Como assim um bebê?! escrita por MariGuedes


Capítulo 25
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, é isso. Depois de tanto tempo, encerro essa fanfic. Foi ótimo escrever cada capítulo, responder cada comentário e muito obrigado por dedicar um pouquinho do tempo de vocês pra me dizer o que acharam e agradeço demais as lindas Jussara Stefanos, Margo Roth Spiegelma e Bia Odair Malfoy por recomendarem a fic.
Vocês todos são incríveis.
Sem mais delongas, o epílogo.



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Quando visto meu vestido de noiva, não consigo evitar a nostalgia. Penso em como gostaria que Prim estivesse aqui comigo, me ajudando a me arrumar como minha mãe faz agora. Tantas coisas me trouxeram até aqui. Lembranças dolorosas que não gosto de lembrar e momentos felizes que lembro sempre quando estou triste.

–Mamãe – ouço Rue entrar correndo – está linda.

–Obrigada, meu anjo.

–Não corra pra não amarrotar seu vestido – minha mãe a adverte, mas Rue sabe que seu sorriso desarma a avó.

–Cadê sua irmã? – pergunto quando noto que Rue está só, sem sua dupla dinâmica.

Ouço a voz de Monchelly vindo dos corredores e logo avisto o vulto ruivo adentrar o cômodo como um furacão e sorrio ao lembrar quando ela entrou nas nossas vidas. Rue tinha três anos, estávamos de visita na Capital, um reunião que exigia nossa presença, e no último dia algo me impeliu a visitar um orfanato da cidade. E quando eu vi aquela menininha ruiva com os olhos verdes mais tristes do mundo, soube que ela era minha. E Peeta também sentiu o mesmo e três semanas depois ela estava na nossa casa.

Sorrio ainda mais ao me lembrar de quando ela me chamou de mamãe pela primeira vez. Eu havia tido um dos piores pesadelos. Acordei chorando e ela veio até mim e disse “não chora não mamãe”. Eu a abracei e chorei ainda mais, mas de felicidade.

–Vocês estão lindas como princesas – eu digo – mesmo sendo muito bagunceiras.

–E você é a nossa rainha – Chelly diz e me abraça – nosso irmãozinho é príncipe – ela acaricia minha barriga e Lisander se mexe - e o papai é o rei do nosso castelo. Cadê ele?

–Esperando a gente no casamento.

–Vamos, que temos um grande, grande dia – ouço a voz de Effie entes mesmo de ela aparecer – O pobre Peeta vai achar que desistiu de casar de tanto que demoram.

–Vamos logo, mamãe – Rue diz, assustada – papai vai achar que fomos embora e vai ficar triste.

Effie e minha mãe me ajudam a chegar na festa e a controlar as meninas. A área de festas da Vila era desconhecida por mim até o casamento de Effie e Haymitch e estava em desuso até hoje. Ela vai de encontro aos filhos e meu ex mentor se posiciona para entrar comigo. Ninguém mais poderia fazer isso senão ele.

Quando me coloco para entrar, eu avisto Peeta, com toda a sua beleza e de terno. Meu sorriso se abre e só quero correr até ele. Coisa que Haymitch me impede de fazer, segurando firme em meu braço. Quando finalmente chego, quero só beijá-lo, mas me contenho devido a cerimonia.

O que o juiz de paz fala passa de forma irrelevante. Mesmo que eu olhe pra ele, estou concentrada na presença de Peeta ao meu lado. Quando chega a hora dos votos ele começa.

–Katniss, você é o amor da minha vida, a mãe dos meus filhos, uma mulher incrível e esplendida. E não só tive a chance de me apaixonar por você uma vez, mas duas. A primeira todos sabem, mas não custa repetir. Vi você com cinco anos, com duas tranças ao invés de uma. Meu pai me disse que queria casar com sua mãe, mas ela preferiu seu pai por cantar bem. E naquele dia, quando você cantou na aula de música, soube que estava apaixonado por você. A segunda foi mais sutil. A guerra fez a coisa mais cruel que podia ser feita. Fez de mim uma maquina para matar você. Foi uma luta dura me livrar de tudo aquilo. E quando eu vi você, aquela garota linda, forte, determinada e incrível, eu me apaixonei por você. E não quero nunca viver num mundo onde nosso amor não exista.

Estou sem palavras e tentando inutilmente secar minhas lágrimas. Sei que tenho que falar meus votos. Passei semana os elaborando e precisava dizer. Pigarriei para reencontrar a minha voz.

–Peeta, você é o meu garoto do pão. O dente-de-leão da primavera. Você desperta em mim meu melhor lado, me torna uma pessoa melhor todos os dias só com um sorriso. Esteve ao meu lado e me trouxe esperança quando estive desolada. Amor quando eu sentia ódio. Me abraçou quando tive pesadelos. Peço perdão pelas vezes que te magoei por ter sido estúpida demais e ter demorado pra perceber o amor que me consome todos os dias. Amo você.

Quando trocamos alianças e nos beijamos, preciso me lembrar que não estamos sós e que o resto ficaria para a noite, quando as crianças estivessem dormindo.

A cerimônia acaba e a primeira pessoa com quem falamos é minha mãe. Ela está emocionada e me abraça sem dizer nada.

–Você está tão linda. Uma mulher tão incrível e tenho tanto orgulho de quem se tornou – ela diz – E você, Peeta, você me deu netos incríveis e uma filha feliz. Não podia te pedir mais nada.

Assim que Rue começou a crescer, quis que minha mãe fosse uma avó presente na vida neta, então passei a atender as ligações dela e falar e quando minha filha começou a falar ela também falava ao telefone com a avó e hoje nossa relação é saudável.

Minha mãe vai atrás das meninas que aprontam e vamos falar com Haymitch e Effie. Graças a ela o casamento está perfeito. Todo decorado com lírios brancos e cor de rosa. O altar estava igualmente impecável e só posso agradecer a ela e é o que faço assim que a encontro.

–Obrigada – eu digo e a abraço – Ficou perfeito.

–De nada – ela responde – vocês merecem depois de tudo que aconteceu.

Effie tem nos braços a caçula, Milly, ao lado dos meninos gêmeos que tem a idade próxima a de Chelly e adotaram assim que se casaram, quatro anos atrás, e Omenia. Ela está enorme, com 10 anos nem parecia a menininha que era quando chegou no 12, devastada com a perda dos irmãos e da tia.

Como em todo casamento, tenho que falar com todos e vou de encontro a Johanna. Ela está sentada, aproveitando a comida da festa, com uma das mãos repousando sobre a barriga proeminente.

–Oi – digo.

–Oi.

–Tudo bem?

–Estaria melhor se seu amigo caçador percebesse que eu estou grávida, não inválida – ela responde emburrada.

Johanna se mudou para o 12 quando Rue era bem pequena ainda. Ela quis ficar perto dela e Gale retornou com a mãe e os irmãos pouco tempo depois e eles começaram um relacionamento. Terminaram e voltaram um zilhão de vezes e nem a menininha que ela espera (que ainda não tem nome) fez com que os términos continuasse. Só durante os seis meses de gestação, eles “terminaram” duas vezes. Mas como são Johanna e Gale não me espanto. Moram em casas separadas mesmo que ele passe quase todos os dias na casa dela. Vejo nos olhos de meu amigo que ele a faz feliz do seu jeito torto e isso me deixa feliz.

–Catnip – Gale surge as minhas costas.

–Gale!

–Parabéns – ele diz – Já não era sem tempo. Três filhos já.

–Olha quem fala! Vai ter uma filha e sequer moram juntos.

–Por que a teimosa não quer.

–Eu não – Johanna se manifesta – pra me encher o saco mais do que já faz, não, obrigada.

–Bom gente, tem algumas pessoas com quem ainda precisamos falar.

–Tudo bem , Catnip – ele me abraça novamente se vira para a namorada - Johanna, você não devia estar comendo isso.

Levantamos da mesa antes que comece a discussão. Reparo que Peeta está quieto. Ele geralmente está sempre falante.

–Tudo bem, Peeta? – indago – está tão quieto.

–Estou bem – ele diz – só não acredito que está acontecendo.

–Como não? Já temos duas filhas e nosso filho em três meses estará conosco.

–Eu sei. Só que eu sonho com esse dia desde sempre. Sonho com o dia em que você se tornaria Mellark desde que te ouvi cantar quando tínhamos cinco anos.

–E aconteceu – eu o beijo – eu te amo.

–Eu te amo – ele me responde e me abraça pela cintura – temos algumas pessoas pra falar ainda.

Vamos de encontro a Annie. Ela tem uma coragem maior do que muitos – incluindo eu – achávamos que ela tem. Quando Finnick morreu todos acharam que ela ia sucumbir. E realmente sucumbiu. Até descobrir que estava grávida. Ela juntou as forças que tinha e que não tinha e reconstruiu sua vida no distrito 4 e criou o filho sozinha. Ela e o filho se mudaram para o 12 menos de um mês atrás por causa de uma proposta de emprego. Definitivamente guerreira. Eu não sei o que faria se tivesse perdido Peeta.

Todos moramos na Vila. Annie e o filho, Gale mora no centro do Distrito, mas Johanna é minha vizinha e ele está sempre na casa dela e Haymitch e Effie também moram na Vila. Conforme o Distrito foi crescendo, as outras casas foram vendidas e não tenho do que reclamar dos meus outros vizinhos.

–Parabéns – ela nos abraça quando chegamos perto dela.

–Obrigado – eu respondo.

–Essas crianças da Vila são uma pequena gangue.

Observo as crianças aprontando. Todas juntas e vejo Rue e o pequeno Finn de mãos dadas. Prevejo futuros ataques de ciúme por parte de Peeta. Mas por hora é apenas uma amizade infantil. Os gêmeos de Haymitch, Chelly e até a pequena Milly que tenta acompanhar os mais velhos brincam de pique-pega pela festa.

–Cuidado, filho - Annie diz quando Finn cai ao tropeçar e seus olhos ficam rasos d’água – vou lá acudir esse arteiro.

–Nos vemos pela festa – Peeta diz.

Vamos de encontro com o pessoal do meu trabalho. Quando Rue tinha ficado um pouco maior, resolvi que queria ajudar. O dinheiro que Peeta e eu tínhamos como vitoriosos nos sustentava e sobrava então resolvi abrir uma ONG na costura. Monitoramos famílias, doamos alimentos e temos projetos para as crianças carentes. Faço aquilo que queria que tivesse sido feito a mim e a Prim.

Todos nos parabenizam e acerto os detalhes da ausência por conta da minha viagem de lua de mel. Passarei duas semanas com Peeta e as crianças no distrito 4. É, talvez não seja exatamente uma lua de mel, mas com duas filhas pequenas fica realmente complicado.

Por último falamos com nossos outros vizinhos que agora moram na vila e com os trabalhadores da padaria. Um pouco antes de abrir a ONG Peeta quis reerguer a padaria que era de sua família. Fiquei com medo de que fosse algo difícil demais e causasse surtos, mas me garantiu que isso lhe faria bem. E realmente faz, a Padaria Mellark faz muito sucesso e ele realmente ama trabalhar lá.

A festa acaba mais ou menos na hora do por do sol e vamos para casa exaustos. As meninas sobem alegres com alguns mimos que ganharam. Sento no sofá e retiro os saltos que mesmo baixos por causa da gravidez apertavam meus pés inchados.

–Gale estava certo – eu digo – você me enrolou a beça, senhor Mellark.

–Nada na nossa vida aconteceu na ordem convencional, senhora Mellark – eu sorrio com meu nome de casada e me inclino para beijá-lo.

Acabamos nos empolgando, mas quando ouvimos os passos apressados descendo as escadas e nos ajeitamos.

–Nossa lua de mel vai ter que esperar elas dormirem.

–É – ele diz resignado – quem já arrumou as malas? – ele pergunta as meninas que estão já na sala.

–Não terminei – Rue diz.

–Nem eu.

–Saímos amanhã cedo pra ver o mar.

–Eba! – as meninas se empolgam.

–Mas só se terminarem as malas. Já pra cima – ele diz – já vou ajudar vocês.

As meninas sobem e ele inesperadamente me toma pela cintura e me dá um beijo urgente e cheio de expectativas para a noite.

–Me aguarde, senhora Mellark – ele beija meu pescoço e me arrepio como da primeira vez que ele o fez e sobe.

Sento-me no sofá e faço o que meu pai me ensinou a fazer.

Agora sou Katniss Mellark. Tenho 23 anos. Tenho duas filhas e espero um menino. Fui líder de uma revolução e guiei Panem para a liberdade. Predi minha irmã no caminho. Fiquei destruída e Peeta me reergueu. Achei que nunca fosse merecedora, mas sou feliz.


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Notas finais do capítulo

Então gente, quanto a segunda temporada, estou incerta quando a ela. Se eu for fazê-la, irei postá-la nas férias. Até lá vou começar e se ela ficar boa eu posto, do contrário eu encerro a fic aqui. Não quero postar algo ruim e me esforcei para por todos os pingos nos is (por isso ficou imenso). Comentem o que acharam do epílogo e se ficou como acharam que ia ficar.

Um milhão de beijos pra vocês.
OBS: A segunda temporada já foi postada. O link é esse: https://fanfiction.com.br/historia/661534/Thelovelivesinthehousenextdoor/