[...] E ela viu que a ingenuidade se tornara um pecado. Que as fraquezas e medos eram defeitos graves, que afundavam sua vida em um segundo. E de repente, PUF! Sakura via tudo indo pelo ralo, todas as suas conquistas, sonhos e... Paixões. Grande merda, certo? [...]

As gotas de chuva batiam no teto da van, criando barulhos ruidosos e incomodáveis aos ouvidos de Sakura.

A Haruno olhava através do vidro fumê do veículo, tentando ver algo além do embaço e das gotas de chuva paradas ali. Mas era quase que impossível ver qualquer coisa além disso.

Todos estavam mergulhados no mais profundo silêncio, ouvindo Back In Black que tocava a todo vapor no rádio da van.

No volante, estava Sasuke, na solidão de seu próprio espaço, enquanto Naruto e Itachi ficaram atrás, com as garotas, verificando o equipamento.
Hinata estava sentada mais atrás de Sakura, que se posicionara logo a frente. Ino era a única que preferiu ficar ao fundo do veículo, isolada de todos - como costumava fazer, desde que retornara dos "mortos".

Itachi quebrou a regra de "atos normais", ao bufar e levar as mãos a cabeça, em sinal de frustração.

"Oh-oh", pensou a Haruno, embora nada dissesse.

– O que houve? - questionou Hinata, com o cenho franzido e sua típica voz calma.

– De acordo com o mapa e as instruções deixadas para nós - o Uchiha descansou os braços nas pernas. - Teremos de ir ao Olho De Vidro primeiro.

O ar ficou tenso de repente, e Sakura não conseguiu entender o porque. Ino, mais ao fundo da van, se mexeu desconfortável em seu lugar, descansando a cabeça na janela e pousou seus olhos no vidro, enquanto Hinata cruzava e descruzava as pernas, ansiosa.

– Hm... - começou, ganhando a atenção dos amigos. - O que é o Olho De Vidro?

– Sério que você não sabe? - Naruto sorriu de modo debochado, algo que a irritou profundamente. Entretanto, se conteve para não dar um soco na nuca do garoto e simplesmente esperou que o mesmo lhe dissesse algo útil. - Bom, o Olho De Vidro é meio que uma boate...

– Tá mais para um encontro de poderosos chefões das gangues mais famosas do país - Sasuke sorriu torto, sem tirar os olhos do volante.

Sakura encarou os amigos, com a curiosidade a flor da pele.

– Que seja! - Itachi respirou fundo, claramente impaciente. - O Olho De Vidro é o ponto que não podemos ultrapassar.

– Por que? - dessa vez foi Ino quem perguntou, ganhando um par de olhos ônix voltados para sua direção. Permaneceu com a expressão séria e decidida, ignorando por completo os antigos arrepios que voltavam a surgir. - Há algum acordo ou algo assim?

– Existe - Naruto cruzou os braços, descansando em seu lugar, enquanto a chuva apenas aumentava do lado de fora do veículo. - Pior que existe...

– Nós, os terroristas, não podemos nos misturar com líderes de gangues e coisa e tal - explicou Sasuke, que parecia estar tranquilo com toda a tensão que ganhara espaço por ali. - É uma regra interna que todos tem de cumprir. Até a Akatsuki.

– Vocês não se dão bem? - perguntou Sakura, querendo aprofundar-se naquela questão.

– É meio que lance social e tudo o mais - Naruto deu de ombros, despreocupado. - Eles são uns merdas e nós somos fodas.

Ino riu, assim como Sakura e Hinata. Até mesmo Itachi esboçou um pequeno sorriso de canto, que durou por poucos instantes.

– Se tivermos de ir ao Olho De Vidro, talvez vocês não poderão ir - avisou, como se encerrasse a questão.

– O quê? - a indignação das garotas se fez presente. Por acaso Itachi estava jogando elas para escanteio naquela missão?

Naruto deu um tapinha nas costas do Uchiha, como quem diz "você se fudeu", e sem pré-aviso, se dirigiu ao fundo da van, onde sentou-se no lugar mais afastado e se pôs a ouvir música em seu iPod.

– Por que não vamos ao Olho De Vidro, Uchiha? - questionou Ino, levantando-se repentinamente e assumindo sua postura de barraqueira.

– Porque é perigoso - Itachi balançou a cabeça, considerando aquela discussão desnecessária. - Não vamos discutir isso, tá legal?

– Vamos discutir sim, porque quando você propôs que eu abortasse o meu filho, bem que você quis conversar! - gritou Ino, furiosa.

Sakura e Hinata se entreolharam. Sem palavras conseguiram passar uma para a outra que aquela discussão deveria ser mantida apenas entre aqueles dois. Afinal, em "briga de marido e mulher, ninguém mete a colher", e talvez isso se aplicasse a dois cabeças-duras que criaram um "Relacionamento Carnal" entre eles.

Itachi respirou fundo, baixando a cabeça e encarando o chão do veículo.

– Você não vai querer discutir sobre isso, Ino - falou, lentamente.

– E por que não? - revidou a Yamanaka.

Ambos se encararam por longos instantes.

– Porque você não queria ter aquele filho - disse Itachi, com a voz baixa, para que apenas a loira entendesse.

E prevendo o que aconteceria, Sakura e Hinata sacaram seus revólveres ao mesmo tempo que Ino o fez, apontando diretamente para a cabeça de Itachi.

"E ele nem se mexe", pensou a Haruno, a contragosto, percebendo a tranquilidade do moreno mais velho.

– Você é um hipócrita nojento que só pensa em si mesmo - Ino cuspiu as palavras, mal se importando com os revólveres apontados para ela. Não tirou os olhos de Itachi, por um segundo sequer. - Você acha que está certo em tudo, mas é um merdinha que vive às custas dos pais e de uma culpa indesejável, não é mesmo? Quantas pessoas inocentes você já matou? Quantas mulheres já seduziu? Quantas garotas já engravidou e pediu para que abortasse, seu porra nojento?

Itachi levantou-se, com um sorriso de canto.

– Você não vai querer saber - falou, dando de ombros em seguida. - E se quer tanto atirar, faça isso logo. Um a menos na equipe, uma culpa a mais para você...

Ino pareceu recuperar a razão novamente e baixou a arma, lentamente. Hinata e Sakura fizeram o mesmo, mais tranquilas.

E sem dizer qualquer coisa ou reagir de maneira anormal, a loira sentou-se novamente. Encostou a cabeça na janela e permaneceu assim, sem piscar ou se mexer.

Itachi acabou por sentar-se também, com um bufo de irritação. Sasuke e Naruto não se pronunciaram; um apenas dirigia e o outro, dormia feito um bebê que cresceu demais.

Sakura conseguiu concluir apenas uma coisa; aquela missão seria insuportável naquele clima tenso.

(...)

O Olho De Vidro era um lugar onde apenas os mais poderosos tinham direito de ir. Qualquer terrorista que pisasse lá dentro, de imediato seria morto e seu corpo jamais seria encontrado.

O objetivo naquele lugar era simples; tinham de encontrar Kabuto e arrancá-lo de lá a força, já que o mesmo tinha certa "ligação" com o Pain e era um "filho da puta traiçoeiro", como Naruto fez questão de ressaltar.

Ou seja, nada de entrar e sair despercebido. A questão era sair vivo, ou nada feito.

– Vocês poderiam ficar - sugeriu Naruto, em tom de preocupação. Dessa vez, não houveram respostas grosseiras. Era óbvio que o Uzumaki era sensível a ponto de se preocupar o suficiente com a segurança das garotas.

Ino e Hinata trajavam uniformes idênticos; roupas coladas ao corpo, parecendo perfeitas armaduras, resistentes a qualquer tipo de ataque, nas cores negras e azul-escuras.

Sakura usava um uniforme parecido, com a única diferença de ser da cor roxa e ter balas de revólveres na manga.

Elas estavam prontas para qualquer ataque, afinal.

– Já estamos aqui, baby - Ino prendeu os cabelos em um rabo de cavalo no alto da cabeça. - Não pretendemos deixar vocês na mão.

– Nós damos conta - disse Itachi, com um sorriso de canto. - Ou está com medo de que eu me machuque?

A mão de Ino se moveu com tal rapidez que Sakura conseguiu sentir a dor na face, mesmo sem ter sido ela o alvo em si. Itachi virou o rosto, tal a força utilizada no golpe.

– Cala a boca que eu não estou de brincadeiras com você! - falou Ino, decidida, assumindo a frente das garotas em seguida.

Itachi massageou o lado vermelho em seu rosto, enquanto Naruto segurava o riso e Sasuke revirava os olhos para tal situação.

– Só para esclarecer - Sakura recarregou sua pistola 380. - Por que estamos atrás de Kabuto?

– Porque ele é um agente duplo - esclareceu Sasuke, com um sorriso de canto para a postura firme da rosada, observando-a descaradamente. Sakura ficava realmente sexy com aquela roupa e com aquela fúria contida. - E está indo contra as regras existentes, mandando informações das gangues para o Pain. O Kabuto deve saber sobre os verdadeiros planos e objetivos dele.

– E se ele não souber? - perguntou Hinata, com a sobrancelha arqueada.

– A gente mata ele, gata - Naruto sorriu largamente.

As garotas se entreolharam, mas não contradisseram os rapazes. Sasuke fechou a porta da van, logo que terminou de colocar seu colete a prova de balas e recarregar seu rifle.

– Vamos - disse, tomando a frente.

– Como se ele fosse o líder - resmungou Ino, para Sakura e Hinata, que riram com o mal-humor da amiga.

Estavam em um bairro tranquilo e mal-iluminado, onde becos e caçambas de lixo eram visíveis em vários pontos daquele lugar desconhecido.

O único ponto que entrava em contraste com o restante do breu, por conta de sua iluminação, era o Olho De Vidro.

No final das contas, aquela era uma boate onde apenas granfinos e poderosos se encontravam, para "desestressar".

Algumas prostitutas negociavam com mafiosos, sem pudor algum, enquanto outros indivíduos fumavam ou se drogavam diante da porta principal. Logo que o grupo se aproximou da entrada, Sakura percebeu a maioria dos olhares se voltando para eles.

Sentiu-se desconfortável com aquilo.

Percebeu um braço forte sendo passado por sua cintura e se acalmou de imediato. Sasuke estava ali, ao seu lado, protegendo-a (mesmo que a Haruno não precisasse de proteção).

O Uchiha acenou brevemente para os seguranças da entrada, que estavam muito bem armados por sinal. Sakura perguntou-se como eles não viram as armas que carregavam e de imediato, percebeu que Naruto havia "recompensado" aqueles caros.

Belo jogo.

O interior da boate era pouco iluminado, e lembrava a Sakura o local onde viu Sasuke pela primeira vez; sentiu um leve arrepio percorrer seu corpo com a lembrança, mal contendo o sorriso importuno que surgiu em seus lábios.

Havia dois andares, sendo que o primeiro era composto por uma pista de dança, um bar e pessoas que não paravam de dançar, enquanto o segundo continha mesas e poltronas, sem falar nos granfinos que ali estavam, a maioria com prostitutas em seus colos.

– Ótimo - ouviu Itachi dizer, e não entendeu a príncipio.

Olhou para todos os pontos possiveis, e percebeu que haviam homens de preto observando-os, com armas em suas mãos.

– Merda - sussurrou.

Sasuke deu de ombros, com um sorriso de lado.

– Está com medo? - questionou, ao ouvido da rosada.

– Nem um pouco - revidou, encarando-o brevemente.

– Vamos dar uma volta por aqui - disse Naruto, segurando a mão de Hinata. Logo, ambos sumiram por entre as pessoas, antes que qualquer um pudesse contradizê-los.

Mais afastados do casal, Ino e Itachi olhavam para todos os lugares, menos para a cara um do outro. Por fim, o Uchiha resolveu quebrar o gelo.

– Lembra do nosso primeiro encontro, Ino? - inquiriu, com a voz sedutora.

– Nem tente me seduzir - a Yamanaka foi fria e o encarou com os olhos semicerrados. - Não vai funcionar.

E dando as costas para o moreno, saiu rapidamente do local, decidida. Provavelmente ia até o bar e beberia um bom uísque, até que tivesse alguma ideia do que fazer em seguida.

Ao alcançar o segundo andar, Sakura percebeu, com sua passagem de olhos pela boate, que não era inteiramente proibido entrar armado na boate Olho De Vidro. Não entendeu de imediato o porque daqueles caras estarem ali.

Como se adivinhasse seus pensamentos, Sasuke aproximou-se da rosada, com o semblante carregado de preocupação.

– São das gangues mais poderosas - respondeu, sombriamente. - Eles já nos reconheceram, mas estão hesitando.

– Querem ter certeza - adivinhou Sakura, encarando o moreno.

– É - Sasuke a fitou, percorrendo o corpo da rosada com seus olhos perspicazes. - Deve ser.

Ambos se encararam por instantes, até que Sakura agarrou os cabelos escuros do garoto, e o beijou abruptamente.

O Uchiha a prensou contra a grade do segundo andar, retribuindo o beijo de maneira quente e desejosa, como se Sakura fosse a última coca-cola do deserto.

– Encenação? - Sasuke ofegava ao encerrarem o beijo repentinamente. Tinha um sorriso sedutor nos lábios, o que fez a rosada desejá-lo ainda mais.

– Não sei - falou, sem tirar os olhos esmeraldinos dos ônix do moreno.

Sasuke desviou os olhos de sua garota por um momento, voltando-os para a pista de dança. Naruto e Hinata riam, alheios a qualquer perigo, enquanto os caras de preto começavam a seguir até ambos, abrindo caminho por entre a multidão.

Sakura percebeu a agitação e puxou sua 380, sentindo a adrenalina percorrer seu corpo.

– Eu encontro ele - decidiu, sob o olhar ansioso de Sasuke.

Antes de a libertar, selou seus lábios aos dela mais uma vez, soltando-a em seguida e permitindo que a Haruno saltasse da grade graciosamente, e pousasse na pista de dança como uma felina, correndo até os homens de preto.

Estes a avistaram e parecendo desistir de atacarem Naruto e Hinata, seguiram em direção a rosada, apontando snipers na direção dela.

Sasuke apontou seu rifle na cabeça de um dos caras, mas desistiu na última hora. Não poderia proteger a Haruno para sempre.

Viu quando a rosada saltou para uma das mesas e lançou a mesma na direção dos homens, com graciosidade. Dois dos cinco foram ao chão, sob o impacto recebido. Os outros três continuaram avançando, chamando a atenção de várias pessoas, que pararam para assistir ao ocorrido.

Hinata e Naruto haviam desaparecido de vista, e Sasuke ponderou mentalmente que ambos deveriam ter ido atrás de Kabuto.

Frustrou-se pela situação estar tão fora de controle. Caso uma das garotas se ferissem...

Mas esse pensamento sumiu de sua vista imediatamente, ao ver Ino espancando outros três caras, completamente sozinha contra eles.

Certo, aquelas garotas eram duronas.

Saltou a grade, ao avistar mais caras surgindo de todos os cantos, preparou seu rifle e iniciou a verdadeira festa.

Atirou na cabeça de cinco, com uma velocidade anormal. Os corpos foram ao chão, como verdadeiros sacos de batata. Outros seis caras foram até ele, atirando loucamente. Sasuke lançou-se para o chão, ouvindo garrafas e mesas quebrando, e gritos femininos percorrendo o ar.

Merda. Sabia que invadir o Olho De Vidro traria problemas.

Lançou-se para trás do balcão, onde encontrou o barman apontando uma pistola para ele.

– Uchiha, não é? - debochou ele, com um sorriso louco.

Sasuke ofegava, e sem esperar, puxou uma das garrafas de vidro que estavam guardadas ao seu lado, e lançou na direção do cara. Este desviou, mas não rápido o suficiente para o tiro certeiro que acertou seu pescoço.

Itachi corria por entre os corredores da boate, sendo perseguido pelos caras, que estavam determinados a destrui-lo. Sua munição havia acabado e precisava de uma arma decente no momento.

Se lançou para dentro de um dos quartos, fechando a porta. Ignorou o grito feminino da prostituta que estava na cama com um dos granfinos, e logo que a porta foi arrombada com um chute e vários homens adentraram o cômodo, o Uchiha lançou-se pela janela, ouvindo os tiros estrondosos.

Caiu no teto de um veículo, sentindo suas costelas latejarem. Fez uma careta de dor e viu os caras colocando as cabeças para fora das janelas, em seguida apontando suas armas para o Uchiha. Logo, Itachi rolou para o lado, indo parar atrás do carro.

Um SUV preto.

Os tiros soaram, atingindo em cheio o veículo, milhares de vezes. Itachi trincou os dentes, e percebendo a pausa, resolveu se arriscar.

No final das contas, sua vida era a base de riscos.

Passou pelo capô do carro, como um foguete, e novamente os tiros recomeçaram após sua passagem. Itachi adentrou a boate mais uma vez, mancando por conta da queda.

Percebeu o caos que se instalara, e decidido a conseguir uma arma, puxou o primeiro chefão que viu a sua frente, e acertou a cabeça do mesmo na parede, apossando-se da arma que o estranho carregava. Chutou o corpo incosciente para o lado, e ao avistar o primeiro homem de preto, atirou nele.

Enquanto isso, Hinata e Naruto estavam com grandes problemas.

Além de caras, prostitutas disfarçadas estavam entre os atiradores, querendo a todo custo acertar o casal.

Naruto apontou sua sniper para um dos caras, acertando-o em cheio. Voltou para o lado de Hinata, que recarregava sua 9mm para voltar a ativa.

– E onde está esse tal Kabuto? - questionou a Hyuuga, com impaciência, voltando a atirar sem cessar e voltando a posição inicial para se defender dos tiros.

Ambos estavam atrás de uma coluna, que recebia as balas diretamente. Por sorte, era forte demais para que os ataques ultrapassassem e atingissem os dois em cheio.

– Eu não sei! - Naruto atirou mais algumas vezes, antes de retornar para encarar a morena. - Se eu soubesse, acha que estaríamos nessa roubada?

– Não sei! - gritou Hinata, frustrada, dando as costas para o Uzumaki e se esgueirando pela coluna, para atacar mais algumas vezes.

Corpos percorriam o corredor, enquanto marcas de balas e sangue eram vistas nas paredes. Os caras se escondiam por entre as paredes do local, desviando de todos os ataques, igual a Naruto e Hinata.

– Hora do show - o loiro tirou uma granada do bolso e puxou o pino com os dentes, fazendo a garota arregalar os olhos. E rapidamente, o garoto lançou a bomba na direção dos caras, voltando a posição inicial para abraçar Hinata no exato momento que a explosão chacoalhou o lugar.

Ofegantes, ambos se esgueiraram para o corredor, saindo do esconderijo cuidadosamente. Fumaça era vista a frente deles, inebriando o lugar. Ambos se entreolharam e com apenas um olhar, decidiram percorrer outro caminho.

E assim fizeram.

Seguiram pelos corredores da boate, nos fundos do estranho e misterioso Olho De Vidro, buscando qualquer pista que levasse a Kabuto.

Mas nada existia ali, senão canalhas mafiosos, líderes de gangues e poderosos corruptos, que tentavam matá-los e almejavam isso, entretanto não tinham sucesso e eram rapidamente apagados do mapa, tanto por Hinata, quanto por Naruto.

– Se tudo bater - a Hyuuga encarou o Uzumaki, depois de uma rápida averiguada pelos quartos. - Kabuto deveria estar aqui.

– Ele vem todas as noites - disse uma voz às costas de ambos.

Hinata virou-se, pronta para atirar, mas visualizou uma garota de cabelos escuros, curvilínea e com roupas provocativas. Franziu o cenho, sem deixar sua guarda baixa.

– Quem é você? - questionou, inquisitiva.

– Guren - respondeu, mexendo em seus cabelos, tranquilamente. - E antes que pergunte, sim eu tinha um caso com o Kabuto. Ganho para isso, queridinha.

– Ele veio hoje? - Naruto tinha uma das sobrancelhas arqueadas. - O Kabuto?

– Não - Guren deu de ombros. - Deve ter sido morto ou algo assim.

Hinata e Naruto se entreolharam. Tinham ido até aquele lugar para nada? Mas antes que pudessem deixar Guren para trás, a mulher aproveitou-se do minuto de distração e chutou a sniper de Naruto para longe, desviando dos tiros de Hinata como uma gata, e chutando a face da Hyuuga em seguida.

– Hinata Hyuuga - murmurou, em tom debochado. - Esperava muito para encontrá-la...

Porcaria, pensou a morena, encarando Naruto por um momento. O loiro pareceu atordoado por breves instantes, mas logo se ergueu em um salto, pegando sua sniper novamente e apontando para a estranha garota.

Hinata puxou sua 9mm, furiosa. Já ouvira falar de Guren e concluiu que, por mais estranho que fosse, as melhores agentes malignas estavam atrás dela, por algum motivo sobrenatural.

– Naruto - falou a Hyuuga, sem tirar os olhos de sua mais nova oponente, que exibia uma expressão de puro sárcasmo em sua face. - Continue com a missão e ajude os outros no que for necessário. Tenho contas a acertar por aqui.

– Tem certeza, gata? - o Uzumaki analisou a situação com certa preocupação.

Hinata assentiu brevemente, decidida. Teria de eliminar Guren de seu caminho, para poder continuar, e isso significava exterminar aquele problema.
Naruto suspirou e acabou por dar meia-volta no corredor, voltando ao mar de destruição que havia por ali.

Torcia para que a morena sobrevivesse aquele combate.

(...)

Sakura atirou em mais granfinos que surgiram a sua frente, determinada a destruí-los. Nenhum sinal de Kabuto, o que a frustrou ainda mais.

Sasuke surgiu em seu campo de visão, acertando seu rifle na cabeça de um de seus oponentes, como um verdadeiro assassino.

Ops, ele era um.

– Algum sinal do alvo? - a Haruno ofegava, recarregando sua 380 mais uma vez.

– Não - Sasuke mirou seu rifle e atirou por cima do ombro da rosada, que permaneceu tranquila perante aquela atitude. O homem que planejava atacá-la por trás, caiu morto no chão, em meio a tantos outros cadáveres. - Mas temos que achá-lo.

– Isso eu já sei - Sakura girou seu revólver, atirando em outro oponente, sem tirar os olhos de Sasuke. - E espero que seja logo. Já estou cansada de matar.

O Uchiha sorriu de canto, como se debochasse de tais palavras proferidas pela garota.

– Eu já estou acostumado mesmo - o moreno virou-se repentinamente, chutando no peito um dos homens de preto, lançando-o para trás. Com uma velocidade anormal, atirou no alvo três vezes seguidas, perfurando os orgãos vitais do estranho, matando-o por fim. Soprou a ponta de seu rifle, o que fez Sakura revirar os olhos.

Naruto surgiu no andar de cima, e gritou como um louco.

– Kabuto não veio hoje! - informou, ofegante. - E Hinata está lutando com Guren!

– Quem é Guren? - Sakura encarou Sasuke, curiosa. Sendo tão "bem-informado" como ele era, provavelmente o moreno a conhecia.

O Uchiha arqueou uma das sobrancelhas para a garota.

– Guren? - riu, dando de ombros. - Não conheço.

– É a prostituta dele - esclareceu o Uzumaki, voltando seus olhos para algo ao seu lado.

– Ah... - a Haruno voltou-se para Naruto, mas este já havia sumido do segundo andar, provavelmente lutando contra alguns caras. Voltou seus olhos para Sasuke. - Droga. Se Kabuto não veio hoje, é melhor reunirmos os outros e irmos embora. Podemos tentar outro dia...

– Se Kabuto não tivesse vindo - começou Sasuke, pensativo. - Acha que a prostituta dele teria dito isso?

Sakura franziu o cenho, ponderando mentalmente as palavras do moreno. Encarou-o em seguida, entendendo por fim o que ele queria dizer.

– Ela teria dito o contrário, para nos manter aqui e dar tempo para ele fugir! - adivinhou, fazendo com que Sasuke assentisse. - Isso significa que Kabuto veio, e está escondido por aqui! - o moreno sorriu de lado e a beijou brevemente.

– É por isso que gosto de você - E sem acrescentar mais nada, saiu dali, parecendo decidido a agir de sua maneira.

Sakura permaneceu no mesmo lugar, absorvendo as palavras do moreno. Um pequeno sorriso perpassou seus lábios, mas não permitiu que a distração tomasse conta dela. Balançou a cabeça e seguiu no encalço do Uchiha, objetiva.

(...)

Ino sangrava sem cessar.

O desespero a consumia incansavelmente, pois aquele ferimento precisava de cuidados urgentes.

Tinha sido baleada em um instante de distração, o que foi uma irresponsabilidade sem tamanho de sua parte.

Quando ouviu um choro de criança, em um dos corredores da boate, pensou que fosse real e se prontificou a ajudar o desconhecido, mesmo não sabendo quem era e do que precisava.

Grande erro.

Um dos caras surgiu e aproveitando a distração da loira, acertou um tiro em sua barriga, fazendo-a gritar de dor e ir ao chão. Ino conseguiu repelir mais tiros, lançando uma granada na direção dos caras, que morreram ali mesmo, a sua frente.

– Só serviram para me ferir - murmurou, irritada. Rasgou um pedaço de um lençol que encontrou no chão e prensou contra a ferida.

Tiraria a bala de fúzil depois.

No momento, encontraria Kabuto e daria um jeito de tirar aquele cara de seu esconderijo - já pensava evm mil e uma maneiras de torturar o crápula até que este abrisse o bico.

Com apenas sua Glock, atravessava a desordem sem tamanho do Olho De Vidro, atenta a qualquer ataque repentino.

Um tiro já era o suficiente por um dia.

Matou mais alguns caras em seu caminho, e continuou sem parar. Aquela aventura estava cansando-lhe, e deixando-a péssima.

Quando pensava em desistir, viu uma figura diferente virar o corredor. Um cara de cabelos cinzentos e óculos com aros de tartaruga, seguiu em sua direção, mas parou de imediato, assustado.

Ino arregalou os olhos, vitoriosa. Sorte minha, pensou, reunindo coragem e correndo até o homem.

Este despertou de seu transe e começou a fugir, virando o corredor no sentido contrário. Ino não cessou sua troca de passos, lembrando mentalmente de como se corria.

Esquerda, direita. Esquerda, direita. Esquerda, direita.

Suas pernas obedeceram, atingindo uma grande velocidade para uma garota baleada. Ino não perdeu o alvo de vista por um minuto sequer, e quando começava a se cansar, não hesitou em mirar nas pernas do rapaz e apertar o gatilho.

O estouro soou e no mesmo instante, o cara caiu no chão, gritando de dor.

– Não me mate! Por favor! - berrava, desesperado.

Falso, com certeza.

– Não vou te matar, cara - Ino estava ofegante ao aproximar-se da figura, determinada. - Mas não prometo que serei boazinha.

(...)

Desviou das facas que seguiam em sua direção e em um salto, pulou para a morena e a puxou pelos cabelos, dominando a luta.

Hinata bateu a cabeça de Guren na parede, sem cessar, querendo acabar com aquela troca de golpes cansáveis, de uma vez por todas.

Quando o sangue escorreu pela nuca da garota, Hinata a soltou na mesma hora, como se a moça fosse leprosa.

Afastou os cabelos do rosto, respirando com dificuldade. Guren foi até mais fácil de se deter do que Konan, e menos doloroso do que quanto.

Recolheu sua 9mm, ainda ofegante. Caminhou mais um pouco, apanhando as facas no chão, deixadas por Guren.

Aproximou-se do corpo inerte da jovem, verificando a pulsação.

Ainda está viva, pensou com desgosto.

Levantou-se e puxou sua 9mm, colocando-a na testa de Guren, e reunindo coragem para apertar o gatilho.

Suspirou, fechando os olhos. Pressionou os dedos e...

O estrondo cresceu aos seus ouvidos, e por alguma razão, lágrimas desceram por seu rosto.

Merda, pensou.

Havia matado Guren, havia encerrado aquela luta para sempre. Não haveria riscos de um novo acerto de contas, porque o final já tinha sido determinado ali. Entretanto, sentia-se péssima.

Tinha matado uma garota "sem vida", uma garota que não possuía nada a não ser ela mesma, e um vagabundo chamado Kabuto.

De acordo com Guren, ela mesma havia matado seus pais, quando jovem, depois de surtar por seu Transtorno de Bipolaridade.

E, infelizmente, sua família tinha se encerrado ali.

Hinata saiu daquele corredor, a passos vacilantes. Seu corpo doía depois da surra levada, e precisava de descanso.

Atravessou os locais repletos de destruição, a lentos passos. Alcançou o centro da boate, encontrando o vazio, simples e único.

Nenhum sinal de ninguém.

Decididamente, a Hyuuga havia perdido algo.

Buscou por todos os cantos e recantos daquela boate, por algum sinal de seus amigos. Por fim, encontrou-os reunidos com um cara amarrado, e sorrindo aliviada, constatou que era Kabuto.

– Ei! - Naruto a puxou para um forte abraço, demonstrando toda sua preocupação. - Você está bem?

Hinata assentiu brevemente, fechando os olhos por poucos segundos. Ao abri-los, visualizou Ino, tremendo nos braços de Itachi, e percebeu que algo estava errado.

– O que houve? - questionou de prontidão, ao se separar do Uzumaki.

– Ela foi baleada - respondeu Sakura, pesarosa.

– Esse não é... O maior problema... - sussurrou a Yamanaka, com a voz fraca. Agarrou-se aos braços fortes do Uchiha, encarando Itachi pela primeira vez em dias.

Pelo menos, verdadeiramente em dias.

– Ino tem razão - Sasuke tomou a frente, determinado. Encarava Kabuto com repugnância, já que este se mostrava inferior ao Uchiha, amarrado até os tornozelos e com uma fita prendendo sua boca. - Vamos interrogá-lo na van. Temos de sair daqui antes que mais canalhas venham atrás de nós.

Todos concordaram e Sakura sentiu um aperto preencher seu coração. Ino não estavam nada bem e precisava de cuidados médicos.

Entretanto, caso a levassem para um médico, todos reconheceriam a jovem e concluiriam o que estava acontecendo, sem falar que havia o risco da Akatsuki atacar Ino e matá-la no hospital.

Sempre podia esperar-se o pior, certo?

E com tais pensamentos, Sakura decidiu uma coisa; ela mesma tiraria a bala do interior da amiga, por mais doloroso que isso fosse, tanto para a Haruno, quanto para Ino.

E quando tudo parece sob controle, uma merda resolve acontecer...