It's not a Fairy Tale escrita por Emmy


Capítulo 4
O Interrogatório


Notas iniciais do capítulo

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Maria Julia Paes de Silva



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A casa em que estávamos era mediana, ao lado direito da porta de entrada ficava a cozinha e ao lado esquerdo a sala. No meio, tinha um pequeno corredor que levava a escada, e na parte de cima havia dois quartos, um banheiro fora e outro dentro do “meu quarto”. John estava na cozinha, parecia preparar algumas coisa.

– Espero que esteja com fome, estou preparando uma macarronada -falou enquanto mexia nas panelas.

– É claro que estou com fome, mas não vou comer sua porcaria, não depois de ter colocado sonífero na minha última refeição. - desabafei.

– Desculpe por aquilo, mas era necessário. Nós dois sabemos que você não iria dormir- disse preparando a mesa. Eu estava encostada na parede da cozinha observando-lhe.

– Agora vai me dizer tudo que sabe- falei séria.

– Bem, eu sei um pouco de tudo. Culinária, futebol, artes....- falava com um meio sorriso no rosto.

– Isso não seu idiota, do sequestro. – gritei interrompendo-o. Sabia que estava sendo grossa, mas ainda não tinha colocado para fora minha raiva. Porém ele não se abalou com o meu ataque de histeria, o que me deixou com mais raiva.

– Já falei tudo que podia, agora por favor sente-se e coma alguma coisa, precisa se alimentar- disse calmamente, vindo em minha direção.

– Como se você estivesse preocupado com isso. Estou cansada de te ver fingindo se importar comigo. Por que você faz isso? E naquele dia como sabia meu nome? E por que me sequestrou? - gritei para ele, com os olhos cheios de lágrimas, as quais eu não admitiria que descessem.

John estava perto agora, pousou as mãos sobre os meu ombros e olhou nos meus olhos, era como se ele estivesse tentando ler minha alma. Meu coração acelerou, fiquei paralisada, me sentia uma garotinha no primeiro encontro. Seus olhos me encarando, foi o que bastou para dissipar minha raiva, para me acalmar e fazer com que me sentisse segura. É claro que faria de tudo para não deixar transparecer esses sentimentos, então virei a cara.

–Maryene eu realmente me importo contigo e se você sentar para jantar comigo, responderei suas outras perguntas- disse docemente.

– Está bem, mas não vale querer ficar usando o seu poder de hipnose comigo, eu fico em desvantagem- falei tirando suas mãos de meus ombros e indo me sentar à mesa. A cozinha continha o básico: um armário, uma pia, geladeira, fogão e a mesa. Mas tudo muito bonito e moderno. A mesa era de vidro, pequena e quadrada de quatro cadeiras. Me sentei numa cabeceira e John na outra.

– Que poder de hipnose? - indagou curioso.

– Ah! Você sabe que seus olhos são encantadores- falei sem jeito. Tinha quase certeza que estava corando.

– Então quer dizer que meus olhos exercem um poder sobre você é? Bom saber- falou brincalhão.

–Bem não me enrola, pode começar a responder minhas perguntas- disse, mudando de assunto, antes que ficasse da cor de uma pimenta malagueta.

– Antes de te sequestrar tinha que estudar seus hábitos, para depois Marcos fazer o trabalho sujo. - falava envergonhado- Fiz isso por quase três semanas. Por isso sei bastante sobre você. E eu te sequestrei, pois como disse estava desesperado. Trabalho numa empresa, faço análise e projetos de sistemas. Ganho um bom dinheiro.

– Mas então o que você está fazendo aqui? - perguntei indignada.

– Estou chegando nessa parte. - falou pacientemente- Fazia quase um ano que não via meu irmão, eu estava de férias, na verdade ainda estou. Marcos apareceu na minha porta desesperado no meio da noite, com a cara suja de sangue- falava como se estivesse revivendo aquela noite. O que eu apostava era o que estava acontecendo.

“John eu me meti numa roubada cara, preciso da tua ajuda, se não eles vão me matar.”

“O que foi que tu fez Marcos?”.

“Eu me meti numas dívidas de jogo, só que tudo saiu do controle, fiquei devendo R$ 700.000,00, pra eles cara.”

“Marcos eu não acredito no que estou ouvindo, isso é um absurdo!”

“Eles me deram uma opção, se eu fizesse um trabalho pra eles, iam esquecer minha dívida. Me ajuda, nesse trabalho. ”

“ Que trabalho é esse?”

“É simples, a gente só tem que sequestrar uma promotora que trabalha no Tribunal de Justiça, o nome dela é Maryene, e ficar com ela, até nos derem ordem para soltá-la. Achei isso estranho, por que eles não falaram até pedir o resgaste, mas não discute.”

“Tá maluco! Você não pode me dizer que está pensando em aceitar.”

“Não estou pensando, eu vou aceitar. A não ser que você consiga o dinheiro até às 7 h da manhã, pois foi esse o prazo que os cretinos me deram.”

“Não posso fazer isso cara, me desculpe.”

“Eu imaginei que tu ia me deixar na mão, mas não custava tentar.”

– Depois disso Marcos saiu batendo a porta. Passei a noite revirando e pensando no meu irmão, ele não tinha o jeito para essas coisas, acabaria fazendo besteira e transformado isso em coisa pior. - continuava a contar. – Na manhã seguinte liguei pra ele, e falei que o ajudaria. E aqui estou eu docinho.

– E como você e Marcos tomaram caminhos tão diferentes? - perguntei.

– Eu realmente queria saber a resposta dessa pergunta- falou tristemente.

Me senti péssima por ter tratado John tão mau. Mas eu mereço um desconto, pois não sou adivinha, né? Passei a olhá-lo com respeito. Fazer tudo isso pelo irmão mau-caráter, acho que não faria o mesmo se tivesse algum irmão. Isso tornava quase impossível odiá-lo. Mas ainda bem que sou uma pessoa persistente.

Terminamos de comer, John tirou as louças da mesa e começou a lavá-las. Eu sequei e guardei em qualquer lugar do armário, a essa altura da minha vida não me importava se ia guardar no lugar certo ou não. Fizemos tudo isso em silêncio, ambos perdidos em pensamentos. Ainda estava pensando na história que ele havia me contado.

Estava me preparando para subir as escadas, quando ouvi a voz de John.

– A noite está tão linda lá fora, você não quer sentar no hall de entrada comigo? - perguntou.

– Vou, mas só por que não tenho nada mais interessante pra fazer, se bem que ficar olhando pro teto possa ser mais divertido que ficar lá fora com você- disse em tom brincalhão. Ele riu, e percebi o quanto adorava ver aquele sorriso. E principalmente de ser a causadora dele.

Na entrada tinha duas cadeiras de balanço, na qual nos sentamos.

Quando olhei pra cima, quase perdi o fôlego com tanta beleza. O céu estava incrivelmente estrelado, nunca tinha visto ele tão magnífico. Parecia que tinham colocado milhões de diamantes no céu. E a lua mais brilhante que nunca. Fiquei hipnotizada olhando as estrelas.

– Eu poderia apontar e dizer o nome de algumas estrelas pra lhe impressionar, mas a verdade é que não sei o de nenhuma- ele falou, me tirando do transe.

– Você poderia ter inventado que eu nem saberia- brinquei.

– Devia ter pensado nisso- falou rindo.

Olhei para John, se ele já era lindo normalmente, sobre a luz do luar parecia que sua beleza era sobrenatural. Fiquemos nos olhando por um tempo. Aquilo era estranho, mas não estava disposta a virar a cara. Se pudesse ficaria olhando ele pra sempre, sobre a luz da lua.

– Em que está pensando? – perguntei curiosa.

– Se me disser em que a senhorita estava pensando eu respondo- falou em contra proposta.

Não queria dar a ele o gostinho de saber que estava pensando nele, e em como ele me encantava, e o quanto ele estava espetacular, e o quanto amava o seu sorriso, e em como não queria estar em outro lugar naquele momento. Então, simplesmente voltei a olhar as estrelas, e foi como fiquei até adormecer.


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Notas finais do capítulo

Eu escrevi todos os capítulos ao som de "Ed Sheeran -The A Team " sei que não tem nada a ver, mais é o que me inspira. Vai entender...rsrs!!