It's not a Fairy Tale escrita por Emmy


Capítulo 9
Vaso Ruim não Quebra


Notas iniciais do capítulo

"A vida se baseia no imprevisível, no incontrolável e no surpreendente !"
Tarcísio Ribeiro



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Marcos Blake POV

Abri meus olhos, minha cabeça estava dolorida. Com certeza havia morrido e ido parar no inferno. Minhas mãos estavam amarradas num cano de ferro acima da minha cabeça. Estava em pé, mas com os mesmos amarrados. Olhei em volta, e tive a certeza que me encontrava num esgoto. O cheiro horrível, os ratos passeando, o pequeno córrego de imundices. Estava de frente a tudo isso, num cômodo de três paredes. Sempre pensei no inferno com mais larvas de fogo sabe? E um monte de gente sendo chicoteada, e recebendo vários castigos.

Três homens encapuzados apareceram, e eu sabia que eram os mesmos que tinham estado na casa.

– Vocês morreram também? – perguntei, sem muita esperança de receber uma resposta.

– Idiota, você não morreu.... Ainda- falou dando bastante ênfase no ainda.

Tentei repassar os últimos acontecimentos na minha cabeça, na qual eu ainda sentia uma pequena dor. Tudo veio à tona, lembro- me de colocar a arma na boca e puxar o gatilho e tudo ficar preto. Mas quando apertei o gatilho, nada saiu, pois a arma estava sem bala. Quem tem tanto azar? Logo depois disso levei uma coronhada na cabeça do cara mais próximo de mim, foi aí que tudo escureceu. Será que eu não presto nem pra morrer?

– Vamos começar o interrogatório, Marcos Blake- falou um dos encapuzados.

– Eu não sei de nada- fui logo falando, talvez um pouco rápido demais.

– Então, nós vamos te ajudar a lembrar...- falou outro encapuzado.

Foi ai que um deles chegou com aqueles ferros que marcam os animais, podia ver que tinha acabado de sair do fogo. Ele colocou bem perto do meu rosto.

– Vamos tentar outra vez, cadê a garota? - perguntou firme, e rasgando a minha camisa.

Podia pressentir que a dor que viria seria uma das mais fortes que já senti na vida, mas nem nos meus piores pesadelos imaginaria uma dor tão grande. O ferro tocou o meu abdome, e parecia que tinham jogado todo o meu corpo numa fogueira. Sabe quando queimamos o dedo numa panela quente? Pois é, multiplica isso por bilhões, e nem chagará perto da dor que eu senti. E algo me dizia que esse era o método de tortura mais leve dele. Gritei até quase minha voz desaparecer. Mas com certeza estávamos em um lugar que ninguém poderia me ouvir.

Não saberia até quando conseguiria aguentar. Tinha a esperança de que alguém viria me resgatar. Espero que Mary lembre de mim quando for falar com o seu protetor. Ela podia não fazer por mim, mas sabia que arranjaria um jeito de me tirar daqui pelo John. Só tinha que aguentar por mais algum tempo. Mas que ironia da vida. Fala sério!

Maryene Lucchese POV

Entraram no meu quarto e começaram a revirar tudo, ainda bem que ninguém teve a brilhante ideia de olhar para cima. Suspirei de alivio, quando saíram em direção ao outro quarto. Conseguia ouvir vozes vindo de lá, mas sem conseguir distingui-las. Não me atreveria a ir ver de quem eram, pois eles poderiam ver minha sombra no teto. Não ia abusar da sorte. Depois de alguns minutos as vozes cessaram, e pude ouvir fortes passos na escada. Quando não consegui ouvir mais nem um barulho, sabia que tinham ido embora. Mas ainda estava com medo de descer, podia ser uma armadilha. Fiquei mais um tempo só para ter certeza, e então desci. Tinha que procurar Marcos.

– Marcos cadê você? – comecei a gritar pela casa.

Tinha revirado praticamente a casa inteira, um pontada de angustia me atingiu. Ele não estava. Devia ter sido levado ou morto. Quem sabe? Não que eu morresse de amores por ele, mas ninguém merecia isso. E sabia que se Marcos tivesse sido raptado, sua estadia seria extremamente diferente da minha.

O tempo tinha passado tão depressa, já estava quase anoitecendo. John falou que voltaria no final da tarde de hoje, então deveria estar chegando. Sentei no chão da cozinha, comecei a chorar. Olhei em volta, eles não tinham deixado nada, haviam quebrado todos os móveis, era sorte que as portas ainda estivessem no lugar. No fundo sentia que aqueles caras estavam atrás de mim. Mas qual o motivo? Não quero nem pensar no que teria acontecido se me achassem. Como contaria ao John sobre seu irmão? Ele ficaria arrasado. Esse pensamento só fez com que eu chorasse ainda mais.

– Mary o que aconteceu? - falou John com os olhos arregalados enquanto entrava e via a situação da casa.

Assim que ouvi sua voz, corri e o abracei o mais forte que pude. Não queria falar nada, só ficar com a cabeça encostada em seu peito, sentido o cheiro do seu perfume, e chorar. Ele esperou pacientemente até que eu me acalmasse o suficiente para contar o ocorrido. Depois de alguns minutinhos, contei tudo, até os mínimos detalhes.

– Eu tenho que ir atrás de Marcos- falou urgentemente.

– Temos que pensar calmamente agora, e ver a melhor solução. Você não pode ir procurar ele sozinho. Vai acabar se machucando- disse preocupada.

– O que você sugere? Que eu chame a polícia- disse sarcasticamente.

– Não, mas acho melhor eu ir ouvir a explicação do mandante do meu sequestro. Assim vou descobrir de quem ele tentou me proteger. E o motivo. E com isso teremos uma pista de quem pegou Marcos- expliquei, ignorando seu tom sarcástico de antes. Só dei esse desconto, pois sei que ele está sofrendo por causa do irmão.

– Você tem razão- falou se rendendo- O endereço que ele nós deu, fica em Porto Alegre, o encontro é as 9h, é melhor irmos agora. Podemos ficar num hotel lá, pois eles podem voltar e a viagem é longa.

– Por favor sim- concordei, me dirigindo a porta. Mas antes, peguei algumas roupas, as que vi primeiro, pois todas estavam espalhadas por todo o canto do meu quarto.

Assim que entrei na caminhonete, John segurou minha mão e me deu um beijo na testa. Adorava essa sensação de segurança. Dormi logo, o dia tinha sido exaustivo. Nem a curiosidade de saber como eles encontravam o caminho foi o suficiente para me deixar acordada. Um dia perguntaria isso ao John, mas agora precisava descansar.

Acordei e estava sozinha no quarto de hotel, só de pensar que John tinha me carregado até ali, meu rosto tinha ficado da cor de um tomate.

O quarto do hotel era muito bonito, mas não prestei muita atenção. Olhei para um relógio que havia ao lado da cabeceira e ainda era 7h. Alguém bateu na porta e eu fui atender.

– Achei que você gostaria de usar algo diferente- falou John com um sorriso no rosto e algumas sacolas nas mãos.

– Que horas chegamos? Onde você comprou isso? - perguntei.

– Mais ou menos 5h, e eles tem uma loja de roupas 24h aqui no hotel- explicou.

– Então tá, né. - falei simplesmente.

– Te encontro no saguão, 8h 30 min- disse John.

– Tá minha fada madrinha- brinquei com ele. John riu e saiu pelo corredor.

Tomei um banho tentando aproveitar cada minuto na banheira, que era bem melhor do que a da casa que eu estava. Quando sai abri a sacola de roupa, ele tinha trago um vestido azul lindo. Se ajustava perfeitamente ao meu corpo, e ficava uns três dedos acima do joelho. Tinha um decote em formato V, e era de mangas compridas feitas de renda. Ainda tinha em outra sacola um sapato de salto médio, cor nude. Simplesmente tinha amado, e era bom vestir outra coisa sem ser aquelas calças e camisetas. Não podia acreditar! Tinha uma sacolinha em que havia o ingrediente final, que eu adorava. Um batom vermelho. Agora tudo estava perfeito. Sequei meu cabelo rapidamente e desci para o saguão.

John estava sentado à minha espera, e quando me viu levantou instantaneamente. Ele vestia um terno preto, e tenho que dizer, ele ficava espetacular com um daqueles.

– Maryene Lucchese, a senhorita está deslumbrante- falou como se estivesse encantado. Ele pegou minha a mão e beijou-a.

–É melhor irmos se não chegaremos atrasados- disse, pois do jeito que ele estava magnífico, eu era capaz de agarra-lhe ali mesmo, então meu batom viraria só um borrão.

Fomos para o carro, e passado algum tempo que John estava dirigindo chegamos no local marcado bem na hora. Era um restaurante extremamente chique. Ainda bem que John teve a ideia de comprar uma roupa nova pra mim. Morreria de vergonhas se chegasse aqui com uma daquelas calças coloridas e camiseta. Entramos, falamos nossos nomes e a recepcionista nos levou a uma mesa, era bem afastada, devia ser a ala vip. Lá já se encontrava um homem sentado de costas para a entrada. Demos a volta na mesa e sentamos a sua frente. Não acreditei no que meus olhos viram.

– Papai? - indaguei meio engasgada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!! Beijocas....



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