Como assim um bebê?! escrita por MariGuedes


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Ei gente! Já vou avisando que esse capítulo é muito MUITO deprê. De verdade. Espero que gostem!



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Parei de contar os dias depois de uma semana. Não conheço quase nada do distrito sem ser o caminho de meu quarto para a cozinha. Fechei-me para o mundo e vivo presa na minha própria dor. Recentemente sai do hospital, após muita insistência da minha mãe, apesar de eu estar longe de estar bem.

Eu comia bem raramente. Minha vida está na Capital, com a minha filha e meu Peeta. Os pesadelos estão cada vez mais insuportáveis e as suposições do que acontece a meu Peeta e a minha filha atormentam minha alma. Sinto-me culpada por estar a salvo quando eles estão presos na Capital.

Minha filhinha recém-nascida já presa em uma guerra. Coin até tentou falar comigo, mas eu surtava toda vez que ela punha os pés no quarto. Fiquei mais do que furiosa quando soube que eu era a prioridade, quando todos sabem muito bem que eu sou a que sabe se virar melhor. Minha filha e meu namorado não, mas eles os largaram mesmo assim.

Uma vez Coin até pediu para que Prim me desse um recado sobre a guerra, mas minha mãe ficou furiosa e disse para nunca mais envolver minha irmãzinha nesses assuntos horríveis de guerra.

Devo muito a minha irmãzinha. Não falo muito, nem com ela. Mas quando grito a noite, ela vem e me abraça até que eu pare de chorar. Os pesadelos que antes eram com quem eu matei, agora incluem Peeta e minha filha, mortos a minha frente na maioria das vezes, quando não é pior.



Acordo ligeiramente menos triste e vago sem destino pelos corredores, de pijama mesmo. Todos me olham e cochicham: “Olha, essa é a maluca de quem todos falam”. Mas não me importo. A antiga e imatura Katniss teria explodido em berros de fúria, mas eu simplesmente não tenho forças. Minha vitalidade se concentra em sobreviver com a culpa da provável morte daqueles que eu mais amo.

Chego a uma sala que deve ser a de reunião pois vejo Finnick, Beetee e Haymitch. Não vejo Effie desde que cheguei e espero que ela esteja bem. Coin está na cabeceira da mesa e eles estão vendo a televisão. E isso me choca. Não o fato deles estarem vendo televisão, mas por Peeta estar dando uma entrevista com Ceasar. E me defendendo, mesmo sendo minha culpa não terem resgatado-o da Arena.

A entrevista acaba, mas eu continuo ali, observando, quando eu vejo a foto mais horrível que eu já vi. Minha filhinha, numa cela com Johanna, magérrima e em situações deploráveis. Meus joelhos cedem e eu caio, num baque surdo. Choro como nunca antes, me sentindo impotente por não poder protegê-la da maldade que toma conta desse mundo.

Acabo em posição fetal, fechada na minha própria e sufocante dor. A reunião acaba e eu só percebo quando Haymitch me cutuca.

–Vamos – ele chama.

–Não! Não! Eu quero a minha filha! Eu quero a minha filha! Me deem minha filha! – eu grito – Você prometeu.

Pouco antes de eu dormir, as vésperas de entrar na arena, fiz Haymich jurar que protegeria Rue e Peeta, mesmo que isso custasse a minha vida.

Finnick se aproximou e se ajoelhou ao meu lado.

–Vamos, não pode ficar aqui. Tem que comer e voltar para seu quarto.

–Eu não posso. Como eu poderia comer e deitar com a minha família quando a minha filha é maltratada nas mãos do nosso inimigo.

Eu caio e choro. Não sei fazer mais nada além de chorar depois que eu cheguei. Penso neles o dia inteiro e isso me tortura.

Finnick me carrega. Eu dou socos em seu peito, mas ele não me larga. Por fim desisto e eles me levam para meu quarto. Prim e minha mãe estão no hospital e ficam lá boa parte do tempo.

–Cadê a Effie? – eu pergunto pela primeira vez.

–Não conseguimos – ele responde.

Me sinto culpada pelo egoísmo de achar que só eu sofria. Que só eu passava os dias agoniada e nervosa. Com medo não ver quem ama. Mas minhas esperanças de um dia segurar minha filha nos braços por um minuto que seja, são esmigalhadas. Eu mal toquei minha filha, mas ela já sofre as consequência por meus erros.

Talvez se eu tivesse considerado o aborto, nem ela nem eu sofreríamos tanto. Como pode Snow machucar e maltratar tanto alguém que não fez nada a ele? Ela não tem culpa de ser filha dos pais que tem.

Fecho os olhos e vejo a imagem da minha filha machucada e magérrima. Ele fez isso para me quebrar, e conseguiu. Estou em zilhões de pedaços, nunca conseguirei juntá-los. Sempre serei os cacos de um vaso quebrado.

Eles me deixam sozinha e eu pego a pérola que Peeta me deu na arena. Sinto-me mais perto dele quando estou com ela em mão. Eu fecho os olhos e revivo as memórias na minha mente, e me permito sorrir minimamente e por pouco tempo, e logo o sorriso é substituído pela grosas e mornas lagrimas. Deito e com a pérola em mãos durmo.

Eu estou num prédio estranho, cinza e horrível. O ar transmitia a dor e o sofrimento das pessoas ali. Qualquer um fugiria dali o mais rápido possível, mas minhas pernas me levam para mais e mais fundo naquele prédio tenebroso. Vejo Johanna com minha filha nos braços, chorando. Rue está morta.

Eu peço a ela para segurar minha filha, mas ela nega: “A culpa é sua! Sua filha morreu e você não estava aqui para vê-la fechar os olhos pela ultima vez! Eles te deram prioridade e agora Rue está morta! Morta!”

“Eu não queria! EU amo a minha filha!” eu digo em lágrimas.

“Peeta também está morto” ela avisa calmamente.

Eu lentamente me viro e lá está ele, magro, pálido e morto. Ajoelho-me a seu lado segurando sua mão.

“Desculpe, desculpe, desculpe!”

Acordo suada e com lágrimas nos olhos. Não devo ter gritado muito, já que Prim não veio me acordar. Fico olhando o teto e deixo meus pensamentos vagarem. O que foi uma péssima ideia. Uma vozinha me perturbava. Ela dizia a toda hora que a culpa é minha. Por culpa minha 80% da população do distrito 12 está morta, depois de serem queimados vivos depois que eu explodi a arena.

Pego a pérola, beijo-a e volto a dormir, um sonho cheio de pesadelos, para variar.


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Notas finais do capítulo

Então, Natal chegando vocês podiam me presentear com reviews e recomendações lindas, que tal? Nos vemos no capítulo 14!
BeijoBeijo