — dizia Saori se voltando para ele ao ouvir aquelas palavras.

— Saori, larga desse teatro. — disse Seiya a cortando, olhando–a nos olhos. A tensão entre os dois era perceptível a todos. Tatsumi, que estava às costas de Saori, fechou a cara para aquele garoto chamando–o de insolente, mas não calou Seiya. — Diga de uma vez o que quer. 

— Serei bem clara e objetiva. — dizia ela olhando para Seiya de tal maneira que ele não pôde ignorar a imponência em sua voz. Jabu, já solto dos braços de Nachi e Ban, parecia ansioso, olhando discretamente para Tasumi que se mantinha às costas de Saori, contido pela jovem. — Eu dei tudo de mim para dedicar esse evento ao meu falecido avô, e não vou permitir que destruam isso com seus egos inflamados. Moderem suas palavras, ou terão de arcar com as consequências de seus atos imprudentes. 

— Eu pensei que esse torneio fosse de vida e morte...  — disse Hyoga com sua voz calma, ainda sentado, olhando em direção de Saori. — Afinal, é um embate entre cavaleiros, ou não? 

Todos os olhares estavam para Hyoga, voltados novamente para Saori que o observava. Baixara rapidamente seu olhar para baixo, assentindo. Mordiscou os lábios e caminhou alguns passos para o lado, em concordância por aquelas palavras. 

— É verdade. — disse ela com um sorriso em sua face. — O Torneio Galáctico é uma batalha entre cavaleiros... 'aqueles capazes de rasgar os céus e abrir fendas na terra' como tantas vezes ouvi meu avô dizer, sendo esse nosso slogan do Torneio Galáctico. Porém, eu recomendaria maior cuidado, pois  as palavras possuem força, muito maior que seus punhos. — os olhos de Saori eram brilhantes e incisivos para Hyoga. — E essas feridas são marcadas em sua alma, e continuarão a sangrar independente do que faça para reparar.

Todos estavam voltados silenciosos para Saori, incluindo Seiya que estava surpreso com aquelas palavras tão inesperadas. Havia calma naquela voz, mas ao mesmo tempo uma imponência jamais vista em Saori.

— Como disse, deixarei uma coisa bem clara aqui. Meçam suas atitudes. Podem ser cavaleiros, mas ainda são humanos. Somente humanos. — e sorriu, dando às costas a todos. — Estão dispensados e estejam aqui em duas noites.

Todos ainda pareciam atônitos com aquelas palavras, mas antes que todos partissem, Saori voltou , fazendo um giro de modo que a saia de seu vestido rodasse, e seus cabelos esvoaçassem. Havia um sorriso cínico estampado em sua face e um olhar que causava repulsa em Seiya.

— Estava me esquecendo, Seiya. A próxima luta será sua. Na próxima vez, foque nas câmeras à direita. Elas oferecem um melhor... perfil... de você. — ela sorri provocadora, dando às costas em seguida.

Todos saíram da sala, e Seiya se manteve ali, estático por alguns instantes, fechando seus punhos. Sentia a vontade de socar a pilastra onde estivera recostado, mas simplesmente saiu, sem trocar qualquer palavra com alguém e sumindo na rua.

—---------◆◆✧◆◆----------

— A situação me parece bastante tensa aqui... — disse alguém acolhido nas sombras, sendo perceptível manter os braços cruzados.

— Eles não parecem se dar muito bem, é cada um por si... ­ — dizia um jovem com um boné e removendo o headset. Usava uma blusa do staff e tinha um brilho malicioso acompanhado de um sorriso debochado. — Todos competindo pela Armadura de Ouro. 

— Que  idiotas! Enquanto disputam seu ego, torna tudo mais fácil para nós. — disse aquele acolhido nas sombras rindo em seguida. — Deixem todos em alerta, mantenham–se nas 'sombras' e aguardem meu sinal. Ninguém pode desconfiar de qualquer coisa... Principalmente o Cisne. 

— Acha que ele pode ser algum problema? — indagou o rapaz mordiscando um palito que colocava na boca.

— Ele não está aqui pelo torneio. Esteja certo disso. — dizia a figura nas sombras caminhando para um ponto de luz único ali existente. Era jovem, de bela aparência, apesar da cicatriz entre os olhos. Tinha os cabelos escuros caindo desleixados sobre os ombros num castanho  escuro. — Não sei para quem, mas está aqui por alguém.

— Manterei os outros em alerta. — disse o rapaz se retirando, deixando aquela figura misteriosa sozinho.

Seus olhos recaiam unicamente sobre um rapaz de aparência andrógina, muito familiar a alguém que o fez engolir a seco. Tirou um maço do bolso e puxando um cigarro com a boca sem acendê-lo, apenas acompanhando o jovem sumir no elevador e ter a impressão que ele o vira por se demorar a olhar onde estava, mas desaparecendo.

— Nem mesmo você será perdoado! Todos serão julgados! — disse ele, desaparecendo nas sombras.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo:
As ameaças crescem envolta do Torneio Galáctico, mas apenas um alguém é capaz de perceber o grande perigo daquele evento e reais intenções daquilo.



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