Minha Amada Vítima 2 escrita por Livia Dias


Capítulo 16
Incondicionalmente


Notas iniciais do capítulo

Hellooo *-* Bianca está na área! Saudades da fic?

Novamente, nos desculpem. Acabamos (Manu e eu, super-inocentes) atrasando o Cronograma de Fanfics da Livi (diga-se de passagem, ela ficou maluca nesses dias por conta disso) e tudo virou uma bagunça. Sem falar que tínhamos esse capítulo praticamente pronto no PC, mas não conseguíamos terminar por conta de um sério bloqueio '-'

Mas ontem conseguimos acabá-lo, e hoje estamos postando õ/

Não é o que vocês esperavam, óbvio, porque acho que com o nosso modo louco de escrevermos esta história vocês não esperam mais nada '-'

Enfim, agradecemos aos novos leitores que têm mandado opiniões para nós! E claro, aos antigos, que continuam conosco até hoje :3 Muito obrigada, meninas! Vocês tornam nossos dias chuvosos, cada vez mais ensolarados (Manu provavelmente diria: Para de viadagem, Bia).

Ah, e perceberam a nova capa e sinopse? Graças ao lindo trabalho da Larissa do Sweet Madness Design, tanto a capa dessa temporada, quanto a da anterior, ficaram prontas em pouco tempo, e já colocamos no ar. Sério, eu amei essa capa! E vocês?

A nova sinopse foi modificada ontem, porque queríamos dar um ar mais misterioso (e venhamos e convenhamos, ficou um pouco melhor agora).

Antes de mais nada, o capítulo é totalmente Inotachi :) Não nos matem!

Boa Leitura!

— Bianca, Manu e Livia (Fanáticos Por Fanfics).



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A noite fria não impossibilitava que diversos moradores fizessem passeios pelos restaurantes e bares de Mito, uma pequena cidade agradável e aconchegante.

Seus passos lentos e a calma que transmitia, tornavam Itachi apenas mais um turista que enfrentava o forte frio corajosamente.

As ruas quase desertas, mas bem iluminadas tanto pelos postes de luz, quanto pelos pontos de comércio, não tornavam tal caminhada desinteressante. Aliás, Itachi não estava ali a passeio.

Com a deixa de que Sasuke retornaria à Tóquio para rever Sakura, e Naruto localizaria Hinata em busca de novas informações, o Uchiha mais velho se viu livre para resolver questões antes adiadas por ele.

O rastreador que havia criado, meses antes, com o intuito de perseguir a Haruno onde quer que ela fosse (o qual, não tivera chance de usar), estava sendo útil naquele momento. Necessariamente, não estava usando-o na intenção de matar alguém e sim descobrir o paradeiro de certa pessoa, que há tempos o atormentava.

Tirou o celular do bolso, acompanhando um minucioso ponto no mapa, iluminar-se a cada instante, avançando para um local a algumas quadras dali.

O fustigante vento açoitava seus cabelos escuros, algo que o incomodou perante os breves instantes que se manteve parado. Enfiou o celular no bolso novamente, firme em sua mão, e tornou a caminhar com as mesmas passadas lentas de outrora.

Passou por um barzinho movimentado, onde bêbados riam e erguiam seus copos, soltando exclamações de “O mundo acaba hoje! Um brinde ao caos!”.

Itachi atravessou um beco deserto, sabendo que era o caminho mais rápido para alcançar o local onde seu alvo estaria.

Avistou o letreiro bem iluminado, onde em letras garrafais piscava “The Sheet”, o nome do mercado mais frequentado de Mito.

Atravessou a rua, onde poucos carros passavam àquela altura, e seguiu pelo estacionamento vazio, até as portas do mercado.

Um sininho tocou em algum lugar, anunciando sua chegada. Colocou as mãos nos bolsos novamente, sendo observado atentamente por um jovem com fones de ouvido, que mascava chiclete atrás do balcão de atendimento.

Nenhum dos dois pronunciou qualquer palavra, e Itachi agradeceu mentalmente por tal. Taciturno como era passou pelo balcão e se dirigiu até as prateleiras, fingindo buscar algo.

Quando o atendente voltou sua atenção para algo mais interessante, o Uchiha tirou o celular do bolso e visualizou o mapa.

Duas prateleiras.

Deu a volta, pelo fundo do mercado, cuidando para que seus passos fossem silenciosos. Seu coração permanecia estranhamente descompassado, e por um instante ele nada viu.

Logo que virou o corredor, no entanto, cessou com suas largas passadas. Fixou o olhar na figura virada de costas para ele, avaliando alguma coisa longe de seus olhos.

Os cabelos loiros permaneciam bem cuidados e sedosos, caindo como cascata por suas costas. Usava os típicos sapatos de salto, e trajava jeans e uma jaqueta comum.

Aproximou-se, lentamente, e a figura permaneceu no mesmo lugar, sem nem ao menos percebê-lo.

Uma pisada mais forte, a garota se virou de imediato, os cabelos encaracolados sacudindo aos lados de seu rosto alvo.

Tarde demais, tirou uma pistola do coldre preso à cintura; mas Itachi simplesmente virou seu pulso e lhe deu uma ágil rasteira, derrubando-a no piso do corredor e se colocando por cima.

Sendo um dos últimos corredores, o balconista não teria visão alguma do que ocorria ali, algo que coincidentemente viera bem a calhar.

– Sem armas, Yamanaka. – sussurrou próximo de seu ouvido. Tirou a pistola de sua mão, fazendo com que Ino emitisse bufos de plena fúria.

– O que está fazendo aqui? – sibilou a loira, os lábios vermelhos movendo-se perigosamente próximos de Itachi, que os observava com um sorriso de canto. – Eu posso te matar se eu quiser...

– Você não faria isso – garantiu o Uchiha, divertindo-se com a irritação de Ino. – Aliás, temos tantas coisas a acertar, que você sequer cogitará seriamente tal hipótese.

A loira o encarava com seus orbes azuis, como o lápis-lázuli, de uma forma tão firme e decidida que deixou Itachi, de certa maneira, incomodado. Esperava que uma boa conversa surtisse algum efeito na Yamanaka.

– Se você prefere apostar em si mesmo – sussurrou Ino, com um sorriso irônico. – Não me responsabilizo pelas consequências...

Ambos se encararam com firmeza, até o moreno erguer-se, oferecendo a mão para que a loira se levantasse. Ela o ignorou completamente, fazendo-o rir.

– Não precisa fingir que é um cavalheiro – murmurou Ino, sacudindo graciosamente seus cabelos encaracolados. – Sei que você não é.

– Esqueci que você detesta caras gentis – desdenhou Itachi, recebendo um gesto nada gentil por parte da loira. Riu consigo mesmo, enquanto a seguia para a saída do mercado.

O jovem balconista continuava distraído, mal percebendo a saída dos dois.

Logo que alcançaram a rua gélida, Ino iniciou passos apressados em direção à parte mais escura daquele bairro. Itachi a acompanhou, observando cada canto minuciosamente.

Certamente, que por ali haveria alguns agentes da Akatsuki. No entanto, se disparos e explosões ainda não foram iniciadas, significava que ou Ino estava sozinha naquele momento, ou os inimigos estavam aguardando o momento mais propício para eliminar o Uchiha.

Viraram a esquina, até o beco pelo qual Itachi seguira mais cedo, e após mais alguns passos, Ino virou-se para o moreno. Seus olhos azuis emitiam uma áurea indefinida ao rapaz.

Não era o mesmo olhar de meses atrás, da garota que sonhava em ser uma renomada estilista. Aqueles olhos possuíam uma decepção beirando ao desespero.

– O que temos para acertar? – sua voz fria não indicava fragilidade alguma, algo que poderia facilmente acobertar o que Itachi já percebera. – Que eu saiba meu lado já não é o mesmo que o seu há muito tempo...

Itachi colocou as mãos nos bolsos novamente.

– Eu sei.

– Então por que continua insistindo? – a impaciência da loira mostrou-se maior do que anteriormente. – Se o Pain ou os outros o encontrarem...

– Não me diga que está preocupada comigo. – debochou, fixando seus olhos negros nela com mais firmeza.

Por um instante, ela vacilou. Desviou o olhar, e satisfeito, o Uchiha constatou que a Yamanaka estava corada.

– Claro que não! Prefiro que morra de uma vez, se for para correr atrás de mim o tempo todo. – empinou o nariz e cruzou os braços, como se tal fala fosse sua cartada final para aquela discussão.

Porém, Itachi não se abalou nem um décimo. Permaneceu sério e tolerante, mesmo que seu corpo já não suportasse tal proximidade com a jovem sem reagir.

– Sei que você mentiu. – disparou ele, sem rodeios. Ino arregalou os olhos, incrédula, denunciando que de fato, não esperava por essa atitude. – Naquele dia, quando fomos levados pela Akatsuki. E você se juntou ao Pain.

– Pain... – Ino murmurou, surpreendendo ao Uchiha e fazendo com que o líder dos capangas sorrisse sadicamente. – Não conte a... Ele.

– Ah, que pedido comovente, lindinha – Pain fez um sinal, e a alavanca foi mais uma vez virada para baixo, fazendo com que Ino caísse no tanque com água novamente. O homem fez pouco caso da tortura da Yamanaka, e fixou seus olhos repletos de maldade, em seu antigo amigo. – Mas infelizmente, não posso fazer isso. Está na hora de você conhecer a verdade sobre Ino Yamanaka, Uchiha.

Itachi cerrou os punhos, enquanto Ino tentava impedir a catástrofe que estava por vir.

– Que verdade?

Pain riu com a ironia e sarcasmo estampadas em seu semblante.

– A verdade, ora essa. Sobre seu amor passado... Sobre Ino... Sabia que essa loirinha aqui estava envolvida no incidente que destruiu sua vida?”.

A loira baixou os olhos, uma batalha ocorrendo em sua mente atribulada. O passado de Itachi era tão doloroso, tão sofrido, que a dor em seu peito se intensificou. Ele não deveria estar ali, para começo de conversa. Deveria ter se esquecido dela, já que as palavras ditas por Pain – uma história trágica e horrível -, onde a Yamanaka protagonizava um homicídio perfeito, seria suficiente para afastar o Uchiha de sua vida para sempre.

– Eu não menti. – ela cerrou os dentes, mas seus olhos diziam o contrário. Itachi a encarava, sem emoção alguma, lembranças jorrando por sua mente.

– Ino... – o moreno fechou os olhos por um instante, pensativo. – Você sabe sobre o meu passado. De alguma forma, descobriu cada detalhe. E agora, está agindo como se realmente fizesse parte de algo que acabou com a minha vida, apenas para que eu fique longe de você. Que eu te odeie e sinta repugnância pelo seu nome. Mas não estou sentindo nada disso, o que significa que seus planos falharam.

A Yamanaka ofegava desesperada por uma solução. Encostou-se à parede gelada do beco, envolvendo seus braços e se encolhendo em um casulo imaginário.

Queria desaparecer dali.

– Por favor, Itachi... Não... – implorou, destruindo as barreiras frias que tinha montado ao seu redor. A frágil Ino se libertou, colocou-se para fora sem outras opções. – Não se meta nisso.

Itachi riu, com escárnio.

– Como não quer que eu me meta nisso? É a minha vida! – mexeu em seus cabelos negros, buscando paciência. Afastou as mechas que caíam por sua face, respirando fundo. – Eu só quero a verdade. Quero que a verdadeira Ino fale comigo. Não uma cópia de beleza ou uma traidora. Será que é pedir demais, depois de tudo o que passamos?

Ino o encarou, as primeiras lágrimas escorrendo por sua face. Eram tão sinceras quanto às palavras que jorraram de sua boca, sem controle algum. Uma fúria repentina a consumiu, indicando a mágoa que se assentara em seu peito, durante os longos meses que se passaram.

– O que passamos Itachi? Noites desenfreadas em um motel? Não me faça rir! Está se fazendo de santo, exigindo a verdade como se a sinceridade fizesse parte de sua vida! Nós dois mentimos sobre tudo! E agora, é tarde demais para haver consertos. – Ela secou as lágrimas com as costas da mão, tentando inutilmente se fortalecer mais uma vez. – Daqui alguns dias tudo estará acabado... Então não faz diferença alguma agora.

Virou-se de costas, tentando escapar dali. Entretanto, Itachi foi mais ágil, e a puxou de volta, para perto dele. Não a feriu, pois a loira não hesitou em recorrer aos seus braços. Estava realmente desesperada, indicando que os meses anteriores foram tão difíceis para ela, quanto para ele próprio.

– Vamos resolver tudo – murmurou o Uchiha, como uma promessa. A garota se encontrava aos prantos, abraçando-o com força. – Eu quero resolver tudo entre nós. Por isso não tente me afastar, porque eu sei que você precisa de mim, tanto quanto eu preciso de você.

Ela apertou a camisa dele, soluçando sem qualquer controle. Sentia tanta falta do Uchiha, que chegava a doer em seu peito. No fundo, gostaria que as coisas tivessem seguido rumos diferentes, e que houvesse alguma chance de tudo acabar bem.

– Eu não sei se quero resolver tudo – Ino afastou-se do moreno, tentando inutilmente controlar o choro. – Talvez seja melhor você acreditar que eu seja ruim... E que realmente estraguei sua vida.

Itachi ergueu o queixo da jovem, obrigando-a a fitá-lo nos olhos. Era óbvio que ela mentia, e que estava tentando afastá-lo de qualquer jeito. Ele sabia que corria perigo – que talvez, a Akatsuki estivesse espreitando-os -, mas não se importou.

Morreria feliz, se ao menos tivesse a chance de ficar com Ino uma última vez, de protegê-la, mesmo que ela não precisasse de sua proteção.

Ele queria fazer as coisas certas dessa vez.

“- Você tem uma missão, Itachi. – Fugaku estava sentado em frente à sua escrivaninha, no escritório. Como sempre, estava cercado de papéis e contratos importantes, com as cortinas cuidadosamente cerradas às suas costas, impossibilitando que qualquer raio de sol penetrasse naquele recinto.

Itachi, o herdeiro mais velho dos Uchiha, colocou as mãos nos bolsos, sem expressar qualquer objeção àquela oferta. No auge de seus dezoito anos já realizava diversas missões designadas pelo Grupo Uchiha, e era o mais indicado para se tornar o sucessor de Fugaku.

– Que missão? – sua voz ecoou lenta e tranquila.

O patriarca dos Uchiha estendeu um arquivo, uma resposta silenciosa. Madara, ao fundo do escritório, soltou uma risada de desdém, como se algo específico (além de lustrar suas armas ou trabalhar em novos explosivos) o divertisse naquela manhã.

Itachi ignorou o raro bom humor do tio, e resolveu analisar o arquivo que continha sua missão.

Abriu o envelope escuro, e tirou de lá documentos, fotos e fitas. Seu pai o encarava atentamente, enquanto ele lia calmamente seu objetivo.

– Matar a filha de Orochimaru? – questionou Itachi, achando graça.

Orochimaru era um dos principais fundadores da Legião, uma organização especializada em exterminar terroristas. Obviamente, esta era oculta do restante da sociedade, e outros membros permaneciam com suas identidades preservadas (na opinião do Grupo Uchiha, não por muito tempo).

– Eu também achei ridículo, querido sobrinho. – intrometeu-se Madara, o cigarro pendendo entre os dentes, enquanto estendia o isqueiro para acendê-lo. Soprou a fumaça, aliviado por ter um pouco de nicotina em seu organismo. – Seria melhor cortar o mal pela raiz, não quebrar um de seus galhos.

Fugaku fechou os olhos, balançando a cabeça negativamente.

– Vocês não pensam além, pelo que vejo. – concluiu veemente. – Quando um pai perde seu filho, é certo que o choque, afeta mais do que qualquer golpe desferido em si mesmo. Para dominar o oponente, é necessário que ele nos tema. E para isso, temos de implantar o choque, de um jeito, ou de outro. O Grupo Uchiha trabalha desta maneira, e espero que você entenda nossos princípios, Itachi, se quiser me suceder nos negócios.

O Uchiha anuiu, concordando com seu objetivo. Madara, no entanto, afirmou que aquela missão era uma tremenda perda de tempo, e que o mais proveitoso seria jogar pôquer em um cassino da esquina.”

Tayuya era sua vítima naquela época, a missão que o promoveria dentro da corporação. Mas, logo que a conheceu, percebeu quão difícil seria concluir sua tarefa.

Da mesma forma que Sasuke agora, Itachi havia se apaixonado por aquela que deveria morrer em suas mãos. E o pior; ela esperava um filho seu.

Com a falta de opções favoráveis, optou por desistir daquela loucura. Afinal, se convencesse seus pais, poderia ter a ruiva e seu filho junto dele mais tarde, sem qualquer empecilho.

Porém, logo que desistiu de sua tarefa (tendo uma discussão com seu pai, que quase rendeu sua vida) e planejava retornar para Londres, onde Tayuya comprou uma casa na época, percebeu que já era tarde demais para ter qualquer família.

A jovem filha de Orochimaru tinha sido assassinada misteriosamente, e seu filho, por ser tão prematuro, não sobrevivera.

Itachi acusou seu pai pela tragédia, crendo que o mesmo havia ordenado para que Tayuya fosse eliminada. No entanto, Fugaku afirmou que não fizera nada, e que seus planos já tinham mudado há muito tempo com relação a desestruturar Orochimaru.

Na época, o Uchiha se recusou a acreditar nas palavras de seu pai, e por pouco não cometera uma loucura; pensando em seu irmão e em sua mãe, resolveu voltar à sua antiga vida, e esquecer tudo.

Com o tempo, as missões e as tragédias ocasionadas pelo Grupo Uchiha subiram sua cabeça, e cada vez mais Tayuya e seu possível filho, tornavam-se apenas boas e passageiras lembranças, de um tempo que nunca mais voltaria... Pelo menos era isso que Itachi pensou, antes de Ino entrar em sua vida e trazer de volta amargas recordações.

Quando descobriu que a Yamanaka estava grávida, imaginou que se a mesma abortasse a criança, não teria o mesmo destino que Tayuya; que talvez, ela pudesse permanecer ao seu lado.

E este foi seu erro, acreditar que o mesmo se repetiria mais uma vez.

Tão logo Pain os capturou, há pouco tempo, e revelou o passado de Ino, Itachi, cego pela antiga desgraça, se viu acreditando em cada palavra dita pelo oponente.

Que a Yamanaka fora a pessoa que estragara sua vida.

Que fora Ino quem cortou a garganta de Tayuya, e acabou com as chances de Itachi ter um destino diferente.

Ele deveria odiá-la, mas em seu íntimo, tinha certeza de que a loira não tivera nada a ver com isso. E por esta certeza, que estava ali, encarando-a e exigindo respostas para que pudesse salvar algo que apenas os dois compartilhavam.

– Fui eu quem matei Tayuya, Itachi. – insistiu Ino, com a maior convicção e frieza que conseguiu reunir naquele momento. – Lide com a verdade e me deixe em paz!

O Uchiha suspirou.

– Você continua teimosa – comentou, fazendo-a arregalar os olhos por uma fração de segundos. – Eu não vou embora, e não vou acreditar em nada do que está dizendo, a menos que comece a agir como a verdadeira Ino.

Ela firmou-se na parede às suas costas, sentindo a frieza desta contra suas mãos alvas. Encarando-o nos olhos – de um ônix tão profundo e misterioso -, percebeu que ele não desistiria tão facilmente, e que mentir seria inútil.

Verdadeira Ino.

Será que esta existia? Ou era uma farsa também?

Mesmo com as turbulências de sua vida, conseguiu sorrir minimamente. E tal repuxar de lábios, não continha o desdém ou a frieza de outrora; era apenas um singelo sorriso.

Escorregou pela parede até o chão, repousando sua cabeça entre os joelhos, tentando encontrar uma maneira de descarregar o que pesava em seu peito. Itachi imitou-a, sentando-se ao seu lado, e aguardou pacientemente. Sua presença não incomodava ou deixava a jovem nervosa. Ao contrário, acalentava seu peito, e a confortava pelo simples fato de ele estar ali.

– Eu entrei para a Legião depois que os meus pais morreram. – disse Ino, com a voz tão baixa que o moreno teve de se aproximar mais para ouvi-la. A loira apertou os joelhos. – Foi em um atentado terrorista que ocorreu em Kagoshima, sete anos atrás, quando ambos tinham saído em viagem para comemorar o aniversário de casamento. – O olhar preenchido pela mágoa, voltou-se para o moreno. – Eu tinha doze anos na época.

“Quando conheci Tsunade percebi que poderia vingar a morte dos meus pais, de forma honrosa. Afinal, a Legião é uma organização que aniquila qualquer grupo de terrorismo. Comecei a realizar pequenas missões em busca de experiência, até que conheci Hinata, e nos tornamos grandes amigas e companheiras de equipe. Foi então que nós duas acabamos sendo escaladas para protegermos a filha de Kisashi Haruno, um ano e meio depois da minha entrada na corporação. Hinata e eu fingimos que erámos garotas pacatas e pobres, e nos aproximamos da Sakura.”

Ela umedeceu seus lábios tingidos de vermelho.

– Eu era uma agente dupla, Itachi. – revelou Ino, respirando fundo. – Com a experiência ganha dentro da Legião, e com a aproximação de Sakura, Tsunade me forneceu detalhes sobre a morte dos meus pais. Ela disse, que segundo registros, o ataque à Kagoshima no dia 30 de outubro de 2007, fora uma união entre a Akatsuki e o Grupo Uchiha. Ela não tinha certeza absoluta – Acrescentou tão logo Itachi abriu a boca para falar. – Mas as chances eram grandes demais. Eu estava perturbada, queria vingar meus pais de qualquer forma! Sentia que eles precisavam disso! – Balançou a cabeça, escondendo o rosto entre os joelhos. Soluços reprimidos soaram, e Itachi não soube como agir naquele momento.

Estendeu sua mão para afagar os cabelos loiros da jovem e feliz, constatou que a carícia fora bem recebida pela Yamanaka “sangue quente”. Ela ergueu o rosto, fixando seus olhos nos dele por alguns segundos, antes de virar a face e secar as lágrimas.

Ela fungou uma última vez, e prosseguiu com sua narrativa, decidida a ultrapassar todas as barreiras sentimentais que interpunham seu caminho naquele momento.

– Eu conheci Tayuya quando estava procurando por você, Itachi – revelou, sem mais rodeios, fitando-o atentamente. – Depois de tanto tempo buscando algo sobre o Grupo Uchiha, descobri que você tinha ido a Londres, talvez em uma missão. Uma chance perfeita para eliminá-lo, e atingir o ponto fraco de Fugaku, e de cara conseguir a confiança da Akatsuki para destruí-los também – riu sem humor algum. – Acabei me tornando amiga da Tayuya, embora desejasse não tê-lo feito. Meus planos começaram a dar errado, assim que Tsunade me desvendou e pessoalmente foi me buscar. Eu não tinha me encontrado com você, nem sabia ao certo sua aparência. Só tinha seu nome, e a certeza de que era ligado à Tayuya, mesmo que ela não soubesse nada sobre você naquela época.

“Retornei a Tóquio, sob protestos. Afinal, tive minhas chances completamente destruídas quando minha mestra apareceu. Mesmo com minhas objeções, ela não me ouviu. Disse que era ridículo eu continuar com esse objetivo, e que deveria usar meu ódio a favor da Legião e dos vivos, e não a favor dos meus pais mortos. Comecei a me distrair buscando maneiras de me infiltrar na Akatsuki, e por sorte consegui bons deles. Era uma missão sigilosa, apenas eu e Tsunade, tínhamos acesso às informações e arquivos que me manteriam com meu papel de garota má. Dessa forma, comecei com minha carreira no Olho de Vidro, fingindo ser uma jovem em busca de grana e vingança. Arrumava algumas brigas, matava alguns babacas que queriam marcar programas comigo, e ainda tinha de estudar para conseguir a vaga em um dos melhores colégios internos do país. Conheci Pain, nos tornamos amigos, e ao ver meus interesses, começou a me ensinar alguns truques. Conquistei sua confiança em menos de um mês, me infiltrei no bando de terroristas e obviamente, comecei a ter um caso com ele para me firmar. Na época, o Grupo Uchiha e a Akatsuki tinham desfeito os antigos negócios, e era cada um por si. Como Pain era - e ainda é -, um sádico filho da mãe, descobri por meio dele a respeito da sua missão, de ter de acabar com a Tayuya.”

Uma pausa temporária, para Itachi absorver as informações. Ino estivera tão perto durante anos, e apenas a alguns meses que ele fora conhecê-la naquela boate. Odiou-se. Se ao menos tivesse tido contato com a loira antes dela se meter com a Akatsuki, talvez as coisas seguissem por um curso diferente.

Definitivamente, aquela culpa o perseguiria por um longo tempo.

– Ele queria matar a Tayuya – completou Ino, em um sussurro carregado de amargura. – Pain queria vê-lo sofrer. Não sei como, mas ele sabia de tudo sobre aquela missão.

– A Akatsuki iria receber por ela. – explicou Itachi, suspirando pesarosamente. – Costumávamos dividir o embolso das missões na época. Éramos organizações aliadas, e as missões que um dos grupos fizesse, tinha total conhecimento e auxílio do outro.

Ino voltou os olhos para o chão úmido daquele beco, meneando a cabeça com um sutil movimento.

– Por isso Pain ficou tão irritado – concluiu um triste sorriso percorrendo seu semblante. – Ele não admitiu nem mesmo para mim, mas era óbvio que ele ficou furioso pelo Grupo Uchiha ter desfeito os negócios com a Akatsuki, e ainda ter conseguido uma missão tão lucrativa. Ele deve ter inveja de você. – Ino mexeu nas pontas loiras de seus cabelos. – O Pain. Por ter conquistado a Tayuya e tudo o mais. Talvez por isso... Ele fez o que fez o que fez.

– Você estava lá no dia? – perguntou o Uchiha, a voz mais rouca e fria. As lembranças vinham por sua mente, em uma enxurrada indesejável.

A loira sacudiu a cabeça positivamente, piscando para conter a nova onda de lágrimas.

– E-Eu sinto muito. – murmurou, fechando os olhos. – Sinto muito. Sinto muito. Sei que você a amava e ainda a ama... Sei que ela estava grávida...

Itachi permaneceu em silêncio, desejando que a mulher ao seu lado parasse de falar naquilo.

– Talvez você... Viu a Tayuya em mim, naquela boate...

.

.

.

Oh, no, did I get too close?

(Oh, não, eu cheguei perto demais?)

Oh, did I almost see

(Oh, eu quase vi)


What’s really on the inside?

(O que está realmente por dentro?)

All your insecurities
(Todas as suas inseguranças)

All the dirty laundry
(Toda a roupa suja)

Never made me blink one time

(Nunca me fizeram piscar uma vez)

.

.

.

Ele a encarou. Ino mantinha os olhos fixos no chão, a cabeça apoiada sobre os braços cruzados.

Ela não sabia o que estava dizendo.

Encarou os ladrilhos da mesma maneira que ela, refletindo sobre aquelas palavras.

– Eu não vi a Tayuya em você, Ino. – afirmou, quando recuperou a fala. A loira o encarou por um instante. – Naquela boate, eu vi uma mulher atraente. Depois, eu vi uma mulher cheia de sonhos, vontades e manias, os quais eu nunca poderia abraçar.

A Yamanaka sorriu com amargura, as palavras fluindo de seus lábios antes que pudesse controlá-las.

– E o que você vê agora?

.

.

.

Unconditional, unconditionally
(Incondicional, incondicionalmente)

I will love you unconditionally
(Vou te amar incondicionalmente)

There is no fear now
(Não há medo agora)

Let go and just be free

(Se liberte e apenas seja livre)

I will love you unconditionally

(Eu vou te amar incondicionalmente)



.

.

.

Um vento frio soprou, trazendo alguns poucos pingos de chuva. O moreno sorriu de canto para a loira, afastando uma mecha que insistia em ocultar uma parte da face perfeita daquela que tornara sua vida um completo redemoinho.

– Vejo a mulher que eu buscava, mas que não sabia estar presa aí. – disse, e os olhos azuis que o fitavam, cintilaram em emoção. – Vejo a mulher que se tornou única para mim, e que desejo manter ao meu lado para sempre.

Antes que Ino balbuciasse alguma coisa, ele a puxou pela nuca, de encontro a ele. Era incrível como sua boca encaixava-se perfeitamente na dela, e como era boa a sensação de tocá-la, de sentir a textura de sua pele macia.

Feliz, constatou que ela correspondia a cada gesto seu, sem temores. Ino estava ali para ele, mais uma vez, abrindo seu coração, revelando as verdades e amarguras que tanto tivera de ocultar.

E quando sentiu uma das mãos da jovem acariciar seu peito em um movimento sutil, justamente onde seu coração batia descompassado, Itachi prometeu a si mesmo que jamais a deixaria partir como Tayuya.

Se algo acontecesse, ele a seguiria, pois tinha certeza de que seu mundo não faria mais sentido algum sem tê-la ao seu lado.

Quando ambos separaram-se, ofegantes, o Uchiha levantou-se, estendendo sua mão para ela.

– Vamos – disse, quando Ino aceitou sua ajuda, e colocou-se de pé. Ele a abraçou pelos ombros, um sorriso de canto adornando seus lábios. – Hora de voltar para casa.

.

.

.



Come just as you are to me

(Venha até mim exatamente como você é)


Don’t need apologies

(Não preciso de desculpas)


Know that you are worthy

(Saiba que você vale a pena)

I'll take your bad days with your good

(Vou acabar com seus dias ruins através dos seus dias bons)

Walk through this storm, I would

(Caminhar por esta tempestade, eu iria)

I’d do it all because I love you, I love you

(Eu faria isso tudo porque eu te amo, eu te amo)


Unconditionally – Katy Perry


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Notas finais do capítulo

Compensamos a demora? :3

Bom, esses dias recebemos a nona recomendação na primeira temporada dessa fic, e quase surtamos de tanta emoção! Ficamos felizes e honradas por sabermos que existem tantas leitoras que gostam dessa história. É ruim pensar que em breve, ela vai acabar :(

Alguém gostaria de deixar uma recomendação, antes do final da história? (fazendo carinha do Gato de Botas).

Minha Amada Vítima 2 termina no capítulo 22, assim como a temporada anterior. Ontem mesmo estávamos discutindo os próximos capítulos, e estamos com várias ideias para nossos casais :D Esperamos poder colocá-las em prática, da melhor maneira possível.

Tentaremos não demorar com o Capítulo 17, porém, não garantimos postagem para essa semana.

Os reviews mandados neste capítulo serão respondidos aos poucos :)

Kisses!

— Bianca, Manu e Livia (Fanáticos Por Fanfics).





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