It's not a Fairy Tale escrita por Emmy


Capítulo 10
O Encontro


Notas iniciais do capítulo

"A vida segue acontecendo nos detalhes, nos desvios, nas surpresas e nas alterações de rota que não são determinadas por você."

Martha Medeiros



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– Oi minha querida Mary- falou meu pai calmamente.
– Como ousa me chamar de querida- fui falando meio alterada, acho que John percebeu, pois passou a mão pelo meu braço, para me acalmar.
– Eu posso explicar tudo se você me der uma chance- continuou- Rapaz, por favor, vai dar uma volta, eu preciso conversar com a minha filha.
– Está tudo bem para você? - John perguntou pra mim, sem se importar com meu pai. Assenti com a cabeça, pois se fosse preciso esganar aquele homem que se encontrava na minha frente, era melhor não ter John por perto para atrapalhar.
John me deu um beijo na bochecha e antes de sair sussurrou no meu ouvido que voltava em 20 min.
– Pode começar a explicar-se, pois minha paciência já está curtinha- falei tentando controlar minha raiva.
– Veja como fala comigo mocinha, ainda sou o seu pai- ele falou.
– Você deixou de ser o meu pai no dia que me abandonou- respondi.
– Digamos que foi por uma boa causa- retrucou.
– Já está enrolando demais para meu gosto- disse malcriada.
– Bem, só estou tentando encontrar uma maneira mais delicada de lhe contar as coisas- falou calmamente.
– Acho que não existe essa maneira, então fala logo- disse.
– Então, minha família, ou melhor, nossa família, faz parte da máfia em Nova Iorque. É realmente não tem um modo delicado de dizer isso. Somos uma das cinco famílias mafiosas mais poderosas. Quando eu era mais jovem vim passar as férias no Brasil, e conheci a sua mãe. Foi amor à primeira vista, e eu não a queria envolvida com a máfia. Então, mudei-me para o Brasil e sua mãe engravidou e teve você, meu tesouro. Olhando para mim você não acredita, mas eu trabalhava como pedreiro. Mas tudo isso, porque queria me afastar daquela vida por ela, nunca contei-lhe nada. Consegui por 12 anos, fomos muito felizes. Todo esse tempo havia conseguido me manter longe dos negócios da família. Até que se avô morreu, e tive que assumir a chefia, se não fosse, eles nunca deixariam vocês em paz. Amava demais as duas para envolvê-las nessa situação. Então fui embora.
Era muito para assimilar naquele momento, estava confusa. Lágrimas começaram a descer pelo meu rosto. Queria sair dali, esclarecer meus pensamentos. Tinha passado a minha vida toda odiando meu pai, e ainda ele vinha com essa história? Meus sentimentos estavam uma bagunça. Máfia? Máfia? Não podia acreditar nisso, eu trabalhava na justiça e meu pai era um dos maiores mafiosos do mundo. Como isso foi acontecer? Tentei me recompor, pois precisava de mais informações.
– Tudo bem. Por que você voltou, então? E meu sequestro?- comecei a indagar.
– Acho que consegui te esconder por bastante tempo, mas depois que você conseguiu esse emprego de promotora, ficou praticamente impossível- falou pensativo.
– Me esconder do quê?- falei confusa.
– Digamos que nós da máfia somos muito competitivos. Temos uma briga antiga com outra família faz muito tempo, a família Bonanno. Meus espiões descobriram que eles já tinham sua ficha completa, e iam lhe fazer uma visitinha. Tudo isso para me atingir, pois sabem da sua importância para mim. Tive que agir rápido, tinha um cara que estava me devendo muito dinheiro, então dei a ele a missão de lhe esconder. Você não iria por vontade própria e eu tinha pouco tempo. Por isso o sequestro, mas não era pra ser assim, aquele cara era um incompetente.
– Eu preciso de um tempo para assimilar tudo isso, por favor. É muita informação- comecei a falar meio desesperadamente.
– Você não entende, não temos esse tempo. Tens que vim comigo para Nova Iorque, lá eu poderei lhe proteger melhor, só agora eu entendo isso. - falou suplicando com os olhos.
– Desculpe eu não posso, minha vida toda está em Porto Alegre- disse e comecei a me levantar da cadeira.
Ele levantou-se junto comigo, segurando o meu braço e impedindo- me de ir embora.
– Entenda que se não for comigo, não terá mais vida nenhuma- falou olhado dentro dos meus olhos.
– Me solta, se não eu vou gritar- disse zangada.
Ele me soltou, colocou a mão no bolso e me deu uma passagem.
– Me encontre amanhã de manhã no aeroporto- disse.
Assim que a peguei saí quase correndo do restaurante deixando-o para trás. Graças a Deus, John acabará de parar lá na frente. Não pensei duas vezes e entrei no carro.
– Por favor, dirija pra fora daqui- foi tudo que eu consegui falar.
John acelerou o carro e não disse nada até que chegássemos ao hotel. Chegando lá, fomos direto para o meu quarto, sentamos na beirada da minha cama, um ao lado do outro e contei lhe tudo. Após terminar o meu relatório, abracei-o forte. Era tão bom sentir aquela sensação de segurança, que só ele conseguia me dar. Depois de passar um tempo assim, ele me olhou nos olhos e perguntou o que eu mais temia.
– O que você vai fazer? perguntou devagarinho como se temesse a minha resposta.
Para a minha surpresa, a resposta já estava formulada em meus pensamentos. Por mais que eu odiasse a ideia, eu tinha que fazer.
– Vou para Nova Iorque, mas em troca vou pedir para que ele consiga libertar seu irmão- falei tentando conter as lágrimas.
– Não podes fazer isso...- ele foi longo falando.
– Entenda que não me deixaram em paz se eu não for, e também é sua única chance de conseguir Marcos de volta, as pessoas que pegaram ele são muito perigosas, só o meu pai pode ajudar- expliquei.
Seus olhos estavam cheios de lágrimas como os meus. Nunca tinha visto John assim. A verdade é que eu não tinha parado para pensar como ficaria sem o John, sem meu porto seguro. Apesar de não termos tido nada definido, eu gostava dele. E só de pensar nisso e saber que teria que deixá-lo sentia um profundo aperto em meu peito. Imagina quando estiver longe dele.
– Eu não posso permitir isso- disse, falhando em algumas palavras.
– Meu amor, eu não estou pedindo sua permissão- falei sorrindo, tentando aliviar o clima.
Estava despreparada, quando ele se virou e deu-me um beijo. Esse beijo era diferente dos outros. Era como um beijo de despedida. Um beijo firme, urgente, suplicante. Ele envolvia o meu corpo com suas mãos, como uma prisão, da qual eu jamais queria ser liberta. Era como se fosse nosso último beijo. Talvez realmente fosse. De repente ele interrompeu o beijo e saiu pela porta sem dizer uma palavra. Deixando-me lá querendo mais de seus lábios macios. Não podia suporta que essa seria nossa despedida. Doía demais pensar nisso.


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Notas finais do capítulo

Meus amores, me desculpem por ter demorado tanto para postar. Mas estava com o tempo muito corrido, mas finalmente consegui. Por favor não me abandonem....kkkkk e tenham um pouquinho de paciência comigo!! Bjs e não esqueçam de deixar seus comentários!!



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