Saint Seiya Initiu Legends: Saga Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 14
Torneio Galáctico - Garras Venenosas


Notas iniciais do capítulo

Um novo dia de combate na Cúpula do Coliseu: Cisne enfrenta Hidra. Porém, mais que o Torneio Galáctico, a verdadeira ameaça se aproxima silenciosa e inimigos espreitam-se nas sombras. Segredos são guardados e a verdadeira batalha começa a trilhar caminhos.



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O dia amanheceu com uma espessa neblina, dispersada conforme o sol ganhava força e oferecendo pouco de calor após uma noite levemente fria. Um dia ideal para uma cavalgada pelo haras, um campo existente dentro da propriedade dos Kido para atividades de hipismo de Saori. Foi um presente dado à jovem em seus 10 anos, junto com um cavalo da raça lippizan, um garrano esloveno que reuniu diversos prêmios pelo mundo, mas que nos últimos anos se limitou à propriedade Kido e sob os cuidados pessoais da própria herdeira.

Por duas vezes na semana Saori reservava as manhãs para seu hipismo, cavalgando pelos campos da propriedade com sua roupa de amazona — calça branca com botas de couro preta, colete de cor tabaco e um lenço rosa amarrado no pescoço, além de luvas de couro — os cabelos presos abaixo da nuca e o capacete. Em mãos apenas o chicote, da qual usava apenas para conter algum ânimo exaltado do cavalo em momentos raros... como naquela manhã.

Após um treinamento dentro do cercado, optou por uma volta na propriedade. Porém, num dado momento, o cavalo parou subitamente sua corrida e se colocando de pé e relinchando alto o bastante para ecoar dentro daquela área. Saori precisou se equilibrar, usando o chicote para tentar acalmar o cavalo que começava a socar o chão e bufar, como se sentisse ameaçado, acuado.

Os olhos de Saori ganharam ao redor, não havendo nada senão o farfalhar das copas das árvores que desenhavam um U naquela estrada que a levava de volta ao haras. Tentou fazer o cavalo avançar, mas esse apenas recuava, deixando Saori realmente confusa. Foi quando um movimento nos arbustos fez o cavalo novamente se assustar  e se colocar de pé novamente, mas desta vez buscando atingir algo ou alguém, revelando a presença de Jabu, vestido com roupa de moletom.

— Jabu, seu idiota! — gritou Saori chamando pelo cavalo ao puxar suas rédeas, fazendo-o circular, mas o animal ainda se mostrava indócil. — O Quíron poderia ter te matado! O que está fazendo aqui? 

— Nada de... mais, Srta. Saori. Apenas... Eu apenas sai para fazer uma corrida... — dizia Jabu ofegante, olhando para Saori que continuava a conter o cavalo, buscando acalmá–lo com um toque em seu pescoço, acariciando–o. — Não tinha... a intenção... de assustá–la. 

— Não deveria estar aqui! Aqui é trilha para os cavalos. Poderia... se machucar. — disse ela hesitante, e Jabu se voltou para ela surpreso por aquilo. — Vai, sai da frente! Preciso levar o Quíron de volta ao haras. Temos um embate hoje no coliseu, e espero que tudo esteja dentro da devida ordem. 

O cavalo não se mostrou mais tão hesitante, e Jabu abriu caminho para a passagem de Saori, em silêncio. Assistiu ela ganhar distância e trouxe novamente seu braço direito para junto dele, mostrando sentir ainda muita dor. Os seus olhos ganhavam à sua volta, como se buscasse por algo ou alguém, mas não havia mais nada. Seguiu em direção contrária de Saori, cortando o caminho por entre as árvores em direção da propriedade Kido. Precisava falar urgentemente com Tatsumi.

— Ainda não é a hora, Jabu. Eu tenho ordens explícitas a serem seguidas. — dizia Tatsumi recolhendo documentos e separando em pastas.

— Tatsumi, você não entendeu o que eu disse.dizia Jabu transpirando, arfando, ainda segurando o braço contra o peito denotando dor. — Ela precisa saber... 

— Nada será dito até chegar o momento! — interrompeu Tatsumi de modo incisivo e se voltando para o jovem cavaleiro que o olhava perplexo. — Ela não pode e nem deve desconfiar de nada! Não até seu aniversário de 16 anos. 

Isso será daqui a três meses! — disse Jabu se exasperando. — Tatsumi, existe algo lá fora. Seja o que for que esperavam, já está aqui! Ela está correndo perigo! Se ela não pode saber, que ao menos os outros deveriam saber. Eles poderiam... 

— Ninguém mais deve saber disso. — Tatsumi era novamente taxativo em suas palavras. Olhou para a porta para certificar que ninguém entrava e se aproximou de Jabu, falando mais baixo. — Se abrir sua boca, tudo vai por água abaixo e a estaria expondo mais do que acredita que esteja. — voltou a reunir os documentos numa pasta e a trancando. — Nem mesmo você deveria saber disso, mas agora que sabe, faça o que deve ser feito! 

Jabu engoliu a seco ouvindo aquelas palavras enquanto Tatsumi o deixava sozinho naquele escritório. A sua reação foi socar a mesa com força com a mão boa, enquanto a outra se mantinha encolhida ainda em seu peito. A vontade que tinha era de falar  tudo a todos, mas Tatsumi tinha razão. O que garantia que algum deles seria realmente confiável?

Deixou o escritório passando por uma empregada da casa, quase derrubando a bandeja que trazia com ela e observando o estado do cavaleiro. Ela lançou um rápido olhar para o escritório e seguiu até ele, fechando suas portas com um discreto sorriso.

Seguiu diretamente para seu quarto, localizado no prédio onde, anteriormente, serviu de internato para ele e outras dezenas de crianças por longos dois anos. Naquela época, dividia o quarto com cinco outras crianças, mas agora estava sozinho — embora poderia dividir com mais um. Foi ao seu armário e buscava algo que pudesse esconder aquelas manchas roxas que se estendia pelo seu braço esquerdo, foi quando encontrou suas ataduras de treino e nem percebeu a aproximação de alguém à porta.

— Jabu? O que foi isso em seu braço? — indagou Shun na porta de seu quarto, fazendo Jabu se assustar e deixando a pequena maleta de remédios cair. — O que foi isso em seu braço? Está tudo bem?

— Não foi nada. Eu... — dizia Jabu arfando pelo susto. Não que esperasse Saori ali, mas não queria que qualquer um visse aquilo sem que não pudesse falar a verdade. — Eu apenas me machuquei hoje de manhã enquanto corri e dei de cara com Saori sobre o cavalo e... — ele deu os ombros e olhando para o Shun. — Vou passar um remédio e logo estarei bem. Não se preocupe.

Jabu percebeu que Shun pareceu não se convencer daquilo por conta de seu olhar desconfiado. Recolheu ao menos as ataduras e enrolando no braço, desculpando–se com o colega e fechando a porta de seu quarto. Shun ficou a olhar aquilo aturdido, estranhando aquele comportamento do Jabu ao mesmo tempo que aceitava ser muito normal de sua parte devido seu jeito orgulhoso. Caminhou em direção de seu quarto onde objetivava de início até perceber movimento no quarto do colega e ver aquele braço. Tomaria um banho e se trocaria para seguir para o Coliseu. Esperava que naquela tarde finalmente encontrasse seu irmão.

A razão de seu retorno era somente este: reencontrar Ikki, separados quando foram enviados para diferentes lugares somente para conquistarem suas armaduras. Até mesmo o seu mestre Albion o incentivou nessa questão tão logo recebeu armadura, sobre primeiro reencontrá–lo e não se apresentar diretamente o Santuário. Aquela lembrança estava bem recente em sua memória...

— Não foi para isso que treinou nos últimos sete anos, Shun? — comentou seu mestre ainda na Ilha de Andrômeda. Tinha os cabelos claros, num loiro dourado, olhos tranquilos e semblante sereno. Era um Cavaleiro de Prata, há muito incumbido de cuidar da ilha e de seus aspirantes. — Alimentava a esperança de encontrar seu irmão, pois vá encontrá–lo! 

— Mas, eu deveria me apresentar ao Santuário como Cavaleiro e fazer meu juramento à Atena, não? — indagou Shun na ocasião.

Albion o olhou e assentiu em concordância.

— Sim, e haverá a oportunidade perfeita para isso. Por hora, vá de encontro ao seu irmão. — disse Albion com um sorriso e despedindo–se de seu aprendiz.

Shun apanhou uma foto antiga onde tinha ele e um rapaz maior, de semblante fechado e olhar triste, enquanto ele estava sentado num banco ao lado do irmão. Era a única fotografia que tinha, de um registro no orfanato de onde foi adotado por Mitsumasa Kido. Shun sorriu, guardando a foto de volta entre suas roupas e escolhendo algumas para colocar sobre a cama.  Um rápido olhar pela janela e um pedido silencioso para que aquele fosse o dia que reencontrasse seu irmão.

—---------◆◆✧◆◆----------

Tão como há uma semana quando fora ele a lutar naquele Coliseu, Seiya encontrou uma grande concentração de pessoas aguardando a abertura dos portões. Era impressionante a diversidade que aquele torneio estava atraindo, havendo turistas de todo o mundo. Quando lera os jornais naquela noite quando na seguinte afirmou aquele acordo com Saori, não tinha uma ideia da proporção até sua estreia. De fato, ela havia feito um pesado investimento.

Seguiu para o outro lado do estádio, pela mesma entrada privativa de outrora, mas não seguindo direto para a concentração, mas optando por passear pelo Coliseu que era quase um shopping com diversas lojas, galerias e praça de alimentação, e todo muito movimentado. Dentre os espaços mais competitivos é onde estaria a armadura de Ouro, dita como uma réplica da original.

Embora tivesse vivido quase 10 anos no Santuário, não havia conhecido um único Cavaleiro de Ouro, nem mesmo sua sombra. "Eles estão sempre em missão, Seiya, ou ficam em seus Templos Zodiacais aguardando uma nova ordem do Grande Mestre", disse Marin em certa ocasião, acrescentando que muitas vezes passavam meses fora do Santuário. Ao menos ali, teria a oportunidade de conhecer uma das lendárias e mitológicas armaduras.

— Seiya? — ouviu alguém chamá–lo e praguejou mentalmente até ver se tratar de Nachi e Shun. — Estávamos te procurando. Querem que estejamos prontos quando Saori chegar porque fará aquela sua apresentação. 

— Eu tenho cara de macaquinho de circo? — protestou Seiya chamando atenção de alguns olhares. — Enfim, que seja! — bufou, levando a mão ao bolso da calça injuriado quando tomou o elevador.

Antes, porém, Seiya observou um homem alto e esguio, com vestes escuras, um sobretudo longo fechado e golas levantadas. Tinha os cabelos escuros curtos espetados para o alto e descendo até altura do pescoço. Usava óculos escuros, o que levou o bronze cerrar os olhos para melhor guardar seu rosto. Ele parava próximo à armadura de Sagitário, removendo os óculos no instante em que as portas se fecharam.

— Algum problema, Seiya? — questionou Nachi percebendo a perturbação de Seiya.

— Não, não é nada. Apenas pensei ter visto alguém conhecido. — comentou Seiya com cenho franzido.

No saguão, o misterioso homem observava a réplica da armadura, a sua seta brilhante apontando para o corredor que levava ao interior da Cúpula do Coliseu da qual já faziam a chamada. Apenas aquele homem restou naquele salão, compenetrado na armadura.

— Então foi aqui que te esconderam? Una mudança allí y otro aquí... no final, es usted mesma... — disse com forte sotaque espanhol para si mesmo, abrindo um sorriso malicioso e recolocando os óculos.Y apesar dos pesares, o Grande Mestre vai adorar saber disso. — e se retirou.

"Chegamos a mais um dia do Torneio Galáctico. A Cúpula do Coliseu está lotada! Pessoas do mundo inteiro estão aqui para assistir esse duelo desses jovens cavaleiros, um evento que é transmitido para todo o mundo via satélite. Um fantástico torneio, sendo a maior competição da história!"

Ecoava o locutor por todo o Coliseu enquanto todos buscavam freneticamente seus lugares. Bandeiras de diversos países eram sacudidas nas arquibancadas quando recebiam um close da câmera.

Logo um som ecoou pelo coliseu com a redoma da cúpula se fechando, e de sua escuridão ser tomada por constelações que nasciam até simular o próprio universo com suas estrelas gigantes e nebulosas. Não um efeito de luz, mas como se fosse o próprio universo trazido para o céu do coliseu. Diversos flashes reluziam registrando aquele momento.

— Já vi isso inúmeras vezes e continuo achando fantástico! — disse o locutor observando aquilo. — Essa garota deve ter gasto os tubos nisso. 

— Não é à toa que ela é a única herdeira dos Kido.— disse o colega comentarista. — Está entre as famílias mais ricas e influentes do mundo, junto com aquele garoto do Mediterrâneo. Família Solo. 

— É simplesmente... divino! — comentou o locutor ainda embasbacado e retomando a narrativa.

Por um breve instante, todo o Coliseu mergulhara às escuras enquanto o céu da cúpula se transformava no espaço sideral, e a atenção era tão grande que nem perceberam a arena estar com a presença dos cavaleiros do Torneio. Sobre eles, aos olhos de todo o público, havia a presença projetada de Saori explicando, tão como no primeiro dia, sobre a lenda dos cavaleiros e da armadura em exposição.

Seiya, meio aos companheiros daquilo que chamava de 'circo', mantinha sua atenção na câmera. Buscava que Seika, por mais uma vez, pudesse vê–lo ali, onde quer que estivesse, e mantinha os olhos fixos, deixando seu rosto ao máximo à mostra para um melhor foco, até que o show encerrasse e as luzes se apagassem, permitindo que saíssem.

Não saíram totalmente, ficando apenas na parte mais 'escura' da arena, longe dos holofotes que piscavam sem parar o centro daquele palco, vazio. Aquilo causou estranhamento em Seiya, voltando–se para o painel, sendo acesos com dois nomes.

"Em breve iniciaremos a luta da noite entre Cisne e Hidra após nosso intervalo comercial"

Seiya se voltou para Arena e viu apenas uma única silhueta, mas não um segundo do outro lado como esperava ver quando de como foi sua luta em que ele e Geki eram apresentados.

— Ichi? Então hoje é dia da luta de Ichi? E quem será seu adversário? — indagou Seiya se voltando para os colegas que se mostravam saber tanto quanto ele, muitíssimo interessados. Alguém, no entanto, riu. — Por que acho que sabe quem é, Jabu?

— Não é muito difícil saber. Cisne, até onde sei, vem das terras geladas da Sibéria e só havia um gaijin entre nós naquele orfanato. Quero dizer, o mais diferente de todos. — e todos o olhavam intrigados, tentando pensar em alguém. — Ele era misturado, meio russo. Isso não lembra alguém?

— Ao acaso está falando do... — dizia Seiya quando sentiu um vento frio cortar o ambiente, percebendo alguns flocos de neve caírem sobre eles enquanto alguém cruzava o corredor e abrindo passagem no grupo. Seiya arregalou os olhos surpreso. — Hyoga? 

— Então se lembra de mim, Seiya? — disse ele se revelando com sua reluzente armadura, com uma tiara que lembrava as asas de um cisne abertas quase fechando em sua cabeça e um emblema das mesmas asas no peito, sobre uma placa que cobria todo o seu tronco até à cintura Os cabelos loiros estavam soltos, caindo sobre os ombros e pescoço. — Não podia deixar de vir, principalmente do que li sobre sua luta. Confesso que estou ansioso para a nossa final. 

— Que convencido... — disse Jabu rindo. — Não está se achando demais acreditando que vá para a final? Não esqueça que existem outros aqui além de Seiya... que somente teve sorte em sua luta. 

— Bom, dentre todos você é quem menos tenho alguma preocupação... Jabu, não é mesmo? — disse Hyoga se voltando para ele e falando de maneira desdenhosa. — Claro. Como poderia esquecer o cachorrinho de Saori...  Talvez devesse esfriar seu ânimo. Por que não vai ver se Saori precisa de alguma coisa? Talvez ela retribua com algo. Afinal, sempre viveu de suas migalhas. — disse gesticulando e criando um fino ar gelado sobre Jabu e rindo, seguindo para arena.

Jabu sentiu vontade de avançar contra Hyoga, mas foi contido por Seiya, Nachi e Shun que se colocaram à sua frente.

— Devo concordar com você ao menos desta vez, Jabu. — dizia Seiya vendo Hyoga seguir em direção da arena. — Ele realmente se acha O Cara.

As luzes que dançavam na arena desapareceram gradualmente, e quando foram novamente focadas estava na apresentação de cada um dos cavaleiros e levantando a euforia do público. Hyoga foi quem mais recebeu assovios e aplausos. Aparentemente aquilo em nada mexia com ele, embora um discreto sorriso surgisse em seus lábios. Por outro lado, Hidra se mostrava realmente indiferente aquilo, mantendo–se parado enquanto observava Hyoga, espreitando–o como uma serpente pronta para dar o bote.

Ichi não era um exemplo de beleza. Tinha um rosto comprido pelo queixo avantajado, deixando a mandíbula um pouco mais para frente. Os seus olhos eram caídos e bem escuros. O cabelo parecia ter sido descolorido, sendo presente apenas no alto da cabeça e descendo pelas costas - corte moicano. As suas mãos tinham unhas grandes e aparentemente afiadas, bem escurecidas, num tom mais escuro que o lilás de sua armadura. Esta aparentava ser escamada com placas sobrepostas no peito e descendo sobre a malha que cobria seu corpo. O seu elmo era  praticamente uma tiara que cobria sua fronte nua e caindo até seu rosto, além de um firmamento no alto da cabeça. Uma pedra brilhante estava no centro do elmo, refletindo as luzes que caíam sobre eles.

— Confiante... Muito seguro de si. Gosto disso! — disse o Cavaleiro de Hidra com uma voz rouca e desdenhosa enquanto seus finos dedos coçavam o queixo. — Então acredita que será aquele a ir para as finais? — e riu debochado. Seus pés passavam um frente ao outro, caminhando de lado de maneira cuidadosa, espreitando Hyoga. — Não acha que está sendo convencido demais? 

— Estou sendo apenas realista. — disse Hyoga mantendo o olhar tranquilo. Observava atentamente os movimentos de Ichi esperando sua iniciativa, sem desfazer o sorriso em sua face.

Ichi moveu os braços, erguendo sua mão direita para o alto, deixando Hyoga alerta quanto ao que seu oponente intencionava fazer. Tão ligeiro quanto uma serpente, investiu contra Hyoga em inúmeros socos, facilmente desviados por ele. Nenhum golpe o atingia, e alguns Cisne utilizava seu escudo à esquerda de seu braço. Numa esquiva que fez Hyoga girar o corpo, buscou atingir Ichi, mas este ‘quebrou’ seu corpo de uma maneira que o golpe nem mesmo o tocara.

“Ele é bem ágil, mas não entendo do porque ele não me atacar diretamente. O que exatamente pretende?”, pensava Hyoga cerrando os olhos e se colocando ainda mais alerta.

— Para quem chegou tão confiante com um sorriso pretensioso, está muito na defensiva... Cisne. — disse Ichi com notório deboche, movendo os dedos como se dedilhasse  no invisível, excitados com cordas invisíveis. — O que foi? Para onde foi toda aquela confiança? Ao acaso está com medo?

— Quem agora está sendo pretensioso, Hidra? — disse Hyoga colocando–se em posição de luta, levantando os dois braços.

Ichi sorriu com aquilo, avançando mais uma vez contra Hyoga, não como na primeira vez. O seu golpe objetivava atingi–lo diretamente agora, mas seu movimento foi ágil o bastante não permitindo o golpe que vinha debaixo atingisse na boca do estômago do siberiano cavaleiro. Hyoga nem mesmo vira que ele desviara seu braço tanto quanto ele esquivou, fazendo–o recuar alguns passos e se apoiando nas correntes da arena.

“Como ele fez isso? Eu nem mesmo vi quando se aproximou, apenas senti seu golpe.”, pensava Hyoga piscando aturdido e se voltando para Ichi, lambendo os lábios como se fosse realmente uma serpente. Tentava se colocar de pé, sentindo uma leve tontura. Ichi novamente investiu contra ele, fazendo um rodopio levantando sua perna para atingir Hyoga, mal conseguindo levantar o broquel de modo a evitar o golpe, sendo jogando para o lado e caindo com um joelho no chão e a outra perna dobrada.

“Hidra abre vantagem sobre Cisne após dois golpes simultâneos. Os seus golpes conseguiram atingir uma velocidade de 80 km/h.

Mas, vejam! Algo está acontecendo a Cisne...”

“O que é isso? O que está acontecendo comigo? Parece que... meus reflexos... ficaram lentos...!”, pensava Hyoga tentando entender o que acontecia. Levou a mão ao peito e fazendo um discreto sinal da Santíssima Trindade antes de se colocar de pé. Observava Ichi fitá–lo, com um largo sorriso no rosto e rindo em seguida.

— O que foi, Cisne? Parece perdido ou algo assim? Ainda tentando entender o que aconteceu?  — Ichi riu. — Certamente está com seus sentidos lentos por conta da secreção expelida em meus golpes. Elas são capazes de desnortear qualquer aquele que a aspira e retardando seus reflexos. 

Hyoga fechou os punhos, compreendendo os movimentos de Ichi serem apenas uma distração para que ele apenas aspirasse seu ‘veneno’. Porém, não podia se dar por vencido, nunca! Buscou centrar–se, principalmente quando o viu Ichi jogando uma das pernas para frente e mantendo o corpo parcialmente de lado. Movia suas mãos de maneira hipnótica, quase que uma dança de serpentes.

— O que Ichi está fazendo? — indagava Seiya observando aquilo, ao lado de Nachi, Shun, Jabu e outros ali próximos. — Ele se move como... 

— Uma cobra. — completou Shun, sem que qualquer um desviasse sua atenção ao que acontecia na arena. — E não é apenas isso. Hyoga parece paralisado, como que hipnotizado pelos movimentos.

 — Hyoga só levará o que merece. — disse Jabu cruzando os braços.

O cosmo de Hidra não era visível ao público, somente os cavaleiros podiam perceber a manifestação do cosmo e sua forma como da constelação protetora, e atrás de Ichi era possível vê–la se manifestando na grande serpente e suas diversas cabeças que surgiam conforme os movimentos das mãos do Cavaleiro. A criatura avançou contra Hyoga, mas longe daquela agilidade de há pouco. Com seus reflexos lentos, não seria capaz de esquivar–se, mas seria capaz de contê–lo.

Hyoga elevou seu braço esquerdo de modo a bloquear o golpe direto de Hidra, e conseguiu. Viu tarde demais o brilho nos olhos do oponente e perceber seu braço escorregar e Hidra ‘serpentear’ de modo a atingir a coxa de Hyoga, na zona protegida somente por sua malha, e três presas cravarem em sua pele. Não houve grito, mas não podia evitar uma careta pela investida.

— Hahaha!!! O que achou disso, Cisne? Essas garras são as mesmas da criatura que deu origem a minha constelação... — dizia Ichi recuando, vendo Hyoga recolher as três presas de sua coxa.  — Ah, devo dizer que elas são venenosas. Ela deixará seus movimentos ainda mais lentos... e assim, eu esfregarei sua cara nessa arena e ensinar um pouco de humildade que lhe falta.

Hyoga apenas cerrou os dentes e os punhos por aquilo. Não havia chegado ali para perder. Havia um dever a ser cumprido e aquele torneio ridículo não poderia ser seu obstáculo.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo:
A luta decisiva de Cisne e Hidra e a chegada de um novo companheiro. Novas revelações surgem e começam a criar a atmosfera de um futuro incerto.



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